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The Handbook of Educational Linguistics

NOTAS SOBRE LIVROS BOOKNOTES

Por/by: Francisco Gomes de Matos

(Professor Emérito, Universidade Federal de Pernambuco, Recife) E-mail: fcgm@hotlink.com.br

SPOLSKY, Bernard & Francis M. HULT (eds). 2008. The Handbook of Educational Linguistics. Malden, MA/Oxford,UK: Blackwell Publishing. ISBN 978-1-4051-5410-9, xxii + 675 p.

Em 1974, insatisfeito com o termo Applied Linguistics, Spolsky cunhou um mais específico: Educational Linguistics. Quatro anos mais tarde, esse lingüista educacional publicaria o primeiro volume introdutório: Educational Linguistics. Na apresentação deste Handbook, explica que sua cunhagem resultou, em parte, de uma analogia com o termo Educational psychology, e, em outra, da intenção de mostrar como algumas partes da Lingüística podem ser diretamente relevantes para questões educacionais e vice-versa (p.2). Significativamente, para o progresso da Lingüística Aplicada Educacional, o lingüista da Universidade de Bar-Ilan propõe que também situemos esse modo de fazer lingüística no que ele chama de Language education management, ou, em português equivalente: Gestão em educação lingüística. Com razão, lembra-nos do reconhecimento, crescente, da necessidade de aplicar-se princípios de direitos humanos à política lingüística (p.3).

No capítulo introdutório complementar ao primeiro, Hult caracteriza a Lingüística Educacional como uma área de estudos que integra instrumentos de pesquisa da Ciência da linguagem e de disciplinas afins nas Ciências Sociais, com o objetivo de investigar-se, holisticamente, uma vasta gama de questões referentes à linguagem e educação (p.10). Acrescenta o lingüista da Universidade do Texas/San Antonio que a história da Lingüística Educacional está intimamente ligada à da Lingüística Aplicada e que entre as duas existe uma relação simbiótica (p.10).

Este manual contém Notes on Contributors (12 p.), Introduction: What is Educational Linguistics?, por Spolsky (9 p.) e The History and Development of Educational Linguistics, por Hult (15 p.). Seguem-se três Partes: I- Foundations for Educational Linguistics (9 capítulos, 102 p.), II – Core Themes (27 capítulos, 296 p.) e III – Research-Practice Relationships (8 capítulos, 120 p). Concluem o livro dois índices: Author Index (16 p.) e Subject Index (16 p.). 72 autores contribuíram nos 44 capítulos. Origem geográfica autoral: África do sul, Austrália, Canadá, Checoeslováquia, China, Coréia, Dinamarca, Escócia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Holanda, Inglaterra, Israel, Nova Zelândia, Noruega e Suécia. A América Latina não está representada. 43 dos autores são dos Estados Unidos.

Os títulos de alguns capítulos dão uma idéia da diversidade temática-conceitual: Neurology of Language Learning; Educational Linguistics and Education Systems; Bilingual and Biliterate Practices at Home and School; Linguistic accessibility and Deaf Children; Ecological Language Education Policy: Education for Speakers of Endangered Languages; the Impact of English on the School Curriculum; Religious and Sacred Literacies; Explicit Form-Focused Instruction in Second Language Acquisition; Language Assessments: Gate-Keepers or Door-Openers?; Corpus Linguistics and Second Language Instruction; Computer Assisted Language Learning; Ecological-Semiotic Perspectives on Educational Linguistics.

Quais os linguistas com maior número de entradas no indice autoral? Alderson, Baldauf, Chomsky, Cummins, R.Ellis, Fishman, Gumperz, Halliday, Hornberger, Hult, Hymes, Kaplan, Labov, Long, Lyster, Shohamy, Silverstein, Snow, Spolsky, Van Lier, Widdowson, Wortham.

No último capítulo deste valiosíssimo volume, Uccelli e Snow desenham A Research Agenda for Educational Linguistics. Caracterizam as cinco linhas de ação dessa área interdisciplinar: Using language in classrooms, Literacy development, Language learning, Planning language use in educational settings, Assessing language knowledge. Em síntese magistral, as referidas linguistas educacionais formulam e respondem às desafiadoras indagações What do Teachers need to know about Language? e How do we foster the desired linguistic outcomes for students and teachers? Pesquisadores poderão beneficiar-se com as reflexões críticas sobre a necessidade de partilhar-se insights oriundos de pesquisas sobre a aquisição da primeira e segunda línguas. Na seção Conclusion, Uccelli e Snow relembram-nos que a Lingüística Educational é um ramo da Lingüística Aplicada com foco em problemas linguístico-educacionais (p. 640). Bibliograficamente, este Handbook é bem documentado e atualizado (referências até 2006). Cada capítulo oferece subsídios valiosos em língua inglesa.

Dado o engajamento do resenhador em uma Lingüística da Paz, busquei o termo Humanization, mas encontrei Human and minority rights e Humanism. Peace Linguistics, talvez por ser ainda novinha (Cf. o termo no Google) não está mencionada. Quem sabe, em outros trabalhos dessa relevante Lingüística Educacional dê-se um lugar ao Sol para uma Lingüística Humanizadora?

Em suma, Spolsky e Hult devem ser felicitados pela excelente contribuição a uma área que muito pode oferecer a todos que se ocupam das complexas e fascinantes relações entre Linguagem e Educação. À Editora Blackwell, nosso reconhecimento por mais um precioso Handbook em sua notável e extensa série Handbooks in Linguistics (23 títulos até esta data).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Set 2009
  • Data do Fascículo
    2009
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