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Resolução da anáfora sem conhecimento de mundo

Um problema típico na resolução da anáfora pronominal é a presença de mais de um candidato para antecedente do pronome. Considerando duas frases como (1) "As pessoas compram casas de luxo porque elas oferecem status" e (2) "As pessoas compram casas de luxo porque elas querem status", podemos perceber que os dois SNs "pessoas" e "casas de luxo", de uma perspectiva estritamente sintática, são ambos candidatos legítimos para antecedente do pronome "elas". Este problema tem sido tradicionalmente resolvido pelo uso do conhecimento de mundo (Teoria de Esquemas, por exemplo), onde, através de uma representação interna do mundo, "sabemos" que casas "dão" status e que as pessoas "querem" status. O pressuposto neste trabalho é de que o uso do conhecimento de mundo não explica como o processo desambiguador funciona e explicações alternativas precisam ser exploradas. Usando uma abordagem pobre em conhecimento de mundo (informação explícita do texto em vez de conhecimento de mundo implícito) este estudo procura investigar até que ponto restrições sintáticas e semânticas podem ser usadas para resolver a anáfora. Para isso, 1.400 exemplos da palavra "they" foram aleatoriamente selecionados de um corpus de 10.000.000 de palavras de texto expositivo em língua inglesa. Os candidatos a antecedente em cada caso foram analisados e classificados de acordo com sua função sintática (sujeito, objeto, etc.) e seus traços semânticos (+ humano, + animado, etc.). Os resultados mostraram que as restrições sintáticas resolveram 85% dos casos. Quando essas restrições foram combinadas com as restrições semânticas, o percentual de resolução aumentou para 98%. Discutem-se, finalmente, as implicações desses resultados para o Processamento da Língua Natural.

Resolução da Anáfora; Processamento da Língua Natural; Restrições Textuais; Ambigüidade


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