Acessibilidade / Reportar erro

How different are we? Spoken Discourse in Intercultural Communication

How different are we? Spoken Discourse in Intercultural Communication

NOTAS SOBRE LIVROS BOOKNOTES

Por/by: Francisco Gomes de Matos

Letras/CAC/UFPE fcgm@hotlink.com.br

FITZGERALD, Helen. 2002. How different are we? Spoken Discourse in Intercultural Communication. Clevedon & Buffalo: Multilingual Matters, xii + 261 p.

Entre nós, a bibliografia lingüística em inglês é predominantemente originária dos Estados Unidos e da Inglaterra, cabendo o terceiro lugar a contribuições canadenses. Raramente encontramos trabalhos de colegas da Austrália, por fatores vários, dentre os quais nosso desconhecimento das pesquisas ali realizadas ou a pouca divulgação das contribuições australianas em nossos Programas de Pós-Graduação. A propósito, poderia ser revelador um levantamento de que livros, artigos e outros tipos de publicação australianos foram citados/ referenciados em dissertações e teses, nas áreas de Letras e afins. Justifico esse comentário inicial: a Austrália tem dado uma expressiva contribuição ao desenvolvimento dos estudos lingüísticos, através de pesquisas feitas em importantes contextos acadêmicos, dentre os quais as universidades Australian National, Sidney, Macquaire, Queensland e Institutos de Tecnologia, como o de Canberra. Neste, a docente-pesquisadora Helen Fitzgerald tem expressiva atuação, junto ao Adult Migrant Education Program.

Autora de material didático inovador - Cross-Cultural Communication for the Tourism and Hospitality Industry (Melbourne: Hospitality Press, 1998) - a colega australiana compartilha seu saber/saber-fazer intercultural com a comunidade internacional, através deste volume, o quarto da coleção Languages for Intercultural Communication and Education.

Aos que não fizeram uma iniciação à dinâmica, instigante área da Comunicação Intercultural, recomendo a leitura do capítulo-síntese Intercultural Communication, de Claire Kramsch, na coletânea Teaching English to Speakers of Other Languages (organizado por Ronald Carter e David Nunan), publicado pela Cambridge University Press em 2001. Aos interessados numa percepção crítica do conceito-chave Comunicação Intercultural sugiro o artigo-resenha, também de Kramsh, In search of the intercultural, publicado em Journal of Sociolinguistics 6/2,2002: 275-285. Ali, a pesquisadora de Berkeley analisa/compara quatro livros da área de CI publicados nos dois primeiros anos deste século.

Volto ao livro objeto desta Nota: Em seu Prefácio, o lingüista aplicado Anthony J. Liddicoat caracteriza a situação da Austrália como uma sociedade multicultural e plurilíngüe e destaca a contribuição de Fitzgerald para o conhecimento aprofundado da eficácia de programas de formação/treinamento intercultural, particularmente no que concerne ao ensino-aprendizagem de inglês como segunda língua, para imigrantes. Seguem-se um quadro (Transcribing Symbols), 10 capítulos, 6 Apêndices, Referências (10 p.), e um Índice(autores/assuntos).

No capítulo introdutório, a autora esclarece o pressuposto central: o contexto comunicativo situacional desempenha papel significativo quanto à natureza da comunicação, por isso, resultados obtidos num contexto não podem ser exstrapolados para contextos diferentes. Apesar disso, Fitzgerald argumenta que uma pesquisa centrada em identificar não apenas diferenças e problemas, mas também sucessos comunicativos, pode fornecer insights relevantes para o ensino e a formação de base intercultural (p.1).

Os títulos dos capítulos mostram o caminho analítico percorrido pela autora: Introduction, The data, Cultural value systems (resenha da literatura), Data analysis (Cultural values reflected in the Discourse), Communication Styles (resenha da literatura), Data analysis (Discourse organization and rhetorical strategies), Data analysis (Turn-taking patterns and the distribution of talk), Data analysis (Assertiveness, Disagreement and Conflict), Developing communicative competencies, Conclusion.

Os 6 Apêndices tratam de dados sobre os 74 participantes, 8 problemas trabalhados grupalmente, formação/treinamento intercultural: metodologia e atividades (há 8 exemplos de exercícios sobre conceitos-chave: percepção intercultural, choque intercultural, estilo comunicacional, comunicação não-verbal, estilos comunicativos em inglês, explicações para o segundo e sexto exercícios.

A Bibliografia (em inglês) inclui obras e revistas importantes da área. Na Conclusão, Fitzgerald formula alguns dos possíveis benefícios de programas de formação intercultural para usuários de línguas em geral (nativos e não-nativos), tanto no contexto escolar quanto no mundo do trabalho. Dentre os frutos a serem colhidos: aprender-se a construir e a adotar perspectivas interculturais, em lugar de uma visão monoculturalista, aprender-se a sistematizar a fraseologia referente à atenuação, à polidez, à mudança de turnos, ao gerenciamento (à gestão) de tópicos, à organização da informação e muitas coisas mais.

Em suma, um volume de excepcional valor teórico-aplicativo, resultante de análise meticulosa de muitas interações em áudio e vídeo (seis falantes nativos e 150 não-nativos). Para ser mais que conciso, i.e.,ser breve, concluo, em português: imperdível!

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Set 2004
  • Data do Fascículo
    2003
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP PUC-SP - LAEL, Rua Monte Alegre 984, 4B-02, São Paulo, SP 05014-001, Brasil, Tel.: +55 11 3670-8374 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: delta@pucsp.br