Acessibilidade / Reportar erro

Investigando a relação oral/escrito e as teorias do letramento

NOTAS SOBRE LIVROS BOOKNOTES

Por/by: Ana Cristina Souza de Alcântara

LAEL-PUC-SP

SIGNORINI, Inês (org.) (2001) Investigando a relação oral/escrito e as teorias do letramento. Campinas, SP: Mercado das Letras.

Quais os efeitos e funções da escrita para o indivíduo e também para a sociedade? O livro traz, ao longo de seus seis capítulos, importantes reflexões sobre a prática do letramento, termo que foi cunhado por Mary Kato, em 1986, e que, embora ainda não dicionarizado, pode ser definido hoje como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico (cf. Kleiman, 1991). Para tratar de assunto tão pesquisado recentemente, a presente obra , organizada por Inês Signorini, foi dividida em três subtemas, a saber: Parte 1 - a relação oral/escrito e a noção de gênero; Parte 2 - a relação oral/escrito e a noção de autoria; Parte 3 - a relação oral/escrito e a redefinição da escrita e do texto.

Como escrita e leitura são atividades bem diferentes mas interligadas, da mesma forma as modalidades oral e escrita de uso da língua são vistas como funcionalmente complementares nas práticas letradas de comunicação. Daí a necessidade da divisão do livro em três partes, pois muitas têm sido as discussões a respeito do assunto assim como das possibilidades de investigação.

Os dois primeiros capítulos são constituintes da 1ª. parte:

No primeiro capítulo, Marcuschi rediscute a relação intrínseca entre escrita e oralidade e defende que essa relação não é fixa e está determinada pelas práticas comunicativas.

Rojo, no segundo capítulo, baseada nas relações dos conceitos bakthinianos de gênero primário e secundário e entre fala e escrita ao longo da história, aponta as diversidades dos textos escritos e orais presentes no cotidiano e prestigiados na esfera pública e salienta a necessidade "de uma melhor compreensão do que seja de fato o letramento escolar, 'seus processos e seus produtos' "(71).

Os capítulos 3 e 4 compõem a 2ª. parte do livro:

No terceiro capítulo, o trabalho de Tfouni propõe a investigação da autoria de textos orais e escritos como meio de descobrir o grau de letramento de quem os produziu, promovendo o que chama de "um giro teórico e metodológico na questão do letramento" (79) quando propõe que sua problemática é também discursiva e não somente lingüística, textual ou contextual.

A organizadora da coletânea, Signorini, trata do hibridismo da escrita, ou seja, da interferência do oral no escrito denominado por Street como "modelo autônomo do letramento"(1984).

Como parte integrante da 3ª. parte, os dois últimos capítulos:

Corrêa, no quinto capítulo, defende a hipótese da heterogeneidade não somente na escrita, mas também da escrita, uma vez que considera letrados os indivíduos e as comunidades que "também fazem a história da língua e da sociedade" (141) através do registro oral e não do escrito.

Finalizando a coletânea, no 6º. capítulo Souza argumenta contra uma visão fundamentada no grafocentrismo e busca mostrar nas origens e características dos textos dos Kaxinawá, habitantes indígenas da região amazônica, a importância dos desenhos pertencentes à escrita, não apenas como meros enfeites ou ilustrações, enfatizando os prejuízos que uma análise simplista e um ensino baseado no modelo utilitário da escrita poderiam causar na cultura tradicional dos índios.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Set 2004
  • Data do Fascículo
    2003
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP PUC-SP - LAEL, Rua Monte Alegre 984, 4B-02, São Paulo, SP 05014-001, Brasil, Tel.: +55 11 3670-8374 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: delta@pucsp.br