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Comprometimento cognitivo vascular (CCV): progresso do conhecimento e tratamento

Resumo

Até recentemente, o estudo do comprometimento cognitivo como manifestação de doença cerebrovascular (DCV) tem sido comprometido pela falta de métodos de abordagem. O termo comprometimento cognitivo vascular (CCV) inclui todos os níveis de declínio cognitivo associados à DCV, de déficites discretos em um ou mais domínios cognitivos a uma síndrome demencial inequívoca. CCV incorpora interações complexas entre fatores de risco vasculares clássicos (i.e. hipertensão arterial, colesterol elevado e diabetes), subtipos de DCV e patologia de Doença de Alzheimer (DA). CCV pode ser a mais precoce, comum e sutil manifestação de DCV e pode ser encarada como uma demência altamente prevalente e prevenível. Todavia, a cognição não é uma medida de desfecho em ensaios clínicos que avaliam habilidades funcionais após acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, com exceção de medicações anti-hipertensivas, o impacto tanto de medidas preventivas quanto tratamento agudo de AVC em desfecho cognitivo não é conhecido. A despeito de que dados clínicos, epidemiológicos, de neuroimagem e experimentais suportam o conceito de CCV, há falta de conhecimento integrado no papel desempenhado pelos mecanismos patofisiológicos mais relevantes envolvidos em muitas condições neurológicas incluindo AVC e comprometimento cognitivo, como excitotoxicidade, apoptose, dano ao DNA mitocondrial, stress oxidativo, distúrbios na liberação de neurotransmissores e inflamação. Por esta razão, em 2006 o National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS) and the Canadian Stroke Network (CSN) definiram um conjunto de dados a serem coletados em estudos futures auxiliando na definição da etiologia, manifestações clínicas, fatores preditivos e tratamento. Estas recomendações representam o primeiro degrau para o desenvolvimento dos critérios diagnósticos para CCV baseados em conhecimentos mais do que em hipóteses. O segundo degrau seria integrar todos os estudos usando metodologias aceitas, o que aceleraria a busca por respostas.

Palavras-chave:
doença cerebrovascular; demência; comprometimento cognitivo vascular; critérios diagnósticos

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