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Dilemas éticos na cultura do consumo: Antropoceno, psicanálise e capitalismo como modo de operação das paixões

RESUMO

O consumo ético tem emergido como resposta possível à crise climática no contexto do Antropoceno. Neste ensaio, faço uma crítica a essa proposição contextualizando, historicamente, as relações entre consumo, capitalismo e paixões humanas que moldaram a cultura do consumo contemporânea. Partindo da Fábula das abelhas, de Bernard Mandeville e chegando ao conceito freudiano de pulsão, empreendo uma genealogia das paixões consumistas, sugerindo que a satisfação pulsional é uma noção central para o entendimento das dimensões psíquicas relacionadas ao consumo. Reflito sobre a ética a partir dessa perspectiva psicanalítica segundo a qual o mundo é incompleto e a satisfação total é impossível. Tal lógica é radicalmente oposta à da cultura do consumo na qual está assentado o discurso do consumo ético. Concluo argumentando que uma ética para o Antropoceno deve ser uma ética trágica e que a ética da Psicanálise, proposta por Lacan, tem algo a nos ensinar sobre isso.

PALAVRAS-CHAVE:
Antropoceno; Consumo ético; Cultura do consumo; Pulsão; Ética

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