Resumo
Objetivo analisar as contribuições da indissociabilidade na integração ensino-serviço-gestão, considerando o compromisso interinstitucional e a ampliação das práticas de enfermagem no contexto regional voltadas à eliminação das hepatites virais.
Método relato de experiência, considerando o profissional reflexivo, baseado na análise documental de projetos de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos entre 2018 e 2024, no estado de Mato Grosso. Foram considerados relatórios, atas de reuniões e materiais científicos, analisados por meio de análise temática, com três categorias principais. O referencial teórico adotado foi o pensamento complexo, articulado ao princípio da indissociabilidade.
Resultados a experiência evidenciou a necessidade de sensibilização de gestores e profissionais de saúde sobre as hepatites virais como problema de saúde pública, resultando na construção de um plano regional de enfrentamento. Ações integradas permitiram ampliar o papel da enfermagem na coordenação do cuidado e fortaleceram a articulação entre formação profissional e necessidades do Sistema Único de Saúde.
Conclusões e implicações para a prática a indissociabilidade universitária mostrou-se uma estratégia para qualificar a resposta do sistema de saúde, fortalecendo a atuação interprofissional. A experiência contribui para o avanço das políticas públicas, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e reforça a importância da integração entre ensino, serviço e gestão.
Palavras-chave:
Colaboração Intersetorial; Desenvolvimento Sustentável; Enfermagem; Hepatite Viral Humana; Sistemas de Saúde
Abstract
Objective to analyze the contributions of indissociability in the integration of teaching, service, and management, considering the interinstitutional commitment and the expansion of nursing practices in the regional context aimed at eradicating viral hepatitis.
Method experience report, considering the reflective professional, based on a documentary analysis of teaching, research, and extension projects developed between 2018 and 2024 in the state of Mato Grosso. Reports, meeting minutes, and scientific materials were considered and analyzed through thematic analysis, resulting in three main categories. The theoretical framework adopted was complex thinking, articulated to the principle of indissociability.
Results the experience highlighted the need to raise awareness among managers and health professionals about viral hepatitis as a public health problem, leading to the development of a regional response plan. Integrated actions enabled an expanded role for nursing in care coordination, strengthening the connection between professional training and the needs of the Unified Health System.
Conclusions and implications for practice the university’s indissociability has proven to be a strategy for qualifying the health system’s response, thereby strengthening interprofessional practice. The experience contributes to the advancement of public policies aligned with the Sustainable Development Goals and reinforces the importance of integrating education, service, and management.
Keywords:
Intersectoral Collaboration; Sustainable Development; Nursing; Human Viral Hepatitis; Health Systems
Resumen
Objetivo analizar las contribuciones de la indisolubilidad en la integración enseñanza-servicio-gestión, considerando el compromiso interinstitucional y la expansión de las prácticas de enfermería en el contexto regional, orientadas a la eliminación de las hepatitis virales.
Método relato de experiencia, considerando al profesional reflexivo, basado en el análisis documental de proyectos de enseñanza, investigación y extensión desarrollados entre 2018 y 2024, en el estado de Mato Grosso. Se consideraron informes, actas de reuniones y materiales científicos, analizados a través de un análisis temático, con tres categorías principales. El marco teórico adoptado fue el pensamiento complejo, articulado al principio de la indisolubilidad.
Resultados la experiencia evidenció la necesidad de sensibilización de gestores y profesionales de la salud sobre las hepatitis virales como problema de salud pública, resultando en la construcción de un plan regional de enfrentamiento. Acciones integradas permitieron ampliar el papel de la enfermería en la coordinación del cuidado y fortalecieron la articulación entre la formación profesional y las necesidades del Sistema Único de Salud.
Conclusiones e implicaciones para la práctica la indisolubilidad universitaria se ha mostrado como una estrategia para calificar la respuesta del sistema de salud, fortaleciendo la actuación interprofesional. La experiencia contribuye al avance de las políticas públicas, alineadas con los Objetivos de Desarrollo Sostenible, y refuerza la importancia de la integración entre enseñanza, servicio y gestión.
Palabras-clave:
Colaboración Intersectorial; Desarrollo Sostenible; Enfermería; Hepatitis Viral Humana; Sistemas de Salud
INTRODUÇÃO
Garantir a qualificação da força de trabalho desde a formação universitária é um desafio para os Sistemas de Saúde, especialmente diante das prioridades e desigualdades locorregionais. A inserção de estudantes em cenários de prática, por meio de processos educativos pactuados com o serviço, fortalece a integração ensino-serviço e contribui para a qualificação do cuidado.1 Nesse contexto, as atividades extensionistas ampliam a articulação entre ensino e pesquisa, promovendo engajamento social, compromisso institucional e impacto nas ações em saúde.2
O princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão expressa uma aproximação entre universidade e sociedade, fomentada por meio da autorreflexão crítica, que contribui para a emancipação teórica e prática dos estudantes e reforça o significado social da produção acadêmica. Sua efetivação requer a constituição de projetos coletivos que se orientem por processos de avaliação institucional, planejamento participativo e pelo compromisso com os interesses da maioria da sociedade.3
Nesse sentido, tal princípio assume um caráter paradigmático e epistemologicamente complexo, na medida em que implica a reformulação dos fundamentos que regem as práticas universitárias, reconhecendo que ensino, pesquisa e extensão não existem de forma plena quando dissociados. A indissociabilidade, portanto, não é apenas uma diretriz normativa, mas uma condição essencial para a integralidade do fazer universitário, cuja potência reside justamente na interdependência entre suas dimensões constitutivas.4
No Brasil, o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão está previsto na Constituição Federal (CF) de 1988 (art. 207) e consolidou uma trajetória de atuação das universidades brasileiras diante dos diversos contextos políticos, sociais e econômicos, contribuindo para a colaboração intersetorial. Na contemporaneidade, esse princípio adquire novo vigor ao se articular com propostas pedagógicas voltadas à interdisciplinaridade.5 Diante da complexidade dos problemas de saúde pública, que refletem desigualdades sociais, torna-se necessário compreender os contextos comunitários e organizacionais para formular estratégias ajustadas às reais necessidades.6 A extensão universitária, ao se integrar ao ensino e à pesquisa, potencializa ações transformadoras por estar enraizada em contextos concretos e envolver múltiplos atores sociais.
Ter a indissociabilidade nos compromissos interinstitucionais e intersetoriais configura-se como caminho estratégico para ampliar e qualificar as respostas às demandas de saúde, especialmente em contextos marcados por desigualdades locorregionais. A cooperação entre universidades, serviços de saúde e demais setores públicos e sociais permite a construção de ações sistemáticas e pactuadas alinhadas às políticas públicas e orientadas pelas necessidades reais dos territórios.7
Perante esse cenário, a experiência apresentada neste estudo resulta de uma colaboração intersetorial que toma a Hepatite Viral humana (HV) como referência para analisar e descrever estratégias voltadas ao fortalecimento da força de trabalho na prevenção de novas infecções. Essas ações estão alinhadas aos Objetivos da Agenda 2030 e às metas pactuadas na Assembleia Mundial da Saúde, que propõem uma abordagem integrada entre prevenção e cuidado clínico.8,9 A agenda internacional propõe reduzir em 90% as novas infecções por HV e em 65% a mortalidade, por meio de ações estratégicas nos Sistemas de Saúde, como ampliação do diagnóstico, garantia do tratamento e controle da transmissão.10
No Brasil, desde a criação do Programa Nacional para a Prevenção e Controle das Hepatites Virais (PNHV), o Sistema Único de Saúde (SUS) vem promovendo iniciativas com foco na prevenção, organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e qualificação profissional, com destaque para o papel da Enfermagem.11 A categoria desponta como ator estratégico no enfrentamento às HVs, atuando, de forma central, em prevenção, diagnóstico, tratamento e monitoramento da cascata de cuidados.12
Considerando o exposto, ao integrar saberes e recursos de diferentes instituições e setores, promove-se uma abordagem mais abrangente dos problemas de saúde pública, consolidam-se propostas para a translação do conhecimento e a indissociabilidade como princípios operacionais da atuação universitária comprometida com a transformação social.
Nesse sentido, este estudo se justifica pela trajetória construída a partir da articulação entre ensino, serviço e gestão, por meio da colaboração intersetorial, fundamentada na indissociabilidade como estratégia de fortalecimento da prática de enfermagem e do compromisso institucional com o Sistema de Saúde em âmbito regional.
Destaca-se, ainda, a relevância da experiência compartilhada com a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, com espaços colegiados e serviços da rede de atenção, para a translação do conhecimento derivado de uma tese de doutorado que utilizou a hepatite viral humana como condição norteadora para avaliar o acesso no estado.13 Essa articulação impulsionou novas frentes de trabalho e parcerias em alinhamento com a agenda global.
Dessa forma, o objetivo do estudo é analisar as contribuições da indissociabilidade na integração ensino-serviço-gestão, considerando o compromisso interinstitucional e a ampliação das práticas de enfermagem no contexto regional voltadas à eliminação das hepatites virais.
MÉTODO
Trata-se de relato de experiência, de natureza qualitativa, fundamentado na formulação discursiva a partir de uma análise documental, considerando o profissional reflexivo como alguém que pensa sobre sua prática de maneira crítica e construtiva.14,15 O estudo possui a questão norteadora: Quais contribuições a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão pode trazer para o enfrentamento das hepatites virais como problema de saúde pública, tendo o compromisso da Enfermagem de prover condições por meio de gestão, assistência, ensino e pesquisa em Sistema de Saúde?
Parte-se do entendimento de que a reflexão constitui um processo dinâmico e contínuo, que se expressa em três dimensões articuladas: a reflexão sobre a ação, a reflexão na ação e a reflexão sobre a reflexão na ação.15 A primeira refere-se à análise retrospectiva das práticas realizadas, buscando compreender os efeitos e limites das decisões tomadas; a segunda ocorre durante a própria prática, permitindo ajustes e reformulações em tempo real; e a terceira aprofunda o entendimento sobre os processos reflexivos anteriores, consolidando aprendizagens e subsidiando novas estratégias de atuação.
Trata-se de uma construção de conhecimento por meio da reflexão, da análise crítica e da problematização da própria experiência. Nesse processo, o saber mobilizado pelos profissionais adquire uma natureza predominantemente tácita, sendo constituído tanto por conhecimentos sistematizados e compartilhados coletivamente pela profissão quanto por concepções individuais construídas no exercício cotidiano. Schön propõe o reconhecimento do valor do conhecimento que emerge da ação e que se aperfeiçoa por meio da reflexão.15 Assim, a prática não é apenas um campo de aplicação de saberes teóricos, mas um espaço de produção ativa de conhecimento, onde o profissional atua como um sujeito reflexivo, capaz de interpretar, ressignificar e transformar suas intervenções.16
Ao adotar esse referencial, propõe examinar, de forma crítica e propositiva, as contribuições da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão para o enfrentamento das HVs como problema de saúde pública, a partir do compromisso de articulação de gestão, assistência, ensino e pesquisa no âmbito do SUS.15 A reflexão sobre a própria prática emerge, assim, como eixo central para repensar a formação e a atuação profissional, com vistas à transformação social e ao fortalecimento do cuidado em saúde.17
Essa abordagem é particularmente relevante quando se trata da articulação entre ensino, pesquisa e extensão, pois potencializa o compromisso ético e político com a transformação das realidades sociais, como no enfrentamento das HVs.15 De tal modo, a indissociabilidade entre essas dimensões passa a ser não apenas um princípio institucional, mas um dispositivo formativo capaz de integrar teoria e prática.15
A experiência apresentada nesse estudo resulta da articulação do Grupo de Pesquisa em Políticas e Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde e do Programa de Extensão Escritório de Qualidade para Organizações de Saúde, da Universidade do Estado de Mato Grosso, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, o Escritório Regional de Saúde (ERS) e o Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Atendimento Especializado (CTA/SAE). O cenário envolveu ações interinstitucionais com gestores e profissionais da rede de atenção, além de estudantes e bolsistas com participação em projetos de pesquisa, ensino e programa de extensão voltados à temática, no serviço regional de referência.
Foi utilizada uma matriz de extração de dados documentais como instrumento para sistematizar e organizar as informações presentes nos documentos analisados. Foram consultados projetos de ensino, pesquisa e extensão, além de materiais científicos e relatórios institucionais encaminhados à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, no recorte temporal de 2018 a 2024. A matriz permitiu identificar e registrar variáveis, como o tipo de projeto (ensino, pesquisa, extensão ou integrado), o ano de execução, a temática abordada, os objetivos declarados, os atores envolvidos, as parcerias institucionais, os resultados esperados ou alcançados, a interface com o Sistema Único de Saúde (SUS) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a evidência de articulação entre ensino, pesquisa e extensão.
A extração dos dados foi realizada por dois pesquisadores de forma independente, os quais preencheram a matriz com base nos documentos selecionados. Posteriormente, as informações extraídas foram confrontadas em reuniões de consenso, para validação e organização final do banco de dados. As informações sistematizadas foram então analisadas à luz da abordagem temática,18 articulada aos níveis de reflexão sobre a ação, na ação e sobre a reflexão na ação,15 o que possibilitou a construção de categorias analíticas capazes de revelar como a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão tem sido mobilizada como estratégia para o enfrentamento das HVs e para o fortalecimento da atuação da Enfermagem na gestão, assistência, formação e produção de conhecimento em saúde.
Com base na identificação e interpretação de padrões de sentido nas fontes documentais examinadas, houve a definição de três categorias, sendo: Sensibilização dos stakeholders sobre o problema de saúde pública; Ações integradas de pesquisa, ensino e extensão após a problematização das Hepatites Virais; e O contexto da prática de Enfermagem no cenário de pactuação: lições aprendidas. Para organizar a compreensão do material, adotou-se como estratégia analítica a lógica da reflexão profissional.15 Assim, a indissociabilidade universitária foi abordada como eixo estruturante da análise, sendo operacionalizada por meio da coleta e sistematização de dados documentais que evidenciavam a articulação entre ensino, pesquisa e extensão. A discussão guiada pela indissociabilidade atua como elemento integrador entre ensino, pesquisa e extensão, dimensões autônomas, mas interdependentes e com potencial transformador.19
Do ponto de vista ético, foram utilizados documentos públicos e relatórios de projetos aprovados em Comitês de Ética em Pesquisa, conforme os registros: CAAE 01481918.0.0000.5393; CAAE 01481918.0.3001.5164; CAAE 78776624.4.0000.5166.
RESULTADOS
A primeira categoria, voltada à análise retrospectiva das práticas realizadas, permitiu compreender os efeitos e os limites das decisões tomadas nos processos formativos e de gestão relacionados ao enfrentamento das HVs que subsidiam a “Sensibilização dos stakeholders sobre o problema de saúde pública”, ao resgatar iniciativas anteriores e seus impactos no reconhecimento do tema.
A segunda categoria, correspondente à reflexão durante a própria prática, possibilitou identificar como as ações vêm sendo ajustadas e ressignificadas, em tempo real, pelos profissionais e estudantes, o que fundamenta a categoria “Ações integradas de pesquisa, ensino e extensão após a problematização das Hepatites Virais”, apresentando a dinâmica interativa e responsiva do processo formativo e dos alcances institucionais dos projetos.
Já a terceira categoria permitiu aprofundar o entendimento sobre os sentidos atribuídos às práticas e às estratégias adotadas, consolidando aprendizagens institucionais e delineando possibilidades de inovação. Essa etapa se expressa na categoria “O contexto da prática de Enfermagem no cenário de pactuação: lições aprendidas”, ao sistematizar os principais avanços e desafios observados, orientando novas direções para a articulação entre formação, cuidado e gestão.
Sensibilização dos stakeholders sobre o problema de saúde pública
Apesar das HVs serem reconhecidas como problema de saúde pública e constarem na Agenda 2030 com metas de eliminação, esse reconhecimento em Mato Grosso concentrava-se em estudos voltados à abordagem clínica e ao tratamento. O Quadro 1 apresenta uma síntese das propostas e das respostas institucionais na sensibilização.
Quadro-Síntese de sensibilização e de resposta institucional às hepatites virais em Mato Grosso, Brasil, 2024.
Não havia, até então, pesquisas que avaliassem a rede de atenção à saúde sob a perspectiva do acesso, utilizando as HVs como condição norteadora para análise dos resultados do sistema estadual. Essa lacuna dificultava a compreensão da resposta organizacional do sistema de saúde nas macrorregiões e regiões de saúde. Nesse contexto, a pesquisa que avaliou o acesso aos serviços de atenção contribuiu para a gestão do sistema, ao propor nove pilares de recomendação com estratégias para eliminação das HVs, sendo que este estudo, em específico, buscou atender aos pilares oito e nove, considerando o espaço de governabilidade dos atores envolvidos.13
A partir disso, formou-se um grupo de trabalho interinstitucional envolvendo gestão estadual, regional e municipal, profissionais de saúde, especialistas, sociedade civil e universidade que elaborou uma agenda de ações e aprovou um plano regional de enfrentamento das HVs, compreendido como proposta-piloto para futura replicação. Paralelamente, o centro de formação de recursos humanos em saúde, com protagonismo na articulação ensino-serviço, ampliou sua atuação na pactuação, a partir da análise situacional das HVs na região de saúde. Essa mobilização gerou espaços de educação permanente, com ênfase na atuação do enfermeiro na rede de atenção, especialmente na APS.20
Ações integradas de pesquisa, ensino e extensão após problematização das hepatites virais
O Quadro 2 apresenta a síntese das ações integradas a partir do ensino, da pesquisa e da extensão para a eliminação.
Ações integradas de pesquisa, ensino e extensão após problematização das hepatites virais em Mato Grosso, Brasil, 2024.
Os resultados da primeira pesquisa subsidiaram reuniões com stakeholders e motivaram o desenvolvimento de três novos estudos: um sobre a gestão da clínica na abordagem interprofissional do serviço de referência para HV; outro sobre o abandono do tratamento da Hepatite B no estado; e um terceiro que, a partir da ótica de gestores, profissionais da assistência e do controle social, analisa um diagrama com elementos centrais para o acesso à atenção integral às HVs no SUS.8,13,21 Paralelamente às investigações, os cenários de prática passaram a se consolidar como espaços de protagonismo para ensino e extensão, especialmente em nível regional, onde os projetos estavam articulados. Nesse contexto, foi organizado, com os stakeholders, o I Simpósio Regional de Enfrentamento das HVs, que resultou na elaboração do Plano de Ação 2023–2030 para a Região Médio-Norte Mato-Grossense.
O Simpósio ocorreu em três etapas: (1) formação de um grupo gestor que analisou dados epidemiológicos da região, revisou consensos internacionais e sistematizou estratégias; (2) realização de grupos focais com 45 participantes da região, incluindo gestores, coordenadores da APS, enfermeiros e técnicos estaduais e regionais, que utilizaram uma matriz para diagnóstico da gestão do cuidado em rede regionalizada; e (3) plenária final, orientada por um documento elaborado com base nas etapas anteriores, que permitiu a definição de linhas estratégicas consensuais para o enfrentamento das HVs com foco regional.
O Plano de Ação define e prioriza ações e investimentos na agenda estratégica do planejamento local e regional, com base em quatro linhas estratégicas, sendo: Resposta abrangente e integrada com acesso equitativo à atenção preventiva (7 estratégias e 28 ações); Acesso equitativo à APS com suporte especializado (1 estratégia e 8 ações); Fortalecimento da capacidade laboratorial (1 estratégia e 1 ação); Fortalecimento da vigilância em saúde com compromissos pactuados (4 estratégias e 36 ações). Em agosto de 2023, o Plano foi submetido à Comissão Intergestores Regional (CIR) e consensuado por meio da Resolução CIR Médio Norte Mato-grossense nº 015, de 19 de setembro de 2023. A pactuação do Plano em CIR reafirmou o compromisso regional com a Agenda 2030, além de evidenciar a integração entre gestão, assistência, ensino e pesquisa. A partir desse processo, estabeleceu-se um conjunto de itens a serem transformados em indicadores para monitoramento e avaliação, garantindo o acompanhamento contínuo das ações. As iniciativas pactuadas serão implementadas em curto, médio e longo prazos, sob responsabilidade compartilhada da gestão regional.
Em resposta à necessidade de ampliar espaços de aprendizagem desde a graduação, o projeto de extensão “Fortalecendo ações de gestão da atenção à saúde para as HVs”, iniciado em 2022, promoveu a inserção de estudantes em serviços de referência para HV e viabilizou quatro bolsas de iniciação científica com interface extensionista, uma bolsa de extensão para estudante de graduação e duas para profissionais extensionistas, consolidando um plano institucional de ações integradas de pesquisa, extensão e ensino. Como resultado, foram ofertados, na Região de Saúde (RS), quatro cursos de capacitação para acolhimento e testagem de profissionais da rede, vinte atividades extramuros voltadas à população-chave no contexto de microeliminação, além de dois webinars com foco no cenário das HVs no estado, abordagens clínicas e atualizações com base em protocolos ministeriais. Com o objetivo de expandir essa abordagem à macrorregião, foi criado o projeto de extensão “Aliança interinstitucional na Macrorregional Centro-Noroeste para eliminação das HVs”, financiado por edital interno da universidade alinhado aos ODS, visando replicar a experiência regional.
No campo da pesquisa, destacam-se dois estudos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): o primeiro, voltado ao abandono do tratamento das HVs, contemplado na Chamada Nº 21/2023, Faixa A – Estudos Secundários (Processo: 445013/2023-0); o segundo, por meio de pesquisa-ação, busca fortalecer estratégias de gestão e coordenação do cuidado para a microeliminação das HVs na Rede de Atenção à Saúde do estado, contemplado na Chamada CNPq Nº 34/2024 (Processo: 405761/2024-4).
O contexto da prática de enfermagem no cenário de pactuação: lições aprendidas
O Quadro 3 apresenta o contexto da prática de enfermagem no cenário de pactuação e as estratégias traçadas para ampliar a atuação da enfermagem no contexto das HVs.
Contexto da prática de Enfermagem no cenário de pactuação e as estratégias para ampliar a atuação no contexto das hepatites virais, Mato Grosso, Brasil, 2024.
As pesquisas evidenciaram a resistência à descentralização da testagem e a insegurança dos profissionais no cuidado às HVs.22 Para mitigar essa realidade, foi desenvolvida uma ação- piloto na RS articulada com a CIR e a Comissão de Integração Ensino-Serviço (CIES), visando à adesão de stakeholders estratégicos e à sensibilização para mobilização dos profissionais. No segundo semestre de 2023, foram ofertadas três turmas de capacitação, com 25 vagas cada, voltadas à qualificação teórico-prática de enfermeiros em aconselhamento e testagem, com foco na organização dos fluxos da rede de atenção à saúde. Foram capacitados 58 enfermeiros, com exigência mínima de realização de seis aconselhamentos pré- e pós-testes. A ênfase na prática clínica ampliou a compreensão sobre o papel do enfermeiro no cuidado às HVs, integrando aspectos técnicos, escuta qualificada, educação em saúde, vínculo com o usuário e planejamento de intervenções a partir dos determinantes sociais da saúde e da integralidade do cuidado.
Nesse contexto, reafirmou-se que o enfermeiro tem atuação estratégica na prevenção, na busca ativa de casos e na garantia da adesão ao tratamento, especialmente em territórios marcados por vulnerabilidades sociais. Como resultado da capacitação, observou-se um aumento de 34% nos casos diagnosticados em comparação com 2022, além da ampliação de 28% nos diagnósticos de Hepatite B e de 17% na adesão ao tratamento para essa condição. A partir de setembro, foram ainda diagnosticados 39 novos casos de HV. Entre as lições aprendidas, destaca-se o valor do envolvimento dos stakeholders no debate sobre o cenário das HVs na gestão municipal e regional, enfrentando desafios como o abandono do tratamento e a qualificação do acesso. Contudo, persiste a resistência da rede em descentralizar a testagem e em adotar a busca ativa como eixo de planejamento. Isso reforça a necessidade de instituir espaços permanentes de governança e pactuação regional com foco na vigilância em saúde e na coordenação do cuidado.
DISCUSSÃO
A sensibilização dos stakeholders emerge como categoria analítica central para compreender os processos que possibilitam a articulação interinstitucional no enfrentamento das HVs como problema de saúde pública, pois exige o engajamento ativo na incorporação desse agravo às agendas prioritárias dos Sistemas de Saúde.23 Muitos dos desafios decorrem da fragilidade na coordenação intergovernamental de políticas e ações, especialmente no âmbito federal, o que compromete a efetividade das respostas sanitárias.24 Torna-se, portanto, necessário que os gestores públicos, em especial aqueles em posições estratégicas, reconheçam a urgência de incluir as HVs nas discussões sanitárias nacionais, articulando esforços com a comunidade internacional.25
Entre os obstáculos persistentes no enfrentamento das HVs, estão a formulação insuficiente de políticas específicas, a escassez de dados epidemiológicos robustos e o limitado conhecimento sobre o cuidado a populações vulneráveis.25 Esse cenário demanda dos stakeholders um compromisso efetivo de participação em busca do financiamento de pesquisas, inovação tecnológica e produção de evidências que orientem modelos de cuidado mais equitativos e resolutivos nos serviços de saúde. Por isso, no caso das HVs, a influência dos stakeholders na gestão da rede de atenção e os desafios relacionados à fragmentação do cuidado motivaram a aproximação desses atores desde o início da experiência, permitindo ampliar o campo de investigação e de ações de ensino e extensão.22
Utilizar as HVs como norteadoras para avaliar a resposta do Sistema de Saúde permitiu recuperar a concepção de que, para transformar cenários e contextos, é preciso estar de fato presente neles, o que requer tempo, disposição e amplo respeito entre os envolvidos, além de requerer sinergia para elaborar projetos que sejam reconhecidos como prioritários para seu trabalho.13 Esse movimento, necessário, mas complexo e dinâmico, é uma construção viva e pode ser considerado desafiador no que tange às relações de processos e interesses no âmbito da universidade. Assim, a sensibilização não se limita à mobilização pontual, mas configura-se como ação contínua e estratégica para consolidar compromissos intersetoriais, viabilizar a translação do conhecimento e fortalecer a governança regional da resposta às HVs.
A partir dessa base, ganha centralidade a integração ensino-serviço-gestão que, ancorada na indissociabilidade entre formação, prática e gestão do cuidado, revela-se como vetor de inovação institucional, sobretudo ao mobilizar conhecimentos, competências e compromissos em prol de respostas mais equitativas e resolutivas no enfrentamento das HVs. Consolidar o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão nas instituições públicas de ensino superior não é tarefa simples, ainda que previsto no artigo 207 da CF de 1988 e reafirmado como um dos cinco princípios da extensão universitária.5 Tal dificuldade reside na complexidade do processo de trabalho acadêmico, que exige sinergias capazes de integrar diferentes interfaces. Contudo, a experiência apresentada neste estudo demonstra que sua concretização é viável por meio de esforços articulados em estratégias que conectam distintos contextos institucionais e sociais.
A defesa proposta neste estudo de articular projetos, com base no princípio da indissociabilidade, desenvolvidos na e pela universidade, apoia-se em fundamentos filosóficos, políticos, pedagógicos e metodológicos que visam a uma formação capaz de superar o conhecimento disciplinar descontextualizado e avançar para um conhecimento pluriversitário, conectado às demandas reais dos espaços formativos. Essa perspectiva exige diálogo ampliado com diferentes saberes, permitindo responder, de forma mais efetiva, às múltiplas necessidades sociais observadas no território.26 Assim, implica reconhecer o nível de responsabilidade social que essa abordagem exige, o que envolve tanto a posição do docente quanto o suporte institucional necessário para sua sustentação, visto que é na extensão universitária que fortalece a coesão social, ganha protagonismo ao articular-se com a pesquisa-ação.27
Com essa afirmação, recai na extensão o seu protagonismo intrínseco ao exercício pedagógico do trabalho universitário, não a admitindo como um diletantismo ou assistencialismo, mas como prática no processo de trabalho do professor que tenha assumido o compromisso de formação universitária.28 É preciso colocar em debate o que realmente significa produzir conhecimento por meio de um princípio de indissociabilidade, visto que a fragmentação também é presente nas propostas de trabalho docente.
É importante reconhecer o habitus de cada agente que compõe o campo universitário, pois as ações são fruto do reconhecimento central do que é proposto como processo de trabalho, ou seja, existe uma diversidade de trajetórias que coexistem na prática docente com formações específicas, concepções ou experiências de docência diversas que podem ter ou não vivenciado a indissociabilidade.29 O que está definitivamente em questão é a capacidade de produzir conhecimento por meio de uma concepção política de formação na qual a indissociabilidade é assumida como princípio. Para tanto, será necessário revisitar o espaço de formação, desde a prática docente à flexibilização curricular, sem perder de vista que o respaldo, com vistas à implementação do princípio da indissociabilidade, deve ser projetado no Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e Projeto de Desenvolvimento Institucional (PDI) que sustentarão os demais projetos e atividades desenvolvidos no âmbito da universidade.
Sem ampliar a discussão, mas não perdendo de vista que o princípio da indissociabilidade é um convite para revistar o questionamento “O que significa exatamente formação? ”, ponderando ordem simbólica para despertar para as questões do instituído ao instituinte,30 trata-se de um convite à reflexão sobre a universidade e sua responsabilidade com o desenvolvimento regional e as respostas globais de melhoria dos Sistemas de Saúde, que no caso inclui a defesa para a sustentabilidade da maior política pública brasileira, o SUS, e da responsabilidade com o maior quantitativo profissional da força de trabalho desse Sistema de Saúde, a enfermagem.
Vale revisitar o campo da translação do conhecimento que, entendida como o processo dinâmico de transformação do saber científico em práticas socialmente relevantes, ganha potência quando mediada pela indissociabilidade, especialmente no contexto da universidade pública.31 Ao articular essas três dimensões, torna-se ainda mais significativo quando sustentado por compromissos interinstitucionais e intersetoriais que ampliam a capilaridade das ações e promovem a construção coletiva de soluções para problemas complexos, como no caso das HVs.32
Nesse sentido, a indissociabilidade configura-se como um vetor essencial para o fortalecimento da equidade e da sustentabilidade dos sistemas de saúde. No entanto, no âmbito das políticas integradas de saúde orientadas pelos ODS, a atenção às HVs no SUS exige revisitar um campo estratégico para a implementação de práticas que assegurem o direito universal à saúde, fundamentadas na justiça social e na perenidade institucional.33
Diante do exposto, vale ressaltar, nesse processo, que a Enfermagem assume protagonismo na coordenação do cuidado, atuando de forma estratégica na organização dos fluxos assistenciais, na escuta qualificada das necessidades dos usuários e na mediação entre os diferentes níveis de atenção. Sua inserção em múltiplas frentes, da formação à gestão do cuidado, fortalece a implementação de respostas integradas, especialmente em regiões marcadas por desigualdades e vazios assistenciais.34
No âmbito da Enfermagem, a valorização de suas funções na gestão, assistência, ensino e pesquisa, especialmente ao evidenciar a ampliação do escopo de prática alinhado aos modelos de atenção centrados no usuário, na família e na comunidade, reforça o papel estratégico dessa profissão na eliminação das HVs no SUS, em consonância com experiências de destaque no cenário nacional e internacional.34
Para equacionar o enfrentamento das HVs no território brasileiro, é fundamental consolidar um escopo de prática da enfermagem em constante construção, especialmente em processos de trabalho que busquem superar a fragmentação da assistência.34 A prática clínica do enfermeiro, quando orientada por modelos de atenção baseados na coordenação do cuidado, encontra, na abordagem interprofissional, uma via essencial de fortalecimento, o que requer tanto o reconhecimento dos saberes e competências específicos da enfermagem quanto a disposição para o diálogo e a corresponsabilidade entre as diferentes categorias profissionais.34,35
Construir um cuidado interprofissional qualificado implica transformar práticas hierarquizadas em arranjos colaborativos, em que a clínica seja espaço de decisão e acompanhamento compartilhados.35,36 É nesse horizonte que a experiência aqui relatada aposta no fortalecimento do escopo de prática da enfermagem como campo articulado ao modelo de atenção e às realidades do território, promovendo equidade e contribuindo para a clínica ampliada, em sintonia com um projeto ético-político de saúde diante das condições sociossanitárias que marcam as HVs.
Ante a provocação de contextualizar a ampliação do escopo de prática do enfermeiro, é fundamental reconhecer que mudanças significativas devem ser promovidas no âmbito do trabalho universitário, do ensino, da pesquisa e da integração ensino-serviço, legitimando práticas a partir de projetos alinhados às demandas sociais e ao compromisso com uma universidade socialmente responsável.35 Para isso, o planejamento deve ser construído em diálogo ativo com diversos setores da sociedade, condição indispensável à efetivação da indissociabilidade.37 Um resultado relevante, ainda que subjacente, dessa experiência refere-se ao papel da universidade como vetor de desenvolvimento regional, especialmente em estados com desafios geográficos, organizacionais e sociais que exigem estratégias específicas para garantir acesso a bens e serviços, como saúde e educação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA
A experiência analisada evidencia o esforço concreto de operacionalizar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, não apenas diante da urgência sanitária das HVs, mas também pelo seu potencial como eixo articulador da formação crítica, da produção científica e da intervenção social. Nesse contexto, a indissociabilidade se consolida como princípio norteador para respostas mais qualificadas e contextualizadas aos desafios da saúde pública, especialmente no enfrentamento das HVs, cuja abordagem ainda marcada pela centralização em serviços especializados, demanda uma atuação integrada com base nos determinantes sociais da saúde.
Sob a perspectiva da interinstitucionalidade, a experiência evidencia que o avanço no enfrentamento das HVs depende de um compromisso compartilhado entre instituições e setores diversos que somem esforços para ampliar o debate público e promover ações integradas. Trata-se de um desafio significativo, considerando que a gestão pública está em constante reordenação de prioridades, variando o foco conforme a conjuntura e a urgência dos agravos. O diferencial deste processo foi a capacidade de diálogo entre ensino, serviço e gestão que se consolidou como elemento estruturante ao permitir a construção de um planejamento corresponsável, ajustado às realidades territoriais.
No campo da atenção à saúde, a resistência à mudança de paradigmas revela dificuldades em adotar abordagens territorializadas e centradas no usuário, condição essencial para o enfrentamento das HVs, desafio que poderá ser superado com a incorporação da vigilância como referencial orientador do cuidado. Esses aprendizados demonstram que superar as HVs exige mais do que aplicação de protocolos clínicos: requer uma mudança cultural, institucional e política que reposicione a rede de atenção sob o enfoque da coordenação do cuidado e da equidade no acesso, com vistas à redução das desigualdades e ao cumprimento da Agenda 2030 dos ODS.
A Enfermagem, como profissão de base técnica, científica e ética, possui um compromisso histórico com a promoção da saúde e a defesa de sistemas públicos universais, reafirmando seu papel estratégico nas dimensões de gestão, assistência, ensino e pesquisa para consolidar práticas interprofissionais e intersetoriais voltadas à eliminação das HVs.
Ter a indissociabilidade, portanto, permite que o cuidado com as HVs deixe de ser apenas um campo de aplicação técnica para tornar-se um espaço formativo em que a prática clínica alimenta a produção de conhecimento, a pesquisa orienta decisões e políticas públicas e a extensão devolve à comunidade o saber científico em forma de transformação social. É sob essa perspectiva que a experiência relatada ganha valor como produção científica, reiterando que o enfrentamento das HVs é um desafio coletivo que exige articulação entre setores, saberes e instituições, prática que a enfermagem brasileira possui experiência em produzir.
Reconhecem-se limitações metodológicas, como a ausência de coleta primária, o recorte regional restrito e o potencial viés institucional. Ainda assim, a experiência sistematizada revela caminhos viáveis e inovadores de integração ensino-serviço-gestão, com efeitos concretos no fortalecimento do SUS em nível local. Recomenda-se que estudos futuros aprofundem a coleta de dados primários com gestores, profissionais e usuários, ampliem o escopo territorial da análise e explorem os efeitos de médio e longo prazo das ações interinstitucionais no enfrentamento das HVs. Também é pertinente investigar o impacto da integração ensino-serviço-gestão na formação profissional e no fortalecimento da Enfermagem na coordenação do cuidado, bem como analisar criticamente a indissociabilidade universitária como estratégia estruturante de políticas públicas em saúde.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES) pela parceria estabelecida nas ações interinstitucionais que possibilitaram produzir a prática da indissociabilidade. Agradecem a Pró-reitoria de Extensão de Cultura (PROEC) da Universidade do Estado de Mato Grosso pelo apoio financeiro no edital interno de ações de extensão aos ODS.
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FINANCIAMENTO
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)/Ministério da Saúde – Processo 445013/2023-0 Chamada Nº 21/2023 e Processo 405761/2024-4 da Chamada 34/2024.
DISPONIBILIDADE DE DADOS DA PESQUISA
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Editado por
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EDITOR ASSOCIADO
Rubenilson Caldas Valois https://orcid.org/0000-0001-9120-7741
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EDITOR CIENTÍFICO
Marcelle Miranda da Silva https://orcid.org/0000-0003-4872-7252
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
27 Out 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
28 Maio 2025 -
Aceito
18 Set 2025
