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POR UM REFLEXÃO SOBRE A ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DE CONCEITOS DECOLONIAIS NA AMÉRICA LATINA: O PENSAMENTO DE ANÍBAL QUIJANO À LUZ DA ANÁLISE DE DOMÍNIO

For a reflection on the organization and representation of decolonial concepts in Latin America: the thought of Aníbal Quijano in the light of domain analysis

RESUMO

Objetivo:

A interpretação dos aspectos históricos e das estruturas sociais da América Latina, foram a base para o desenvolvimento da proposta epistemológica do sociólogo peruano Aníbal Quijano, a respeito da decolonização das sociedades latinoamericanas. A partir de sua obra, conceitos basilares tomaram forma, para explicar a realidade “parcial e distorcida” de observação deste lugar. Assim, este artigo questiona como se constituem as relações conceituais decoloniais desenvolvidas na obra de Aníbal Quijano? O objetivo é identificar os conceitos desenvolvidos por Quijano à luz da Análise de Domínio, com fins de compreensão de como estes se constituem em uma rede conceitual, que pode ser compreendida como uma interface do conhecimento latino-americano, fazendo parte e sendo representado em Sistemas de Organização do Conhecimento.

Método:

A pesquisa é de base bibliográfica, exploratória e tem como abordagem e como método a Análise de Domínio.

Resultado:

Os resultados revelam a coerência dos conceitos utilizados, que podem ser norteadores na análise e aplicação teórico-metodológica, em estudos decoloniais que particularizam e enunciam a ausência de reflexões sobre as diferentes vertentes particulares como indígenas, mulheres, pessoas negras, inseridos, de forma geral, na cultura e nos saberes latino-americanos. A rede conceitual se mostrou maior quando a compreensão destes conceitos foi explorada a partir de suas ligações teóricas e epistêmicas.

Conclusões:

Os processos da Organização e Representação do Conhecimento permitem o controle da linguagem utilizada nos espaços de informação, e o conhecimento da perspectiva decolonial desenvolvida por Quijano, demonstra uma coerência e estabilidade teórica que faz frente à perpetuação de processos coloniais e epistemicidas das comunidades latino-americanas, sendo assim importantes para a compreensão e caracterização de documentos, que pontuem estes processos no contexto de domínios do conhecimento relativos à perspectiva decolonial.

PALAVRAS-CHAVE:
Organização e Representação do Conhecimento; Decolonial; Aníbal Quijano; América Latina; Análise de domínio

ABSTRACT

Objective:

The interpretation of historical aspects and social structures in Latin America was the basis for the development of the epistemological proposal of the Peruvian sociologist Aníbal Quijano, regarding the decolonization of Latin American societies. From his work, basic concepts took shape, to explain the “partial and distorted” reality of observation of this place. Thus, this article questions how the decolonial conceptual relations developed in the work of Aníbal Quijano are constituted. The objective is to identify the concepts developed by Quijano in the light of Domain Analysis, to understand how they are constituted in a conceptual network, which can be understood as an interface of Latin American knowledge, being part of and being represented in Systems of Knowledge Organization.

Method:

The research is bibliographical, and exploratory and has as approach and method the Domain Analysis.

Result:

The results reveal the coherence of the concepts used, which can guide the analysis and theoretical-methodological application, in decolonial studies that particularize and enunciate the absence of reflections on the different particular aspects such as indigenous people, women, black people, inserted, from general way, in Latin American culture and knowledge. The conceptual network proved to be greater when the understanding of these concepts was explored based on their theoretical and epistemic connections.

Conclusions:

The processes of Organization and Representation of Knowledge allow the control of the language used in the information spaces, and the knowledge of the decolonial perspective developed by Quijano, demonstrates a coherence and theoretical stability that confronts the perpetuation of colonial and epistemic processes of the Latino communities -americanas, thus being important for the understanding and characterization of documents that punctuate these processes in the context of domains of knowledge related to the decolonial perspective.

KEYWORDS:
Organization and Representation of Knowledge; Decolonial; Anibal Quijano; Latin America; Domain analysis

1 INTRODUÇÃO

A Organização e Representação do Conhecimento, no âmbito da Ciência da Informação, se detém aos processos que servem à construção de modelos, assim como de representações do conhecimento, para possibilitar a visualização e compreensão da cadeia conceitual presente em diferentes documentos e ambientes dispostos à representação das informações. Assim, a Organização e Representação do Conhecimento pretende, de maneira teórico-aplicada, favorecer a construção de representações do conhecimento, onde o alicerce principal é a análise e caracterização dos conceitos, para que estes possam ter determinações específicas, conforme o domínio em que estão alocados.

De acordo com Hjørland (2003HJØRLAND, B. Fundamentals of knowledge organization. In: TRAVIESO, C. (org.). Tendencias de investigación em organización del conocimiento. Salamanca: Ed. Universidad de Salamanca, 2003.), a Organização do Conhecimento pode ser definida por um conceito amplo, que congrega também a Organização da Informação estabelecida em registros bibliográficos, o que inclui os índices de citação, textos, catálogos e informações em diferentes ambiências. O referido autor apresenta duas abordagens para a Organização do Conhecimento: a) organização intelectual do conhecimento, ou organização cognitiva do conhecimento, que é direcionada para a utilização dos conceitos, sistemas conceituais e teorias; e b) a organização social do conhecimento, que trata da organização em profissões, negócios e disciplinas. Deste modo, o autor propõe uma compreensão direcionada aos aspectos mais específicos da Organização do Conhecimento, como a elaboração e utilização de Sistemas de Organização do Conhecimento, tais quais sistemas de classificação, tesauros ou taxonomias; e um sentido mais amplo, que tem como base principal a organização social do conhecimento, que serve para entendimento dos processos categoriais, hierárquicos e de contexto social em domínios diversos.

Segundo Rabello e Guimarães (2006RABELLO, R.; GUIMARÃES, J. A. C. A relação conceitual entre conhecimento e documento no contexto da Organização do Conhecimento: elementos para uma reflexão. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 7., 2006, Marília. Anais [...]. Marilia: Unesp, 2006. Disponível em: http://enancib.ibict.br/index.php/enancib/viienancib/paper/viewFile/2377/1508. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) a Organização e Representação do Conhecimento contribui com o núcleo da Ciência da Informação numa relação técnico-científica, nos aspectos éticos e humanos e no uso da tecnologia da informação com objetivo de maximizar as formas de disseminação e recuperação da informação. Os autores inserem a discussão nos processos de produção do conhecimento registrado e na organização e representação, que se faz mediante Sistemas de Organização do Conhecimento, como os planos de classificação, tesauros, vocabulários controlados e o controle de acesso e uso da informação. De acordo com Barité (2013BARITÉ, M. Diccionario de Organización del Conocimiento: Classificación, indización, Terminología. 5. ed. Montevideo: PRODIC, 2013., p. 97, tradução nossa), a organização do conhecimento é uma

[...] área do conhecimento de formação recente, que estuda as leis, os princípios e os procedimentos pelos quais se estrutura o conhecimento especializado em qualquer disciplina, com a finalidade de representar tematicamente e de recuperar a informação contida em documentos de qualquer índole, por meios eficientes que deem resposta rápida às necessidades dos usuários.

Desta forma, a Organização do Conhecimento “[...]procura, entonces, brindar um continente conceptual adecuado a las diversas prácticas e actividades sociales vinculadas con el acceso al conocimiento [...]” (BARITÉ, 2001BARITÉ, M. Organizacion del conocimiento: un nuevo marco teorico-conceptual en bibliotecologia y documentacion. In: CARRARA, K. (org.). Educação, universidade e pesquisa: textos completos do III simpósio em filosofia e ciência: paradigmas do conhecimento no final do milênio. Marília: Unesp; São Paulo: FAPESP, 2001. p. 35-60., p. 39-40), como o tratamento e gestão de uso da informação. O autor explica que a Organização do Conhecimento se caracteriza também como agregadora dos fenômenos teóricos e das atividades aplicadas que, encadeadas, vinculam a estruturação, disposição, acesso e a difusão do conhecimento socializado. Assim, os aspectos característicos da Organização do Conhecimento estão ligados ao compartilhamento e melhores formas de atingir o usuário, por meio da recuperação de informações que dialoguem com suas escolhas e contextos. Tem o objetivo de desenvolver métodos e técnicas de gestão, uso e avaliação do conhecimento materializado e representá-lo por linguagens documentais e considera o conhecimento registrado, como conhecimento socializado (BARITÉ, 2013).

A organização, consequentemente terá a representação associada a facilitar a recuperação e o acesso ao conhecimento registrado, disponíveis em recursos informacionais. A recuperação do conhecimento é um esforço de materialização do que ocorre na mente humana e na dinâmica do conhecimento e essa é uma atividade que desafia a comunidade científica de diversos campos do saber, pois as representações aparecem sob diversas formas, como: descritivas, matemáticas, visuais, informáticas, entre outras (LIMA; ALVARES, 2012LIMA, J. L. O.; ALVARES, L. Organização e representação da informação e do conhecimento. In: ALVARES, L. (org.). Organização da informação e do conhecimento: conceitos, subsídios interdisciplinares e aplicações. São Paulo: B4 Editores, 2012.). Representar o conhecimento, portanto, compreende em criar modelos lógicos e acessíveis de referências para determinado contexto informativo.

Logo, organizar e representar conhecimento implica em compreender o universo conceitual a ser trabalhado e, a partir de processos especificar os termos e relações entre estes, para que sejam dispostos de modo adequado tanto à ambiência informacional onde estão alocados, quanto aos usuários que os utilizarão.

De acordo com Hjørland (2009HJØRLAND, B. Concept Theory. Journal of the American Society for Information Science and Technology, [S. l.], v. 60, n. 8, 2009. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/asi.21082. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) conceitos são construções socioculturais que têm seus significados constituídos de forma dinâmica e constante, quando manifestados e negociados pelas construções dos sujeitos em domínios específicos. Desta forma, o autor compreende a diversidade e diferentes discursos, o que seria contrário à universalidade de conceitos pré-definidos (HJØRLAND, 2009HJØRLAND, B. Concept Theory. Journal of the American Society for Information Science and Technology, [S. l.], v. 60, n. 8, 2009. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/asi.21082. Acesso em: 14 fev. 2023.
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).

Para Bräscher e Carlan (2010BRÄSCHER, M.; CARLAN, E. Sistemas de organização do conhecimento: antigas e novas linguagens. In: ROBREDO, J.; BRÄSCHER, M. (org.). Passeios pelo bosque da informação: estudos sobre representação e organização da informação e do conhecimento. Brasília: IBICT, 2010. Cap. 8. p. 147-176. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/189812. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) conceito é uma unidade do pensamento e se constitui por ideias, significados, categorias de objetos e eventos sendo a base de diversos sistemas de organização do conhecimento.

Neste sentido, para Dahlberg (2006DAHLBERG, I. Knowledge Organization: A New Science? Knowledge Organization, [S. l.], v. 33, n. 1, 2006.) a recuperação da informação se caracteriza por dois aspectos: o primeiro como uma estrutura lógica de representação conceitual, resultante da atividade de organização do conhecimento e o segundo como resultado da representação de conteúdo pela identificação de conceitos em função da terminologia utilizada. Estas duas funções são explicitadas pela recuperação do conhecimento: o desenvolvimento de processos e a geração de produtos. Os processos podem ser compreendidos como a etapa de identificação, análise e elaboração de representações conceituais do conhecimento, enquanto a geração de produtos se caracteriza pelos instrumentos produzidos por esses processos, como os tesauros, vocabulários controlados, ontologias, sistemas de classificação, ou seja, pelos Sistemas de Organização do Conhecimento.

Considerando o exposto, compreender os conceitos oriundos de uma determinada comunidade discursiva, possibilita que estes possam ser representados de forma coerente tanto institucionalmente, respeitando o contexto e perspectiva dos autores e principalmente servindo aos usuários de forma mais completa e idônea. Neste sentido, o presente artigo propõe uma reflexão sobre a Organização e Representação de conceitos decoloniais na América Latina através do pensamento de Aníbal Quijano.

A interpretação dos aspectos históricos e das estruturas sociais da América Latina, foram a base para o desenvolvimento da proposta epistemológica do sociólogo peruano Aníbal Quijano um dos idealizadores do Grupo Modernidade/Colonialidade, a respeito da necessária decolonização das sociedades latino-americanas. A partir de sua obra, conceitos basilares tomaram forma para explicar a realidade “parcial e distorcida” de observação deste lugar.

Assim, com base na abordagem da Análise de Domínio, proposta por Hjørland (2017HJØRLAND, B. "Domain Analysis". Knowledge Organization, [S. l.], v. 44, n. 6, p. 436-464, 2017), este artigo questiona: como se constituem as relações conceituais decoloniais desenvolvidas na obra de Aníbal Quijano?

Para tanto, o objetivo é analisar os conceitos desenvolvidos por Quijano à luz da Análise de Domínio, com fins de compreensão de como estes se constituem em uma rede conceitual, que pode ser compreendida como uma interface do conhecimento latino-americano, fazendo parte e sendo representado em Sistemas de Organização do Conhecimento.

Justifica-se a relevância do trabalho, no âmbito da abordagem e método da Análise de Domínio, por ser possível explicitar a formação e o significado de conceitos que pretendem não só servir à estudos teóricos e epistemológicos, mas, principalmente, direcionar uma práxis decolonial e que denuncie as violências e injustiças de diferentes aspectos, sofridas pelos povos da América Latina, enfatizando, desta forma, o caráter social da Organização e Representação do Conhecimento. Justifica-se também pela relevância de, ao compreender conceitos que se propõe a questionar os padrões coloniais se torna possível compreender o contexto, em que estes fazem frente ao pensamento eurocêntrico e como se constituem em uma rede conceitual que pode ser entendida como uma interface do conhecimento latino-americano, fazendo parte e sendo representado em Sistemas de Organização do Conhecimento.

A pesquisa é de base bibliográfica, exploratória e tem como abordagem e como método a Análise de Domínio. Essa análise foi baseada nos exemplos de Hjørland (2009HJØRLAND, B. Concept Theory. Journal of the American Society for Information Science and Technology, [S. l.], v. 60, n. 8, 2009. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/asi.21082. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) e Hjørland (2017). No primeiro, o referido autor discute a Teoria do Conceito e define quatro visões que podem auxiliar na análise de conceitos: as visões empirista, racionalista, historicista e pragmática oferecendo um direcionamento para análise de conceitos também na Ciência da Informação. No segundo, o autor discorre sobre o conceito de Análise de Domínio e as formas de análise que esta proporciona.

No presente artigo, será seguido o modelo de estudo analítico do domínio, exemplificado pelo autor através do exemplo de uma pesquisa realizada por Orom no ano de 2003. Hjørland (2017HJØRLAND, B. "Domain Analysis". Knowledge Organization, [S. l.], v. 44, n. 6, p. 436-464, 2017) expõe que diferentes pesquisadores podem ter diferentes perspectivas sobre o que pode ser um bom exemplo de análise de domínio. Assim, essa análise torna o conhecimento do assunto uma parte que deve ser explicitada mediante os métodos de análise da Organização e Representação do Conhecimento e Ciência da Informação (HJØRLAND, 2017HJØRLAND, B. "Domain Analysis". Knowledge Organization, [S. l.], v. 44, n. 6, p. 436-464, 2017). Com a proposta analítica de domínio, a Organização e Representação do Conhecimento se insere nos estudos amplos, pois compreendem um determinado domínio abordando as questões referentes à organização do conhecimento de uma perspectiva sociológica e epistemológica combinadas, o que dá ênfase e possibilita o conhecimento do assunto.

Em um primeiro momento, foi realizada a leitura dos seguintes textos de autoria de Aníbal Quijano em ordem cronológica de publicação, para a escolha dos conceitos a serem trabalhados: Colonialidad del Poder y Clasificacion Social, publicado no ano 2000; Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina, publicado no ano de 2005; Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder, publicado no ano de 2020. A escolha das obras e a leitura cronológica, proporcionaram uma compreensão de como o autor desenvolveu os conceitos escolhidos e de como outros autores do grupo consolidaram e validaram o uso dos mesmos.

Assim, foram escolhidos os conceitos “Colonialidade do poder” e “Classificação social” desenvolvidos por Quiijano por estarem no centro das discussões do autor, quanto às posturas eurocêntricas que subjugam os povos latino-americanos; e os conceitos “Modernidade/Colonialidade”, por serem o nome do grupo que originou toda a discussão e onde estão amparadas as propostas teóricas, epistemológicas e práticas para o desenvolvimento de uma perspectiva decolonial. Para melhor compreensão do contexto em que o grupo e os conceitos se inserem, forma utilizados os seguintes autores: Ballestrin (2013BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069. Acesso em: 14 fev. 2023.
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), Barbosa e Maso (2014BARBOSA, R. R.; MASO, T. F. Possíveis Contribuições de Aníbal Quijano para as Relações Internacionais. In: ENCONTRO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO (ENEPEX). ENCONTRO DE ENSIONO, PESQUISA E EXTENSÃO DA UFGD (ENEPE), 8., 2014. ENCONTRO DE PESQUISA E EXTENSÃO DA UEMS, 5., 2014, Dourados. Anais [...]. Dourados: UFGD, 2014. Disponível em: http://eventos.ufgd.edu.br/enepex/anais/arquivos/435.pdf. Acesso em: 14 fev. 2023.
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), Freitas (2018FREITAS, A. D. de. Notas sobre o contexto de trabalho do grupo Modernidade/colonialidade | Universidade, horizontes utópicos e desafios teóricos. REALIS: Revista de Estudos AntiUtilitaristas e PosColoniais, Recife, v. 8, n. 2, p. 145-171, jul./dez., 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/realis/article/view/241453. Acesso em: 14 fev. 2023.
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), Germaná (2020GERMANÁ, C. Prefácio. In: QUIJANO, A. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 2020.) e Oliveira e Lucini (2021OLIVEIRA, E. de S.; LUCINI, M. O Pensamento Decolonial: Conceitos para Pensar uma Prática de Pesquisa de Resistência. Revista Boletim Historiar, Aracaju, v. 8, n. 1, jan./mar., 2021. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/historiar/article/view/15456. Acesso em: 14 fev. 2023.
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).

Diante destas leituras, partiu-se para a visão historicista, apresentada por Hjørland (2009HJØRLAND, B. Concept Theory. Journal of the American Society for Information Science and Technology, [S. l.], v. 60, n. 8, 2009. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/asi.21082. Acesso em: 14 fev. 2023.
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), que deu a abertura também para a visão sociológica, conforme Hjørland (2017), que possibilitou mapear a rede conceitual, considerando-se o domínio e o contexto definido pela perspectiva de Quijano e do Grupo Modernidade/Colonialidade.

Para visualização desse mapeamento, em cada análise foi elaborado um Mapa Conceitual, utilizando-se o site Lucidchart. Sobre os mapas conceituais, Rodrigues e Cervantes (2013RODRIGUES, M. R.; CERVANTES, B. M. N. Os mapas conceituais para a visualização de conceitos de áreas do conhecimento em unidades de informação. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 18, n. 1, p. 752-776, 2013. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/64693. Acesso em: 01 abr. 2023.
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, p. 760), afirmam que são úteis em “[...] compartilhar significados conceituais para as palavras apresentadas, proporcionando ao indivíduo um conhecimento com conceitos variados, promovendo a criação de novos conhecimentos.” Assim, colaboram com o campo da Organização e Representação do Conhecimento por possibilitarem técnicas adequadas para a construção, utilização e avaliação de Sistema de Organização do Conhecimento, além de ser uma forma de visualização, representação e compartilhamento do conhecimento (RODRIGUES; CERVANTES, 2013RODRIGUES, M. R.; CERVANTES, B. M. N. Os mapas conceituais para a visualização de conceitos de áreas do conhecimento em unidades de informação. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 18, n. 1, p. 752-776, 2013. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/64693. Acesso em: 01 abr. 2023.
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). Desta forma, os mapas permitiram visualizar as relações conceituais, que se formam no universo de conhecimentos com proposição decolonial.

Os resultados revelam a coerência dos conceitos utilizados, que podem ser norteadores na análise e aplicação teórico-metodológica em estudos decoloniais, que particularizem e enunciem a ausência de reflexões sobre as diferentes vertentes, que contemplem particularidades não só de uma totalidade de teorias acadêmicas e geográficas, como de seus povos indígenas, mulheres, pessoas negras, inseridas, de forma geral, na cultura e nos saberes latino-americanos.

2 ANÍBAL QUIJANO E A CONSTRUÇÃO TEÓRICO-EPISTEMOLÓGICA DO GRUPO MODERNIDADE/COLONIALIDADE

Na década de 1990, constituiu-se o grupo Modernidade/Colonialidade a partir de discussões reunidas em diversos seminários, diálogos entre pesquisadores de diferentes universidades da América e publicações. Um marco importante para o grupo, de acordo com Ballestrin (2013BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) foi o encontro promovido pelo Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO), realizado na Universidad Central de Venezuela, que contou com a reunião de pesquisadores como Edgardo Lander, Arthuro Escobar, Walter Mignolo, Enrique Dussel, Fernando Coronil e Aníbal Quijano. O encontro resultou, no ano de 2000QUIJANO, A. Colonialidad del Poder y Clasificacion Social. Jornal of world-systems research, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 342-386, 2000. Disponível em: https://jwsr.pitt.edu/ojs/jwsr/article/download/228/240/313. Acesso em: 14 fev. 2023.
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, na publicação de “La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciências sociales.”, que figura como uma das mais importantes do grupo (BALLESTRIN, 2013BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069. Acesso em: 14 fev. 2023.
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). A referida autora explica que, ainda em 1998, um encontro em Binghamton serviu para a discussão da herança colonial presente na América Latina, tendo como base o conceito de sistema-mundo, conceito este, presente nas obras dos autores que compõe o grupo e que é originário das pesquisas do sociólogo estadunidense Immanuel Maurice Wallerstein (BALLESTRIN, 2013). Nomes como Nelson Maldonado-Torres, Catherine Walsh, Santiago Castro-Gómez e Zulma Palermo, fazem parte da formação do grupo. Desde então, o grupo se constituiu e promoveu diversas reuniões que foram consolidando o objetivo de gerar discussões, que passassem pela teoria e prática das implicações políticas sobre a condição subalterna da comunidade latino-americana

[...] o grupo compartilha noções, raciocínios e conceitos que lhe conferem uma identidade e um vocabulário próprio, contribuindo para a renovação analítica e utópica das ciências sociais latino-americanas do século XXI. (BALLESTRIN, 2013BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069. Acesso em: 14 fev. 2023.
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, p. 99).

Assim, o estudo quanto aos fundamentos institucionais e do conhecimento, valores e teorias ocidentais tiveram aporte epistemológico a partir do termo “colonialidade”, que permitiu o desenvolvimento de discussões teóricas críticas, que partiram das universidades e propuseram uma intervenção orgânica, no sentido dos modos de resistência, perspectiva de mundo e estratégias concretas dos povos e grupos sociais, que foram subjugados em um processo de “silenciamento”, a partir das concepções neoliberais sempre atuantes na América Latina (FREITAS, 2018FREITAS, A. D. de. Notas sobre o contexto de trabalho do grupo Modernidade/colonialidade | Universidade, horizontes utópicos e desafios teóricos. REALIS: Revista de Estudos AntiUtilitaristas e PosColoniais, Recife, v. 8, n. 2, p. 145-171, jul./dez., 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/realis/article/view/241453. Acesso em: 14 fev. 2023.
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).

O autor explica que o projeto tem o propósito de estudar sobre e a partir da América Latina. O “sobre” é referente às pesquisas realizadas nas obras que falam sobre a cultura, língua e tradição dos povos latino-americanos quando do estabelecimento do sistema colonial e o “a partir”, porque o lugar América Latina é o lócus, o espaço que dá base para a análise e construção das teorias dos pesquisadores (FREITAS, 2018FREITAS, A. D. de. Notas sobre o contexto de trabalho do grupo Modernidade/colonialidade | Universidade, horizontes utópicos e desafios teóricos. REALIS: Revista de Estudos AntiUtilitaristas e PosColoniais, Recife, v. 8, n. 2, p. 145-171, jul./dez., 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/realis/article/view/241453. Acesso em: 14 fev. 2023.
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).

Os esforços do grupo seguiram no sentido de demonstrar a existência de um contínuo processo de exploração e racialização dos povos, impostos pelas concepções de modernidade e conhecimento eurocêntrico (FREITAS, 2018FREITAS, A. D. de. Notas sobre o contexto de trabalho do grupo Modernidade/colonialidade | Universidade, horizontes utópicos e desafios teóricos. REALIS: Revista de Estudos AntiUtilitaristas e PosColoniais, Recife, v. 8, n. 2, p. 145-171, jul./dez., 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/realis/article/view/241453. Acesso em: 14 fev. 2023.
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).

Neste contexto, o sociólogo peruano Aníbal Quijano (1928-2018), atuou como um dos fundadores do grupo e um dos principais pesquisadores sobre o pensamento decolonial, pois desenvolveu pesquisas relacionadas à compreensão da gênese da modernidade, amparado por uma análise histórica sobre a sociedade capitalista, que vem da constituição do colonialismo e gera a globalização do século XXI (GERMANÁ, 2020GERMANÁ, C. Prefácio. In: QUIJANO, A. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 2020.).

De acordo com Germaná (2020GERMANÁ, C. Prefácio. In: QUIJANO, A. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 2020.) desde os primeiros trabalhos Quijano foi constantemente rompendo com as tradições eurocêntricas dominantes, que incidiam na maioria dos estudos sobre a vida social. A tradição eurocêntrica foi

construida sobre un modelo de racionalidad que niega el carácter racional a todo conocimiento que no se adecue a sus principios epistemológicos, como ha sido el caso de la exclusión y subalternización de los conocimientos y las formas de conocer de los pueblos indígenas. Esta configuración de la racionalidad surgió en el siglo XVI y sirvió de fundamento a las ciencias naturales y en el siglo XIX se extiende a las ciencias sociales. (GERMANÁ, 2020GERMANÁ, C. Prefácio. In: QUIJANO, A. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 2020., p. 13).

O autor assinala que Quijano faz parte dos intelectuais que seguem não só as posturas teóricas, mas também o comprometimento com uma nova ordem social, igualitária e democrática, portanto, suas reflexões são analíticas intelectualmente, mas também propositivas, no sentido de considerar para onde e como estes direcionamentos podem levar ao objetivo de uma nova ordem social (GERMANÁ, 2020GERMANÁ, C. Prefácio. In: QUIJANO, A. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 2020., p. 14).

En consecuencia, el examen de cómo se organiza la sociedad y su transformación está comprometido con una profunda exigencia ético-política: la búsqueda de los lineamientos necesarios para contribuir a la tarea de alcanzar la radical democratización de la sociedad. La perspectiva de conocimiento y la perspectiva de transformación no están yuxtapuestas en sus reflexiones, sino que forman parte del mismo proceso del pensamiento crítico.

Desta forma, Quijano apresenta uma obra voltada a desenvolver teorias que permitam uma virada na compreensão do que é ciência, em diferentes aspectos, formando assim o que Maldonado-Torres chamou, em 2005, de “giro decolonial”, ou seja, “[...] o movimento de resistência teórico e prático, político e epistemológico, a lógica da modernidade/colonialidade” (BALLESTRIN, 2013BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069. Acesso em: 14 fev. 2023.
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, p. 105). Assim, proporciona uma perspectiva integrativa entre a dinamicidade dos elementos históricos, econômicos, políticos e ideológicos que servem de estruturas às relações de poder sociais.

Para tanto, Quijano cunhou o conceito de “colonialidade do poder”, desenvolvido em 1989 e utilizado pelo grupo Modernidade/Colonialidade, onde, de acordo com Ballestrin (2013BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069. Acesso em: 14 fev. 2023.
https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp...
, p. 99) exprime “[...] que as relações de colonialidade nas esferas econômica e política não findaram com a destruição do colonialismo.” Os esforços de Quijano estiveram alinhados às transformações por meio do ambiente acadêmico, mas também aos direcionamentos práticos da realidade social.

Segue-se com as análises dos conceitos “Modernidade/Colonialidade”, “Colonialidade do poder” e “Classificações Sociais”, através da abordagem e método da Análise de Domínio.

3 A ANÁLISE DOS CONCEITOS NA TEORIA DE ANÍBAL QUIJANO À LUZ DA ANÁLISE DE DOMÍNIO

A Análise de Domínio é apresentada por Hjørland e Albretchsen (1995HJØRLAND, B.; ALBRETCHESEN, H. Toward a new horizon in information science: Domain-analysis. Journal of the American Society for Information Science, [S. l.], v. 46, n. 6, 1995. Disponível em: https://asistdl.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/%28SICI%291097-4571%28199507%2946%3A6%3C400%3A%3AAID-ASI2%3E3.0.CO%3B2-Y. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) como um modelo teórico e metodológico, que defende o estudo dos domínios do conhecimento ou de comunidades discursivas (discourse communities), como uma forma de compreender os processos informacionais no campo da Ciência da Informação.

De acordo com os autores, a Análise de Domínio pode ser compreendida, num primeiro momento, como uma abordagem inscrita nas Ciências Sociais, e, por conseguinte insere a Ciência da Informação nesse campo, proporcionando em sua análise o uso de uma psicologia social, da sociolinguística, da sociologia do conhecimento e de uma sociologia da ciência.

É funcionalista porque tem a finalidade de compreender as funções implícitas e explícitas da informação e da comunicação, e é uma abordagem filosófico realista, pois não se limita ao entendimento de percepções subjetivas, individualistas, estendendo seu interesse à realidade exterior (HJØRLAND; ALBRETCHSEN, 1995HJØRLAND, B.; ALBRETCHESEN, H. Toward a new horizon in information science: Domain-analysis. Journal of the American Society for Information Science, [S. l.], v. 46, n. 6, 1995. Disponível em: https://asistdl.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/%28SICI%291097-4571%28199507%2946%3A6%3C400%3A%3AAID-ASI2%3E3.0.CO%3B2-Y. Acesso em: 14 fev. 2023.
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).

De acordo com Hjørland e Albretchsen (1995HJØRLAND, B.; ALBRETCHESEN, H. Toward a new horizon in information science: Domain-analysis. Journal of the American Society for Information Science, [S. l.], v. 46, n. 6, 1995. Disponível em: https://asistdl.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/%28SICI%291097-4571%28199507%2946%3A6%3C400%3A%3AAID-ASI2%3E3.0.CO%3B2-Y. Acesso em: 14 fev. 2023.
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), a Análise de Domínio pode ser sintetizada pelos seguintes princípios:

  • (1) O homem vive e age num mundo bio-físico, sociocultural envolto de subjetividade;

  • (2) Viver e agir nessas esferas: biofísica, sociocultural e da subjetividade constitui a priori o conhecimento humano;

  • (3) Quando o conhecimento se torna parte de um sistema de atuação, esse funciona como uma ação interna;

  • (4) Há uma interação contínua entre conhecimento e ação desde a criação do conhecimento até o final da ação. Da mesma maneira que as experiências podem influenciar outras ações posteriores;

  • (5) Existem três tipos de conhecimento: conhecimento de valor, conhecimento factual e conhecimento procedimental, a esses estão relacionados três tipos de fatores determinantes da ação. O conhecimento de valor é saber quais os critérios que constituem os bons valores. O conhecimento factual é possuir crenças verdadeiras sobre os três mundos em que se está vivendo. O procedimental se trata do conhecimento de como realizar um ato específico ou um ato sequencial.

  • (6) O conhecimento pode ser desarticulado ou articulado. O desarticulado representa o conhecimento tácito, a familiaridade por algo e o conhecimento pelo conhecimento. Ao conhecimento articulado pertence a linguagem, arte e a ciência.

Diante dos princípios citados, pode-se afirmar que a Análise de Domínio situa os estudos em informação no âmbito das relações sociais, e na tarefa de compreender o sujeito no complexo de suas interações com o mundo. A abordagem lança olhar para a ação, a comunicação e as estruturas informacionais, dessa forma faz o profissional e pesquisador voltarem-se para o cotidiano onde estão os significados, antes do domínio das técnicas e dos padrões.

Ela reconhece que a partir dos sujeitos, o conhecimento se reveste de uma dimensão ética, contextual e um modo de agir na prática. E que esse mesmo conhecimento pode ser formal, assim como uma tradição que perdura pelo tempo ou a arte que são igualmente construtoras de conhecimento.

De acordo com Hjorland (2017HJØRLAND, B. "Domain Analysis". Knowledge Organization, [S. l.], v. 44, n. 6, p. 436-464, 2017) a Análise de Domínio tem o foco no “conhecimento do assunto” e, neste sentido, é preciso ter compreensão do conhecimento do sujeito, pois este é importante para comunicar o conhecimento.

A análise das comunidades de discurso e de seu contexto, são essenciais para que os propósitos da Análise de Domínio possam ser executados, levando-se em consideração que se ligam totalmente às perspectivas das Ciências Humanas e Sociais, podendo assim, compreender os aspectos sociológicos e antropológicos de tal domínio, para que seja executada.

De acordo com Abbagnano (1998ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Tradução de Alfredo Bosi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998., p. 199) contexto são “[...] os elementos que condicionam, de um modo qualquer, o significado de um enunciado.” Um contexto pode aparecer como entidades, que se apresentam com as mesmas características ou ligadas pela mesma relação. O autor exemplifica, a partir de uma situação literária onde palavras, fatos, acontecimentos, ideias, ocorrem em determinado lugar, determinando também a ação de um indivíduo dentro de uma situação e que pode ocorrer repetidamente. “Em todo caso, é o conjunto linguístico de que o enunciado faz parte e que condiciona seu significado (de modos e em graus que podem ser muito diferentes).” (ABBAGNANO, 1998ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Tradução de Alfredo Bosi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998., p. 200). O contexto se atém ao conteúdo manifestado por grupos sociais, onde os elementos são isolados e liga o sentido das ações à frequência.

O contexto, na Análise de Domínio, se faz relevante no sentido em que um certo fenômeno pode ter uma interpretação que, em um outro tempo ou espaço histórico transmitiria um conjunto diferente de alusões.

Em uma discussão sobre a linguagem, Alencar e Ferreira (2012ALENCAR, C. N. de; FERREIRA, D. M. M. Contexto: considerando ad infinitum. Cadernos de Linguagem e Sociedade, Brasília, v. 13, n. 1, p. 187-202, 2012. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/les/article/view/11613. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) propõem uma discussão ad infinitum sobre o conceito de contexto. As autoras argumentam que os sujeitos, historicamente localizados e ao mesmo tempo singularizados, interagem linguística e socialmente e que a teorização do contexto deve dar lugar também à sua desconstrução, que ajudaria no entendimento das dinâmicas dos indivíduos.

Desta forma, considerando o domínio e o contexto em que se insere, a Análise de Domínio, no âmbito da Organização e Representação do Conhecimento, pode gerar a tendência de discutir a informação sob o viés sociológico, abrindo-se às possibilidades que vão além das orientações e abordagens teóricas.

Considerando, portanto, esse conjunto de fatores, segue-se para a análise dos conceitos desenvolvidos por Aníbal Quijano no âmbito do Grupo Modernidade/Colonialidade.

3.1 Modernidade/Colonialidade

Compreender os conceitos que nomeiam o Grupo Modernidade/Colonialidade é perceber não só o objetivo, mas também o universo conceitual concreto que estrutura as proposições dos pesquisadores integrantes.

Para definir decolonialidade, conceito muitas vezes utilizado de forma habitual, é preciso um delineamento do conceito de colonialidade e, consequentemente, a diferença entre colonialidade e colonialismo. O colonialismo, de acordo com Oliveira e Lucini (2020), é o processo e o sistema colonial pontual, executado pela dominação e exploração das riquezas e trabalho dos colonizados. As referidas autoras explicam que, ao questionar colonialidade, já se está praticando um pensamento decolonial, haja vista que, a colonialidade é um processo contínuo de colonização e, de acordo com a caracterização do grupo, se faz presente no sistema-mundo moderno e se apresenta através da opressão sofrida pelos colonizados (OLIVEIRA; LUCINI, 2020).

Segundo Barbosa e Maso (2014BARBOSA, R. R.; MASO, T. F. Possíveis Contribuições de Aníbal Quijano para as Relações Internacionais. In: ENCONTRO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO (ENEPEX). ENCONTRO DE ENSIONO, PESQUISA E EXTENSÃO DA UFGD (ENEPE), 8., 2014. ENCONTRO DE PESQUISA E EXTENSÃO DA UEMS, 5., 2014, Dourados. Anais [...]. Dourados: UFGD, 2014. Disponível em: http://eventos.ufgd.edu.br/enepex/anais/arquivos/435.pdf. Acesso em: 14 fev. 2023.
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), a modernidade se constitui também com a colonialidade e este processo, formado pela colonização europeia, tem início em 1492. Mesmo que as ex-colônias tenham conseguido uma “independência”, o processo de condição de lugar colonial é perpetuado. Portanto, os autores explicam que a colonialidade global se estrutura através do tripé: poder, saber e ser e se caracteriza por relações binárias e hierárquicas, se configurando como um padrão de poder articulado (BARBOSA; MASO, 2014BARBOSA, R. R.; MASO, T. F. Possíveis Contribuições de Aníbal Quijano para as Relações Internacionais. In: ENCONTRO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO (ENEPEX). ENCONTRO DE ENSIONO, PESQUISA E EXTENSÃO DA UFGD (ENEPE), 8., 2014. ENCONTRO DE PESQUISA E EXTENSÃO DA UEMS, 5., 2014, Dourados. Anais [...]. Dourados: UFGD, 2014. Disponível em: http://eventos.ufgd.edu.br/enepex/anais/arquivos/435.pdf. Acesso em: 14 fev. 2023.
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).

A título de representação gráfica, o seguinte mapa conceitual, representado na Figura 1, demonstra as relações conceituais derivadas da compreensão e estudo destes conceitos no âmbito do grupo Modernidade/Colonialidade, assim como o entendimento dos autores de desconstruir, reconstruir e compreender o universo da América Latina como espaço de lutas e opressões, caminhando concomitantemente com a teoria e a prática da observação.

Figura 1
Modernidade/Colonialidade

Percebe-se que, a contextualização e definição destes conceitos se fazem importantes para a compreensão do universo do grupo, e também do desenvolvimento do conceito chave “colonialidade do poder”, cunhado por Aníbal Quijano.

3.2 Colonialidade do Poder

Colonialidade do poder é um conceito desenvolvido por Anibal Quijano e que permeou toda a sua construção teórica e epistemológica, além de ser utilizado pelo grupo Modernidade/Colonialidade.

Quijano retoma o conceito que já tinha sido explorado por Immanuel Maurice Wallerstein e o aloca na perspectiva decolonial ao defini-lo, como um elemento que constitui o padrão mundial de poder capitalista, sendo assim, ferramenta de controle político e econômico (OLIVEIRA; LUCINI, 2014).

De acordo com Ballestrin (2013BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) o conceito visa demonstrar que o fim do colonialismo não acabou com o processo das relações de colonialidade, expressas pela economia e política. A autora coloca duas perspectivas em evidência: a primeira, a estruturação do sistema-mundo capitalista moderno/colonial, ou seja, a dominação praticada e sua continuidade a partir das formas coloniais. A segunda é a indução à contemporaneidade de processos que pareciam acabados, mas que são perpetuados no âmbito da modernidade.

De acordo com a referida autora, a colonialidade do poder se caracteriza como um processo que se mostra essencial para a estruturação do sistema-mundo moderno/colonial, propiciando articulação de lugares periféricos inseridos na divisão internacional do trabalho, com as hierarquias promovidas pelas questões étnico-racial globais. Assim, o conceito colonialidade do poder não engloba apenas o âmbito de poder econômico e político, mas articula um sistema complexo de níveis conceituais, que se entrelaçam e formam as dimensões do ser, poder e saber (BALLESTRIN, 2013BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2069. Acesso em: 14 fev. 2023.
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). A autora propõe uma visualização dessa estrutura complexa, conforme Figura 2.

Figura 2
Matriz colonial do poder

De forma bem específica, Quijano demonstra através da estruturação do conceito “colonialidade do poder”, um modelo cunhado no eurocentrismo e no sistema capitalista, que, sendo estrutural, pratica da violência física e epistêmica, e separa seres humanos com uma perspectiva de reificação.

A título de representação gráfica, mapa conceitual, sintetizado na Figura 3, demonstra as relações conceituais derivadas da compreensão e estudo do conceito “colonialidade do poder” e as inter-relações, que se formam para compreensão do contexto e dimensão do autor.

Figura 3
Colonialidade do Poder

Neste sentido, o conceito de classificação social é consolidado na materialidade e subjetividade dos colonizados, mostrando-se também como conceito essencial para o universo aqui estudado.

3.3 Classificação Social

O conceito de classificação social, na obra de Aníbal Quijano é derivado do entendimento que as diferenças raciais são espécies de métodos, que distribuem os sujeitos em seus determinados papéis na estrutura social do trabalho.

Para o autor, há um padrão de poder mundial que origina a globalização, padrão este que se constitui em um eixo principal que é a classificação social (QUIJANO, 2005QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2005. p.118-142.). A ideia de raça é um dos elementos estruturais de dominação colonial eurocêntrica e está, junto a dominação pelo sexo, em uma sociedade patriarcal, dominação da mulher negra, do homem negro, dos indígenas e de minorias étnicas na visão eurocêntrica, inserida no processo de continuidade da subjugação dos povos pelo colonialismo.

Quijano (2000QUIJANO, A. Colonialidad del Poder y Clasificacion Social. Jornal of world-systems research, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 342-386, 2000. Disponível em: https://jwsr.pitt.edu/ojs/jwsr/article/download/228/240/313. Acesso em: 14 fev. 2023.
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) aloca raça, gênero e trabalho como elementos principais que firmam o modelo de capitalismo colonial/moderno. Desta forma, tem-se os conceitos em uma relação histórica: a exploração, dominação e conflito ocasionados pela perpetuação dos processos coloniais são uma marca produzida pela colonialidade do poder, que traz em seu cerne a estruturação hierárquica do sistema-mundo.

Assim, a classificação social é produzida e reproduzida pela colonialidade do poder e serve de estrutura elementar, para a apreensão subjetiva e espacial dos diversos aspectos dos povos da América Latina.

A título de representação gráfica, o mapa conceitual, apresentado na Figura 4, demonstra as relações conceituais que se estabelecem, a partir do conceito “classificação social” e as estratégicas teóricas e epistêmicas dos elementos constituintes da colonialidade do poder.

Figura 4
Classificação Social

Com aporte dos fundamentos e princípios teóricos-metodológicos, os conceitos apresentados demonstram que o conhecimento e compreensão do contexto e visão do autor, conforme proposto por Hjørland (2017HJØRLAND, B. "Domain Analysis". Knowledge Organization, [S. l.], v. 44, n. 6, p. 436-464, 2017), possibilitam o processo de sistematização da organização, representação e recuperação do conhecimento, que, consequentemente, será disponibilizado, respeitando-se o contexto e as necessidades dos usuários, que virão a acessar os ambientes em que são disseminados.

A análise sociológica direcionada ao contexto e à visão do autor, proporciona a visualização da rede conceitual que se mostrou maior, quando a compreensão destes conceitos foi explorada a partir de suas ligações teóricas e epistêmicas. Assim, as relações conceituais demonstram que os conceitos desenvolvidos por Quijano, partem de uma estrutura conceitual já definida, mas que são coerentes com o “giro decolonial”, onde as estruturas colonialistas e eurocêntricas são questionadas e estudadas, para proporcionar a reflexão e ação diante da continuidade do sistema de poder instaurado pelas concepções eurocêntricas.

Esta consideração vai ao encontro da discussão proposta por Hjorland (2009HJØRLAND, B. Concept Theory. Journal of the American Society for Information Science and Technology, [S. l.], v. 60, n. 8, 2009. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/asi.21082. Acesso em: 14 fev. 2023.
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), quando fala sobre a estabilidade e mudança conceitual. O autor apresenta, a partir da Teoria da Atividade, como os sujeitos estão envolvidos e apreendem o mundo que tem profundidade histórica e, a apreensão deste mundo é feita pelas correlações realizadas empiricamente, ou seja, o entendimento do mundo vem a partir da observação e aprendizado do processo histórico entre os objetos e a prática humana (HJORLAND, 2017HJØRLAND, B. "Domain Analysis". Knowledge Organization, [S. l.], v. 44, n. 6, p. 436-464, 2017). Assim, o autor explica que as visões e práticas dominantes têm maior impacto na definição de conceitos e que as visões minoritárias desenvolvem ou não conceitos alternativos, no entanto, as concepções e os conceitos alternativos são necessários para uma mudança em práticas consolidadas (HJORLAND, 2017). Assim, diferentes conceitos devem ser identificados em diferentes domínios, pois são conectados a diferentes interesses e teorias. (HJORLAND, 2017).

Observando a rede conceitual a partir dos mapas, as colocações de Hjorland (2017HJØRLAND, B. "Domain Analysis". Knowledge Organization, [S. l.], v. 44, n. 6, p. 436-464, 2017), ficam claras ao perceber não só a mudança, mas a reinterpretação de alguns conceitos de acordo com a visão latino-americana, que é a proposta do grupo.

Desta forma, a relevância do contexto, domínio e de seus conceitos, se torna fundamental para um trabalho de compreensão, que pode resultar em elaborações de Sistemas de Organização do Conhecimento coerentes institucional, geográfica e teoricamente em relação ao que será disponibilizado aos usuários de forma geral.

4 CONSIDERAÇÕES

O olhar social da informação direcionado especificamente para domínios do conhecimento, que buscam uma base decolonial, demonstra ser uma perspectiva valiosa para reflexões epistemológicas cada vez mais interessadas em encontrar fundamentos filosóficos, que fortaleçam os processos da Organização e Representação do Conhecimento e seu papel não só teórico, mas aplicado nas necessidades sociais específicas e gerais de diferentes comunidades discursivas.

Quando se analisa conceitos ligados a determinado domínio, há a possiblidade de, através do controle da linguagem nos espaços informacionais, refletir as perspectivas necessárias à compreensão do que o autor ou autores demonstraram em suas obras, diante de um contexto específico.

Estudar os conceitos desenvolvidos por Aníbal Quijano, no âmbito do Grupo Modernidade/Colonialidade é precisamente fazer jus à uma teoria que se propõe agir e estudar sobre a marginalização física, geográfica, estrutural, linguística e epistemológica dessa região que foi colonizada e que, por muitas vezes foi invisibilizada, não por falta de teóricos, mas por posturas que ocultam seus pesquisadores e condições sociais ainda dominadas pelo processo de colonização.

A definição de redes conceituais e da visualização destas redes, favorece a compreensão de que um conceito tem um caminho que se perfaz através de diferentes dinâmicas sociais, políticas, culturais e que os autores que os utilizam exercem uma forma de acúmulo de saberes que, mesmo em diferentes contextos e diferentes linhas teóricas são importantes para determinar a potencial análise e utilização em Sistemas de Organização do Conhecimento, influenciando a construção de vocabulários controlados, tesauros, taxonomias ou ontologias, que venham a ser utilizadas por instituições que necessitem representar documentos deste seguimento.

Considera-se que a Análise de Domínio, em suas diferentes possibilidades de uso, pode auxiliar nos processos de Organização e Representação do Conhecimento, por prover de uma visão histórica, sociológica e holística dos processos de construção e consolidação das redes conceituais de diferentes domínios do conhecimento, contribuindo e demonstrando de forma efetiva a função social do campo.

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  • FINANCIAMENTO

    “ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO E DOCUMENTAÇÃO MUSEOLÓGICA: relações classificatórias na dimensão social, cultural e política em catálogos de museus brasileiros” - Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 18/2021 - UNIVERSAL
  • PUBLISHER

    Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

EDITORES

Franciéle Garcês, Natalia Duque Cardona, Edgar Bisset Alvarez, Ana Clara Cândido, Genilson Geraldo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    15 Fev 2023
  • Aceito
    04 Abr 2023
  • Publicado
    05 Maio 2023
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