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Fatores associados à taxa de doações efetivas de órgãos sólidos por morte encefálica: uma análise espacial nas Unidades Federativas do Brasil (2012-2017) Os autores agradecem os comentários dos pareceristas que contribuíram para um avanço e melhor entendimento do estudo. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 - e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - Código do Processo nº 312600/2018-6, modalidade Bolsa de Produtividade em Pesquisa à coautora Cássia Kely Favoretto.

Resumo

Este estudo analisa os fatores associados à taxa de doações efetivas de órgãos sólidos (coração, pulmões, rins, fígado e pâncreas) por morte encefálica nas Unidades Federativas (UF) do Brasil, no período de 2012 a 2017. Para tanto, fez-se uso da Análise Exploratória de Dados Espaciais e do modelo de Durbin Espacial com dados em painel. Os condicionantes usados foram divididos em sociodemográficos e de gestão em saúde. Evidenciou-se a existência de grandes disparidades regionais no processo de doação nestas áreas, com agrupamentos espaciais do tipo Alto-Alto na região Sul do país. Os resultados mostraram que a densidade populacional afetou positivamente essas doações na unidade de análise. Esse mesmo sinal foi obtido ao se considerar o impacto das variáveis densidade defasada, escolaridade defasada e os efeitos dos transbordamentos espaciais. A taxa de envelhecimento populacional defasada afetou negativamente essas doações na unidade de análise, além de apresentar resultados negativos indiretos e total sobre a taxa de doação nas unidades vizinhas. Ao se considerar a composição étnica, por meio da proporção de não brancos, observou-se que quanto maior for essa proporção em determinada UF, menor é taxa de doação nessa mesma unidade, confirmada pelo efeito direto. O sinal desse fator explicativo defasado e do efeito indireto foi negativo. A taxa de respiradores de emergência mostrou-se importante para o crescimento da taxa de doação nas áreas analisadas. A defasagem da taxa de leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) teve efeito negativo sobre as doações e os efeitos spillover (efeitos indireto e total) seguiram a mesma direção de impacto. A taxa de equipes transplantadoras de órgãos afetou negativamente essas doações na unidade de análise, contudo, o efeito dos vizinhos foi positivo, observando-se relação positiva no efeito indireto e negativa no direto. A taxa de mortes por causas neurológicas de uma determinada UF afetou de forma positiva as suas doações, mas esse fator nas unidades vizinhas afetou negativamente a variável dependente, além da direção do efeito direto ser positiva e do indireto ser negativa. As dummies referentes às políticas públicas que criaram as Organizações de Procura de Órgãos (OPO’s) e as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT’s) mostraram efeitos totais positivos, indicando a importância delas nesse processo. Concluiu-se que o comportamento geográfico e temporal das doações de órgãos sólidos nas unidades federativas foram explicados pelos condicionantes sociodemográficos e de gestão abordados. Decisões efetivas dos gestores desse sistema, com base em evidências, são necessárias para melhorar o desempenho estrutural e dinâmico do processo de doação, especialmente, em relação às diferenças regionais na oferta desses órgãos no país.

Palavras-chave
Economia-saúde; Oferta-órgãos; Disparidades regionais-saúde; Econometria espacial

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