Resposta para: Evolução temporal dos achados tomográficos da infecção pulmonar na COVID-19

Caros senhores autores,

Agradecemos pelos gentis comentários e concordamos sobre as dúvidas existentes quanto ao real significado das alterações por imagem da doença pelo coronavírus (COVID-19) em longo prazo. Alguns autores trazem uma reflexão extrapolada de outras infecções, inclusive aquelas relacionadas aos surtos causados por outros coronavírus,(¹) e apontam para uma potencial persistência de algumas nas imagens, inclusive com repercussão em provas de função pulmonar mais de 10 anos após o insulto infeccioso.

O belo caso apresentado pelos autores(²) mostra, entretanto, que mesmo algumas alterações geralmente relacionadas à fibrose podem regredir e, eventualmente, desaparecer. Também temos observado casos de lesões extensas, por vezes com características similares às relatadas pelos autores, que apresentam melhora substancial dos achados durante a evolução. Por outro lado, vemos alguns pacientes que persistem com achados de vidro fosco por bastante tempo, de forma que, muito embora o comportamento evolutivo por imagem da COVID-19 seja relativamente previsível,(³,⁴) ainda há casos que desafiam esse padrão.

Ademais, por vezes, outros quadros se sobrepõem à infecção pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Além da maior incidência de tromboses venosas e arteriais(⁵) que vem sendo descrita nesses pacientes, também temos observado quadros de coinfecção e superinfecção, algumas vezes de aspecto dramático, gerando padrões de imagem que desafiam os aspectos mais clássicos, como ilustrados não somente por nós,(³) mas também por outros autores na realidade nacional.(⁴) Não obstante, acreditamos que mereça também destaque a maior incidência de barotrauma nesses pacientes,(⁶) outro fator que pode contribuir para o dano pulmonar. Todas essas complicações também podem influenciar na evolução por imagem das alterações de base da COVID-19 e têm potencial para deixar achados residuais no parênquima.

Dessa forma, também nos parece adequado que pacientes com COVID-19, sobretudo aqueles com doença mais grave e extensa e que apresentam complicações no curso de sua evolução, devam manter seguimento clínico, com avaliação por testes funcionais e eventuais controles tomográficos. Esse ainda é um campo em evolução e com vasto potencial de estudo.

REFERENCES

• ¹
  Salehi S, Reddy S, Gholamrezanezhad A. Long-term pulmonary consequences of coronavirus disease 2019 (COVID-19): What we know and what to expect. J Thorac Imaging. 2020;35(4):W87-W9. Review.
• ²
  Araujo-Filho JA, Sawamura MV, Teixeira FB, Apanavicius A, Costa NA. Temporal evolution of tomographic findings of pulmonary infection in COVID-19 [letter]. einstein (São Paulo). 2020;18:eCE5974. doi.org/10.31744/einstein_journal/2020CE5974
  » https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2020CE5974
• ³
  Rosa ME, Matos MJ, Furtado RS, Brito VM, Amaral LT, Beraldo GL, et al. COVID-19 findings identified in chest computed tomography: a pictorial essay. einstein (São Paulo). 2020;18:eRW5741. Review. doi:10.31744/einstein_journal/2020RW5741
  » https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2020RW5741
• ⁴
  Farias LP, Fonseca EK, Strabelli DG, Loureiro BM, Neves YC, Rodrigues TP, et al. Imaging findings in COVID-19 pneumonia. Clinics (São Paulo). 2020;75:e2027. Review.
• ⁵
  Klok FA, Kruip MJ, van der Meer NJ, Arbous MS, Gommers DA, Kant KM, et al. Incidence of thrombotic complications in critically ill ICU patients with COVID-19. Thromb Res. 2020;191:145-7.
• ⁶
  McGuinness G, Zhan C, Rosenberg N, Azour L, Wickstrom M, Mason DM, et al. High incidence of barotrauma in patients with COVID-19 infection on invasive mechanical ventilation. Radiology. 2020 Jul 1:202352. doi: 10.1148/radiol.2020202352. [Epub ahead of print].
  » https://doi.org/10.1148/radiol.2020202352

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  07 Out 2020
• Data do Fascículo
  2020

Histórico

• Recebido
  27 Jul 2020
• Aceito
  28 Jul 2020