Acessibilidade / Reportar erro

Estenose congênita da abertura piriforme com megaincisivo central único

Uma recém-nascida de 15 dias de vida realizou tomografia computadorizada das cavidades paranasais em nosso serviço por conta de suspeita clínica de atresia das coanas, devido a um quadro de obstrução nasal desde seu nascimento. Não possuía outras queixas clínicas.

A tomografia computadorizada (Figura 1) permitiu o diagnóstico com segurança de estenose da abertura piriforme, uma causa rara de obstrução nasal em neonatos, descrita pela primeira vez em 1989.(11. Brown OE, Myer CM 3rd, Manning SC. Congenital nasal pyriform aperture stenosis. Laryngoscope. 1989;99(1):86-91.) Estenose da abertura piriforme se torna particularmente relevante durante os dois primeiros meses de vida, quando esses bebês são respiradores nasais obrigatórios.

Figura 1
Tomografia computadorizada dos seios paranasais em cortes axiais. (A) Coanas livres, sem atresia. (B) Espessamento e medianização bilateral e simétrica do aspecto anterior da maxila, o que determina acentuado estreitamento da abertura piriforme (linha pontilhada, mede cerca de 0,6cm, valor normal = 1,1cm). Esse aspecto de imagem é compatível com estenose congênita da abertura piriforme. (C) Megaincisivo central único em situação mediana na maxila e palato duro com configuração triangular, ambos achados frequentes na estenose congênita da abertura piriforme. (D) Reconstrução tridimensional evidencia o estreitamento da abertura piriforme e o megaincisivo central único

A abertura piriforme tem seus limites laterais dados pelos processos nasais da maxila e seus limites inferiores pela junção dos processos horizontais deste mesmo osso.

Acredita-se que a estenose da abertura piriforme possa ser devida a alterações embriológicas do palato primário, que se associam a um palato duro de aspecto triangular e a um supercrescimento ósseo do processo nasal da maxila. Tais achados, em conjunto, estreitam a abertura piriforme, o que é particularmente importante, visto que esta é uma das áreas mais estreitas do nariz, e mesmo pequenas diminuições da sua área levam a importante aumento da resistência à passagem de ar.(11. Brown OE, Myer CM 3rd, Manning SC. Congenital nasal pyriform aperture stenosis. Laryngoscope. 1989;99(1):86-91.

2. Rollins N, Booth T, Biavati M. Case 40: congenital pyriform aperture stenosis. Radiology. 2001;221(2):392-4.

3. Sesenna E, Leporati M, Brevi B, Oretti G, Ferri A. Congenital nasal pyriform aperture stenosis: diagnosis and management. Ital J Pediatr. 2012;38:28.
-44. Thomas EM, Gibikote S, Panwar JS, Mathew J. Congenital nasal pyriform aperture stenosis: a rare cause of nasal airway obstruction in a neonate. Indian J Radiol Imaging. 2010;20(4):266-8.)

Seu quadro clínico é indistinguível da atresia de coanas, embora possa ser diagnosticada com segurança pela tomografia computadorizada das cavidades paranasais, que evidenciará um diâmetro da abertura piriforme <1,1cm.(22. Rollins N, Booth T, Biavati M. Case 40: congenital pyriform aperture stenosis. Radiology. 2001;221(2):392-4.,55. Belden CJ, Mancuso AA, Schmalfuss IM. CT features of congenital nasal piriform aperture stenosis: initial experience. Radiology. 1999;213(2):495-501.)

Frequentemente, há associação com outras malformações, destacando-se palato de aspecto triangular e o megaincisivo central único, que pode ser encontrado em até 75% desses pacientes.(22. Rollins N, Booth T, Biavati M. Case 40: congenital pyriform aperture stenosis. Radiology. 2001;221(2):392-4.,55. Belden CJ, Mancuso AA, Schmalfuss IM. CT features of congenital nasal piriform aperture stenosis: initial experience. Radiology. 1999;213(2):495-501.)

O tratamento inicial desta condição é geralmente conservador. As intervenções cirúrgicas ficam reservadas para os casos de persistência dos sintomas após este tratamento.(11. Brown OE, Myer CM 3rd, Manning SC. Congenital nasal pyriform aperture stenosis. Laryngoscope. 1989;99(1):86-91.,66. Visvanathan V, Wynne DM. Congenital nasal pyriform aperture stenosis: a report of 10 cases and literature review. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2012; 76(1):28-30. Review.)

REFERENCES

  • 1
    Brown OE, Myer CM 3rd, Manning SC. Congenital nasal pyriform aperture stenosis. Laryngoscope. 1989;99(1):86-91.
  • 2
    Rollins N, Booth T, Biavati M. Case 40: congenital pyriform aperture stenosis. Radiology. 2001;221(2):392-4.
  • 3
    Sesenna E, Leporati M, Brevi B, Oretti G, Ferri A. Congenital nasal pyriform aperture stenosis: diagnosis and management. Ital J Pediatr. 2012;38:28.
  • 4
    Thomas EM, Gibikote S, Panwar JS, Mathew J. Congenital nasal pyriform aperture stenosis: a rare cause of nasal airway obstruction in a neonate. Indian J Radiol Imaging. 2010;20(4):266-8.
  • 5
    Belden CJ, Mancuso AA, Schmalfuss IM. CT features of congenital nasal piriform aperture stenosis: initial experience. Radiology. 1999;213(2):495-501.
  • 6
    Visvanathan V, Wynne DM. Congenital nasal pyriform aperture stenosis: a report of 10 cases and literature review. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2012; 76(1):28-30. Review.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Mar 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    13 Abr 2018
  • Aceito
    4 Jul 2018
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein Avenida Albert Einstein, 627/701 , 05651-901 São Paulo - SP, Tel.: (55 11) 2151 0904 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@einstein.br