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Mediadores imunoinflamatórios na patogênese do diabetes mellitus

RESUMO

Caracterizado como uma síndrome metabólica de múltiplas consequências para a vida de seus portadores, o diabetes mellitus é também classificado como uma doença crônica não transmissível de grande abrangência no mundo. Trata-se de uma doença complexa, com diversos pontos de vista, dentre eles a relação entre processo inflamatório, obesidade e resistência à ação da insulina, devido à atuação dos diversos mediadores imunoinflamatórios, chamados de adipocinas, sobre a homeostase glicêmica. Recentes estudos têm abordado justamente este aspecto para o desenvolvimento de fármacos que auxiliem na proteção das células ß pancreáticas dos danos advindos do estresse oxidativo e processo inflamatório, de modo a controlar o quadro hiperglicêmico característico do diabetes mellitus.

Diabetes mellitus; Resistência à insulina; Adipocinas; Obesidade

ABSTRACT

Characterized as a metabolic syndrome with multiple consequences for the lives of patients, diabetes mellitus is also classified as a chronic non-communicable disease of great scope in the world. It is a complex disease, with different points of view, including the relation between inflammatory process, obesity and insulin resistance due to the performance of the various immunoinflammatory mediators - called adipokines - on glycemic homeostasis. Recent studies have precisely addressed this aspect for the development of drugs that assist in the protection of pancreatic ß cells from the damages arising from oxidative stress and inflammatory process, in order to control the hyperglycemic picture, which is characteristic of diabetes mellitus.

Diabetes mellitus; Insulin resistance; Adipokines; Obesity

INTRODUÇÃO

Calcula-se que cerca de 4,6 milhões de mortes por ano decorram dos desdobramentos do diabetes mellitus (DM).(11. Silva-E-Oliveira J, Amélio PM, Abranches IL, Damasceno DD, Furtado F. Heart rate variability based on risk stratification for type 2 diabetes mellitus. einstein (São Paulo). 2017;15(2):141-7.) De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), existem em torno de 425 milhões de diabéticos no mundo, tendo-se a perspectiva de que até 2045 este número crescerá aproximadamente 48%, chegando-se a cerca de 629 milhões de pessoas diabéticas em todo o planeta.(22. International Diabetes Federation (IDF). International diabetes atlas. 8th ed. Brussels: IDF; 2017. 46 p.)

A hiperglicemia é característica fundamental do DM, decorrente da alteração funcional da insulina, enquanto hormônio regulador do metabolismo da glicose. A resistência à ação da insulina advém justamente de interferências no processo de sinalização das células-alvo.(33. Smeltzer S, Bare B. Histórico e tratamento de pacientes com diabetes mellitus. In: Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 9th ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2009. p. 933-83.)

Infere-se que é por meio de uma cascata de eventos que a insulina torna possível o transporte de glicose para o meio intracelular, a partir de sua interação com o receptor de insulina (RI), disposto na membrana celular e composto por duas cadeias alfa e duas cadeias β (uma em sequência da outra, respectivamente, com domínio extra e intracelular). Deste modo, inicia-se o processo de sinalização da insulina, o qual promove sucessivas fosforilações, ativando duas vias principais, conhecidas como via das proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPK) e via do fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K), a primeira incidindo sobre os tecidos sensíveis à insulina e a segunda agindo sobre o metabolismo da glicose e lipídeos.(44. Silva Júnior AJ. Adipocinas: a relação endócrina entre obesidade e diabetes tipo II. Rev Bras Obes Nutr Emagr. 2014;8(43):16-23.)

É justamente sobre o caminho das diversas reações pós-sinalização insulínica que muitos mediadores imunoinflamatórios agem, suprimindo resultados e instalando a resistência, que precede o DM propriamente dito. Este trabalho teve como objetivo discutir a importância dos biomarcadores inflamatórios na patogênese do DM e novidades científicas sobre o assunto, tendo sido realizada pesquisa qualitativa, usando como descritores “diabetes mellitus”, “resistência à insulina”, “inflamação”, “adipocinas” e “obesidade”, nas principais bases de dados de artigos científicos (PubMed®, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde − LILACS − e Scientific Electronic Library Online − SciELO) e da organização de saúde internacional pertinente ao assunto (International Diabetes Federation – IDF). O resultado é disposto neste artigo como revisão contextualizada e discussão dos dados encontrados em pesquisas usando animais e in vitro, sobre o aspecto inflamatório do DM.

ADIPOSIDADE E PROCESSO INFLAMATÓRIO

Estima-se que a prevalência de obesos no mundo venha a crescer cerca de 40% até a próxima década, tornando o tema “obesidade” e suas múltiplas consequências de grande importância dentro da saúde pública.(55. Kovesdy CP, Furth S, Zoccali C. Obesity and kidney disease: hidden consequences of the epidemic. Brunei Int Med J. 2017;13(1):1-11.)

O excesso de tecido adiposo relacionado ao aporte calórico positivo define o estado de obesidade, o qual representa a base de diversos distúrbios metabólicos, como o DM. O tecido conjuntivo adiposo é formado por três espécies de adipócitos (brancos, beges e marrons), cada um deles com papéis específicos, como termorregulação, depósito energético-lipídico e função endócrina(66. Magdalon J, Festuccia WT. Regulation of adiposity by mTORC1. einstein (São Paulo). 2017;15(4):507-11. Review.) − esta última observada pela secreção de fatores imunoinflamatórios, como citocinas pró-inflamatórias, fatores de sensibilidade insulínica e metabolismo glicídico, apetite e balanço energético, entre outros.(77. Agostinete RR, Antunes BM, Monteiro PA, Saraiva BT, Freitas Júnior IF, Fernandes RA. Efeito do treinamento combinado na gordura abdominal E densidade/conteúdo mineral ósseo em adolescentes obesos. Rev Arq Ciênc Saúde. 2015;22(2):22-6.)

Tendo o tecido adiposo um importante papel endócrino e a tríade inflamação-obesidade-resistência à insulina comprovação pela expressão de marcadores imunoinflamatórios nos tecidos (adipocitocinas), torna-se possível compreender a patogênese do DM e outras doenças crônico-metabólicas. A obesidade, principalmente androide, constitui importante fator de risco para desencadeamento não só do DM como também da síndrome metabólica (SM), devido à promoção de hiperinsulinemia, lipotoxicidade e glicotoxicidade, as quais afetam o funcionamento das células β pancreáticas e toda a homeostase metabólica do organismo.(88. Lopes HF. Síndrome Metabólica? Uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: Atheneu; 2007.)

Ademais é importante destacar que a adiposidade, a hiperplasia e a hipertrofia de adipócitos estão intimamente ligadas com aumento de mediadores inflamatórios, diminuição de adiponectina, aumento da resistência à ação da insulina, aumento da inflamação e hiperinsulinemia, aumento do estresse oxidativo e metabolismo anormal de lipídios.(99. Oishi JC. Cinética do desenvolvimento de alterações no perfil inflamatório, função endotelial e cardiovascular na obesidade experimental [tese]. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos; 2016.)

O desenvolvimento de DM tipo 2 relacionado à obesidade tem como principal colaboradora a inflamação do tecido adiposo, o qual sofre modificações metabólicas, como aumento de lipólise, e elevação de migração e/ou diferenciação de células imunitárias inflamatórias residentes no tecido adiposo, entre as quais destacam-se macrófagos, linfócitos T e B, neutrófilos, entre outras, que corroboram para síntese de citocinas e adipocitocinas. Consequentemente, tem-se o desenvolvimento de resistência à ação da insulina de forma sistêmica.(1010. Acosta JR, Douagi I, Andersson DP, Bäckdahl J, Rydén M, Arner P, et al. Increased fat cell size: a major phenotype of subcutaneous white adipose tissue in non-obese individuals with type 2 diabetes. Diabetologia. 2016;59(3): 560-70.)

AÇÃO DOS MEDIADORES IMUNOINFLAMATÓRIOS

As adipocitocinas, advindas da inflamação crônica de baixo grau do tecido adiposo, no quadro de obesidade, têm sido relacionadas diretamente a resistência à ação da insulina e à base da SM, com vistas a disfunção sistêmica e DM.(1111. Hahn WS, Kuzmicic J, Burrill JS, Donoghue MA, Foncea R, Jensen MD, et al. Proinflammatory cytokines differentially regulate adipocyte mitochondrial metabolism, oxidative stress, and dynamics. Am J Physiol Endocrinol Metab. 2014;306(9):E1033-45.) Consideradas como mediadores imunoinflamatórios que promovem a resistência insulínica, destacam-se o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), a resistina e a interleucina-6 (IL-6). A adiponectina é considerada uma adipocina reguladora de efeito antagônico, associada a proteção vascular, aumento da captação de glicose por aumento da sensibilidade à insulina, diminuição da gliconeogênese hepática e supressão de substâncias pró-inflamatórias (IL-6 e TNF-α).(1212. Petto J, Santos AC, Motta MT, Teixeira Filho RS, Santo GC, Ribas JL, et al. Adiponectin: characterization, metabolic and cardiovascular action. Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(5):424-32.)

As citocinas imunoinflamatórias IL-6 e TNF-α são secretadas em excesso na condição de hiperplasia dos adipócitos e infiltração de macrófagos e linfócitos no tecido adiposo – associação do sistema imunológico, atuando na redução da cadeia de sinalização insulínica e consequente translocação de glicose, bem como alteração da homeostase energética e massa corporal, contribuindo para desencadeamento do DM por resistência à ação da insulina.(1313. Lacerda MS, Malheiros GC, Abreu AO. Tecido adiposo, uma nova visão: as adipocinas e seu papel endócrino. Rev Cient FMC. 2016;11(2):25-31.)

Estudos mostram que tais mediadores agem também sobre a regulação da síntese de proteína C-reativa (PCR), outro importante marcador inflamatório relacionado a lesão tecidual e eventos cardiovasculares.(1313. Lacerda MS, Malheiros GC, Abreu AO. Tecido adiposo, uma nova visão: as adipocinas e seu papel endócrino. Rev Cient FMC. 2016;11(2):25-31.) No tocante à conexão entre estado de hiperglicemia característica do DM e inflamação, ressalta-se a formação de produtos de glicação avançada, geradores de estresse oxidativo – especialmente nos depósitos viscerais de tecido adiposo – e aumento da expressão de mediadores imunoinflamatórios, como IL-6, além da ativação dos macrófagos – aumento da síntese de espécies reativas de oxigênio, consequentemente elevação da síntese de PCR e estado pró-inflamatório, o qual evolui para resistência à ação da insulina, SM e DM.(1414. Barbalho SM, Bechara MD, Quesada K, Gabaldi MR, Goulart RA, Tofano RJ, et al. Síndrome metabólica , aterosclerose e inflamação: tríade indissociável? J Vasc Bras. 2015;14(4):319-27.)

A hiperglicemia promove o aumento de mediadores inflamatórios e a glicação de proteínas, gerando inativação funcional destas, bem como auto-oxidação das partículas de glicose, levando à formação de radicais livres, que ocasionam a destruição e a disfunção de células, como as β-pancreáticas, produtoras de insulina. Forma-se, assim, uma importante alteração sistêmica, que não pode ser compensada pelo sistema antioxidante, o qual elimina radicais livres do organismo. Deste modo, temos a falha de processo, denominada estresse oxidativo.(1515. Nicolau J, Nogueira FN, Simões A. Diabetes: noções gerais para o cirurgião-dentista. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2015;69(3):260-5.)

Outro mediador imunoinflamatório de destaque em estudos recentes é a interleucina-1 β (IL-1β) influente na patogenia do DM, tanto em seu efeito deletério quanto seu papel fisiológico no metabolismo da glicose. Há uma importante contribuição da IL-1β, derivada de macrófagos, na inflamação pós-prandial aguda e aumento da secreção de insulina pós-prandial através do receptor IL-1 das células β, sendo sua ação dependente de glicose e insulina. Tanto a insulina quanto a IL-1β tem sido vistas como reguladoras das concentrações glicose, sendo a IL-1β estimuladora, preferencialmente, da absorção de glicose nas células imunitárias.(1616. Dror E, Dalmas E, Meier DT, Wueest S, Thévenet J, Thienel C, et al. Postprandial macrophage-derived IL-1β stimulates insulin, and both synergistically promote glucose disposal and inflammation. Nat Immunol. 2017;18(3):283-92.)

Salienta-se também o papel da resistina, uma citocina imunoinflamatória responsável pela redução das fosforilações dos RIs na interação com a insulina, por meio do aumento da expressão de TNF-α e IL-6, culminando em resistência à ação da insulina e processo pró-inflamatório, acabando por bloquear a translocação de glicose, gerando o estado hiperglicêmico. A adipocina visfatina, secretada por adipócitos e macrófagos, participa conjuntamente no quadro de sensibilização insulínica e metabolismo glicídico, ativando a síntese de IL-6 e TNF-α.(1717. Pinto WD. A função endócrina do tecido adiposo. Rev Fac Ciênc Med. 2014; 16(3):111-20.)

Visto todo este contexto, que pode ser observado no esquema ilustrado na figura 1, sobre o quadro imunoinflamatório na obesidade e sua relação com a resistência insulínica, compreende-se a complexidade dos mediadores imunoinflamatórios no desenlace do DM e a importância da devida identificação do quadro, para se estabelecer o parâmetro de evolução do desequilíbrio metabólico instalado no organismo diabético.

Figura 1
Quadro imunoinflamatório adiposo relacionado ao diabetes mellitus e resistência à insulina

Neste esquema, é possível observar o processo fisiológico da passagem de glicose para o meio intracelular, por meio do estímulo da insulina sobre seu receptor específico, desencadeando seriadas fosforilações de moléculas que levam à ativação de duas vias, PI3K (relacionada ao metabolismo de glicose e lipídeos) e MAPK (relacionada aos tecidos sensíveis à insulina). Ainda, a obesidade interfere neste processo, devido à hiperplasia e à hipertrofia dos adipócitos, que passam a secretar uma maior quantidade de fatores imunoinflamatórios e a promover alterações celulares, afetando o processo de captação de glicose e secreção de insulina pelas células β pancreáticas, gerando a resistência à insulina relacionada ao DM.

RECONHECIMENTO DOS MEDIADORES IMUNOINFLAMATÓRIOS ASSOCIADOS À PROGRESSÃO DA DISFUNÇÃO METABÓLICA E TRATAMENTO

O estado diabético é definido por exames clínicos, como achados de poliúria, polidipsia, polifagia e perda rápida e espontânea de peso, e por exames laboratoriais, como glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose (TOTG com ingestão de 75 gramas de dextrosol) e glicemia casual,(1818. Bavaresco DV, Ferreira NC, Ceretta LB, Bitencourt LT, Simões PW, Gomes KM, et al. Prejuízos cognitivos em diabetes mellitus: revisão de literatura. Rev Inova Saúde. 2016;5(1):30-41.) sendo interessante também a avaliação da progressão do DM por meio do quadro inflamatório, comparando com a distribuição de gordura corporal, obesidade e seus fatores de risco, como, por exemplo, o colesterol, bem como a glicotoxicidade, como nível de insulina e citocinas séricas, níveis de PCR, avaliação de interleucinas e marcadores imunoinflamatórios, além do perfil lipídico e níveis de adiponectina dos indivíduos, imunoistoquímica do tecido adiposo, por métodos como western blot e Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA).(1919. Oliveira MC. Cinética de parâmetros metabólicos e inflamatórios no fígado de camundongos alimentados com dieta rica em carboidratos refinados [tese]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais; 2013.) Com base nestas informações, verificam-se a relevância dos dados encontrados, a importância de novas pesquisas relacionadas às complicações decorrentes de disfunções metabólicas por processos inflamatórios e, consequentemente, a necessidade de ampliar a eficácia e os meios de tratamento do DM.

Quanto ao tratamento focado no aspecto inflamatório do DM, têm-se desenvolvido ensaios clínicos com compostos antioxidantes que agem prevenindo a progressão e o desenvolvimento do DM, ao elevarem a secreção de insulina e servirem de fator de proteção para as células β contra danos oxidativos.(2020. Rochette L, Zeller M, Cottin Y, Vergely C. Diabetes, oxidative stress and therapeutic strategies. Biochim Biophys Acta . 2014;1840(9):2709-29. Review.,2121. Vetere A, Choudhary A, Burns SM, Wagner BK. Targeting the pancreatic β-cell to treat diabetes. Nat Rev Drug Discov. 2014;13(4):278-89. Review.) Recentes estudos em animais e também em experimentações in vitro demonstram resultados positivos no uso de fármacos que ativam a via do fator nuclear eritroide 2 relacionado ao fator 2 (Nrf2), como forma de elevar a proteção das células β contra o dano advindo do estresse oxidativo, prevenindo a progressão do DM, e aumentando a secreção de insulina, o controle da glicemia, a supressão de citocinas pró-inflamatórias, a resposta antioxidante e de detoxificação, a regulação do metabolismo e a resposta inflamatória.(2223. Yagishita Y, Fukutomi T, Sugawara A, Kawamura H, Takahashi T, Pi J, et al. Nrf2 protects pancreatic β-cells from oxidative and nitrosative stress in diabetic model mice. Diabetes. 2014;63(2):605-18.)

O Nrf2 regula a expressão de diversos genes e representa um fator de proteção às células β, aumentando a formação e diminuindo a morte das células β pancreáticas, sendo ativado em condições fisiológicas de elevação glicêmica e prejudicado em estado de desequilíbrio glicêmico, de modo que apenas a estimulação externa para aumento e ativação do Nrf2 pode reestabelecer seu papel na homeostase metabólica.(2324. Liu TS, Pei YH, Peng YP, Chen J, Jiang SS, Gong JB. Oscillating high glucose enhances oxidative stress and apoptosis in human coronary artery endothelial cells. J Endocrinol Invest. 2014;37(7):645-51.,2425. Sireesh D, Ganesh MR, Dhamodharan U, Sakthivadivel M, Sivasubramanian S, Gunasekaran P, et al. Role of pterostilbene in attenuating immune mediated devastation of pancreatic beta cells via Nrf2 signaling cascade. J Nutr Biochem. 2017;44:11-21.) Deste modo, o uso de fármacos análogos de resveratrol pterostilbeno, que promovem ativação de Nrf2, apresenta resultados positivos, ao diminuir níveis de citocinas pró-inflamatórias no estado diabético e manter a homeostase glicêmica por supressão da resposta inflamatória e bloqueio da apoptose de células β.(2526. Zheng H, Whitman SA, Wu W, Wondrak GT, Wong PK, Fang D, et al. Therapeutic potential of Nrf2 activators in streptozotocin-induced diabetic nephropathy. Diabetes. 2011;60(11):3055-66.)

Pesquisas com camundongos diabéticos por indução e células mesangiais renais humanas, utilizando compostos dietéticos ativadores de Nrf2 sulforafano, mostrando que estes compostos podem ser eficazes no tratamento do DM e suas consequências, como a nefropatia diabética, previnem e melhoram o prognóstico da lesão renal advinda do distúrbio glicêmico.(26) Tais pesquisas podem, no futuro, após novos estudos, ser consideradas uma nova perspectiva terapêutica.

CONCLUSÃO

Manter a homeostase glicêmica e inflamatória advinda do quadro de adiposidade tem sido alvo de muitas pesquisas para prevenção e melhora do prognóstico do diabetes mellitus e suas múltiplas complicações (macro e microangiopatias, nefropatia e retinopatia diabética, pé diabético, entre outras). Assim, o papel das adipocinas, enquanto mediadores imunoinflamatórios, pode ser mais explorado na abordagem do paciente diabético resistente à ação da insulina. O tratamento holístico se faz presente na investigação do funcionamento metabólico e imunoinflamatório do paciente. É importante investigar os níveis dos marcadores inflamatórios do diabético, além de adotar uma linha de pesquisa e tratamento também voltada para novos fármacos desenvolvidos para supressão do processo inflamatório e melhora do quadro metabólico (estresse oxidativo, hiperglicemia e outras complicações). Foram encontradas, durante a pesquisa, novidades acerca da relação entre o diabetes mellitus e o quadro inflamatório, dados que mostram avanço na compreensão da patogenia e seu tratamento mais específico. Torna-se importante o reconhecimento por parte dos profissionais de saúde de toda a patogenia do diabetes mellitus associado ao processo inflamatório e suas evidências.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Fev 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    6 Jun 2018
  • Aceito
    29 Nov 2018
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