Resumo
Neste artigo, que tem como foco uma análise da representação do consumo na periferia no livro de contos No país da infância (2019), da escritora brasileira Cris Lira, argumento que, por meio de uma perspectiva cotidiana, no sentido lefebvriano, que vê o cotidiano como algo “humilde e sólido”, as histórias de Lira refletem e ao mesmo tempo constroem experiências e narrativas afetivas e críticas do que significa/significou crescer na periferia brasileira nos anos 1980 e 90 diante das pressões da sociedade de consumo. Demonstro que Lira (2019LIRA, Cris (2019). No país da infância. Belo Horizonte: Venas Abiertas.), ao imaginar os usos de várias mercadorias, identifica o que Hans Ulrich Gumbrecht (2006GUMBRECHT, Hans Ulrich (2006). Aesthetic experience in everyday worlds: reclaiming an unredeemed utopian motif. New Literary History, v. 37, n. 2, p. 299-318.) chama de “crises”, ou seja, pequenas interrupções do cotidiano que a experiência estética com bens de consumo pode produzir. Nessa perspectiva, No país da infância tece uma crítica esperançosa do cotidiano da sociedade de consumo, alinhando-se a autores como Marcus Vinícius Faustini (2009FAUSTINI, Marcus Vinícius (2009). Guia afetivo da periferia. Rio de Janeiro: Aeroplano.) em sua representação da periferia, conforme demonstro em outro trabalho (Bezerra, 2022Bezerra, Lígia (2022). Everyday consumption in twenty-first-century Brazilian fiction. West Lafayette: Purdue University Press.).
Palavras-chave:
cotidiano; consumo; periferia