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Competência em Informação, fake news e desinformação: análise das pesquisas no contexto brasileiro

Information Literacy, fake news and disinformation: research analysis in the Brazilian context

Resumo:

Foram analisadas as principais abordagens e autores das produções sobre Competência em Informação relacionadas à fake news e desinformação indexadas nas bases de dados Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e Catálogo de Teses e Dissertações CAPES até 2021. O corpus de análise se constituiu de 32 itens. O estudo demonstra uma tendência crescente da quantidade de publicações sobre a temática a partir de 2018. Em relação ao conteúdo, as publicações foram agrupadas em sete categorias e a categoria com a maior quantidade de trabalhos abrange questões relacionadas à informação e saúde no contexto das fake news e desinformação sob o viés da Competência em Informação. Evidenciou-se o cunho complexo em relação às abordagens distintas da Competência em Informação no tratamento dos fenômenos igualmente complexos de desinformação e fake news, revelando que é uma temática de estudo emergente na área, contribuindo de através de estudos teóricos e aplicados a diferentes grupos, para a mitigação dos efeitos das fake news e da desinformação.

Palavras-chave:
Competência em Informação; fake news; desinformação; produção científica

Abstract:

This study analyzes the main approaches and authors of publications about Information Literacy related to fake news and disinformation indexed in the databases Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações and Catálogo de Teses e Dissertações CAPES until 2021. The corpus of analysis consisted of 32 items. The study demonstrates a growing trend in the number of publications from 2018 onwards. As for the content, the publications were grouped into seven categories and the category with the largest number of studies includes papers about information and health in the context of fake news and disinformation related to information literacy. It was shown that the complexity regarding the different approaches to information literacy related to the equally complex phenomenon of disinformation and fake news reveals that it is an emerging study theme in the area, guaranteed through theoretical studies and applied to different groups, to mitigate the effects of fake news and disinformation.

Keywords:
Information Literacy; fake news; disinformation; scientific production

1 Introdução

O desenvolvimento de novas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), bem como o crescente uso das redes sociais e aplicativos de mensagem instantânea apresentam uma realidade de consumo e compartilhamento imediato e vertiginoso de informação que é, por vezes, enviesado e acrítico.

Conceitos como fake news e desinformação, ainda que não sejam recentes (FALLIS, 2015FALLIS, D. What is disinformation? Library Trends, Baltimore, v. 63, n. 3, p. 401-426, 2015. Available in: https://doi.org/10.1353/lib.2015.0014 . Accessed on: 19 jan. 2023.
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), ganharam notoriedade e assumiram novos significados, bem como formas renovadas de impactar a sociedade a partir do excesso informacional. Tal configuração constrói “[...] uma perigosa armadilha da qual poucos sabem escapar” (CORRÊA; CUSTÓDIO, 2018CORRÊA, E. C. D.; CUSTÓDIO, M. G. A informação enfurecida e a missão do bibliotecário em tempos de pós-verdade: uma releitura com base em Ortega y Gasset. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 197-214, 2018. , p. 204), portanto, é fundamental que os indivíduos desenvolvam habilidades para avaliar as informações a que está exposto.

O compartilhamento ininterrupto e frenético de informação se tornou então uma problemática relevante para a Ciência, dado que essas reconfigurações quanto ao compartilhamento e uso da informação evidenciam novas demandas e desafios para pesquisadores das mais distintas áreas, incluindo a Ciência da Informação (CI).

No campo da CI, podem-se destacar os esforços da Competência em Informação (CoInfo) visando à construção de habilidades e atitudes que abrangem as ações de identificar uma necessidade de informação, buscar informações, avaliar não só as informações que foram buscadas, mas as que são disseminadas por diferentes canais e meios, usá-las de forma eficaz e por fim, disseminá-las ou não de acordo com a qualidade e veracidade da informação, considerando seus aspectos éticos, legais e econômicos. Assim, a CoInfo desempenha um papel relevante no combate às fake news e desinformação.

O objetivo deste artigo é analisar as principais abordagens e autores das produções que relacionam a Competência em Informação à problemática de fake news e desinformação no contexto de pesquisa brasileiro. Identificar os principais enfoques das pesquisas; mapear autores mais produtivos sobre a temática; identificar autores mais citados e a respectiva filiação institucional são os objetivos específicos propostos.

2 Competência em Informação, fake news e desinformação

A preocupação acerca da superabundância informacional apontada pelo bibliotecário estadunidense Paul Zurkowski origina os estudos sobre Competência em Informação em 1974ZURKOWSKI, P. G. Information services environment relationships and priorities. Washington: National Commission on Libraries, 1974. Available in: http://www.eric.ed.gov/PDFS/ED100391.pdf . Accessed on: 4 jan. 2022.
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. Segundo o autor, a quantidade massiva de informação havia se tornado uma característica inerente à Sociedade da Informação e, portanto, seria necessário capacitar as pessoas a usarem os recursos informacionais disponíveis (ZURKOWSKI, 1974ZURKOWSKI, P. G. Information services environment relationships and priorities. Washington: National Commission on Libraries, 1974. Available in: http://www.eric.ed.gov/PDFS/ED100391.pdf . Accessed on: 4 jan. 2022.
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). Mais recentemente, em 2021, a Organização Mundial em Saúde publicou um relatório em saúde pública para gestão de infodemics (infodemia), a superabundância de informações que ocorre durante uma epidemia. O uso inicial do termo foi em 2003, ao traçar um paralelo entre como a informação (factual ou não) se espalha entre as pessoas de modo semelhante a uma epidemia (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2021WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO Public Health Research Agenda for Managing Infodemics. Geneva: World Health Organization, 2021. Available in: https://www.who.int/publications/i/item/9789240019508 . Accessed on: 04 jul. 2022.
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).

A evolução da Information Literacy como movimento, campo de pesquisa e prática, ao longo dos anos, ganhou destaque como um instrumento de empoderamento individual e social. Evidencia-se que no Brasil, o primeiro estudo sobre a temática foi desenvolvido em 2000 por Caregnato (CAMPELLO, 2003CAMPELLO, B. D. S. O movimento da competência informacional: uma perspectiva para o letramento informacional. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 3, p. 28-37, 2003. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-19652003000300004 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; NICOLINO; CASARIN, 2021NICOLINO, M. E. V. P.; CASARIN, H. C. S. Tendência em competência em informação em bibliotecas universitárias: revisão a partir da base library information science abstracts. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 17, n. esp., p. 1-21, 2021. ) referindo-se ao termo Information Literacy pela tradução “Alfabetização Informacional”. Adota-se Competência em Informação no presente trabalho pela tradução oficial recomendada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) nas edições do Overview of Information Literacy Resources Worlwide (HORTON JR., 2014HORTONJR., F. W. Overview of information literacy resources worldwide. Paris: UNESCO, 2014. ) e pelo Tesauro Brasileiro de Ciência da Informação (PINHEIRO; FERREZ, 2014PINHEIRO, L.V. R.; FERREZ, H. D. Tesauro Brasileiro de Ciência da Informação. Brasília: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, 2014.).

No cenário da pesquisa brasileira, a CoInfo está diretamente relacionada à função educacional das bibliotecas (DUDZIAK, 2003DUDZIAK, E. A. Information literacy: princípios, filosofia e prática. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 1, p. 23-35, 2003. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-19652003000100003 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; VITORINO; PIANTOLA, 2020VITORINO, E. V.; PIANTOLA, D. Competência em informação: conceito, contexto histórico e olhares para a ciência da informação. Florianópolis: Editora da UFSC, 2020. ; NICOLINO; CASARIN, 2021NICOLINO, M. E. V. P.; CASARIN, H. C. S. Tendência em competência em informação em bibliotecas universitárias: revisão a partir da base library information science abstracts. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 17, n. esp., p. 1-21, 2021. ), o que é evidenciado cada vez mais a partir do cenário do acesso ilimitado à informação proporcionado pelas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação até mesmo para crianças. Assim, é preciso habilitar os indivíduos para avaliar as informações e suas fontes e orientar a apropriação das informações, uso e reuso e sua divulgação.

As mudanças em relação ao acesso à informação proporcionado pelas TDIC evidenciam que “A CoInfo não é opcional e, nesse milênio, ela se torna o conceito fundamental em torno do qual outras competências se aglutinam” (BELLUZZO, 2021BELLUZZO, R. C. B. O estado da arte da competência em informação no Brasil e o protagonismo científico. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 17, n. esp., p. 01-12, 2021. , p. 9), já que a participação social, assim como o exercício pleno da cidadania dependem não apenas do acesso à informação, mas da análise quanto ao uso e apropriação. Os desafios relacionados à quantidade e variedade de suportes informacionais aumentaram exponencialmente; percebe-se que critérios objetivos de avaliação como: exatidão, autoridade, objetividade, atualidade e abrangência (TOMAÉL; ALCARÁ; SILVA, 2021TOMAÉL, M. I.; ALCARÁ, A. R.; SILVA, T. E. Fontes de informação digital: critérios de qualidade. In: TOMAÉL, M. I.; ALCARÁ, A. R. (org.). Fontes de informação digital. Londrina: Eduel, 2021. Cap. 1.) são mantidos em fontes tradicionais que migraram para a Web, a exemplo dos periódicos científicos. Ao mesmo tempo, é possível constatar que as redes sociais vêm ganhando cada vez mais status como fonte de informação, apesar de a informação disponível nesses ambientes ser criada e compartilhada pelos próprios usuários e praticamente sem controle nenhum (TOMAÉL; ALCARÁ; SILVA, 2021TOMAÉL, M. I.; ALCARÁ, A. R.; SILVA, T. E. Fontes de informação digital: critérios de qualidade. In: TOMAÉL, M. I.; ALCARÁ, A. R. (org.). Fontes de informação digital. Londrina: Eduel, 2021. Cap. 1.).

A grande problemática vai além da quantidade de informações disponíveis. Um aspecto a ser considerado é que muitas informações estão acessíveis sem a intermediação de instituições na sua produção, como editoras, por exemplo, e de entidades provedoras de informação como as bibliotecas, que selecionam e disseminam os documentos que considera ser de qualidade e adequados a seus usuários, que é decorrente do fenômeno da desintermediação. As fake news, por exemplo, frequentemente são fragmentos de documentos ou informações curtas disponibilizadas em apps de mensagem instantânea, redes sociais, micro blogs, entre outros, nos quais qualquer pessoa, a princípio, pode publicar. O panorama em geral, por um lado democratiza a produção e o acesso à informação; mas por outro, cria/fomenta um ambiente em que são necessários cuidados extras de quem consome e dissemina informação.

O termo desinformação não é novo, engloba desde propaganda enganosa, até táticas de guerra (FALLIS, 2015FALLIS, D. What is disinformation? Library Trends, Baltimore, v. 63, n. 3, p. 401-426, 2015. Available in: https://doi.org/10.1353/lib.2015.0014 . Accessed on: 19 jan. 2023.
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). Santos-D’Amorim e Miranda (2021SANTOS-D’AMORIM, K.; MIRANDA, M. F. O. Informação incorreta, desinformação e má informação: Esclarecendo definições e exemplos em tempos de desinfodemia. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 26, p. 01-23, 2021. ) descrevem e analisam os termos informação incorreta (misinformation), desinformação (disinformation) e má informação (malinformation), destacando que sua complexidade dificulta o consenso sobre a definição semântica de desinformação, evidenciando inferências sobre os fenômenos de desinformação e suas derivações que ocorrem com intencionalidade deliberadamente enganosa.

Nos anos 2000, as definições alinhavam desinformação com falta de informação. Ao longo de 20 anos, os trabalhos sobre a temática passaram a englobar outros elementos, dado o intricamento desse fenômeno, destacando facetas como informação distorcida; informação imprecisa; informação descontextualizada; manipulação; distorções ou verdades parciais; e, informações que apelam às crenças pessoais visando à manipulação (SERRANO, 2010SERRANO, P. Desinformação: como os meios de comunicação ocultam o mundo. Rio de Janeiro: Espalhafato, 2010.; HELLER; JACOBI; BORGES, 2020HELLER, B.; JACOBI, G.; BORGES, J. Por uma compreensão da desinformação sob a perspectiva da ciência da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 49, n. 2, p. 189-204, 2020. ). Esse tipo de manipulação informacional encontra solo fértil na pós-verdade, caracterizada pela indiferença a evidências factuais e científicas.

Araújo (2021ARAÚJO, C. A. V. Pós-verdade: novo objeto de estudo para a ciência da informação. Informação & Informação, Londrina, v. 26, n. 1, p. 94-111, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.5433/1981-8920.2021v26n1p94 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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) aponta que a pós-verdade caracteriza um aspecto novo em relação à falta de veracidade da informação, uma vez que mentiras e informações falsas não são novidades. A singularidade que caracteriza o fenômeno, segundo o autor, é a banalização da verdade. Evidencia-se ainda que na atualidade enfrenta-se a problemática da ação dos algoritmos, que acentuam a imersão dos indivíduos em bolhas informacionais restritivas que retroalimentam o fenômeno (ARAÚJO, 2021ARAÚJO, C. A. V. Pós-verdade: novo objeto de estudo para a ciência da informação. Informação & Informação, Londrina, v. 26, n. 1, p. 94-111, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.5433/1981-8920.2021v26n1p94 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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).

Associada à desinformação, a expressão fake news ganhou notoriedade durante a eleição presidencial estadunidense de 2016, em que o candidato eleito, Donald Trump, e sua equipe faziam uso de “fatos alternativos” (ALBRIGHT, 2017ALBRIGHT, J. Welcome to the era of fake news. Media And Communication, Lisbon, v. 5, n. 2, p. 87-89, 2017. Available in: https://doi.org/10.17645/mac.v5i2.977 . Accessed on: 19 jan. 2023.
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) em detrimento da realidade dos acontecimentos. No Brasil, o fenômeno ganhou forças nas eleições presidenciais de 2018, com o atual presidente Jair Bolsonaro, e têm se intensificado com a pandemia de Covid-19.

As fake news, por sua vez, são entendidas por Lazer et al. (2018LAZER, D. M. J. et al. The science of fake news: addressing fake news requires a multidisciplinary effort. Science, Washington, v. 359, n. 6380, p. 1094-1096, mar. 2018. Available in: https://doi.org/10.1126/science.aao2998 . Accessed on: 19 jan. 2023.
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, p. 2, tradução nossa) como “[…] informações fabricadas que imitam o formato de apresentação do conteúdo de mídias de notícia, mas não quanto ao processo de organização ou intenção”. Allcott e Gentzkow (2017ALLCOTT, H.; GENTZKOW, M. Social media and fake news in the 2016 election. Journal of Economic Perspectives, Broadway, v. 31, n. 2, p. 211-236. 2017. Available in: https://doi.org/10.1257/jep.31.2.211 . Accessed on: 19 jan. 2023.
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) as caracterizam como artigos ou informações intencionalmente falsos e que deliberadamente visam enganar o indivíduo, sendo deliberadamente criadas com o propósito de manipulação. As etapas que garantem confiabilidade, precisão e qualidade da informação são intencionalmente ignoradas, mas como consequência da mimetização do formato, o sujeito é levado a associar as fakes news à informação séria e confiável (LAZER et al., 2018LAZER, D. M. J. et al. The science of fake news: addressing fake news requires a multidisciplinary effort. Science, Washington, v. 359, n. 6380, p. 1094-1096, mar. 2018. Available in: https://doi.org/10.1126/science.aao2998 . Accessed on: 19 jan. 2023.
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). Assim, o sujeito não consegue discernir se uma informação é verdadeira ou falsa.

Logo, a CoInfo como movimento e ação educativa pode ser uma ferramenta ativa para identificação e combate das fake news e desinformação ao fomentar a aprendizagem ao longo da vida e oferecer ferramentas e habilidades que aguçam o cunho analítico e proativo do sujeito em relação à informação.

3 Procedimentos metodológicos

Realizou-se o mapeamento sistemático da literatura do tipo estudo de escopo que, a partir de uma pergunta de pesquisa do tipo exploratória, que visa fornecer uma visão geral de determinada área temática para estabelecer se há evidências de pesquisa sobre aquele tópico e fornecer indícios acerca da quantidade de evidências. É um tipo de revisão sistemática que exige menos profundidade na extração dos dados e é utilizado com foco na categorização dos estudos encontrados (KITCHENHAM; CHARTERS, 2007KITCHENHAM, B.; CHARTERS, S. Guidelines for performing systematic literature reviews in software engineering: Version 2.3. Keele: Keele University, 2007.). Para melhor entendimento dos procedimentos adotados, foi elaborado o Quadro 1. As buscas foram realizadas em três bases de dados científicas de abrangência nacional, nomeadamente: Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Quadro 1-
Protocolo de mapeamento sistemático da literatura sobre competência em informação e fake news

O levantamento realizado nas bases de dados BRAPCI, BDTD e Catálogo CAPES utilizando as estratégias apontadas na Tabela 1 e gerando os seguintes resultados:

Tabela 1 -
Estratégias de busca e resultados por bases de dados consultadas

Em seguida, houve a exclusão dos itens duplicados ou não pertinentes, visto que muitos dos itens recuperados continham os termos da expressão de busca, mas ao se consultar os metadados e em alguns casos realizar a leitura da introdução e do texto completo, foi verificado que muitos não abordavam o tema de interesse para este estudo. A grande quantidade de itens recuperados se deve ao fato de que as fontes consultadas não permitem o refinamento da busca e a especificação do campo de busca. Assim, muitos dos itens recuperados não atendiam aos critérios estabelecidos no protocolo apresentados no Quadro 1. O corpus da pesquisa ficou limitado a 32 itens, dos quais 20 eram artigos, seis trabalhos apresentados em eventos, quatro dissertações e uma tese.

Como procedimento para análise de dados, aplicou-se a Análise de Conteúdo (AC), por meio de Análise Categorial, realizada através da fragmentação do texto em unidades, reagrupando-as em seguida por analogia dos assuntos abordados, gerando categorias definidas a posteriori (BARDIN, 2016BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2016.). A identificação de temáticas e enfoques dos itens selecionados foram realizadas a partir da análise de várias seções dos textos, conforme explicitado no Quadro 1.

4 Análise e interpretação dos resultados

Pode-se afirmar que a produção científica que relaciona especificamente a Competência em Informação, fake news e desinformação no contexto da CI brasileira ainda é pequena considerando a quantidade de itens que abordam especificamente esta temática (32) recuperados nas fontes consultadas e se comparada à produção sobre outros aspectos da própria competência em informação.

Gráfico 1 -
Itens recuperados por ano

Verificou-se a distribuição dos itens recuperados por ano. O Gráfico 1 demonstra uma tendência de aumento dos artigos de periódicos que se acentuou significativamente entre 2019 e 2020 e mas que a partir de 2020 se manteve estável. Já os trabalhos de evento que cresceram rapidamente nos dois primeiros anos, vêm mantendo uma tendência de queda desde então o que mostra um amadurecimento das pesquisas sobre o tema. Já as teses e dissertações apresentaram uma tendência de aumento a partir de 2018 com ápice em 2020. Este aumento provavelmente contribuiu para o aumento da publicação artigos visto que as pesquisas de pós-graduação são divulgadas em artigos de periódicos.

O artigo mais antigo recuperado (ZATTAR, 2017ZATTAR, M. Competência em informação e desinformação: critérios de avaliação do conteúdo das fontes de informação. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 285-293, 2017. ) foi publicado no ano em que fake news foi nomeada a "palavra do ano" pelo dicionário em inglês da editora britânica Collins refletindo o movimento da pós-verdade que ganhou notoriedade em 2016, principalmente quanto à decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, apelidada de Brexit (de Britain e Exit), e a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos da América. Estes eventos se tornaram símbolos da epidemia de fake news como fomento da desinformação (GENESINI, 2018GENESINI, S. A pós-verdade é uma notícia falsa. Revista USP, São Paulo, v. 1, n. 116, p. 45 -58, 2018. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i116p45-58 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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) resultando em decisões baseadas em emoção, crenças pessoais e preconceito, ao invés de em fatos objetivos.

O primeiro registro, de autoria de Mariana Zattar (2017ZATTAR, M. Competência em informação e desinformação: critérios de avaliação do conteúdo das fontes de informação. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 285-293, 2017. ), apresenta e discute estratégias para avaliação de conteúdo das fontes de informação, com enfoque no combate à desinformação e inicia a discussão acerca do papel das agências de checagem nesse cenário. Evidencia-se a avaliação de fontes e as agências de checagem sob o viés da CoInfo como primordial ao desenvolvimento de habilidades necessárias ao indivíduo.

Em 2018, ocorreu o primeiro pico de publicações de artigos e trabalhos apresentados em eventos em CI, que pode ser explicado pelo boom de desinformação e fake news que dominou as eleições presidenciais no Brasil naquele ano. Os artigos recuperados neste período (BEZERRA, 2018BEZERRA, A. C. Contribuição da Teoria Crítica aos estudos sobre regime de informação e competência crítica em informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Londrina. Anais [...]. Londrina: UEL, 2018. p. 179-194. ; BRISOLA; ROMEIRO, 2018BRISOLA, A. C.; ROMEIRO, N. L. A competência crítica em informação como resistência: uma análise sobre o uso da informação na atualidade. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 68-87, 2018. ; BRISOLA; BEZERRA, 2018BRISOLA, A. C.; BEZERRA, A. C. Desinformação e circulação de “fake news”: distinções, diagnóstico e reação.In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Londrina. Anais [...]. Londrina: UEL , 2018. p. 3316-3330. ; MAIA; FURNIVAL; MARTINEZ, 2018MAIA, C. M.; FURNIVAL, A. C.; MARTINEZ, V. C. A Competência Informacional e fake news: uma reflexão sob a perspectiva do Marco Civil da Internet e de Ignacio Ramonet.In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Londrina. Anais [...]. Londrina: UEL , 2018. p. 1982-1989. ; RIBEIRO; FRANCO; SOARES, 2018RIBEIRO, B. C. M. S.; FRANCO, I. M.; SOARES, C. C. Competência em Informação: as fake news no contexto da vacinação. In: ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE BIBLIOECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO, GESTÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DAS REGIÕES SUDESTE, CENTRO-OESTE E SUL, 5., 2018, Niterói. Anais [...]. Niterói: UFF , 2018. p. 1-15. ; SAMPAIO; LIMA; OLIVEIRA, 2018SAMPAIO, D. B.; LIMA, I. F.; OLIVEIRA, H. P. C. Estratégias fact-checking no combate à fake news: análises informacional e tecnológica no e-farsas e boatos.org.In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Niterói. Anais [...]. Londrina: UEL , 2018. p. 1665-1685. ) ainda que não façam referência direta às eleições, discutem a proporção das fake news em relação a seu impacto em decisões políticas e a relevância dos estudos sobre meios de combate de desinformação, e também como aspectos de uso e propagação éticos da informação relacionam-se diretamente aos direitos dos cidadãos, no tocante a política, cidadania e ciência.

As pesquisas publicadas em 2019 são, em sua maioria, voltadas ao contexto educacional (FIALHO et al., 2019FIALHO, J. F. et al. Bibliotecário escolar e fake news: evidências da contribuição da biblioteca escolar. Biblionline, João Pessoa, v. 15, n. 1, p. 1202-135, 2019. ; MATA; GERLIN, 2019MATA, M. L.; GERLIN, M. N. M. Programa para a formação em competência em informação visando uma educação que auxilie no combate à desinformação: enfoque nos critérios de avaliação da informação e de fake news.In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 20., 2019, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: UFSC, 2019. ; SANTOS et al., 2021SANTOS, L. R. et al. Sala de aula invertida no enfrentamento fake news, desinformação e infodemia em época de Covid-19. Revista ACB, Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 1-20, 2021. ). Investiga-se a relação entre profissionais da informação e educadores no âmbito escolar e como podem desenvolver o conhecimento, habilidades e atitudes dos estudantes em relação às suas práticas informacionais por meio da CoInfo.

No ano de 2020, devido a Pandemia Covid-19, a crise de confiança em relação à pesquisa científica, principalmente no campo da saúde pública ganhou notoriedade. O movimento antivacina no Brasil, por exemplo, vem fazendo uso de fake news muito antes da pandemia Covid-19 (HENRIQUES, 2018HENRIQUES, C. M. P. A dupla epidemia: febre amarela e desinformação. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde, Manguinhos, v. 12, n. 1, p. 9-13, 2018. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.29397/reciis.v12i1.1513 . Acesso em: 19 jan. 2023.
http://dx.doi.org/10.29397/reciis.v12i1....
). O país perdeu a certificação de país livre do sarampo pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas) em 2017, apenas um ano após conquistá-la, e um dos principais fatores apontados é a divulgação de fake news por parte de grupos antivacina (DRUMOND, 2022DRUMOND, E. Fiocruz reforça a importância da vacinação contra o sarampo. Portal Fiocruz, Flamengo, 13 maio 2022. Disponível em: Disponível em: https://www.iff.fiocruz.br/index.php?view=article&id=85:fiocruz-reforca-importancia-vacinacao-sarampo&catid=8 . Acesso em: 06 jul. 2022.
https://www.iff.fiocruz.br/index.php?vie...
). Nesse contexto, destacam-se os trabalhos que relacionam a CoInfo com a informação em saúde (RIBEIRO; FRANCO; SOARES, 2018RIBEIRO, B. C. M. S.; FRANCO, I. M.; SOARES, C. C. Competência em Informação: as fake news no contexto da vacinação. In: ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE BIBLIOECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO, GESTÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DAS REGIÕES SUDESTE, CENTRO-OESTE E SUL, 5., 2018, Niterói. Anais [...]. Niterói: UFF , 2018. p. 1-15. ; ROCHA, 2019ROCHA, P. M. M. S. Resiliência informacional no contexto da microcefalia: o papel das práticas informacionais no ambiente digital. 2019. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Curso de Ciência da Informação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2019.; MATA; GRIGOLETO; LOUSADA, 2020MATA, M. L.; GRIGOLETO, M. C.; LOUSADA, M. Dimensões da competência em informação: reflexões frente aos movimentos de infodemia e desinformação na pandemia da Covid-19. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 1-15, 2020. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.18617/liinc.v16i2.5340 . Acesso em: 19 jan. 2023.
https://doi.org/10.18617/liinc.v16i2.534...
; SALA et al., 2020SALA, F. et al. Bibliotecas universitárias em um cenário de crise. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 5, n. 1, p. 10-32, 2020. ; VILHENA, 2020VILHENA, C. M. A. Inter-relação entre competência em informação e a COVID-19. Biblionline, João Pessoa, v. 16, n. 3/4, p. 11-23, 2020. ; FERREIRA; LIMA; SOUZA, 2021FERREIRA, J. R. S.; LIMA, P. R. S.; SOUZA, E. D. Desinformação, infodemia e caos social: impactos negativos das fake news no cenário da COVID-19. Em Questão, Porto Alegre, v. 27, n. 1, p. 30-53, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.19132/1808-5245271.30-53 . Acesso em: 19 jan. 2023.
https://doi.org/10.19132/1808-5245271.30...
; ROCHA et al., 2021ROCHA, P. M. M. S. et al. Resiliência informacional e microcefalia: práticas digitais de busca por informação. Encontros Bibli, Florianópolis, v. 26, n. 1, p. 1-22, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e78180 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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). Estes trabalhos abordam a questão das fake news sobre vacinação, revelaram uma realidade preocupante: o retorno de doenças que haviam sido erradicadas dada a relação direta entre a queda das taxas de vacinação e o aumento da proliferação da desinformação fomentada pelas fake news.

Os registros mais recentes (DIAS, 2021DIAS, F. B. C. Competência em Informação na era da Pós-Verdade: a (in)formação na graduação em biblioteconomia e ciência da informação da UFSCAR. 2021. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Curso de Ciência da Informação, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021. ; FERREIRA; LIMA; SOUZA, 2021FERREIRA, J. R. S.; LIMA, P. R. S.; SOUZA, E. D. Desinformação, infodemia e caos social: impactos negativos das fake news no cenário da COVID-19. Em Questão, Porto Alegre, v. 27, n. 1, p. 30-53, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.19132/1808-5245271.30-53 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; JACOBI; BORGES, 2021JACOBI, G.; BORGES, J. Competências infocomunicacionais de adolescentes e jovens utilizadores nas mídias sociais. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, Brasília, v. 14, n. 3, p. 722-741, 2021. ; OLIVEIRA; SOUZA, 2021OLIVEIRA, L. P.; SOUZA, M. A. R. A desinformação como pilar da intersecção entre letramento informacional e tratamento temático da informação. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 1-19, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.18617/liinc.v17i1.5635 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; OTTONICAR et al., 2021OTTONICAR, S. L. C. et al. Fake news, big data e o risco à democracia. Ibersid: revista de sistemas de información y documentación, Zaragoza, v. 15, n. 1, p. 63-74, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.54886/ibersid.v15i1.4678 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; ROCHA et al., 2021ROCHA, P. M. M. S. et al. Resiliência informacional e microcefalia: práticas digitais de busca por informação. Encontros Bibli, Florianópolis, v. 26, n. 1, p. 1-22, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e78180 . Acesso em: 19 jan. 2023.
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e...
; SANTOS et al., 2021SANTOS, L. R. et al. Sala de aula invertida no enfrentamento fake news, desinformação e infodemia em época de Covid-19. Revista ACB, Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 1-20, 2021. ; SILVA; TEIXEIRA, 2021SILVA, C. R. S.; TEIXEIRA, T. M. C. Competência em Informação na Educação Profissional: avaliação de estudantes de um curso técnico integrado ao Ensino Médio. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 1-23, 2021. ) evidenciam a complexidade acerca da desinformação e das fake news enquanto um fenômeno de produção sistemática e circulação e disseminação massiva de informações falsas que é tecido em um emaranhado de múltiplos elementos e ao mesmo tempo uno (MORIN, 2005MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2005.), pois se liga diretamente à pós-verdade, fake science e embates ideológicos. As diferentes abordagens quanto à CoInfo demonstram também a complexidade da própria temática Competência em Informação, desde a escolha do termo utilizado na pesquisa, a saber: Competência Informacional, Letramento Informacional, Competência Crítica em Informação, entre outros, que revela especificidades teórico-conceituais acerca do arcabouço conceitual relacionado a concepções, paradigmas e experiências do pesquisador. Malgrado essas diferenças, tais abordagens são inter-relacionadas.

Constatou-se a ausência de uma elite de pesquisa consolidada, dado que foram identificados 65 autores diferentes no conjunto das 32 publicações analisadas, evidenciando uma dispersão de autores que se dedicam ao tema, aspecto que caracteriza campos de estudo emergentes. Deste conjunto, apenas seis autores com duas publicações sobre o tema, a saber: Anna Cristina Brisola, Arthur Coelho Bezerra, Edivânio Duarte Souza, Marta Leandro da Mata, Paulini Mariele da Silva e Renata Lira Furtado, enquanto os demais têm apenas uma publicação.

Analisou-se ainda os autores mais citados nas publicações que compõem o corpus deste trabalho a fim de se identificar seus principais marcos teóricos. O mapeamento das citações foi feito a partir da extração de todas as referências dos itens analisados. Foram identificados 11 autores. A Tabela 2 aponta autores com dez ou mais citações, a quantidade de citações obtidas e a área de atuação dos mesmos. Ressalta-se que alguns dos autores tinham mais de um trabalho citado nos itens analisados. As citações referentes a procedimentos metodológicos e de organizações ou entidades coletivas não foram incluídas.

Tabela 2 -
Autores mais citados nas publicações analisadas

Os dados na Tabela 2 apontam a relevância de autores seminais na construção da Competência em Informação na pesquisa brasileira. As duas autoras mais citadas, Regina Célia Baptista Belluzzo e Elisabeth Adriana Dudziak, foram pioneiras da discussão do conceito no Brasil. Belluzzo (2004BELLUZZO, R. C. B. Formação contínua de professores do ensino fundamental sob a ótica do desenvolvimento da information literacy, competência indispensável ao acesso à informação e geração do conhecimento. Transinformação, Campinas, v. 16, n. 1, p. 17-32, 2004. ) discutiu a relação de professores do ensino fundamental com a Information Literacy, a partir da discussão de aspectos histórico-conceituais para teorização e possíveis aplicações práticas em relação à formação contínua de professores. O artigo “Information literacy: princípios, filosofia e prática” de Dudziak (2003DUDZIAK, E. A. Information literacy: princípios, filosofia e prática. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 1, p. 23-35, 2003. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-19652003000100003 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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) explicitou fundamentos teórico-conceituais e elencou pontos relevantes de atuação de bibliotecas e bibliotecários para uma educação voltada para a área. A maior parte dos autores citados dez vezes ou mais é brasileira.

A análise do conteúdo dos itens que compuseram o corpus deste estudo gerou sete categorias, estabelecidas a partir da semelhança de enfoques entre as pesquisas.

4.1 Categorias de análise

A categoria 1 engloba oito itens que abordam questões relacionadas à informação e saúde no contexto das fake news e desinformação sob o viés da Competência em Informação (RIBEIRO; FRANCO; SOARES, 2018RIBEIRO, B. C. M. S.; FRANCO, I. M.; SOARES, C. C. Competência em Informação: as fake news no contexto da vacinação. In: ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE BIBLIOECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO, GESTÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DAS REGIÕES SUDESTE, CENTRO-OESTE E SUL, 5., 2018, Niterói. Anais [...]. Niterói: UFF , 2018. p. 1-15. ; ROCHA, 2019ROCHA, P. M. M. S. Resiliência informacional no contexto da microcefalia: o papel das práticas informacionais no ambiente digital. 2019. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Curso de Ciência da Informação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2019.; MATA; GRIGOLETO; LOUSADA, 2020MATA, M. L.; GRIGOLETO, M. C.; LOUSADA, M. Dimensões da competência em informação: reflexões frente aos movimentos de infodemia e desinformação na pandemia da Covid-19. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 1-15, 2020. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.18617/liinc.v16i2.5340 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; SALA et al., 2020SALA, F. et al. Bibliotecas universitárias em um cenário de crise. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 5, n. 1, p. 10-32, 2020. ; SANTOS et al., 2020SANTOS, A. D. G. et al. Letramento informacional, Covid-19 e infodemia. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 1-24, 2020. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.18617/liinc.v16i2.5214 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; VILHENA, 2020VILHENA, C. M. A. Inter-relação entre competência em informação e a COVID-19. Biblionline, João Pessoa, v. 16, n. 3/4, p. 11-23, 2020. ; FERREIRA; LIMA; SOUZA, 2021FERREIRA, J. R. S.; LIMA, P. R. S.; SOUZA, E. D. Desinformação, infodemia e caos social: impactos negativos das fake news no cenário da COVID-19. Em Questão, Porto Alegre, v. 27, n. 1, p. 30-53, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.19132/1808-5245271.30-53 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; ROCHA et al., 2021ROCHA, P. M. M. S. et al. Resiliência informacional e microcefalia: práticas digitais de busca por informação. Encontros Bibli, Florianópolis, v. 26, n. 1, p. 1-22, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e78180 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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). É comum que usuários leigos busquem informações sobre saúde na rede, contudo o usuário pode deparar-se com fake news e desinformação dada à facilidade de acesso e compartilhamento na Internet (TABOSA; PINTO, 2016TABOSA, H. R.; PINTO, V. B. Caracterização do comportamento de busca e uso de informação na área da saúde: o modelo de ellis aplicado ao estudo do comportamento informacional de pacientes. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 26, n. 2, 2016. ; BRASILEIRO; ALMEIDA, 2021BRASILEIRO, F. S.; ALMEIDA, A. M. P. Barreiras à informação em saúde nas mídias sociais. Revista Digital de Biblioteconomia & Ciência da Informação, Campinas, v. 19, n. 1, p. 1-21, 2021. ), principalmente em relação à vacinação e tratamentos. Quatro dos oito artigos apontam que os profissionais da informação precisam refletir e adotar posturas inovadoras nas ações de CoInfo, utilizando as redes sociais e postagens para fomentar a aprendizagem ao longo da vida sobre o uso de fontes informacionais, as características de uma informação factual, o que é fake news e desinformação, bem como o uso das agências de checagem. Três artigos evidenciam a heterogeneidade da informação nos ambientes digitais e enfatizam a importância da CoInfo no contexto da saúde, principalmente com estratégias especificamente voltadas aos profissionais da área. E um artigo orienta que as ações de combate à desinformação e fake news sejam planejadas fundamentadas nas dimensões da competência em informação elaboradas por Vitorino e Piantola (2011VITORINO, E. V.; PIANTOLA, D. Dimensões da Competência Informacional. Ciência da Informação, Brasília, v. 40, n. 1, 2011. ): a técnica, a estética, a ética e a política, pois contempla âmbitos que impactam o entendimento dos sujeitos acerca do cenário pandêmico.

A segunda categoria conta com seis trabalhos (ZATTAR, 2017ZATTAR, M. Competência em informação e desinformação: critérios de avaliação do conteúdo das fontes de informação. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 285-293, 2017. ; SAMPAIO; LIMA; OLIVEIRA, 2018SAMPAIO, D. B.; LIMA, I. F.; OLIVEIRA, H. P. C. Estratégias fact-checking no combate à fake news: análises informacional e tecnológica no e-farsas e boatos.org.In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Niterói. Anais [...]. Londrina: UEL , 2018. p. 1665-1685. ; MATA; GERLIN, 2019MATA, M. L.; GERLIN, M. N. M. Programa para a formação em competência em informação visando uma educação que auxilie no combate à desinformação: enfoque nos critérios de avaliação da informação e de fake news.In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 20., 2019, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: UFSC, 2019. ; SANTOS et al., 2020SANTOS, J. O. et al. Avaliação informacional em ambientes colaborativos. Em Questão, Porto Alegre, v. 26, n. 3, p. 327-353, 2020. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.19132/1808-5245263.327-353 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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; JACOBI; BORGES, 2021JACOBI, G.; BORGES, J. Competências infocomunicacionais de adolescentes e jovens utilizadores nas mídias sociais. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, Brasília, v. 14, n. 3, p. 722-741, 2021. ; SILVA; TEIXEIRA, 2021SILVA, C. R. S.; TEIXEIRA, T. M. C. Competência em Informação na Educação Profissional: avaliação de estudantes de um curso técnico integrado ao Ensino Médio. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 1-23, 2021. ) que evidenciam a avaliação da informação a partir de princípios de Competência em Informação com foco no combate a fake news e a desinformação. Conforme ressaltam os autores, não basta o mero acesso à informação, a sua avaliação é fundamental para assegurar que o processo de seleção de fontes e de informações seja orientado por aspectos como confiabilidade, relevância e autoridade, conferindo habilidade e conhecimento quanto ao que é de fato uma informação de qualidade (DUTRA; BARBOSA, 2017DUTRA, F. G.; BARBOSA, R. R. Modelos e critérios para avaliação da qualidade de fontes de informação: uma revisão sistemática de literatura. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 27, n. 2, p. 19-33, 2017.). Incluem-se nessa categoria pesquisas sobre fact-checking, um movimento que surge no jornalismo e têm se tornando objeto de interesse à CI já que propõe estratégias quanto à busca por informações confiáveis orientadas por princípios como verdade e objetividade (SAMPAIO; LIMA; OLIVEIRA, 2018SAMPAIO, D. B.; LIMA, I. F.; OLIVEIRA, H. P. C. Estratégias fact-checking no combate à fake news: análises informacional e tecnológica no e-farsas e boatos.org.In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Niterói. Anais [...]. Londrina: UEL , 2018. p. 1665-1685. ; SANTOS; MAURER, 2020SANTOS, C. R. P.; MAURER, C. Potencialidades e limites do fact-checking no combate à desinformação. Comunicação & Informação, Goiânia, v. 23, n. 1, p. 1-14, 2020. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.5216/ci.v23i.57839 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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).

Os estudos que discutem a CoInfo como conteúdo a ser abordado em diferentes situações educacionais, entre elas os anos iniciais da graduação e grupos de idosos, evidenciando sua importância para o combate à desinformação e as fake news compõem a terceira categoria. Cinco trabalhos abordam o ensino da CoInfo na graduação (FIALHO et al., 2019FIALHO, J. F. et al. Bibliotecário escolar e fake news: evidências da contribuição da biblioteca escolar. Biblionline, João Pessoa, v. 15, n. 1, p. 1202-135, 2019. ; CUSTÓDIO, 2020CUSTÓDIO, M. G. Competência em Informação e a Desinformação em Bibliotecas Universitárias: um estudo de caso. 2020. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Curso de Ciência da Informação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2020. ; LUSTOSA, 2020LUSTOSA, I. T. Bibliotecário e Pós-Verdade no contexto da informação, memória e poder nas redes sociais: uma proposta de letramento informacional para o instituto federal do maranhão campus caxias, e-clin. 2020. Dissertação (Mestrado em Biblioteconomia) - Curso de Biblioteconomia, Universidade Federal do Cariri, Juazeiro do Norte, 2020. ; SANTOS et al., 2021SANTOS, L. R. et al. Sala de aula invertida no enfrentamento fake news, desinformação e infodemia em época de Covid-19. Revista ACB, Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 1-20, 2021. ; DIAS, 2021DIAS, F. B. C. Competência em Informação na era da Pós-Verdade: a (in)formação na graduação em biblioteconomia e ciência da informação da UFSCAR. 2021. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Curso de Ciência da Informação, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2021. ) e um trabalho relacionado à CoInfo para idosos (ESTABEL; LUCE; SANTINI, 2020ESTABEL, L. B.; LUCE, B. F.; SANTINI, L. A. Idosos, fake news e letramento informacional. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 1-15, 2020. ).

Compreende-se que a CoInfo visa desenvolver o conhecimento, habilidades e atitudes dos estudantes em relação às suas práticas informacionais tornando-o mais autônomo. Deste modo, propicia uma aprendizagem mais ativa, tanto no que se refere ao uso de meios para busca e acesso à informação, quanto desenvolvem criticidade sobre as fontes de informação confiáveis (OTTONICAR; VALENTIM; FERES, 2016OTTONICAR, S. L. C.; VALENTIM, M. L. P.; FERES, G. G. Competência em informação e os contextos educacional, tecnológico, político e organizacional. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, Brasília, v. 9, n. 1, p. 124-142, 2016. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.26512/rici.v9.n1.2016.2203 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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). Para Casarin et al. (2013CASARIN, H. C. S. et al. Colaboração entre professores e bibliotecários no contexto escolar. Ensino em Re-Vista, Uberlândia, v. 20, n. 2, p. 367-380, 2013. ), que abordam a relação entre o bibliotecário e outros agentes educativos, entre eles o professor, ressaltam que é por meio de um trabalho colaborativo entre estes agentes que é possível desenvolver adequadamente a Competência em Informação dos estudantes. Outro grupo enfocado nos estudos desta categoria são os idosos, que são considerados como pessoas em vulnerabilidade social (LUCCA; VITORINO, 2019LUCCA, D. M.; VITORINO, E. V. Competência em Informação e necessidades de informação de idosos: o papel do profissional da informação nesse contexto. Informação & Informação, Londrina, v. 24, n. 1, p. 458-483, 2019. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.5433/1981-8920.2019v24n1p458 . Acesso em: 19 jan. 2023.
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), especialmente por serem considerados imigrantes digitais. O trabalho de Estabel, Luce e Santini (2020ESTABEL, L. B.; LUCE, B. F.; SANTINI, L. A. Idosos, fake news e letramento informacional. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 1-15, 2020. ) tem como principal objetivo salientar a importância de se trabalhar a CoInfo com este grupo inclusive em relação às fake news que põem em risco a saúde e mesmo a integridade dos idosos.

A quarta categoria é constituída por quatro trabalhos (BEZERRA, 2018BEZERRA, A. C. Contribuição da Teoria Crítica aos estudos sobre regime de informação e competência crítica em informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Londrina. Anais [...]. Londrina: UEL, 2018. p. 179-194. ; BRISOLA; BEZERRA, 2018BRISOLA, A. C.; ROMEIRO, N. L. A competência crítica em informação como resistência: uma análise sobre o uso da informação na atualidade. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 68-87, 2018. ; BRISOLA; ROMEIRO, 2018BRISOLA, A. C.; ROMEIRO, N. L. A competência crítica em informação como resistência: uma análise sobre o uso da informação na atualidade. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 68-87, 2018. ; OLIVEIRA, 2020OLIVEIRA, M. L. P. Competência Crítica em Informação e Fake News: das metodologias de fact-checking à auditabilidade do sujeito comum. 2020. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Curso de Ciência da Informação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2020. ) que abrangem a Competência Crítica em Informação, apontada como uma abordagem da Competência em Informação, uma linha de investigação fundamentada na Teoria Crítica (TEWELL, 2015TEWELL, E. A decade of critical information literacy: a review of the literature. Communications in Information Literacy, Tulsa, v. 9, n. 1, p. 24-43, 2015. ) em relação ao fenômeno de fake news e desinformação. Os trabalhos recuperados evidenciam a Teoria Crítica que, em suma, propõe conceber relações mais estreitas entre teoria e prática objetivando a interferência na realidade, com intencionalidade ao se opor ao pensamento conformista e à dominação para fins de transformação social (TEWELL, 2015TEWELL, E. A decade of critical information literacy: a review of the literature. Communications in Information Literacy, Tulsa, v. 9, n. 1, p. 24-43, 2015. ).

A quinta categoria engloba pesquisas que evidenciam a importância da informação para a sociedade democrática e inclui quatro trabalhos (MAIA; FURNIVAL; MARTINEZ, 2018MAIA, C. M.; FURNIVAL, A. C.; MARTINEZ, V. C. A Competência Informacional e fake news: uma reflexão sob a perspectiva do Marco Civil da Internet e de Ignacio Ramonet.In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Londrina. Anais [...]. Londrina: UEL , 2018. p. 1982-1989. ; OLIVEIRA, 2018OLIVEIRA, S. M. P. Disseminação da informação na era das fake news. In: ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE BIBLIOECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO, GESTÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DAS REGIÕES SUDESTE, CENTRO-OESTE E SUL, 5., 2018, Niterói. Anais [...]. Niterói: UFF, 2018. p. 1-15. ; OLIVEIRA; SOUZA, 2021OLIVEIRA, L. P.; SOUZA, M. A. R. A desinformação como pilar da intersecção entre letramento informacional e tratamento temático da informação. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 1-19, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.18617/liinc.v17i1.5635 . Acesso em: 19 jan. 2023.
https://doi.org/10.18617/liinc.v17i1.563...
; OTTONICAR et al., 2021OTTONICAR, S. L. C. et al. Fake news, big data e o risco à democracia. Ibersid: revista de sistemas de información y documentación, Zaragoza, v. 15, n. 1, p. 63-74, 2021. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.54886/ibersid.v15i1.4678 . Acesso em: 19 jan. 2023.
https://doi.org/10.54886/ibersid.v15i1.4...
). Os estudos focam nos impactos das TDIC a partir da literatura acadêmica existente, indicando a relação da desinformação e fake news como riscos à democracia como um todo. As redes sociais vêm sendo usadas como instrumento de manipulação social, no Facebook, previamente a eleição presidencial estadunidense de 2016, a disseminação de fake news, atingiu 8,7 milhões de compartilhamentos, reações ou comentários em comparação com 7,3 milhões para notícias convencionais (STABILE, et al., 2019STABILE, B. et al. Sex, lies, and stereotypes: gendered implications of fake news for women in politics. Public Integrity, Oxon, v. 21, n. 5, p. 491-502, 2019. ). Os itens dessa categoria não necessariamente fazem menção direta a questões eleitorais ou políticas, mas compreendem a gravidade da relação fake news e desinformação em oposição à manutenção da democracia.

A sexta categoria engloba trabalhos que explicitam conceitos, definições e teorias acerca dos fenômenos fake news e desinformação relacionando-os às práticas da competência em informação, com dois trabalhos (HELLER; JACOBI; BORGES, 2020HELLER, B.; JACOBI, G.; BORGES, J. Por uma compreensão da desinformação sob a perspectiva da ciência da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 49, n. 2, p. 189-204, 2020. ; PASQUALINO, 2020PASQUALINO, A. P. S. N. Desinformação e fake news: estudo da produção científica na ciência da informação. 2020. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Curso de Ciência da Informação, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2020.). Sob o ponto de vista metodológico, caracterizam-se como revisão de literatura. Evidenciam a perspectiva informacional do fenômeno e, portanto, a relevância do tema para a área de ciência da informação (CI).

A categoria sete inclui dois trabalhos (MOURA; FURTADO; BELLUZZO, 2019MOURA, A. R. P.; FURTADO, R. L.; BELLUZZO, R. C. B. Desinformação e competência em informação: discussões e possibilidades na Arquivologia. Ciência da Informação em Revista, Maceió, v. 6, n. 1, p. 37-57, 2019. ; FURTADO; OLIVEIRA, 2020FURTADO, R. L.; OLIVEIRA, J. G. O fenômeno desinformação sob a perspectiva dos arquivistas brasileiros. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 5, n. 2, p. 107-131, 2020. ) que visam identificar convergências entre CoInfo, desinformação e fake news especificamente no âmbito da Arquivologia. A temática Competência em Informação surgiu no contexto da Biblioteconomia (DUDZIAK, 2003DUDZIAK, E. A. Information literacy: princípios, filosofia e prática. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 1, p. 23-35, 2003. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-19652003000100003 . Acesso em: 19 jan. 2023.
https://doi.org/10.1590/S0100-1965200300...
) e percebe-se que, mesmo com indícios contundentes das aproximações com a Arquivologia, as pesquisas relacionando as temáticas Arquivologia e CoInfo iniciaram, no Brasil, em 2016 (FURTADO; SANTOS, 2021FURTADO, R. L.; SANTOS, G. J. P. Mapeamento da produção acadêmico-científica sobre competência em informação na arquivologia: da aprendizagem às práticas profissionais. Ágora, Florianópolis, v. 31, n. 62, p. 1-24, 2021. ). Dado que a atuação do arquivista inclui questões de produção, classificação, preservação, avaliação, descrição e difusão/disponibilização da informação e o gerenciamento de unidades de informação é pertinente investigar a CoInfo no campo arquivístico dado que os arquivos são fontes de informação (VENTURA; SILVA; VITORINO, 2018VENTURA, R.; SILVA, E. C. L.; VITORINO, E. V. Competência em informação: uma abordagem sobre o arquivista. Biblios, Rio Grande, v. 1, n. 73, p. 35-50, 2018. ).

Salienta-se que a categorização das pesquisas serviu ao propósito de evidenciar diversas abordagens que caracterizam a investigação brasileira do tema e que mesmo separadas por categorias distintas, os múltiplos enfoques e abordagens têm relação entre si, já que questões políticas, sociais, de saúde e educacionais referentes à informação impactam a sociedade como um todo.

5 Considerações finais

O campo da CoInfo é caracterizado pelas transformações teóricas, metodológicas e epistemológicas desde seu início, em meados dos anos 1970, em que tanto as pesquisas quanto o movimento que marcam o fazer profissional em relação à temática enfrentam problemas de superabundância e desordem informacional que se tornaram cada vez mais intrincados e multifacetados com o passar do tempo. A conjuntura atual, de conexão imediata e ininterrupta propiciada pelas tecnologias, compeliu a área a expandir seus horizontes a diferentes temáticas, teorias e abordagens como enfrentamento aos obstáculos propiciados por essa realidade de consumo informacional.

A dispersão entre autores que pesquisam sobre a relação fake news, desinformação e Competência em Informação, indício paralelo ao número restrito de pesquisadores mais produtivos, apontam que a temática ainda é recente, mas que, dado o poder da informação na sociedade, a questão de manipulação dos fatos através das fake news e desinformação principalmente por intermédio das TDIC, corrobora a importância da CoInfo para o desenvolvimento de competências e cunho analítico acerca da informação.

Os enfoques temáticos bem como as concepções teóricas de Letramento Informacional, Competência em Informação, Literacia Informacional, Alfabetização Informacional e Competência Informacional demonstram a natureza multifacetada com que a Information Literacy é pesquisada e implementada no cenário do acesso ilimitado à informação tem sido pesquisada e implementada no cenário do acesso ilimitado à informação, contribuindo de através de estudos teóricos e aplicados a diferentes grupos, para a mitigação dos efeitos das fake news e da desinformação.

Indica-se para estudos futuros, que sejam realizados novos estudos por macro regiões, como a América Latina, região histórica e majoritariamente dominada pelos impérios coloniais europeus Espanhol e Português, evidenciando semelhanças e disparidades em relação à temática, de maneira a contestar, remodelar e/ou propor novas categorias quanto à Competência em Informação relacionada à desinformação e fake news.

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  • Financiamento

    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 e apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Ago 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    08 Jul 2022
  • Aceito
    21 Dez 2022
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