Editorial
Os apelos por publicação dirigidos aos pesquisadores nos dias atuais vêm se fazendo cada vez mais incisivos. Se de um lado podem aí ser reconhecidas as pressões institucionais por aumento de produtividade, por outro é inegável que esse movimento diz respeito às exigências da própria atividade científica, para cujo desenvolvimento a divulgação dos conhecimentos produzidos é uma necessidade vital. As pesquisas precisam ser divulgadas e conhecidas, essencialmente, para que possam ser submetidas ao debate e ao escrutínio público e, então, integradas ao corpo de conhecimentos de seus respectivos campos de investigação. Fora dessa dinâmica, é muito provável que se perca boa parte dos trabalhos que são produzidos em ritmo cada vez mais acelerado nas universidades e instituições de pesquisa.
É nesse contexto desafiador que se ressalta a importância dos periódicos, pois, ao se colocarem a serviço da divulgação e disseminação da produção acadêmica, cumprem papel crucial para a vitalidade da atividade científica. Esse papel adquire ainda maior significado quando consideramos que as revistas constituem a forma mais arbitrada dentre as publicações, pelo fato de adotarem o sistema de avaliação por pares. O que se busca garantir por esta via é a efetivação de um processo mais democrático na seleção dos trabalhos, de forma a viabilizar a publicação daqueles que se apresentem como inovadores e de contribuição relevante.
Foi levando em conta esses aspectos que a presente Comissão Editorial de Educação e Pesquisa deu início, a partir do número anterior, a seu projeto de reestruturação, com a perspectiva de contribuir para uma melhor difusão dos conhecimentos da área educacional, estimulando o debate acadêmico e favorecendo um maior intercâmbio entre os especialistas nacionais e estrangeiros. Este segundo número busca dar continuidade a tal projeto, ao publicar artigos de pesquisadores vinculados a diversas universidades brasileiras e também do exterior. Os temas por eles examinados são resultados de pesquisa de natureza diversa, que a partir de diferentes enfoques oferecem um leque de questões instigantes para a pesquisa e a prática em educação.
A diversidade que tanto prezamos pode, todavia, ser traída pelo risco de uma dispersão excessiva, sobretudo porque a pesquisa em educação é alimentada pelas relações entre esta área e muitos outros campos disciplinares. Para evitar essa dispersão, Educação e Pesquisa está buscando organizar sessões temáticas para serem apresentadas a cada número, já a partir deste. Ao reunir vários artigos em torno de um mesmo tema, o propósito principal é o de instigar ainda mais a polêmica, favorecendo a reflexão teórica e a busca de novos caminhos investigativos.
Em foco, título desta nova sessão, é inaugurada neste número com o tema o tempo escolar que, sob a organização cuidadosa de Marília Pinto de Carvalho, é explorado sob os enfoques da história, da sociologia e da etnografia, nos três textos que a integram.
Dentro desse mesmo espírito, também foi preparada para este número a tradução do artigo As humanidades no ensino, de autoria de André Chervel e Marie-Madeleine Compère, pesquisadores franceses que têm dado impulso e contribuição significativa à historiografia educacional e às pesquisas sobre a história das disciplinas escolares.
A última sessão da revista é dedicada à publicação da Carta de recomendações do editores de periódicos científicos de educação - São Paulo, 2000, subscrita pelos vinte e quatro periódicos que também estão dando publicidade ao texto. Essas recomendações resultam do seminário organizado pela Comissão Editorial de Educação e Pesquisa na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, em agosto de 2000, para discutir questões relacionadas à política de publicação científica em educação no Brasil hoje.
Belmira Oliveira Bueno
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
28 Maio 2003 -
Data do Fascículo
Jul 1999
