Acessibilidade / Reportar erro

A LEITURA DE TEXTOS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS COMO CONFRONTO DE PERSPECTIVAS

READING OF SCIENCE TEXTBOOKS AS A CONFRONTATION OF PERSPECTIVES

Resumos

A afirmação de que a formação de sujeitos leitores e produtores de texto é um compromisso transversal de todas as áreas da educação escolar desafiou os autores deste trabalho a buscar modos de mediar a ação de professores de ciências identificados com esse discurso. Neste artigo, apresentamos dados que emergiram da análise de uma das atividades concebidas para atender a esse objetivo. A avaliação da mesma nos remeteu às questões tais como: (i) de que modo os estudantes se expressaram sobre a tensão, sugerida pelo texto lido na ocasião, entre a cultura popular e a cultura das ciências? (ii) que aspectos do texto foram considerados mais provocativos, por esses sujeitos, e como eles os confrontaram?

Leitura de textos didáticos de ciências; formação de leitores; formação de professores


The task of preparing good readers and writers is not exclusive responsibility of first language teachers. Aware of this commitment we feel challenged to seek ways to mediate the action of science teachers in reading activities in the classroom. This article presents an analysis of one of these mediations with pre-service teachers in Brazil. The data originated from the analysis of student's written production. This analysis allowed us to answer the following questions: (i) How did pre-service teachers perceive the tension established by the author of the text between science culture and popular culture? (ii) Which features of the text were perceived as against popular culture and how did these persons react to them?

Reading of science textbook; Reader education; Teacher training


Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • AIKENHEAD, G. S. Educação Científica para todos. Lisboa, Edições Pedago, 2009.
  • ALMEIDA, M. J. P. M. Discursos da Ciência e da Escola: Ideologia e Leituras Possíveis. Mercado de Letras, Campinas, 2004.
  • ALMEIDA, M. J. P. M; CASSIANI, S. e OLIVEIRA, O. B. Leitura e escrita em aulas de ciências. Florianópolis, Letras Contemporâneas, 2008.
  • ALTHUSSER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do estado. Lisboa/São Paulo, Editorial Presença/Editora Martins Fontes, 3ª Edição, 1980.
  • ANDRADE, I. B e MARTINS, I. Discursos de professores de ciências sobre leitura. Investigações em Ensino de Ciências - V11(2), pp. 121-151, 2006.
  • APEC. Construindo Consciências. Volume 2. São Paulo, Editora Scipione, 2004.
  • BAKHTIN, M. Discourse in the novel. In: BAKHTIN, M.The dialogic Imagination: four essays. Austin: University of Texas Press, 1981.
  • BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo, Editora Martins Fontes, 1997.
  • BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética. São Paulo: Unesp/Hucitec, 1998.
  • CASTILHO; A. T. e CASTILHO, C. M. M. Advérbios modalizadores. In: ILARI, Rodolfo. Gramática do Português Falado. São Paulo: Unicamp, 1992.
  • CERTEAU, M. A Cultura no Plural. Campinas, São Paulo, Editora Papirus, 4ª Edição, 2005.
  • CHAUÍ, M. S. O que é ideologia. São Paulo, Abril Cultural/Brasiliense, 1984.
  • DaMATTA, R. Relativizando: uma introdução à antropologia cultural. Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1987.
  • DAUSTER, T. Antropologia e Educação: um saber de fronteira. Rio de Janeiro, Editora Forma & Ação, 2007.
  • DIAS, R. H. A.; ALMEIDA, M. J. P. M. A Repetição Em Interpretações De Licenciandos Em Física Ao Lerem As Revistas Ciência Hoje e Pesquisa Fapesp. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências (Impresso), v. 12, p. 51-64, 2010.
  • GINZBURG, C. Pistas, signos e sinais. In: Mitos, emblemas e sinais: morfologia e História. T. Carrotti (trad.). São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
  • KLEIMAN, A. B. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. São Paulo; Pontes, 1989.
  • KOCH, A. e ECKSTEIN, S. G. Improvement of reading comprehension of physics texts by students' question formulation. International Journal of Science Education, Vol. 13, nº 4, 473-485, 1991.
  • LATOUR, B.; WOOLGAR, S. A vida de Laboratório: A produção dos Fatos Científicos. Dumará Distribuidora de Publicações Ltda, Rio de Janeiro, R.J., 1997.
  • LIMA, M. E. C. C. Sentidos do Trabalho: a Educação Continuada de Professores. Belo Horizonte, Editora: Autêntica, 2005.
  • ORLANDI, E. de L. P. Análise de Discurso. 2ª ed. Campinas: Pontes, 2000.
  • ORLANDI, E. de L. P. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas: Ed. Pontes, 2001.
  • ORLANDI, E. de L. P. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 2. ed. Campinas: Pontes, 2007.
  • PAULA, H. F. e LIMA, M. E. C. C. Formulação de questões e mediação da leitura. Investigações em Ensino de Ciências - V15(3), pp. 429-461, 2010.
  • SILVA, H.C. e ALMEIDA, M. J. P. Condições de Produção da leitura em aulas de Física no Ensino Médio. In: ALMEIDA, M. J. P., SILVA, H.C. Linguagens, leituras e ensino de ciências. Campinas: Mercado das Letras, 1998.
  • SILVA, H. C.; ALMEIDA, M. J. P. M. O deslocamento de aspectos do funcionamento do discurso pedagógico pela leitura de textos de divulgação científica em aulas de física. REEC. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, Barcelona, v. 4, n. 3, p. 1-25, 2005.
  • SILVEIRA, F. L. A Lua e os bebês. In: Ciência hoje, n. 170, v. 29, 2001.
  • SORPRESO, T. P.; ALMEIDA, M. J. P. M. Aspectos do imaginário de licenciandos em física numa situação envolvendo a resolução de problemas e a questão nuclear. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 25, p. 77-98, 2008.
  • VOLOCHINOV. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo, Editora Hucitec, 1997.
  • VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem, Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 2a tiragem da 2a ed. (original publicado em 1934); 1999.
  • ZANOTELLO, M.; ALMEIDA, M. J. P. M. Produção de sentidos e possibilidades de mediação na física do ensino médio: leitura de um livro sobre Isaac Newton. Revista Brasileira de Ensino de Física (Online), v. 29, p. 437-446, 2007.
  • *
    Licenciado em física pela universidade federal de minas Gerais (1986), mestrado em tecnologia pelo centro federal de educação tecnológica de minas Gerais (1996) e doutorado em educação pela universidade federal de minas Gerais (2004). Atualmente é professor do colégio técnico da universidade federal de minas Gerais e-mail: helder100@gmail.com
  • **
    Licenciada em Química pela universidade federal de minas Gerais (1985), mestre em educação pela universidade federal de minas Gerais (1990) e doutora em educação pela universidade estadual de campinas (2003). Professora Adjunta da faculdade de educação da Uuniversidade federal de minas Gerais e-mail: mecdcl@uol.com.br
  • 1
    O conceito de palavra própria em Bakhtin nos remete às situações nas quais um enunciador toma como sua uma dada enunciação, esquecendo-se da origem social e dialógica de todo e qualquer enunciado. Nas ciências naturais, segundo Latour e Woolgar (1987), o esquecimento da origem social e dialógica dos enunciados conduz à reificação do conhecimento científico, isto é, à transformação de artefatos culturais em fatos atribuídos à natureza. Curiosamente, nesse caso, o esquecimento da origem não conduz à construção da autoria, mas ao apagamento dos vestígios do autor, que é um processo necessário à instituição de um conhecimento supostamente universal. Contudo, como todo fato é, em essência, um artefato, nós podemos concluir, com Bakhtin, que o acabamento estético nas ciências é também um acabamento ideológico que remete a um esquecimento da provisoriedade do conhecimento científico.
  • 2
    A disponibilidade de luz à noite é dramaticamente afetada pela fase da Lua em ambientes afastados dos grandes centros urbanos. Sendo assim, os animais de hábitos noturnos têm sua atividade regulada pelas fases de nosso satélite natural. Os animais frutívoros, por exemplo, que dependem da visão noturna para obtenção de alimentos, tenderão a se alimentar mais e a defecar mais nos períodos de lua cheia, criando, assim, uma clara vinculação entre a disseminação de sementes e as fases da Lua.
  • 3
    Helder Figueiredo Paula - licenciado em física pela universidade federal de minas Gerais (1986), mestrado em tecnologia pelo centro federal de educação tecnológica de minas Gerais (1996) e doutorado em educação pela universidade federal de minas Gerais (2004). Atualmente é professor do colégio técnico da universidade federal de minas Gerais e-mail: helder100@gmail.com
  • 4
    Maria Emília Caixeta de Castro Lima - licenciada em Química pela universidade federal de minas Gerais (1985), mestre em educação pela universidade federal de minas Gerais (1990) e doutora em educação pela universidade estadual de campinas (2003). Professora Adjunta da faculdade de educação da universidade federal de minas Gerais e-mail: mecdcl@uol.com.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2011

Histórico

  • Recebido
    11 Fev 2011
  • Aceito
    06 Jun 2011
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais Av. Antonio Carlos, 6627, CEP 31270-901 Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, Tel.: (55 31) 3409-5338, Fax: (55 31) 3409-5337 - Belo Horizonte - MG - Brazil
E-mail: ensaio@fae.ufmg.br