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Estimativa do dispêndio de água virtual nas exportações brasileiras no período de 2003 a 2014

Estimation of virtual water use in Brazilian exports from 2003 to 2014

RESUMO

O conceito de água virtual tem sido muito utilizado como importante indicador de consumo, sendo cada vez mais aceito na literatura, constituindo-se da água incorporada à produção de um bem ou serviço. Visando a estimar o volume de água virtual presente nos 25 principais produtos da pauta de exportação brasileira no período 2003-2014, utilizou-se o método de pesquisa exploratória a partir dos principais produtos que representavam aproximadamente 60% do montante arrecadado. Os resultados indicaram inflexão entre a relevância dos produtos manufaturados e dos produtos básicos (principalmente minério de ferro e soja) no período de 2009-2010, com apenas quatro produtos respondendo, em 2014, por 32% da receita auferida pelo País. Como consequência, a estimativa do dispêndio de água virtual realizada para os produtos avaliados indicou que o Brasil despendeu, em média, 191 Gm3.ano-1 (6.025 m3.s-1), com os produtos básicos respondendo por 95% desse volume. Considerando-se apenas 2014, essa vazão elevou-se para 7.836 m3.s-1, aproximadamente 14 vezes superior à demanda para abastecimento da população urbana brasileira.

Palavras-chave:
água virtual; comércio de água virtual; pegada hídrica; exportações brasileiras; gestão de recursos hídricos

ABSTRACT

The Virtual Water concept has long been used as an important indicator of water consumption, increasingly being accepted in the literature, becoming the embedded water in the production of a good or service. In order to estimate the volume of virtual water present in the top 25 products of Brazilian exports in the period 2003-2014, we used the exploratory method from the main products that represented approximately 60% of the collected amount. Results indicated a shift between the relevance of manufactured products and commodities (mainly iron ore and soybeans) in the 2009-2010 period, with only four products accounting in 2014 for 32% of the revenue earned by the country. As a result, the estimated virtual water expenditure for the products evaluated indicated that Brazil spent, on average, 191 Gm3.year-1 (about 6,025 m3.s-1), with commodities accounting for 95% of this volume. Considering only 2014, this flow increased to about 7,836 m3.s-1, 14 times higher than the supply demand of the Brazilian urban population.

Keywords:
virtual water; virtual water trade; water footprint; Brazilian exportation; water resources management

INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA

Os diversos usos das águas e a qualidade aos mesmos associada são comumente classificados em consuntivos e não consuntivos. Os primeiros referem-se à retirada da água do corpo hídrico para, principalmente, abastecimento doméstico e industrial, irrigação e aquacultura, apresentando, via de regra, requisitos mais estritos de qualidade. Já os não consuntivos remetem a navegação, recreação, harmonia paisagística, entre outros, nos quais não ocorre abstração do corpo d’água.

Em nível mundial, estimativa referente a 2007 aponta o dispêndio de recursos hídricos para o uso agrícola (69%) como o mais significativo, relegando o uso industrial (19%) e o consumo humano (12%) a papéis secundários. Estima-se ainda que a população abastecida do planeta consuma algo como 14.650 m3.s-1 (UNESCO, 2015UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION (UNESCO). (2015) The United Nations World Water Development. Report 2015. UNESCO. 75 p. Disponível em: <Disponível em: http://www.unesco.org/new/en/natural-sciences/environment/water/wwap/wwdr/2015-water-for-a-sustainable-world/ >. Acesso em: 20 jun. 2016.
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).

A partir dos mencionados usos relacionados à indústria, à agricultura e à pecuária, emergem os conceitos de pegada hídrica e água virtual. A primeira remete à utilização de água doce para a produção de determinado bem, mensurando também os efeitos da poluição decorrente do lançamento dos despejos da indústria no corpo receptor e do transporte do produto ao consumidor. A pegada hídrica contempla o volume retirado dos corpos d’água - superficiais e subterrâneos - , denominado água azul, a parcela da precipitação que se incorpora ao produto agrícola e não contribui aos mencionados corpos hídricos (água verde) e o volume despendido para autodepuração/diluição dos despejos (água cinza) (HOEKSTRA et al., 2009HOEKSTRA, A.Y.; CHAPAGAIN, A.K.; ALDAYA, M.M.; MEKONNEN, M.M. (2009) Water Footprint Assessment Manual Setting the Global Standard. Earthscan publishing for a sustainable future. Londres/Washington, D.C.).

O conceito de água virtual restringe-se ao consumo de água especificamente associado à produção de determinado bem ou serviço, ainda que a quase totalidade do volume não se incorpore a ele (HOEKSTRA et al., 2011HOEKSTRA, A.Y.; CHAPAGAIN, A.K.; ALDAYA, M.M.; MEKONNEN, M.M. (2011) The Water Footprint Assessment Manual: Setting the Global Standard. Earthscan publishing for a sustainable future. Londres/Washington, D.C.; ALLAN, 1998ALLAN, J.A. (1998) Virtual water: a strategic resource. Global solutions to regional deficits. Ground Water, v. 36, n. 4, p. 545-546. https://doi.org/10.1111/j.1745-6584.1998.tb02825.x
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). Ela também pode assumir as noções de água embutida ou água exógena, a qual se relaciona à importação de água virtual por determinado país.

Ao ampliar o conceito de água virtual, pode-se afirmar que nas atividades de exportação e importação de determinado país se insere o balanço hídrico relacionado aos bens produzidos e adquiridos em período estabelecido. Essa abordagem quantifica a água virtual necessária à produção do bem, o volume despendido para produzi-lo no local de consumo e o volume economizado na importação do produto.

Comércio de água virtual

O comércio internacional de produtos - agrícolas ou industriais - traduz os fluxos internacionais de água virtual com implicações ambientais e socioeconômicas. Países de baixa disponibilidade de recursos hídricos e, consequentemente, dificuldade na produção agropecuária, conseguem contornar essa situação pela importação, tornando-se importadores de água virtual. Em situação contrária, países com maior disponibilidade de recursos hídricos e terras tornam-se exportadores de água virtual. O fluxo de água virtual entre duas nações depende do teor desse insumo inserido no produto comercializado e da magnitude do comércio. Estima-se que esse fluxo tenha dobrado no período 1986-2010 (TAMEA; LAIO; RISOLFI, 2016TAMEA, S.; LAIO, F.; RIDOLFI, L. (2016) Global effects of local food-production crises: a virtual water perspective. Scientific Reports, v. 6, n. 18803. http://dx.doi.org/10.1038/srep18803
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; CARR et al., 2013CARR, J.A.; D’ODORICO, P.; LAIO, F.; RIDOLFI, L. (2013) Recent History and Geography of Virtual Water Trade. PLoS One, v. 8, n. 2, p. e55825. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0055825
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). Hoekstra e Mekonnen (2012HOEKSTRA, A. Y.; MEKONNEN, M. M. The water footprint of humanity. (2012) Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 109, n. 9, p. 3232-3237.) estimaram que um quinto da pegada hídrica mundial se relaciona à produção para exportação.

A grande gama de produtos comercializados torna difícil cobrir a lista de forma consistente. Assim, como a maior parte da água é utilizada para a produção de alimentos, os estudos de água virtual têm se concentrado nos produtos advindos da agricultura em escalas regional e nacional (SILVA et al., 2016SILVA, V.P.R.; OLIVEIRA, S.D.; HOEKSTRA, A.Y.; DANTAS NETO, J.; CAMPOS, J.H.B.C.; BRAGA, C.C.; ARAÚJO, L.E.; ALEIXO, D.O.; BRITO, J.I.B.; SOUZA, M.D.; HOLANDA, R.M. (2016) Water Footprint and Virtual Water Trade of Brazil. Water, v. 8, n. 11, p. 517-529. http://dx.doi.org/10.3390/w8110517
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; ZHANG et al., 2016ZHANG, Y.; ZHANG, J.; TANG, G.; CHEN, M.; WANG, L. (2016) Virtual water flows in the international trade of agricultural products of China. Science of the Total Environment, v. 557-558, p. 1-11. http://dx.doi.org/10.1016/j.scitotenv.2016.02.166
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; CHEN; CHEN, 2013CHEN, Z.; CHEN, G. (2013) Virtual water accounting for the globalized world economy: National water footprint and international virtual water trade. Ecological Indicators, v. 28, p. 142-149. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecolind.2012.07.024
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). Como os produtos básicos correspondem à maior parte das exportações, estudos como os realizados por Hoekstra e Hung (2002HOEKSTRA, A.Y.; HUNG, P.Q. (2002) Virtual water trade: a quantification of virtual water flows between nations in relation to international crop trade. Value of Water. Research Report Series No. 11. Delft: UNESCO-IHE.; 2005HOEKSTRA, A.Y.; HUNG, P.Q. (2005) Globalisation of water resources: international virtual water flows in relation to crop trade. Global Environmental Change, v. 15, n. 1, p. 45-56. http://dx.doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2004.06.004
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), Lee et al. (2016LEE, S.-H.; YOO, S.-H.; CHOI, J.-Y.; SHIN, A. (2016) Evaluation of the Dependency and Intensity of the Virtual Water Trade in Korea. Irrigation and Drainage, v. 65, n. S1, p. 48-56. https://doi.org/10.1002/ird.1957
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) e Zhang et al. (2016ZHANG, Y.; ZHANG, J.; TANG, G.; CHEN, M.; WANG, L. (2016) Virtual water flows in the international trade of agricultural products of China. Science of the Total Environment, v. 557-558, p. 1-11. http://dx.doi.org/10.1016/j.scitotenv.2016.02.166
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) direcionaram-se ao comércio de produtos agrícolas.

Estimativas referentes ao período 1996-2005 apontaram sete países com maior exportação média anual de água virtual: Estados Unidos da América (EUA - 9.955 m3.s-1), China (4.534 m3.s-1), Índia (3.963 ­m3.s-1), Brasil (3.551 m3.s-1), Argentina (3.107 m3.s-1), Canadá (2.885 m3.s-1) e Austrália (2.822 m3.s-1). Em contrapartida, os valores médios dos sete principais importadores foram: EUA (7.419 m3.s-1), Japão (4.027 ­m3.s-1), Alemanha (3.963 m3.s-1), China (3.836 m3.s-1), Itália (3.202 m3.s-1), México (2.917 m3.s-1) e França (2.473 m3.s-1). Evidencia-se, nesse rol, que, à exceção dos EUA e da China, os países exportadores de água virtual não apresentam papel destacado na importação desse insumo ( MEKONNEN; HOEKSTRA, 2011MEKONNEN, M.M.; HOEKSTRA, A.Y. (2011) National water footprint accounts: the green, blue and grey water footprint of production and consumption. Value of Water Research Report, n. 50.). Na literatura, comumente ­alude-se ao dispêndio de água virtual em termos de Gm3.ano-1. A conversão visou à maior facilidade de comparação entre outros usos.

Especificamente em relação ao Brasil, das vazões outorgadas no ano de 2010, a parcela do abastecimento urbano respondia por aproximadamente 23% da demanda total de água estimada em 1.592 m3.s-1 (ANA, 2012AGENCIA NACIONAL DE AGUAS (ANA). (2012) Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil. Informe 2012. Edição especial. Brasília: Agência Nacional de Águas.). Esse percentual praticamente manteve-se constante em relação a 2015 (22%), para demanda total estimada em 2.275 m3.s-1 (ANA, 2016ÁGUAS, A. N. DE. (2016) Conjuntura dos Recursos Hidricos no Brasil. Informe 2016. [s.l: s.n.]. Disponível em: <Disponível em: http://www3.snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos-hidricos/informe-conjuntura-2016.pdf >. Acesso em: 22 ago. 2016.
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). O menor dispêndio em irrigação e pecuária (54-55%), comparado ao restante do planeta, deve-se também às condições climáticas que se traduzem em alturas anuais de precipitação superiores a 1.200 mm na quase totalidade do Brasil, à exceção da região do semiárido, que engloba oito estados da região Nordeste e o norte de Minas Gerais.

Ainda no mesmo contexto, o uso preponderante para irrigação - compreendendo técnicas de aspersão por pivô central ou por gotejamento, inundação e infiltração - atingia, em 2000, área de 36,6 mil km2, o que representava aproximadamente 6% da área plantada do Brasil. Seis anos depois, a área irrigada elevou-se para 44,5 mil km2, abarcando 7,4% da área das lavouras temporárias ou permanentes. Em 2010, a área irrigada foi estimada em 54 mil km2, correspondendo a 8% da área cultivada (ANA, 2012AGENCIA NACIONAL DE AGUAS (ANA). (2012) Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil. Informe 2012. Edição especial. Brasília: Agência Nacional de Águas.), e elevou-se, em 2014, para 61,1 mil km2, 21% do potencial nacional. Esse aumento expressivo é atribuído, com crescimento acima da taxa de área plantada, à expansão dos métodos de irrigação (ANA, 2016ÁGUAS, A. N. DE. (2016) Conjuntura dos Recursos Hidricos no Brasil. Informe 2016. [s.l: s.n.]. Disponível em: <Disponível em: http://www3.snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos-hidricos/informe-conjuntura-2016.pdf >. Acesso em: 22 ago. 2016.
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).

À mencionada demanda por irrigação estimada pela ANA somam-se as outorgas estaduais de precisão variável. Por fim, tais vazões assumem maior relevância quando se estima, para 2015, em aproximadamente 570 m3.s-1 a vazão necessária ao abastecimento da população urbana do país (da ordem de 85% da total), para capacidade instalada dos sistemas da ordem 587 m3.s-1 (ANA, 2010AGENCIA NACIONAL DE AGUAS (ANA). (2010) Atlas Brasil: abastecimento urbano de água: panorama nacional. Brasília: Agência Nacional de Águas, Engecorps/Crobape -ANA. v. 1. 65 p.).

Água virtual na economia e exportações brasileiras

Em um contexto geral, os produtos são classificados como básicos, semimanufaturados e manufaturados. Os primeiros, que assumem a denominação de commodities, guardam as características próximas do estado em que são encontrados na natureza, apresentando baixo grau de elaboração. A maior parte desses produtos é composta de insumos agrícolas ou minerais e, no caso do Brasil, a soja e o minério de ferro assumem posição de relevo. A segunda gama de produtos contempla os industrializados. Nesse grupo, os semimanufaturados não se apresentam em sua forma definitiva de uso, como a celulose transformada posteriormente em papel. Eles deverão passar por outros processos para se transformarem em manufaturados, como o açúcar bruto (semimanufaturado) que se converte em refinado (manufaturado).

Hoekstra e Hung (2005HOEKSTRA, A.Y.; HUNG, P.Q. (2005) Globalisation of water resources: international virtual water flows in relation to crop trade. Global Environmental Change, v. 15, n. 1, p. 45-56. http://dx.doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2004.06.004
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) utilizaram as estimativas de cálculo para os volumes de exportação e importação de água virtual para elaborar ampla lista de produtos considerados como principais responsáveis pelas transações comerciais internacionais. Com isso, os autores estimaram a demanda de água para a produção de cada produto, considerando sua especificidade e a região da produção em termos de demanda por recursos hídricos. Desse modo, um mesmo produto, como a soja, pode necessitar de diferentes volumes de água, dependendo da região do Brasil ou do mundo onde é cultivada. Assim, a demanda por água na produção de soja vai depender do local onde foi plantada, das condições climáticas e dos métodos de produtividade que diferem de uma região para a outra.

Nesse contexto, os autores analisaram os parâmetros climáticos das regiões, a evapotranspiração da cultura, o consumo de água por unidade do produto, a produtividade e a água utilizada no processamento do produto, estimando, por fim, o volume de água virtual contido em cada produto (Hoekstra; Hung, 2005HOEKSTRA, A.Y.; HUNG, P.Q. (2005) Globalisation of water resources: international virtual water flows in relation to crop trade. Global Environmental Change, v. 15, n. 1, p. 45-56. http://dx.doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2004.06.004
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).

Gelain e Istake (2015GELAIN, J.G.; ISTAKE, M. (2015) Exportação Líquida de Água Virtual Brasileira e Estadual. Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, v. 9, n. 2, p. 150-168.) analisaram o comércio de água virtual para 189 produtos do agronegócio brasileiro para os anos de 1997, 2003, 2008 e 2013. Os autores concluíram que houve aumento no período de 562% na exportação de água virtual, conjecturando-se, para 2013, vazão exportada da ordem de 5.998 m3.s-1.

Em relação às exportações brasileiras, o crescimento da economia mundial nas duas últimas décadas e a entrada de grandes novos consumidores vindos dos países emergentes aumentaram a demanda internacional e exerceram pressão sobre os preços de commodities internacionais. Como consequência, verificou-se, no período 2003-2014, o progressivo aumento na participação (%) dos produtos básicos no montante arrecadado, mais acentuadamente a partir de 2006, conforme denota a Figura 1.

Figura 1 -
Participação (%) dos tipos de produtos no montante arrecadado pelas exportações brasileiras no período 2003-2014.

Como seria de se esperar, devido ao menor valor agregado, os produtos básicos responderam por aproximadamente 83% do volume (em massa) exportado no período, impactando significativamente no dispêndio de água virtual pelo país.

Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa consistiu em estimar o dispêndio de água virtual verificada pelas exportações brasileiras no período 2003-2014. Adicionalmente, hierarquizaram-se os principais itens da pauta de exportações do Brasil no que tange ao gasto de água virtual e à receita auferida unitária (US$.m-3).

METODOLOGIA

Análise da pauta de exportações brasileiras

A análise da pauta de exportações brasileira no período 2003-2014 foi realizada por intermédio dos dados anuais fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), pelo Departamento de Estatística do Comércio Exterior (DEAEX) e pelo Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX) (BRASIL, 2015BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Portal. Disponível em: <Disponível em: http://www.mdic.gov.br >. Acesso em: 27 ago. 2016.
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).

O documento utilizado para quantificar os produtos de exportação intitula-se Exportação brasileira - produto por fator agregado (AEB, 2012ASSOCIAÇÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL (AEB). (2012) Radiografia do comércio exterior brasileiro: passado, presente e futuro. AEB. Disponível em: <Disponível em: http://www.aeb.org.br/userfiles/file/AEB%20-%20Radiografia%20Com%C3%A9rcio%20Exterior%20Brasil.pdf >. Acesso em: 12 jan. 2016.
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), de cada ano estudado. Obtiveram-se informações sobre arrecadação monetária, quantidade em toneladas do produto exportado e valores médios arrecadados por tonelada de cada produto. Esses produtos estão classificados e divididos em básicos, semimanufaturados e manufaturados, e fazem-se presentes os principais exportados de acordo com sua participação em porcentagem na arrecadação monetária em dólar (US$) da exportação brasileira (AEB, 2012ASSOCIAÇÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL (AEB). (2012) Radiografia do comércio exterior brasileiro: passado, presente e futuro. AEB. Disponível em: <Disponível em: http://www.aeb.org.br/userfiles/file/AEB%20-%20Radiografia%20Com%C3%A9rcio%20Exterior%20Brasil.pdf >. Acesso em: 12 jan. 2016.
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).

Posteriormente, organizaram-se esses dados de acordo com suas classes, utilizando as informações sobre a arrecadação monetária, a quantidade em toneladas exportadas e a participação em porcentagem de cada classe apresentada.

Definição dos produtos integrantes do estudo

A partir dos dados de exportação brasileira disponibilizados anualmente pelo MDIC, discriminaram-se os produtos de acordo com as três mencionadas classes e com a participação em porcentagem de arrecadação na balança comercial brasileira.

Após essa etapa, os produtos quantificados foram tabelados e tratados anualmente, separados conforme a complexidade da produção e da participação em porcentagem dentro da balança comercial brasileira, para serem identificados e estudados. Nessa etapa, obtiveram-se o valor monetário arrecadado em US$ free on board (FOB), a participação em porcentagem de cada produto da exportação e seu respectivo peso em toneladas. O conceito free on board que acompanha o símbolo da moeda norte-americana significa que o exportador se responsabiliza pela mercadoria até dentro do navio, para transporte, no porto indicado pelo comprador.

Dessa maneira, ordenaram-se os dados que correspondessem aos 12 anos de percentuais dos produtos amostrados. Após essa etapa, somaram-se as porcentagens de cada produto, resultando na porcentagem final da receita da exportação brasileira em termos de valor agregado.

Os produtos amostrados na pesquisa foram retirados da pauta de exportação de 2014, ou seja, elencaram-se os principais produtos de maior expressividade econômica no ano citado. Assim, o estudo foi composto de 25 produtos (Quadro 1), representando, aproximadamente, 60% da arrecadação monetária nacional com as exportações. Esses produtos sofreram variações porcentuais durante o período investigado em relação à quantidade exportada. Observaram-se alterações durante o período, sendo o menor e o maior valor percentual da arrecadação monetária da pauta de exportação verificados para os produtos amostrados em 2003 (43%) e 2011 (62%).

Quadro 1 -
Os 25 produtos básicos, semimanufaturados e manufaturados exportados pelo Brasil com maior montante arrecadado em 2014.

Finalmente, a despeito da amostragem dos produtos exportados ter se norteado pelo montante arrecadado em 2014, a participação dos produtos básicos - cuja demanda de água é mais significativa - manteve-se aproximadamente constante no período analisado.

Estimativa do dispêndio de água virtual

As referências para quantidade produtiva e dispêndio de água foram obtidas a partir de relatórios anuais de sustentabilidade de cada empresa exportadora do País (BRASIL, 2015BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Portal. Disponível em: <Disponível em: http://www.mdic.gov.br >. Acesso em: 27 ago. 2016.
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). Os mencionados relatórios forneceram um breve histórico dos produtos, o volume anual de água retirado do corpo hídrico para sua produção e a quantidade anual produzida. Dessa maneira, o volume de água utilizado em cada ano é diferente. A Tabela 1 mostra o consumo de água em cada ano dos produtos analisados e a média do período analisado.

Tabela 1 -
Volume de água utilizado na produção anual de cada produto em metros cúbicos por tonelada.

Utilizando o valor anual de cada produto contemplado na amostragem, a estimativa do volume de água virtual exportado efetuou-se por meio da Equação 1:

V e = M e × V p (1)

Em que:

  • Ve =  volume de água virtual exportado (m3);
  • Me =  massa do produto exportado (t);
  • Vp =  volume de água despendido na produção (m3.t-1).

Três ressalvas cabem ser explicitadas. As informações do volume de água de recirculação não foram incluídas neste estudo, pela escassez de dados desse tipo de manejo. Em segunda instância, para a quase totalidade dos produtos, em especial o minério de ferro, o volume de água para o beneficiamento incorpora-se, em pequena monta, ao produto na usina de pelotização, com significativa parcela retornando aos corpos hídricos, ainda que com qualidade variável. Apesar dessa limitação, consoante com a literatura, considerou-se o volume despendido nessa atividade econômica como volume exportado.

Por fim, para estimativa do dispêndio de água virtual, fiou-se na literatura mais recente, utilizando os mesmos indicadores para os anos anteriores e posteriores à publicação. Procedimento similar foi realizado de forma exitosa por outros pesquisadores (DUARTE; PINILLA; SERRANO, 2014DUARTE, R.; PINILLA, V.; SERRANO, A. (2014) The effect of globalisation on water consumption: A case study of the Spanish virtual water trade, 1849-1935. Ecological Economics, v. 100, p. 96-105. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecolecon.2014.01.020
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). Complementou o estudo a revisão da literatura acerca do dispêndio de água para os principais itens da pauta de exportação brasileira (CARMO et al., 2007CARMO, R.L.; OJIMA, A.L.R.O.; OJIMA, R.; NASCIMENTO, T.T. (2007) Água Virtual, escassez e gestão: o Brasil como grande “exportador” de água. Ambiente & Sociedade, v. 10, n. 2, p. 83-96. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-753X2007000200006
http://dx.doi.org/10.1590/S1414-753X2007...
; CAVALETT, 2008CAVALETT, O. (2008) Análise do Ciclo de Vida da Soja. 245f. Tese (Doutorado em Engenharia Alimentos) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas.; HOEKSTRA; HUNG, 2005HOEKSTRA, A.Y.; HUNG, P.Q. (2005) Globalisation of water resources: international virtual water flows in relation to crop trade. Global Environmental Change, v. 15, n. 1, p. 45-56. http://dx.doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2004.06.004
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; IBRAM, 2012INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO (IBRAM). (2012) Informações e análises da economia mineral brasileira. 7. ed. IBRAM. 68 p.; KOTSUKA, 2013KOTSUKA, L.K. (2013) Avaliação dos conceitos de água virtual e pegada hídrica na gestão de recursos hídricos: estudo de caso da soja e óleo de soja. 144f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental - Recursos Hídricos e Ambiental) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba.; PIMENTEL et al., 2004PIMENTEL, D.; BERGER, B.; FILIBERTO, D.; NEWTON, M.; WOLFE, B.; KARABINAKIS, E.; CLARK, S.; POON, E.; ABBETT, E.; NANDAGOPAL, S. (2004) Water Resources: Agricultural and Environmental Issues. Bio Science 909, v. 54, n. 10, p. 909-918. https://doi.org/10.1641/0006-3568(2004)054[0909:WRAAEI]2.0.CO;2
https://doi.org/10.1641/0006-3568(2004)0...
).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerações iniciais

Os 25 produtos amostrados pela pesquisa com base no ano de 2014 responderam a, em média, aproximadamente - em termos de montante arrecadado por cada classe - 90% dos produtos básicos (12), 75% dos semimanufaturados (7) e 18% dos manufaturados (6). O menor número de produtos manufaturados inseridos na amostra deveu-se à significativa dispersão destes na pauta de exportações brasileira, a maioria respondendo por menos de 0,5% do montante arrecadado, e ao menor dispêndio de água comparado ao dos produtos básicos. Esse rol de produtos representou, ao longo do período contemplado, os percentuais apresentados conforme evidenciado na Tabela 1.

Robustece a amostragem realizada a relevância dos produtos básicos no dispêndio de água virtual, cuja participação, nas exportações brasileiras, cresceu 78% (19,9 pontos percentuais) no período 2003-2014. Especificamente em 2014, as informações contidas na Figura 1 e na Tabela 2 evidenciam que a amostragem realizada contemplou 93% dos produtos básicos integrantes da pauta de exportações brasileira.

Tabela 2 -
Participação da arrecadação monetária de cada categoria dos produtos amostrados na pauta de exportações brasileira no período 2003-2014.

Dispêndio de água virtual

A evolução da estimativa do dispêndio de água virtual devido aos produtos básicos inseridos na amostra apresenta-se na Figura 2.

Figura 2 -
Estimativa do dispêndio com água virtual pelos 12 produtos básicos amostrados da pauta de exportações brasileiras no período 2003-2014.

A partir do gasto de água virtual e do montante arrecadado, estimou-se a receita auferida por volume unitário (US$.m-3) dos 12 produtos básicos amostrados, conforme denotado na Tabela 3.

Tabela 3 -
Receita auferida por volume unitário despendido de água virtual (US$.m-3) para os 12 produtos básicos amostrados da pauta de exportações brasileiras no período 2003-2014.

Da análise da Tabela 3, depreende-se o impacto da cultura de milho (6) e soja (2) em relação ao montante arrecadado e, comparativamente a outros produtos básicos, a menor receita unitária advinda dessa atividade. Em contrapartida, posição de destaque com tal indicador aponta para os óleos brutos de petróleo (3) entre todos os 25 produtos amostrados.

Da mesma forma, estimaram-se a evolução do dispêndio de água virtual no período 2003-2014 pelos sete produtos semimanufaturados inseridos na amostra, conforme mostrado na Figura 3, e a receita unitária auferida na Tabela 4.

Figura 3 -
Estimativa do dispêndio com água virtual pelos sete produtos semimanufaturados amostrados da pauta de exportações brasileiras no período 2003-2014.

Tabela 4 -
Receita auferida por volume unitário despendido de água virtual (US$.m-3) para os sete produtos semimanufaturados amostrados da pauta de exportações brasileira no período 2003~2014.

Em vertente semelhante à emanada pela análise da Tabela 1, o exame da Tabela 4 evidencia a menor receita unitária decorrente do cultivo de soja (17) comparada à obtida com as atividades ligadas à siderurgia (16 e 18).

Por fim, mesmo procedimento foi realizado para os produtos manufaturados, conforme apresentado pela Figura 4 e pela Tabela 5.

Figura 4 -
Estimativa do dispêndio com água virtual pelos seis produtos manufaturados amostrados da pauta de exportações brasileiras no período 2003-2014.

Tabela 5 -
Receita auferida por volume unitário despendido de água virtual (US$.m-3) para os seis produtos manufaturados amostrados da pauta de exportações brasileiras no período 2003-2014.

Percebe-se, pela análise da Figura 4 e da Tabela 5, o menor impacto dos produtos manufaturados no dispêndio de água virtual e a significativa maior receita unitária devido ao alto valor agregado inserido nesses produtos.

Considerando-se os 25 produtos amostrados, o dispêndio médio estimado de água virtual pelas exportações brasileiras no período 2003-2014 atingiu, aproximadamente, 191,6 Gm3.ano-1 (6.076 m3.s-1), para o qual os produtos básicos responderam por 95% desse caudal. Em cenário mais atual, considerando o ano de 2014 como referência, estima-se que esse dispêndio seja da ordem de 247,1 Gm3.ano-1 (7.836 m3.s-1), com a participação dos produtos básicos superando 97%.

Cabe ressaltar que a estimativa realizada é da mesma ordem de grandeza da mencionada na literatura (5.998 m3.s-1), calcada em 189 produtos agrícolas. Mesmo para outra estimativa de menor magnitude (3.551 m3.s-1), a diferença pode ser explicada pelo período de exportações brasileiras menos significativas (1996-2005), pois, em 16 anos, o montante arrecadado elevou-se cinco vezes (BRASIL, 2015BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Portal. Disponível em: <Disponível em: http://www.mdic.gov.br >. Acesso em: 27 ago. 2016.
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). Por fim, o incremento das exportações coaduna-se com o uso mais racional dos recursos hídricos, tendendo a reduzir o dispêndio de água virtual estimado pela literatura mais recente.

CONCLUSÕES

A primeira conclusão que emerge de pesquisa desta natureza aponta a quase irrelevância dos produtos manufaturados no dispêndio de água virtual, comparado principalmente aos básicos. O custo unitário (US$.m-3) é, naqueles, 87 vezes maior que nestes.

Como não podia deixar de ser, o incremento das exportações brasileiras no período amostrado contribuiu para o maior dispêndio de água virtual, estimado, para 2014, em algo como 7.836 m3.s-1 - 14 vezes superior à vazão destinada ao abastecimento da população urbana do país.

Conforme mencionado, reduz-se a fragilidade da estimativa calcada no menor número de produtos semimanufaturados e manufaturados amostrados pela discrepância do dispêndio de água virtual pelos produtos básicos integrantes da pauta de exportações. Eventual aumento na amostragem do número desses produtos pouco elevaria a vazão estimada. Adicionalmente, pelo maior custo da água como insumo - principalmente para as indústrias que não dispõem de captação própria e utilizam água da concessionária - , verifica-se crescimento significativo do reúso, reduzindo a abstração dos corpos hídricos.

Ademais, as receitas obtidas por volume unitário de dispêndio de água virtual prestam-se também a questionar, por esse prisma, a crescente cultura da soja, que ora representa pouco menos da metade da safra de grãos no País.

Por fim, não se pode considerar o volume despendido de água virtual como volume exportado, pois pequena parcela da água se incorpora à significativa maioria dos produtos exportados, à exceção de alguns gêneros alimentícios. Parcela significativa do caudal utilizado retorna aos corpos hídricos, ainda que usualmente com qualidade inferior. A estimativa, corroborada pela literatura, justifica-se pelo impacto nos recursos hídricos nacionais e por sua redução nos países compradores dos produtos brasileiros

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    Reg. ABES: 178447

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Dez 2019
  • Data do Fascículo
    Nov-Dec 2019

Histórico

  • Recebido
    12 Abr 2017
  • Aceito
    25 Set 2018
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