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"Estudos de caso em psicologia clínica comportamental infantil" Vol. I

RESENHA

"Estudos de caso em psicologia clínica comportamental infantil" Vol. I

Nicodemos Batista Borges

Graduando da Faculdade de Psicologia da UNISA - Universidade de Santo Amaro

Endereço para correspondência Endereço para correspondência : R: Antonio Ambuba, 80 - casa 66 Horto do Ypê CEP 05782-370 São Paulo -S.P. Tel: 5511-4925 / cel: 9386-4660 E-mail: nicodemosborges@hotmail.com

A obra "Estudos de caso em psicologia clínica comportamental infantil" foi organizada por Edwiges Ferreira de Mattos Silvares, professora titular em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP, orientadora e professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da mesma universidade, e contou com profissionais da área e pesquisadores. Tem como objetivo ligar a prática à teoria. O livro divide-se em três partes nas quais são abordados os fundamentos teóricos, estudos de caso grupais e relativos a problema de saúde.

No primeiro capítulo, a organizadora faz um apanhado geral sobre a avaliação e a intervenção clínica comportamental. Inclui-se neste o porquê desta designação, o que é, questões que devem ser respondidas para que seja esta considerada adequada, além de discursar brevemente sobre análise funcional, tratamento e sua eficácia, tudo isto feito com extrema clareza e com indicações de bibliografia para aqueles que desejam aprofundar-se em algum destes tópicos.

No segundo capítulo, a organizadora juntamente com Roberto Alves Banaco, doutor pela USP, coordenador e orientador do programa de Pós-graduação da PUC-SP, fala sobre os estudos de casos clínicos, definindo-os, classificando-os, apontando os prós e contras dos estudos de casos e a sua importância como ponte entre a prática e a pesquisa.

No capítulo 3, "A evolução das habilidades sociais e o comportamento empático", a autora Eliane Falcone, doutora pela USP e professora adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, conceitualiza habilidade social e empatia, aprofundando-se no segundo, explanando sobre seus componentes e seu desenvolvimento.

Encerrando a primeira parte do livro, que trata de fundamentos conceituais, as professoras, Fátima Cristina de Souza Conte, professora da Universidade Federal do Paraná, doutora pela USP, e Jaíde A. Gomes Regra, professora da Universidade de Mogi das Cruzes, mestre e doutoranda pela USP, falam da psicoterapia comportamental infantil. Iniciam contando como se deu sua evolução desde o behaviorismo metodológico ao radical, mostrando seus avanços. Num segundo momento, tratam de como se deve proceder na entrevista inicial com os pais, a criança. Dando continuidade são apresentado dois exemplos de casos atendidos pelas autoras, ensinando como fazer uma análise do comportamento da criança, falam da utilização de recursos lúdicos, como deve se dar a participação dos pais na psicoterapia e a importância dos mesmos, além das habilidades que o terapeuta comportamental infantil necessita.

Iniciando a segunda parte do livro, que trata sobre estudos de caso grupais, Maria Luiza Marinho, professora da Universidade Federal de Londrina e doutora pela USP, começa com uma breve passagem nas estatísticas americanas das desordens emocionais e comportamentais sofridas por jovens. A partir daí começa a focar a importância de olhar para o ambiente no qual a criança está inserida, e inter-relações, principalmente as parentais. Num continuum são relatados alguns modelos de intervenção estudados pela comunidade científica internacional e cita de maneira sucinta alguns trabalhos nacionais, terminando a parte teórica explicitando as crises vivenciadas pelas estratégias de intervenções com pais e a necessidade de se criar avanços nesta área. Encerra o capítulo trazendo um estudo de caso, no qual opta por aconselhar psicoterapia para a criança e participação dos pais em grupo de orientação parental, tudo feito de forma clara e muito bem estruturada, utilizando-se de gráfico e tabelas.

No sexto capítulo, Carmen Garcia de Almeida Moraes, doutora pela USP, e Silvia Cristiane Murari, especialista em psicoterapia infantil pela Universidade Federal de Londrina ambas professoras da Universidade Estadual de Londrina, fazem uma pequena explanação sobre as transformações ocorridas nas famílias nos últimos anos e sobre a importância de atuar não só com as crianças mas também com os respectivos pais. Em seguida partem para uma explicação do trabalho, ao qual participam, e que é desenvolvido na Universidade onde lecionam. Após esta apresentação iniciam a discussão do estudo de caso de uma criança e sua respectiva mãe explicando o programa ao qual foram expostos e os resultados obtidos no caso, finalizando o capítulo através de considerações relevantes.

Márcia Helena da Silva Melo, mestre e doutoranda pela USP, juntamente com Edwiges Ferreira de Mattos Silvares e Fátima Cristina de Souza Conte, fecham esta segunda parte do livro focando o trabalho preventivo com um grupo de mães de crianças com dificuldades de interação. Iniciam falando da dificuldade de se implantar programas preventivos no Brasil passando em seguida para algumas características presentes nos pais e as etapas que as crianças enfrentam, encerrando a parte teórica do capítulo com explicações de como se montou o grupo. Em seguida inicia-se o estudo de caso, apresentando a criança e sua mãe, as formas de avaliação pré-intervenção, mudanças apresentadas (principalmente pela mãe) e os resultados pós-intervenção. Fazem, então, uma conclusão do caso e destacam a importância deste tipo de trabalho.

Abrindo a terceira parte do livro, a qual fala sobre estudos de casos relativos a problemas de saúde, o capítulo 8 aprofunda-se na temática de crianças com problemas crônicos de saúde. As autoras, Vera Lucia Adami Raposo do Amaral, professora da Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-Campinas, chefe do Setor de Psicologia do Instituto de Cirurgia Plástica Crânio-Facial da Sobrapar e doutora pela USP, e Silvia Regina Teixeira Pinto de Albuquerque, mestre pela PUC-Campinas e psicóloga do Instituto de Cirurgia Plástica Crânio-Facial da Sobrapar, iniciam relembrando que o organismo é uma variável importante no comportamento, que, além deste, há ainda a questão da adesão da criança e dos pais ao tratamento. Apontam a escola como outra contingência aversiva, assim como o hospital e os profissionais da saúde, em particular o médico. Falam que os fatores reforçadores para o tratamento são atrasados e as situações aversivas são mais presentes o que dificulta o tratamento preventivo, fazendo com que a procura pelo tratamento se dê quando o quadro já se agravou. Terminam focando e exemplificando os papéis do psicólogo da saúde através de um estudo de caso que mostra a atuação do profissional no contexto hospitalar, o qual soluciona problemas, contribuindo com a equipe multidisciplinar.

Suzane Schmidlin Lohr, doutora pela USP e professora da Universidade Federal do Paraná, traz no nono capítulo um breve histórico da psico-oncologia e da importância de um olhar diferenciado ao trabalhar com crianças, no qual a idade e a fase do desenvolvimento são importantes. Fala também sobre a necessidade do trabalho preventivo aos efeitos do tratamento médico e as dificuldades de desenvolver este trabalho. Traz pontos importantes que devem ser considerados, como: fazer o paciente avaliar se precisa ou não da terapia e a quem será dirigida a mesma. Segue apontando formas de adesão ao tratamento médico, a necessidade de atentar-se para as dificuldades da família não seguindo um roteiro pré-determinado além da importância de trabalhar com a criança os efeitos colaterais do tratamento, encerrando o capítulo com um estudo de caso, no qual a autora e psicoterapeuta demonstra os passos por ela percorridos para auxiliar seu paciente no enfrentamento do tratamento e com outros problemas pela criança apresentada que se agravaram naquela etapa de sua vida.

Encerrando este volume, a autora Marilda Emmanuel Novaes Lipp, Ph.D. em psicologia, professora da PUC-Campinas, e fundadora do primeiro Centro Psicológico de Controle do Stress no Brasil, aborda o stress infantil, citando o pequeno número de pesquisas na área, mostrando diversas variáveis estressantes tanto externas com internas, a necessidade de um levantamento adequado do ambiente onde a criança está inserida. Levanta a importância de um diagnóstico adequado, de uma atuação efetiva sobre os sintomas e sobre as suas causas. Termina o capítulo trazendo um caso clínico, no qual são mostrados todas as etapas que devem ser seguidas no tratamento do stress infantil, e um apanhado geral sobre o capítulo.

A obra, no geral, é rica em estudos clínicos desenvolvidos no Brasil. É escrita por profissionais e pesquisadores competentes nas suas áreas e que souberam expor de forma clara e prática um pouco do que se vem produzindo no nosso país sobre trabalhos com crianças (numa visão comportamentalista), permitindo ao seu leitor explorá-las não só como auxílio à prática, mas como inspiração no desenvolvimento de novas pesquisas na área. Sendo assim é indicado para profissionais das áreas clínica, hospitalar, pesquisadores e estudantes.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Jul 2014
    • Data do Fascículo
      Ago 2001
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