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Psicologia Crítica: um movimento de ruptura dentro da Psicologia

A possibilidade de uma sessão temática dentro da revista Estudos de Psicologia, editada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, é uma condição única que nos oferece o Programa de Pós-Graduação em Psicologia, para debates e anúncios do que vimos produzindo dentro dos laboratórios de pesquisa. Além de oferecer um agradecimento especial à Edição da Revista (extensivo aos colegas que se organizaram para participar desse volume), o objetivo destas poucas palavras é esclarecer como e por que a Psicologia Crítica se configura como um movimento dentro da Psicologia, que busca alternativas para a compreensão e para a mudança da realidade atual, especialmente junto àqueles e àquelas que se encontram à margem do sistema econômico e social.

Desde 2001, o grupo de pesquisa responsável por essa temática (GEP Avaliação e Intervenção Psicossocial: Prevenção, Comunidade e Libertação), tem buscado fundamentar sua produção em uma crítica a uma Psicologia que não se compromete com as mudanças sociais necessárias para a inclusão de todos, para a contenção da violência, para o sofrimento de mulheres e crianças, para o fim da exploração no trabalho e que se dedique a compreender e mudar a realidade brasileira e Latino-Americana. A Prevenção em Psicologia de Emory Cowen foi a porta de entrada, seguida pela Psicologia Social da Libertação de Ignácio Martín-Baró, e a Psicologia Crítica cujos principais interlocutores tem nos ajudado a avançar na construção de nossos objetivos. O caminho tem sido tortuoso, mas muito favorecedor de debates e sínteses importantes na caminhada.

Esse volume especial contém alguns dos nossos interlocutores. Maria de Fátima Quintal de Freitas, professora da Universidade Federal do Paraná, representante do movimento da Psicologia Social Comunitária no Brasil, uma das pioneiras nessa área nos brinda com uma reflexão sobre a formação em Psicologia, seus dilemas éticos e tensões presentes no confronto com a realidade. Ernst Schraube, professor da Universidade de Roskilde na Dinamarca, apresenta uma importante justificativa para a Psicologia Crítica por meio de estratégias analíticas justificando assim a importância da teoria nos avanços da ciência. Athanasios Marvakis, professor da Universidade de Tessalônica na Grécia nos chama a atenção para como a Psicologia pode analisar e agir diante do fascismo - um tema importante e pouco explorado pela ciência psicológica. David Pavón-Cuellar e Jocelyn Arroyo-Ortega apresentam a crítica que o Exército Zapatista de Liberação Nacional fazem das psicologias consideradas dominantes. Por último, Ana Paula Gomes Moreira e Raquel S.L. Guzzo problematizam o trauma, tema prevalente na Psicologia, a partir da perspectiva psicossocial de Ignácio Martín-Baró, jesuíta que constituiu uma Psicologia Latino-Americana respondendo à situação de guerra civil em El Salvador. Estes artigos são amostras do que podemos considerar um movimento dentro da Psicologia de ruptura com o que está posto na busca de uma contribuição mais clara para a mudança social que almejamos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2015
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