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Práxis e formação em Psicologia Social Comunitária: exigências e desafios ético-políticos

Praxis and formation of Community Social Psychology: Demands and ethical-political challenges

Resumos

Neste artigo apresenta-se uma breve contextualização a respeito de alguns desafios presentes à formação no campo da Psicologia e das práticas psicossociais em comunidade. A seguir desenvolve-se uma análise em torno de três eixos. No primeiro será feita uma exposição sobre o contexto atual e campo das práticas da Psicologia Social Comunitária, destacando-se preocupações e tensões nessas práticas. No segundo eixo, as dimensões teórico-metodológicas relevantes para o processo de formação serão indicadas e estão denominadas como "necessidades de formação para a práxis" em Psicologia Social Comunitária. No último eixo, apresentam-se o que se denominou de "delicadezas" ético-políticas presentes no "fazer" psicossocial em comunidade. Finaliza-se com a indicação de princípios e suas respectivas categorias conceituais, considerados necessários ao processo de formar para a práxis em Psicologia Social Comunitária.

Formação do psicólogo; Psicologia comunitária; Psicologia social


This article provides a brief contextualization of some challenges present in the formation within the field of psychology and of community psychosocial practices. An analysis is performed in three axes. The first axis describes the current context and field practices of Community Social Psychology, highlighting concerns and tensions found in these practices. The second points out the theoretical-methodological dimensions relevant for the formation process, which are denominated "formation needs for praxis" in Community Social Psychology. The last axis introduces the so-called ethical-policies "subtleties" that are part of the community psychosocial "work". Finally, principles and their concept categories necessary to the formation process of praxis in Community Social Psychology are presented.

Pshychologist education; Communitty psychology; Social psychology


Paradoxos contemporâneos para a profissão psicologia: tensões na relação psicologia-universidade-sociedade

Meados da segunda década do século XXI e passados 52 anos da constituição da profissão de psicologia, continuam presentes alguns aspectos, na relação profissão-universidade-sociedade. Destacam-se aqui, quatro deles.

Um primeiro aspecto situa-se na relação entre profissão consolidada e jovem, de um lado, e as repercussões disto para o processo de formação, de outro. Comparando-se com outros campos disciplinares, de fato a Psicologia pode ser considerada uma profissão relativamente jovem. Entretanto, isto não tem impedido que revele amadurecimento, em especial quando, diante dos problemas sociais, tem buscado ações e encaminhamentos na perspectiva psicólogica e psicossocial para uma melhoria nessas condições. Isto tem acontecido, por exemplo, em ações junto às chamadas políticas sociais, com intervenções dirigidas a diferentes estratos etários (crianças, jovens, adultos abandonados e/ou velhos), passando por programas junto a setores multipro-fissionais na saúde e educação, até a implementação de propostas comunitárias de fortalecimento da redes de cooperação e participação, seja nas cidades ou no campo (Castro & Correa, 2005Castro, L R., & Correa, J. (Org.) (2005). Juventude contemporânea: perspectivas nacionais e internacionais. Rio de Janeiro: Nau-Faperj.; Flores Osório, 2011Flores Osorio, J M. (Coord.) (2011). Psicología y práxis comunitária: Una visión latinoamericana. México: Editorial Latinoamericana.; Guzzo & Lacerda Jr., 2011Guzzo, R S L. ., & Lacerda Jr. , F. (Orgs.) (2011) . Psicologia social para América Latina: o resgate da psicologia da libertação (2ª ed.). Campinas: Alínea.; Jímenez-Domínguez, 2008Jímenez-Domínguez, B. (Comp). (2008) . Subjetividad, participación e intervención comunitária: una vision critica desde América Latina (Tramas sociales, nº 51). Buenos Aires: Paidós.; Leite & Dimenstein, 2013Leite, J F., & Dimenstein,M. (Orgs.) (2013). Psicologia e contextos rurais. Natal: EDUFRN.; Mar-tinez, 2005Martínez, A M.(Org.) (2005). Psicologia escolar e compromisso social. Campinas: Alínea.; Yamamoto & Gouveia, 2013Yamamoto, O., & Gouveia, V. V. (Orgs.). (2013). Construindo a Psicologia brasileira: desafios da Ciência e prática psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo.). Estas possibilidades de trabalho em diferenciados contextos comunitários, há 30 anos poderiam ser vistas como inimagináveis, ou mesmo como pouco co-muns há 20 anos. Esta variedade de ações da Psicologia tornou-se mais visível, devido também à intensidade dos acontecimentos político-sociais, nas últimas décadas, que lhe demandaram outras formas de atuar diante das problemáticas sociais. Desta forma, em consonância a vários autores, pode-se afirmar que não é esta possível juventude que torna a Psicologia menos forte e/ou menos consolidada. Ao contrário, e como apontam Oliveira e Yamamoto (2014)Oliveira, I. F., & Yamamoto, O. (2014). Apresentação. In: I. F. Oliveira & O. Yamamoto (Orgs.). Psicologia e Políticas Sociais: temas em debate (pp. 17-20). Belém: UFPA., quando se referem ao primeiro cinquen-tenário da Psicologia, pode-se "concluir que se trata de uma profissão consolidada", visto que há hoje um "grande número de profissionais graduados e credenciados" (p.17), ao lado do crescimento das produções científicas. Contudo, este caráter de consolidação não significa que já foram atingidas, nos cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia, as metas quanto à plenitude da formação e preparação dos profissionais para que atuem e saibam fazê-lo, em estreita relação e compromisso social com a população que tem sido alvo de seus trabalhos.

Assim, ao lado desta jovialidade e de uma profissão já reconhecida e, em parte, consolidada, pode-se dizer que ainda são muitos os desafios, quais sejam: como formar, preparar e envolver os profissionais de Psicologia para atuarem de maneira comprometida com a realidade social? Como formá-los de tal modo que ultrapassem os modelos e paradigmas tradicionais, e possam construir novos paradigmas com base na realidade social concreta?

A cada nova formulação de políticas sociais e diante da ampliação de campos nos quais a Psico-logia se insere, este parece ser um desafio perene que tem apresentado questões sérias ao processo de formação. Trata-se de um desafio implacável colocado a todos(as) aqueles(as) que se preocupam com o papel e compromisso sociais da profissão, entendendo-a como um fator importante, também, para a superação de formas de exclusão e injustiças sociais existentes no mundo e sociedade contemporâneos.

Um segundo aspecto liga-se à ampliação de campos e à diversidade temática quando da inserção. Isto coloca o debate sobre que conteúdos e que formas a prática profisisonal poderá ter: adotar "velhos" ou "novos" paradigmas para a sua ação? Surgem, aqui, outras preocupações ligadas ao tipo de formação que os cursos de Psicologia estariam promovendo e que poderiam resultar em mudanças importantes (Bastos & Gondim, 2010Bastos, A V B ., & Gondim, S M G. (Orgs) (2010) . O trabalho do psicólogo no Brasil. Porto Alegre: Artmed.; Oliveira & Yamamoto, 2014Oliveira, I. F., & Yamamoto, O. (2014). Apresentação. In: I. F. Oliveira & O. Yamamoto (Orgs.). Psicologia e Políticas Sociais: temas em debate (pp. 17-20). Belém: UFPA.). Ou seja, questiona-se sobre co-mo contribuir, no processo formativo, para a construção de estratégias de ação que se comprometam com as problemáticas socialmente relevantes e necessárias na perspectiva da população.

Nos últimos 20 anos, mais especificamente quando surgiram propostas de implementação de políticas sociais e públicas que estivessem preocupadas com a maioria da população, pode-se dizer que dois desafios importantes para a Psicologia foram colocados. Um deles liga-se ao fato de se ampliarem os cenários de inserção e atuação para o profissional de Psicologia, e o outro desafio, em parte decorrente do primeiro, refere-se à necessidade e expectativa de que a atuação seja diferente dos espaços e paradigmas tradicionais, utilizados nos campos mais conhecidos de atuação (como clínica, consultórios, e mesmo parte das escolas) (Martínez, 2005Martínez, A M.(Org.) (2005). Psicologia escolar e compromisso social. Campinas: Alínea.; Sandoval, 2000Sandoval, S. (2000). O que há de novo na Psicologia Social Latinoamericana? In: R. H. F. Campos & P. A. Guareschi (Orgs.), Paradigmas em psicologia social: a perspectiva Latinoamericana (pp. 101-109). Petrópolis: Vozes.; Senra & Guzzo, 2012Senra, C M G., & Guzzo, R. S. L. (2012). Assistência social e psicologia: sobre as tensões e conflitos do psicó-logo no cotidiano do serviço público. Psicologia & Sociedade, 24(2): 293-299.; Silva, 1998Silva, R. C. (1998). O trabalho do psicólogo em centros de saúde: algumas reflexões sobre as funções da psicologia na atenção primária à saúde (Tese de doutorado não-publicada). Universidade de São Paulo.).

Espera-se que esse profissional, em sua prática, atenda a três demandas: atue de maneira não mais individual e psicologizante; integre equipes de trabalho multiprofissional; e incorpore como objeto de investigação aqueles fenômenos sociais que pareciam pouco relevantes à psicologia tradicional. Estas demandas, por si só, apresentam desafios intrínsecos ao processo de formação, visto que a Psicologia, ao longo dos anos, trabalhou exatamente ao contrário. Em outras palavras, trabalhou de modo a adotar modelos de psicologização das relações e da vida cotidiana, além de ter se posicionado como se fosse um "sujeito único" hege-mônico na sua prática, seja quando da produção de conhecimentos, seja quando das decisões sobre o quê fazer com o seu objeto de trabalho e investigação.

Deparamo-nos, então, com um paradoxo. De um lado, há um cenário rico em diversidades e temáticas para a atuação dos profissionais de psicologia, o que poderia contribuir para uma maior exigência de qualificação em sua formação para lidar com os problemas sociais. De outro, ainda presenciamos a manutenção de uma preparação frágil e compartimentalizada para lidar com esse tipo de prática, cujas exigências ultrapassam mais do que mudanças espaciais e geográficas na atuação. Essas exigências, em verdade, mostram a necessidade de que haja mudanças paradigmáticas e ontológicas que levem a apreender e compreender o objeto, da inserção e atuação dos profissionais de psicologia, dentro de uma relação compartilhada, horizontal, partícipe e histórico-dialética. Com isso estaria sendo garantida a coerência com os pressupostos epistemológicos ligados à construção de uma profissão socialmente relevante e comprometida com a superação dos problemas sociais com os quais trabalha.

Um terceiro aspecto, presente na relação profissão-universidade-sociedade, refere-se ao fato de que - acompanhando o movimento de ampliação e interiorização de universidades públicas no território nacional, em especial a partir de inícios deste século -, a Psicologia passou a fazer parte de cursos desenvolvidos em pequenas cidades, em contextos rurais e distantes dos grandes centros urbanos. Derivado deste deslocamento urbano-rural, apresenta-se também para a Psicologia o desafio de construir aportes teórico-metodológicos que aproximem a profissão aos cenários rurais, até então pouco reconhecidos em seus paradigmas tradicionais que sempre dirigiram-se a formar para uma prática psicológica e psicossocial nos centros urbanos. No centro desta tensão, surge um outro paradoxo. De um lado, nesses novos cenários do processo de interiorização, reinstala-se o fortalecimento do enfoque individual clínico visto que é uma forma de trabalhar consolidada e que traz ao profissional alguma segurança na sua prática diária. De outro, apresenta-se a necessidade de serem desenvolvidos outros aportes para conhecer a nova realidade no contexto rural e/ou das pequenas cidades, e poder atuar junto a essas novas e diferentes necessidades, e isto nem sempre foi desenvolvido nos cursos de formação.

E, o quarto aspecto que parece também importante nesta proposição de debate e reflexão, situa-se na relação tipo de instituição formadora e qualidade da formação, de um lado, e atualização e conhecimentos sobre a realidade concreta, de outro. Isto refere-se ao fato de que ainda temos um predomínio de escolas privadas (82,23% das instituições de ensino superior) em que o curso de Psicologia é fornecido, sendo que dessas 63,44% (229 instituições particulares) situam-se nas regiões Sudeste e Sul do Brasil (Baima, 2014Baima, L. S. (2014). Limites e possibilidades na contribuição para a mudança social: uma avaliação da formação em psicologia social comunitária no Brasil (Dissertação de mestrado não-publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas.). Observa-se que a produção de pesquisas e projetos de extensão/intervenção, assim como a atualização e desenvolvimento de estratégias metodológicas, concen-tram-se nas universidades públicas e, ainda, nos centros urbanos maiores e com mais recursos e desenvolvimento científico atualizado. Embora, a ampliação e interiorização dos cursos tenha menos de 15 anos, sabe-se que a produção de conhecimento liga-se fortemente à pós-graduação que, ainda, se concentra nas maiores e mais antigas insti-tuições de ensino superior, geralmente de caráter público e localizadas nos centros urbanos maiores. Assim, o que se presencia é que a maioria dos cursos de Psicologia, ministrados em instituições privadas ou em públicas no interior do país, ainda estão dis-tantes dos centros de investigação e dos pólos de produção de conhecimento. Reinstala-se um forte desafio: de um lado, ampliaram-se os cursos de Psicologia, a tal ponto que em 2014 existem 449 cursos no território nacional (Baima, 2014Baima, L. S. (2014). Limites e possibilidades na contribuição para a mudança social: uma avaliação da formação em psicologia social comunitária no Brasil (Dissertação de mestrado não-publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas.) e, de outro, pouca garantia há de que tais cursos estejam sendo diferentes dos paradigmas tradicionais que deram origem à profissão no seu início.

Pode-se, então, perguntar sobre o que exis-tiria entre a Psicologia e as políticas sociais ou, mais especificamente, entre as práticas da Psicologia Social Comunitária (PSC) e as propostas da sociedade civil para o atendimento das necessidades principais da maioria da população? Este ainda é um debate atual localizado na discussão sobre as relações Profissão e Sociedade, atravessadas pelo processo de formação (Guzzo & Lacerda Jr., 2011Guzzo, R S L. ., & Lacerda Jr. , F. (Orgs.) (2011) . Psicologia social para América Latina: o resgate da psicologia da libertação (2ª ed.). Campinas: Alínea.; Yamamoto & Gouveia, 2013Yamamoto, O., & Gouveia, V. V. (Orgs.). (2013). Construindo a Psicologia brasileira: desafios da Ciência e prática psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo.). Quão distantes ou quão próximas ambas estariam e como isto poderia afetar a vida das pessoas nos espaços sociais em que vivem e atuam?

Após esta breve contextualização a respeito de alguns desafios à formação, propõe-se, neste artigo, tecer uma análise em torno de três eixos. No primeiro eixo, far-se-á uma breve exposição a respeito do contexto atual e campo das práticas da PSC, destacando-se algumas preocupações e tensões em tais práticas. No segundo eixo, serão indicadas as dimensões teórico-metodológicas consideradas relevantes para o processo de formação, e que estão sendo, aqui, denominadas de "necessidades de formação para a práxis" em PSC. E no último eixo, apresentar-se-ão o que aqui se chama de "deli-cadezas" ético-políticas presentes no "fazer" psicossocial em comunidade e na relação comunidade-profissionais, finalizando com a indicação de princípios considerados necessários ao processo de formar para a práxis em PSC.

Eixo I: Contexto atual e campo das práticas da Psicologia (Social) Comunitária

No início do século XXI, ainda antes de completar 40 anos, a Psicologia presenciou um aumento significativo de suas propostas de trabalho no campo das práticas comunitárias (Alfaro, Sánchez, & Zambrano, 2012Alfaro, J., Sánchez, A., & Zambrano,A (Comp) (2012) . Psicología comunitária y políticas sociales: reflexiones y experiencias. Buenos Aires: Paidós.; Freitas, 2005Freitas, M F Q. (2005). (In)coerências entre práticas psi-cossociais em comunidade e projetos de transformação social: aproximações entre as psicologias sociais da libertação e comunitária. Psico, 36(1): 47-54.; 2007Freitas, M F Q. (2007). Educação de jovens e adultos, educação popular e processos de conscientização: intersecções na vida cotidiana. Educar em Revista (Impresso), 1: 47-62.; 2011bFreitas, M F Q. . (2011b) . Community social psychology as political education and awareness-raising resistences and possibilities in everiday life: Suggestions for a model of analysis. In: F. H. E. Almeida Acosta (Ed.), International Community Psychology: Community approaches to contemporary social problems (Vol.1, pp. 73-94). Puebla: Universidad Iberoamericana de Puebla.; Montero, 1994Montero, M. (1994). Un paradigma para la Psicología Social: reflexiones desde el quehacer en America Latina. In: M. Montero (Org) .Construcción y crítica de la psicología social (pp. 27-48). Barcelona: Editorial Anthropos.; 2003Montero, M. (2003). Relatedness as the basis for liberation. The International Journal of Critical Psychology, 9: 61-74.; Montero & Serrano-Garcia, 2011Montero, M., & Serrano-Garcia, I (Comps.) (2011) . Histórias de la psicología comunitária em America Latina: participación y transformación. Buenos Aires: Paidós.). Em decorrência, as publicações no campo da Psicologia (Social) Comunitária passaram a ter mais visibilidade trazendo à tona dois aspectos importantes. O primeiro aspecto refere-se ao aumento de propostas e práticas, em um campo que poderia ser chamado de Psicologia (Social) Comunitária, se se levar em conta dois elementos diferenciadores e interdependentes entre si. Esses elementos mostram que as ações passaram a ser realizadas fora dos espaços tradicionais (consultórios e empresas, por exemplo) de uma maneira diferente àquela defendida pelos paradigmas hegemônicos dominantes na Psicologia; e que as ações psicossociais em comunidade revelaram um forte compromisso com os setores populares na busca de melhorias para o cotidiano desses segmentos. O segundo aspecto está relacionado ao fato de que existe, hoje, uma grande diversidade de inserções e práticas psicos-sociais (Alfaro et al., 2012Alfaro, J., Sánchez, A., & Zambrano,A (Comp) (2012) . Psicología comunitária y políticas sociales: reflexiones y experiencias. Buenos Aires: Paidós.; Almeida Acosta, 2011Almeida Acosta, F H E. (Ed) (2011) . International Community Psychology: Community approaches to contemporary social problems (Vol. 1). Puebla: Universidad Iberoamericana de Puebla.; Montero & Serrano-Garcia, 2011Montero, M., & Serrano-Garcia, I (Comps.) (2011) . Histórias de la psicología comunitária em America Latina: participación y transformación. Buenos Aires: Paidós.; Sarriera, 2000Sarriera, J C.(Org.) (2000). Psicologia comunitária: estudos atuais. Porto Alegre: Sulina.) que, ao lado de outros campos disciplinares, têm se mostrado importantes para o enfrentamento das problemáticas vividas pelos diferentes grupos e comunidades (Freitas, 1998Freitas, M F Q. (1998). Inserção na comunidade e análise de necessidades: reflexões sobre a prática do psicó-logo. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11(1): 175-189.).

Presencia-se, assim, hoje, uma alta variedade no campo da PSC. Há uma diversidade de práticas, fazeres, referenciais teóricos, instrumentais utilizados, temáticas focalizadas e privilegiadas para as ações, de proposições distintas mesmo que para dinâmicas e contextos comuns, recursos empregados para reunir e mobilizar grupos e comunidades, entre tantas outras formas de atuar (Flores Osorio, 2007Flores Osorio, J M. (Coord.) (2007). Psicología, globalización y desarrollo en America Latina. México: Editorial Latinoamericana.; 2011Flores Osorio, J M. (Coord.) (2011). Psicología y práxis comunitária: Una visión latinoamericana. México: Editorial Latinoamericana.; Freitas, 2011aFreitas, M F. Q. . (2011a) . Construcción y consolidación de la psicología social comunitária en Brasil: conocimientos, prácticas y perspectivas. In: M. Montero & I. Serrano-Garcia (Comps.). Histórias de la psicología comunitária em America Latina. Participación y transformación (pp.91-114). Buenos Aires: Paidós.; 2012Freitas, M F Q. . (2012) . Prácticas de intervención comunitaria y políticas publicas: aproximaciones y límites desde la perspectiva de la psicología social comunitária latinoamericana. In:J. Alfaro, A. Sánchez, & A. Zambrano (Comps.). Psicología comunitária y políticas sociales: reflexiones y experiencias (pp. 173-197). Buenos Aires: Paidós.). Nos últimos anos, começou a ser comum dizer que, podem ser vistos como práticas da Psicologia (Social) Comunitária, aqueles trabalhos que tivessem algumas características como: serem realizados fora dos consultórios e gabinetes de trabalho; serem executados nas ruas das cidades ou nas vilas e cenários camponeses; envolverem um número maior de pessoas e grupos; defenderem relações horizontais e não hierárquicas; utilizarem também recursos das expressões artístico-musicais e da criatividade humana, entre outros. Some-se, aqui, também, o fato de que os trabalhos que se refiram a qualquer problema social concreto, a qualquer dificuldade enfrentada no cotidiano pelas pessoas, e que tenham alguma proposta de melhoria dirigida aos setores desfavorecidos, oprimidos e excluidos, também, po-deriam ser vistos como formas de trabalho da Psi-cologia (Social) Comunitária.

Entretanto, neste momento, o que se pode, de fato afirmar, é que estas situações e constatações estampam, de maneira clara, uma tensão do ponto de vista conceitual entre o que é, de fato, essência e o que é aparência neste campo das práticas da Psicologia (Social) Comunitária.

Assim, há um debate necessário sobre o que é essencial e singular nesse tipo de práxis (Flores Osorio, 2011Flores Osorio, J M. (Coord.) (2011). Psicología y práxis comunitária: Una visión latinoamericana. México: Editorial Latinoamericana.; Freitas, 2005Freitas, M F Q. (2005). (In)coerências entre práticas psi-cossociais em comunidade e projetos de transformação social: aproximações entre as psicologias sociais da libertação e comunitária. Psico, 36(1): 47-54.; 2012Freitas, M F Q. . (2012) . Prácticas de intervención comunitaria y políticas publicas: aproximaciones y límites desde la perspectiva de la psicología social comunitária latinoamericana. In:J. Alfaro, A. Sánchez, & A. Zambrano (Comps.). Psicología comunitária y políticas sociales: reflexiones y experiencias (pp. 173-197). Buenos Aires: Paidós.; Gaborit, 2011Gaborit, M. (2011). Memória histórica: reverter a história a partir das vítimas. In: R. L. S. Guzzo & F. Lacerda Jr. (Orgs.). Psicologia social para a América Latina: o resgate da psicologia da libertação (pp. 245-276). Campinas: Alínea.; Martín-Baró, 1987Martín-Baró, I. (1987) . El latino indolente: caráter ideológico dei fatalismo latinoamericano In: M. Montero (Coord.), Psicología Política Latinoamericana (pp.135-162). Caracas: Editorial Panapo.). E, que elementos aparenciais podem estar existindo e contribuindo para que fiquem nebulosas as fronteiras entre a práxis da PSC e a de outras formas de trabalhar em Psicologia, mesmo que todas aconteçam em contextos e dinâ-micas comunitárias. Três elementos emergem neste debate, considerando-se esta maior aproximação entre as práticas psicossociais em comunidade e os diferentes setores populares. O primeiro é de que não há uma base consensual que mostre haver igualdades teórico-conceituais entre tais práticas. O que se pode afirmar sobre o que é comum e con-sensual nos vários trabalhos situa-se, muito mais, no fato de que as propostas de intervenção comuni-tária dirigem-se a algum problema social, a alguma dificuldade vivida pela população em seu cotidiano e a alguma proposta de melhoria. Deriva-se daí um segundo aspecto, ligado à necessidade de serem feitas análises epistemológicas rigorosas que levem a um desmonte das pseudo-conciliações entre bases ontológicas e orientações metodológicas presentes nos vários trabalhos comunitários. Pode-se dizer que pouco têm sido analisadas, nos diferentes trabalhos em comunidade, essas diferenças e incoerências epistemológicas e ontológicas das práticas. Um terceiro fator refere-se à necessidade da análise sobre o grau de impacto e importância que essas práticas têm, no sentido de se são de fato práticas imprescindíveis à vida e cotidiano comunitários. Pro-mover esta discussão, em nosso entendimento, significa falar dos caminhos da práxis da PSC, o que implica necessariamente desvelar os fundamentos do processo de politização da consciência que está diretamente ligado à participação da própria popu-lação em torno de suas necessidades concretas, mediatas e imediatas.

Tomando-se como referência isto, algumas perguntas poderiam ser feitas a respeito das relações entre práxis e formação questionando-se, também, o tipo de compromisso e ética envolvidos. Ve-jamos algumas indagações mais urgentes e atuais: a) haveria alguma especificidade (seja política, instrumental e/ou teórica) para que se pudesse atuar neste campo? b) qualquer psicólogo(a) poderia atuar em PSC? c) outras profissões poderiam atuar em PSC? e d) que diferenças há, por exemplo, entre o(a) educador(a) popular/comunitário(a), o(a) trabalhador(a) social, o(a) assistente social, somente para se falar de alguns? Todas estas questões parecem levar a duas grandes reflexões e desafios centrais que seriam: como formar para a intervenção (prática) psicossocial em comunidade? E, como for-mar para ter um compromisso com a transformação social?

Podemos, então, nos perguntar se seria isto possível, ou se isto poderia estar fora do âmbito da formação e capacitação profissionais. No caminho de intentar refletir a respeito destes grandes desa-fios, seja para o campo da PSC seja para o próprio processo de formação, discutir sobre os aportes teórico-metodológicos fundamentais e sobre os cuidados ético-políticos da prática parecem importantes. Cada um deles estarão sendo desenvolvidos nas seções seguintes.

Eixo II: Aportes teórico-metodológicos necessários à formação em Psicologia Social Comunitária

Os problemas relativos à injustiça, à pobreza e ao sofrimento humano, assim como seus determinantes estruturais e conjunturais, podem continuar a existir e, infelizmente, têm continuado mesmo em sociedades altamente democráticas, como bem mostra a nossa história contemporânea (Freitas, 2014, p.66).

Indagações relativas ao que fazer para colaborar com um mundo mais justo e digno continuam sendo fortes desafios colocados a qualquer tipo de prática e ao processo de formação de diferentes profissionais no mundo atual (Ferrarini, 2008Ferrarini, A V. (2008). Pobreza: possibilidades de construção de políticas emancipatórias. São Leopoldo: Oikos.; Hobsbawn, 2000Hobsbawm, E J . (2000) . Homo globalizatus. In: E. J. Hobsbawm. O Novo Século: entrevista a Antonio Polito (pp. 126-151). São Paulo: Companhia das Letras.). Entretanto, há que se evitar uma armadilha interna a esse processo presente, hoje, a quase todas as áreas envolvidas com os chamados projetos sociais e comunitários. Esta armadilha aparece em relação ao que já se denominou, em outra ocasião, de "mito da mão estendida" (Freitas, 2005Freitas, M F Q. (2005). (In)coerências entre práticas psi-cossociais em comunidade e projetos de transformação social: aproximações entre as psicologias sociais da libertação e comunitária. Psico, 36(1): 47-54.), que se refere ao fato de que, hoje, seria politicamente incorreto não estar fazendo qualquer trabalho, social ou voluntário, de ajuda ao próximo. Poder-se-ia perguntar onde estaria essa armadilha. Com certeza não é no fato de se fazer algo, em prol dos outros. A armadilha estaria na idéia de que: 1) fazer algo imbuído de boas intenções seria su-ficiente para uma possível melhoria social, e 2) que a "boa vontade" nesse fazer poderia substituir uma "profissionalização", séria e comprometida, dessa ação. Entenda-se esta "profissionalização" como os aportes teóricos e metodológicos necessários para uma ação profissional comprometida, que possa ter continuidade, história coletiva e memória social para que sejam transmitidos os conhecimentos e produções humanas, próprios daquele fazer profissional, no nosso caso, o fazer psicossocial em comunidade.

Quando se pergunta sobre que aportes teórico-epistemológicos são necessários para a formação em PSC, surgem preocupações ligadas a: como captar a vida real dos chamados excluídos que muitas vezes tornam-se "invisíveis" sociais para a investigação, visto que são considerados "pouco significativos" segundo os parâmetros científicos e estatísticos? Este é o caso, por exemplo, dos jovens pobres de periferia que sobrevivem psicossocialmente a despeito de todas as tragédias e adversidades cotidianas que enfrentam. É, também, o caso das pessoas velhas "ativas" que, por isso mesmo, fogem à regra de serem incapazes e decrépitas, uma vez que estão a realizar inúmeras atividades como qualquer pessoa de outra faixa etária menor, só que chegam a ser desconsideradas para estudos ou programas comunitários por não serem "representativas". Instaura-se, assim, um desafio importante para o processo de formação no campo da PSC. Como compreender os diferentes atores sociais, dentro de sua própria realidade, sem se distorcer a concretude histórica de sua vida cotidiana, sem cair no paternalismo ou assistencialismo; e mantendo a coerência aos princípios da PSC na direção do fortalecimento e da construção de redes de convivência mais solidárias, justas e dignas no cotidiano das pessoas?

Isto coloca o desafio conceitual e ontológico ligado a: como conseguir captar a concretude histórico-social das relações humanas - determinadas estrutural e conjunturalmente, e vividas em sua cotidianidade singular e genérica (Heller, 1982Heller, A. (1982). La revolución de la vida cotidiana. Barcelona: Ediciones Península.; Paulo Netto & Carvalho, 1996Paulo Netto, J., & Carvalho, M. C. B (1996). Cotidiano: conhecimento e crítica (4ª ed.). São Paulo: Cortez.) -, de tal modo que seja fiel à dinâmica e contexto comunitários?

São seis as necessidades consideradas importantes ao processo formativo neste campo e que permitem compreender três aspectos: os compromissos estabelecidos pelos agentes comunitários (internos e externos), os resultados produzidos pela intervenção comunitária, e os diferentes níveis de participação nas atividades realizadas. Estas necessidades permitiriam compreender os diferentes processos psicossociais de participação e conscien-tização, seja da comunidade, seja dos profissionais.

Assim, apresentam-se, a seguir como indicado na Figura 1, as denominadas seis necessidades para poder formar para a práxis em Psicologia Social Comunitária.

Figura 1.
Seis necessidades da formação para a práxis em Psicologia Social Comunitária.

Na necessidade 1, da dimensão epistemo-lógica, é importante o conhecimento histórico-crítico a respeito da construção sócio-política da vida cotidiana dos diferentes grupos e comunidades com os quais se pretende trabalhar, relacionando-o às dimensões local, regional e global. Isto contribuirá para uma análise contextualizada e para a compreensão histórica sobre os determinantes estruturais e conjunturais da dinâmica e contexto comunitários.

Na segunda necessidade, a do enquadre conceitual principal, é imprescindível que os cotidianos de existência das pessoas e as redes de convivência comunitária construídas sejam tomados como matriz principal, nos trabalhos comunitários. Isto significa compreender a vida dessas pessoas em várias dimensões, interligadas e interdependentes: nos seus problemas cotidianos, nas suas possibilidades de enfrentamento, nos seus projetos de utopia para a sociedade, e na construção de ações coletivas e comunitárias. Significa, no plano psicossocial, realizar uma análise conjuntural e estrutural no plano psicossocial, que ultrapasse explicações reducionistas, psicologizantes e pontuais, e que permitam ver o futuro como um projeto político-pedagógico de transformação e de utopia a serem buscados de maneira coletiva e partícipe.

Na terceira necessidade, relativa às alianças e aos projetos políticos, faz-se necessário compreender como se articulam e se comprometem os dife-rentes movimentos sociais, grupos comunitários e diversos segmentos da sociedade, em torno de uma proposta coletiva e voltada a fins coletivos e solidários.

A quarta necessidade, a da desnaturalização da vida cotidiana e concepção sobre o que é o fenômeno psicológico na dinâmica comunitária, liga-se a como fazer com que as pessoas acreditem que vale a pena, também, participar, nas esferas públicas e coletivas, como sendo uma condição importante para o fortalecimento das redes e projetos comunitários. E, também, refere-se às concepções e compreensões que os agentes comunitários têm a res-peito do que é e não é um fenômeno psicológico, nas diferentes dinâmicas comunitárias, e como tudo isso poderia impactar os trabalhos realizados. Isto pode permitir entender os diferentes caminhos que os trabalhos comunitários têm, de avanço ou recuo, remetendo-os também às (in)coerências dos recursos metodológicos empregados.

A compreensão da dinâmica das relações do trabalho comunitário - quinta necessidade -, refere-se às ferramentas utilizadas e ao "olhar" construído para compreender o que se passa na vida cotidiana de tais práticas envolvendo todos os atores sociais (Freitas, 2003Freitas, M F Q. (2003). Psychosocial practices and community dynamics: Meanings and possibilities of advance from the perspective of the engaged social actors. The International Journal of Critical Psychology, 9: 107-124.; 2005Freitas, M F Q. (2005). (In)coerências entre práticas psi-cossociais em comunidade e projetos de transformação social: aproximações entre as psicologias sociais da libertação e comunitária. Psico, 36(1): 47-54.; 2009Freitas, M F Q. . (2009) . ?(Des)encuentros entre la intervención y investigación comunitárias? Dilemas éticos en la perspectiva de la Psicología Social Comunitária. In:C. Vazquez Rivera, D. Perez Jimenez, M. Figueroa Rodriguez, & W. Pacheco Bou (Eds.). Psicologia Comunitaria Internacional: agendas compartidas en la diverdad (pp. 151-179). San Juan, Porto Rico: Editorial Actividades de Formación Comunitaria.; 2011aFreitas, M F. Q. . (2011a) . Construcción y consolidación de la psicología social comunitária en Brasil: conocimientos, prácticas y perspectivas. In: M. Montero & I. Serrano-Garcia (Comps.). Histórias de la psicología comunitária em America Latina. Participación y transformación (pp.91-114). Buenos Aires: Paidós.). Isto significa compreender as: a) razões para realização do trabalho (para comunidade, profissionais, stakeholders, agências governamentais, etc.); b) relações entre agentes internos e tipo de participação construída entre eles; e c) características da prática desenvolvida e frutos obtidos.

A última necessidade, da avaliação e im-pactos das práticas em comunidade, refere-se a construir recursos e ferramentas, colaborativas e participativas, de avaliação. Eles devem ser específicos a cada contexto e dinâmica, com a finalidade de saber se o trabalho é, de fato, prioritário e imprescindível; se estaria atendendo a que necessidades e de quem; se traria mudanças relevantes e, se as produzisse seria na perspectiva de quem.

Eixo III: Dimensões ético-políticas e princípios da práxis em Psicologia Social Comunitária

Neste momento, faz sentido perguntar sobre o que, aqui, se denomina de "delicadezas" ético-políticas que estão presentes no "fazer" psicos-social em comunidade e na relação comunidade-profissionais.

Pode-se dizer que essas "delicadezas" se referem a dois âmbitos. No primeiro, relativo à implementação e realização das ações comunitárias (ao fazer psicossocial em comunidade), pode-se perguntar sobre os cuidados éticos que devemos ter. Isto pode ser traduzido em indagações como: a) posso (ou não) e devo atuar (ou não) de uma dada maneira em situações, por exemplo, de violência, de preconceito, de exclusão? e b) com quem me comprometo e explicito meu envolvimento político-social? Estas questões remetem a um debate sobre o paradigma da responsabilidade e do quão justa uma ação pode ser, em um dado contexto em que acontece, discussão esta apresentada em trabalhos anteriores (Freitas, 2008Freitas, M F Q. . (2008) . Red de tesnsiones en la vida cotidiana: análisis desde la perspectiva de la psicología social comunitária. In: B. Jimenez-Dominguez (Comp.), Subjetividad, participación e intervención comunitária: una vision critica desde América Latina (Tramas sociales, nº 51, pp. 165-183). Buenos Aires: Paidós.). No segundo âmbito de "delicadeza" ético-política, encontram-se as relações e parcerias entre profissionais e comunidade (Freitas, 1998Freitas, M F Q. (1998). Inserção na comunidade e análise de necessidades: reflexões sobre a prática do psicó-logo. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11(1): 175-189.; 1999Freitas, M F Q. . (1999) . O quê fazer? Reflexões em Psi-cologia Social Comunitária. In: P. R. M. Menandro, Z. A. Trindade, & E. B. Borloti (Orgs.). Pesquisa em Psicologia: recriando métodos (pp. 105-124). Vitória: UFES.; 2011aFreitas, M F. Q. . (2011a) . Construcción y consolidación de la psicología social comunitária en Brasil: conocimientos, prácticas y perspectivas. In: M. Montero & I. Serrano-Garcia (Comps.). Histórias de la psicología comunitária em America Latina. Participación y transformación (pp.91-114). Buenos Aires: Paidós.) e, hoje, mais contemporaneamente, também com os stakeholders e políticas públicas (Freitas, 2014Freitas, M F Q. . (2014) . Expansão das práticas de inter-venção comunitária: que horizontes para a psicologia social comunitária? In: J. M. Flores Osório (Coord.). Repensar la psicología y lo comunitário en América Latina (pp.47-68). Tijuana, México: Universidad de Tijuana.; Guzzo, Mezzalira, & Moreira, 2014Guzzo, R. S. L., Mezzalira. A. S. C., & Moreira, A P. G. . (2014) . Desafios, ameaças e compromissos para os psicólogos: as políticas públicas no campo educativo. In: I. F. Oliveira & O. Yamamoto (Orgs.). Psicologia e Políticas Sociais: temas em debate (pp. 215-238). Belém: UFPA.). Isto aparece em questionamentos como: a) que tipo de relação se estabelece entre esses três personagens?, b) que relação de conhecimento e de autoridade travam entre si?, e c) quem e como são definidos os objetivos e rumos do trabalho?

A discussão sobre o que se apresenta como necessário para formar para a práxis em PSC - quanto aos aportes teórico-metodológicos e às delicadezas ético-políticas -, cada vez mais revela uma preocupação, presente nos cursos de formação nos últimos anos, com relação a dois aspectos. Um, se os cursos estão, de fato, formando e capacitando, científica e politicamente, os futuros profissionais para desenvolverem intervenções e programas co-munitários. Fala-se, aqui, então da dimensão do "saber fazer", pertinente a todos os agentes envolvidos na bipolaridade do processo de aprendizagem e formação. O segundo aspecto, numa íntima relação dialética com o primeiro, liga-se a como implementar e colaborar para o surgimento de uma sensibilidade histórica e identificação política desses profissionais para com a população, sensibilidade essa guiada por um compromisso com a transformação social.

O que seria, então, necessário e importante para poder formar para a práxis em Psicologia Social Comunitária? Apresentam-se, na Tabela 1, os princípios e suas respectivas categorias conceituais que deveriam ser contemplados no processo de formação, a fim de se constituirem como guias norteadores para a práxis em PSC.

Tabela 1
Cinco princípios norteadores e respectivas categorias conceituais para formar para a práxis em Psicologia Social Comunitária

Um primeiro é o que se denomina aqui de compreensão conjuntural e estrutural dos modos de (re)produção da existência humana, compreendida necessariamente como uma construção social da realidade e vida cotidianas, como desenvolveram e aprofundaram Berger e Luckmann (1983)Berger, P L., & Luckmann,T (1983). A construção social da realidade (5ª ed.). Petrópolis: Vozes.; Heller (1982)Heller, A. (1982). La revolución de la vida cotidiana. Barcelona: Ediciones Península.; Lane (1984)Lane, S T M. . (1984) .A Psicologia Social e uma nova concepção do homem para a Psicologia. In: A. T. M. Lane & W. Codo (Orgs.). Psicologia Social: o homem em movimento (pp. 10-19). São Paulo: Editora Brasi-liense.; Lukács (2012)Lukács, G. (2012). Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo.; Martín-Baró (1987)Martín-Baró, I. (1987) . El latino indolente: caráter ideológico dei fatalismo latinoamericano In: M. Montero (Coord.), Psicología Política Latinoamericana (pp.135-162). Caracas: Editorial Panapo.; Marx (1970)Marx, K. (1970). Contribución a la crítica de la economia política. Madrid: Alberto Corazón.. A leitura crítica e compreensão dos princípios fundantes da vida societal, ao lado de como isso impacta na construção dos processos psicossociais, no plano microssocial e macrossocial, são condições determinantes para a constituição dos aportes necessários à práxis em PSC.

Um segundo princípio, derivado e relaciona-do ao anterior, liga-se a uma práxis baseada em conhecimentos ampliados, provenientes também de outros campos disciplinares e colaborando para que as produções, teóricas e práticas, sejam inter e multi-disciplinares. Para isso, alguns aportes são essenciais, como os da educação popular, baseada em Paulo Freire (Assumpção, 2009Assumpção, R. (Org) (2009). Educação popular na pers-pectiva Freiriana (Série Educação Popular, Vol. 3). São Paulo: Instituto Paulo Freire.; Barreiro,1985Barreiro, J. (1985). Educacion popular y proceso de concientizacion (10ª ed.). Mexico: Siglo Veintiuno.; Freitas, 1999Freitas, M F Q. . (1999) . O quê fazer? Reflexões em Psi-cologia Social Comunitária. In: P. R. M. Menandro, Z. A. Trindade, & E. B. Borloti (Orgs.). Pesquisa em Psicologia: recriando métodos (pp. 105-124). Vitória: UFES.; 2007Freitas, M F Q. (2007). Educação de jovens e adultos, educação popular e processos de conscientização: intersecções na vida cotidiana. Educar em Revista (Impresso), 1: 47-62.; 2012Freitas, M F Q. . (2012) . Prácticas de intervención comunitaria y políticas publicas: aproximaciones y límites desde la perspectiva de la psicología social comunitária latinoamericana. In:J. Alfaro, A. Sánchez, & A. Zambrano (Comps.). Psicología comunitária y políticas sociales: reflexiones y experiencias (pp. 173-197). Buenos Aires: Paidós.) e os da investigação-ação--participante, apoiada na perspectiva de Orlando Fals Borda (Brandão & Assumpção, 2009Brandão, C R., & Assumpção, R. (2009). Cultura rebelde: escritos sobre a educação popular ontem e agora. São Paulo: Instituto Paulo Freire.; Fals Borda, 1986Fals Borda, O. (1986). Conocimiento y poder popular. Colombia: Siglo Veintiuno.). Agrega-se também o fato de que ter uma práxis assentada nestes conhecimentos e valores exige que o trabalho seja, necessariamente, realizado em equipe e de maneira coletiva e comunitária. Deriva, então, a necessidade de se saber trabalhar em grupo e com os processos psicossociais em grupo (Lane, 1984Lane, S T M. . (1984) .A Psicologia Social e uma nova concepção do homem para a Psicologia. In: A. T. M. Lane & W. Codo (Orgs.). Psicologia Social: o homem em movimento (pp. 10-19). São Paulo: Editora Brasi-liense.; Martín-Baró,1987Martín-Baró, I. (1987) . El latino indolente: caráter ideológico dei fatalismo latinoamericano In: M. Montero (Coord.), Psicología Política Latinoamericana (pp.135-162). Caracas: Editorial Panapo.), como agentes internos e externos nas práticas comunitárias.

O terceiro princípio, aqui chamado, caráter pedagógico de formação e politização no cotidiano, envolve duas dimensões: a do compromisso com os segmentos populares explorados e oprimidos, e a do fortalecimento dos processos de participação e conscientização que se materializam na vida cotidiana, que deve ser compreendida e vivida fora dos mecanismos e explicações naturalizantes e fragmentadores. Isso significa contribuir para análises que primem pelas categorias da totalidade e contradição históricas, contribuindo para que se faça uma 'despsicologização' ou 'despatologização' da vida cotidiana e das relações sociais, e eliminando os processos ligados ao fatalismo e à crença na imutabilidade e irreversibilidade históricas.

A forma de construção dos objetivos, referentes à prática comunitária, trata do quarto princípio importante e definidor dos rumos do trabalho. Se esses objetivos, de fato, forem discutidos e construídos de maneira participativa e colaborativa entre comunidade e profissional, a sua configuração e o processo de construção acontecerá de maneira a posteriori e participativa (Freitas, 1998Freitas, M F Q. (1998). Inserção na comunidade e análise de necessidades: reflexões sobre a prática do psicó-logo. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11(1): 175-189.; 1999Freitas, M F Q. . (1999) . O quê fazer? Reflexões em Psi-cologia Social Comunitária. In: P. R. M. Menandro, Z. A. Trindade, & E. B. Borloti (Orgs.). Pesquisa em Psicologia: recriando métodos (pp. 105-124). Vitória: UFES.), levan-do em conta as necessidades básicas, sentidas e vividas, da população. Isto se aproxima àquilo que Freire (1976)Freire, P. (1976). Educacion y cambio. Santiago: Busqueda. denominou de relação dialógica em que ambos, na relação estabelecida, ocupam, ao mesmo tempo, o lugar de sujeitos e objetos do conhecimento. No caso da PSC, ambos - comunidade e profissionais -, tornam-se, a todo momento, sujeitos e objetos do próprio processo de construção dos conhecimentos sobre a vida e dinâmica comunitárias. Derivado disto podem ser construídas metodologias participativas e colaborativas, mantendo-se a coerência a estes pressupostos, em que o conhecimento popular e o conhecimento científico, como defendia Fals Borda (1986)Fals Borda, O. (1986). Conocimiento y poder popular. Colombia: Siglo Veintiuno., situam-se num mesmo patamar de status e reconhecimento social e científico.

Um último princípio liga-se à avaliação da população a respeito da prática dos profissionais envolvidos. Aparecem, de maneira forte, as dimensões da temporalidade do trabalho e sua continuidade que ficam na dependência direta dos crivos e resultados da avaliação que a comunidade faz. Ou seja, o trabalho poderá continuar ou não, dependendo do grau de importância e impacto sentidos e valorizados pela população. Encontra-se aqui um dos aspectos que mostram haver (ou não) coerência e, de fato, horizontalidade na relação entre profissionais e comunidade.

A questão relativa a como se poderia ensinar e aprender estas dimensões e princípios, para que se constituissem em diretrizes para a práxis em PSC, continua sendo um grande desafio e meta colocada a todos(as) os(as) profissionais e cursos que com-preendem a profissão como devendo ter um íntimo compromisso com a mudança e transformação social.

Não é o fato de, na prática profissional a ser realizada, haver um envolvimento, identificação e compromisso com setores precarizados, que essa prática teria a autorização de ser feita, também, de modo precarizado e "menos", ou seja, de uma forma subvalorizada, subqualificada e subformada. Fazer isso seria legitimar, de maneira subliminar e através de uma prática profissional 'mal feita', as injustiças e desigualdades sociais. Exatamente o contrário é o que se defende, até porque deveriam ser construídos, com uma exigência científico-profissional maior, mais conhecimentos, recursos e estratégias para eliminar essas condições de injustiça e indignação em que a população vive.

Melhor, então, seria se pudessem existir profissionais altamente qualificados, juntamente com um compromisso político e social para com os setores e grupos explorados e oprimidos. E, para isso, propõe-se que no processo de formação algumas ações deveriam buscar enfrentar os desafios relativos a seis condições, quais sejam: a) efetivar propostas de trabalhos interdisciplinares; b) elaborar e planejar de maneira participativa programas de políticas públicas em que a comunidade seja o foco das ações; c) encontrar critérios importantes na perspectiva comunitária para que sejam implementadas investigações relevantes; d) como trabalhar em grupo e diminuir a fragmentação da realidade; e) como criar estratégias de avaliação continuada das práticas desenvolvidas, e f) como construir pro-gramas comunitários que envolvam toda a comunidade.

Em consonância à crença de que é a vida concreta que nos ensina a fazer mudanças nas relações, defende-se que algumas condições concretas deveriam contribuir para um aprofundamento na qualidade da formação dos (as) profissionais. Assim, se de um lado, não é a exigência profissional e científica que, por si só, vai produzir mudanças, também a ausência de qualidade e de exigências formativas pode colaborar para que haja uma precarização e distanciamento de compromissos para com uma vida mais justa para os setores que são alvo de nossas práticas. Em outras palavras, subestimar as exigências de qualificação e precarizar as condições de formação e capacitação profissionais, também servem para legitimar e quase naturalizar que não seria possível mudar e melhorar a formação profissional em nossa área e, consequentemente, contribuir com mudanças sociais.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2015

Histórico

  • Recebido
    11 Out 2014
  • Aceito
    23 Mar 2015
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