NOTAS FITOPATOLÓGICAS / PHYTOPATHOLOGAL NOTES
Álvaro F. SantosI; José L. BezerraII; Dauri J. TessmannIII Luiz S. PoltronieriIV
IEmbrapa Florestas, Estrada da Ribeira Km 111, Cx. Postal 319, CEP 83411-000 Colombo, PR, e-mail: alvaro@cnpf.embrapa.br
IICEPLAC/CEPEC, Ilhéus, BA
IIIUniversidade Estadual de Maringá, Maringá, PR
IVEmbrapa Amazônia Oriental, Cx. Postal 48, CEP 66017-900, Belém, PA
ABSTRACT
A leaf spot caused by Curvularia senegalensis is reported for the first time on peach palm (Bactris gasipaes) and on king palm (Archontophoenix sp.) from orchards in Southern Brazil.
O Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de palmito do mundo. Estima-se que aproximadamente 99% do palmito comercial brasileiro, ou seja, cerca de 70 mil toneladas, procedam do extrativismo oriundo, principalmente, do açaí (Euterpe oleracea Mart.), na região do delta do rio Amazonas, e, em menor escala, da juçara (Euterpe edulis Mart.) na Mata Atlântica das regiões sul e sudeste do país.
Neste contexto, o cultivo da pupunha (Bactris gasipaes Kunth) e da palmeira real (Archontophoenix sp.) para palmito constituem-se em importantes alternativas agroecológicas para diversificação e fonte de renda para sistemas de produção em várias regiões brasileiras.
No ano de 2000 foram recebidas mudas de palmeira real e pupunheira no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Florestas, em Colombo-PR, oriundas de viveiros localizados em Juquiá-SP e Morretes-PR, respectivamente, apresentando sintomas de uma doença foliar, caracterizada por manchas arredondadas, marrom-avermelhada. Nos casos mais severos a coalescência das lesões causava secamento das folhas.
O agente etiológico foi isolado da pupunheira e da palmeira real a partir de segmentos de folhas com sintomas da doença, os quais foram previamente desinfestados em solução de 1% de hipoclorito de sódio, lavados com água destilada esterilizada, secados em papel de filtro esterilizado e colocados em meio de batata-dextrose-ágar (BDA) com ampicilina e clorofenicol. As placas foram mantidas a 25 ºC, no escuro. Sete dias após, desenvolveram-se colônias típicas de Curvularia sp. de coloração negra, velutinas e estromas ausentes e um micélio abundante, de cor castanha e septado. Conidióforos macronematosos, flexuosos, castanhos, septados, lisos, não ramificados. Conídios solitários, acropleurógenos, curvados, elipsóides a fusiformes alargados, com quatro septos, raramente com cinco septos, com as células centrais distintamente maiores e mais escuras que as células terminais, medindo 25,7 31,4 X 11,4 12,7 mm, tendo como extremos 11,8 - 35,7 X 7,5 15,7 mm. Pelas características apresentadas foram enquadrados na espécie Curvularia senegalensis (Speg.) Subram. (Subramanian, 1971).
Procedeu-se o teste de patogenicidade em folhas destacadas e em mudas de pupunheira e de palmeira real com oito meses de idade. Utilizaram-se os isolados de C. senegalensis da pupunheira e da palmeira real, cultivados em BDA durante sete dias a 25 ºC, no escuro. A inoculação foi efetuada com discos de meio de BDA de 5 mm de diâmetro contendo micélio em crescimento ativo depositados sobre as folhas com ferimentos circulares com até 5 mm de diâmetro. Efetuaram-se testes de inoculação cruzada, utilizando-se os isolados de pupunheira, e os de palmeira real. As mudas e as folhas destacadas testemunhas receberam apenas disco de BDA. Dez dias após, foram observados os sintomas da doença. Os quatro isolados de C. senegalensis apresentaram a mesma patogenicidade aos dois hospedeiros testados.
Estes resultados são os primeiros registros de C. senegalensis para o Brasil e para os hospedeiros pupunheira e palmeira real.
Aceito para publicação em 24/02/2003
Autor para correspondência: Álvaro F. dos Santos
Ocorrência de Curvularia senegalensis em pupunheira e palmeira real no Brasil
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
12 Jun 2003 -
Data do Fascículo
Abr 2003