Pratylenchus brachyurus em Cucumis melo no Brasil

Pratylenchus brachyurus on Cucumis melo in Brazil

COMUNICAÇÕES COMMUNICATIONS

Pratylenchus brachyurus em Cucumis melo no Brasil¹

Pratylenchus brachyurus on Cucumis melo in Brazil

Gustavo R. C. Torres²; Elvira M. R. Pedrosa³; Kércya M. S. Siqueira²; Romero M. Moura³

Departamento de Agronomia, UFRPE, Rua D. Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, CEP 52171-900, Recife-PE, fax: [phone], e-mail: [e-mail]

RESUMO

Este é o primeiro assinalamento de Pratylenchus brachyurus em meloeiro (Cucumis melo) ocorrendo em condições naturais de campo no Brasil, no Pólo Açu-Mossoró, RN. São apresentados dados morfométricos da população encontrada.

Palavras-chave adicionais: nematóide das lesões radiculares, morfometria, meloeiro.

ABSTRACT

This is the first report in Brazil on the lesion nematode Pratylenchus brachyurus on melon (Cucumis melo) plants in naturally infested soil in Açu-Mossoró belt, Rio Grande do Norte. Morphometric data of the nematode population are presented.

O estado do Rio Grande do Norte, maior produtor nacional de melão (Cucumis melo L.) de 1996 a 2001 (IBGE, 2003), possui no pólo Açu-Mossoró a base da exploração comercial dessa cucurbitácea. Naquelas áreas, Meloidogyne incognita (Kofoid & White) Chitwood, M. javanica (Treub) Chitwood e Rotylenchulus reniformis Linford & Oliveira foram detectados associados a perdas em produtividade (Moura et al., 2002). Essas espécies juntamente com as de Pratylenchus podem causar reduções drásticas de rendimento da cultura. Na Venezuela, P. brachyurus (Godfrey) Filipjev & Schuurmans Stekhoven foi a mais difundida, comumente associada ao meloeiro (Naveda et al., 1999). No Brasil, destacada por Café Filho & Huang (1988) como uma das mais prevalentes do gênero incidindo sobre muitas culturas, foi relatada por Charchar & Huang (1979) e Machado & Inomoto (1999) em meloeiro, por meio de inoculações artificiais na referida cultura. Até o momento não há registro do patossistema P. brachyurus-meloeiro em condições naturais de campo no Brasil. O presente trabalho teve como objetivos fazer o primeiro assinalamento de P. brachyurus em meloeiro, no Brasil, ocorrendo em solos naturalmente infestados, de um campo de produção comercial no município de Baraúnas-RN e apresentar dados morfométricos de espécimens da população encontrada.

A constatação ocorreu durante levantamento nematológico na região e a cultivar parasitada foi 'AF 646'. O campo possuía 5 ha e encontrava-se no terceiro plantio consecutivo, após remoção da vegetação nativa. Nesta área, foram estabelecidas cinco parcelas em posições aleatórias com 0,5 ha de área. Por caminhamento em ziguezague foram coletadas dez amostras de solo e raízes em cada parcela, totalizando 50 amostras nos 5 ha. De cada amostra, 300 cm³ de solo e 10 g de raízes foram processados separadamente, segundo Jenkins (1964) e pela mesma metodologia associada à trituração em liqüidificador por 20 s, respectivamente, para posterior identificação genérica dos fitonematóides. O solo restante foi homogeneizado e acondicionado em vasos (3 l), para onde foram transplantadas mudas de tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.) cv. Santa Cruz com 20 dias de idade. Após 45 dias de cultivo, raízes foram processadas pelo método de extração já mencionado e preparadas lâminas semipermanentes para identificação específica do gênero Pratylenchus. Em seguida, realizou-se estudo morfométrico, fundamentado nas variáveis: L, a, b, c, V e s obtidas da mensuração de 20 fêmeas. Os valores são apresentados comparativamente a dados de outros pesquisadores (Tabela 1).

Dentre os fitonematóides detectados, constatou-se P. brachyurus, com densidade populacional de um espécimen por 300 cm³ de solo e 14 por 10 g de raiz, tomando-se como base a média das leituras individuais das 50 amostras analisadas. Pelos dados morfométricos (Tabela 1) L abrangeu intervalo de confiança (IC) semelhante ao citado por outros autores, exceto em relação a Café Filho & Huang (1988). Segundo Ferraz (1999), entre as características de interesse na diagnose de espécies de Pratylenchus, algumas evidenciam variação, inter e/ou intra específica, e L, em geral, é maior em espécimens coletados de raízes do que de solo. Segundo o autor, variação também pode ocorrer entre espécimens extraídos de raízes de diferentes espécies vegetais. Em relação ao valor a, os dados ficaram abaixo dos obtidos por Café Filho & Huang (1988) referentes a populações de diferentes localidades. O valor b apresentou números próximos aos de Willmott et al. (1975) e Handoo & Golden (1989) e o IC de c ficou contido no intervalo encontrado nos outros estudos. Os valores V apresentaram intervalo semelhante a de outros estudos, corroborando a afirmação feita por Ferraz (1999) de ser esta variável útil na separação de espécies, sendo considerada como uma das mais seguras características para fins de diagnóstico. Em relação a s, embora o limite inferior do intervalo tenha ficado abaixo do apresentado pelas referências, o comprimento médio esteve contido em todos os intervalos. Ferraz (1999) ressaltou que a dificuldade de visualizar com exatidão a extremidade apical do estilete, associada à grande proporção assumida por erros ocorrentes em mensurações de estruturas tão pequenas, é apontada como justificativa maior para as variações observadas.

Aceito para publicação em 06/04/2004

Autor para correspondência: Elvira M. R. Pedrosa

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1

Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor a ser apresentada à Universidade Federal Rural de Pernambuco.

2

Bolsista CAPES

3

Bolsista CNPq

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  06 Jan 2005
• Data do Fascículo
  Dez 2004

Histórico

• Aceito
  06 Abr 2004
• Recebido
  06 Abr 2004