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Comparação entre as medidas de cirtometria tóraco-abdominal realizadas em decúbito dorsal e em ortostatismo

Comparación entre las medidas de cirtometría tóraco-abdominal realizadas en decúbito dorsal y en ortostatismo

Resumos

Com o objetivo de avaliar possíveis diferenças nos valores obtidos na realização da cirtometria tóraco-abdominal em ortostatismo comparado com os resultados aferidos em decúbito dorsal, foram avaliados 30 participantes com média de idade de 27,8±4,4 anos, por meio dos seguintes parâmetros: antropometria, prova de função pulmonar e mobilidade tóraco-abdominal pela cirtometria. O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para verificar a normalidade dos dados e o teste t pareado para a comparação entre as mensurações obtidas pela cirtometria tóraco-abdominal em decúbito dorsal e em ortostatismo. Não houve diferenças significativas na mobilidade axilar e xifoidea entre as medidas em decúbito dorsal e ortostatismo. A mobilidade abdominal mensurada em ortostatismo (2,54±1,39 cm) foi significativamente menor (34,35%) em comparação à mobilidade obtida em decúbito dorsal (3,71±1,78 cm; p<0,001). A cirtometria torácica pode ser realizada em ortostatismo como uma alternativa para a avaliação de pacientes que referem ortopnéia. A cirtometria abdominal também pode ser realizada nessa postura, com a ressalva de ser esperada uma redução em torno de um terço da mobilidade abdominal obtida em decúbito dorsal.

Avaliação; Tórax; Decúbito Dorsal


Con el objetivo de evaluar posibles diferencias en los valores obtenidos en la realización de la cirtometría tóraco-abdominal en ortostatismo comparados con los resultados medidos en decúbito dorsal, fueron evaluados 30 participantes con media de edad de 27,8±4,4 años, por medio de los siguientes parámetros: antropometría, prueba de función pulmonar y movilidad tóraco-abdominal por la cirtometría. El test de Shapiro-Wilk fue utilizado para verificar la normalidad de los datos y el test t pareado para la comparación entre las mediciones obtenidas por la cirtometría tóraco-abdominal en decúbito dorsal y en ortostatismo. No hubo diferencias significativas en la movilidad axilar y xifoidea entre las medidas en decúbito dorsal y ortostatismo. La movilidad abdominal medida en ortostatismo (2,54±1,39 cm) fue significativamente menor (34,35%) en comparación a la movilidad obtenida en decúbito dorsal (3,71±1,78 cm; p<0,001). La cirtometría torácica puede ser realizada en ortostatismo como una alternativa para la evaluación de pacientes que refieren ortopnea. La cirtometría abdominal también puede ser realizada en esa postura, con la salvedad de ser esperada una reducción en torno de un tercio de la movilidad abdominal obtenida en decúbito dorsal.

Evaluación; Tórax; Posición Supine


With the objective to evaluate possible differences in the values obtained in the thoracoabdominal cirtometry in orthostatism compared with the results in supine, 30 subjects with mean age 27.8±4.4 years were evaluated according to the following parameters: anthropometry, pulmonary function test and thocacoabdominal cirtometry. Shapiro-Wilk test was used to verify data normality and the t test was performed in order to compare the thoracoabdominal cirtometry measurements in supine and in orthostatism positions. There were no significant differences in axillar and xiphoid mobility between measurements obtained in supine and orthostatism. The abdominal mobility measured in orthostatism (2.54±1.39 cm) was significantly lower (34.35%) when compared to the mobility obtained in supine (3.71±1.78 cm; p<0.001). The thoracic cirtometry can be performed in orthostatism as an alternative for the evaluation of patients with orthopnea. The abdominal cirtometry can also be performed in this posture, with the expected one-third reduction in the abdominal mobility obtained in supine.

Evaluation; Thorax; Supine Position


PESQUISA ORIGINAL

Comparação entre as medidas de cirtometria tóraco-abdominal realizadas em decúbito dorsal e em ortostatismo

Comparación entre las medidas de cirtometría tóraco-abdominal realizadas en decúbito dorsal y en ortostatismo

Aline PedriniI; Márcia Aparecida GonçalvesI; Bruna Estima LealI; Wellington Pereira dos Santos YamagutiII; Elaine PaulinI

IPrograma de pós-graduação em Fisioterapia na UDESC - Florianópolis (SC), Brasil

IIUniversidade de São Paulo (USP) - São Paulo (SP), Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Elaine Paulin Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - Universidade do Estado de Santa Catarina Rua Pascoal Simone, 358 CEP: 88080-350 - Florianópolis (SC), Brasil E-mail: elaine.paulin@udesc.br

RESUMO

Com o objetivo de avaliar possíveis diferenças nos valores obtidos na realização da cirtometria tóraco-abdominal em ortostatismo comparado com os resultados aferidos em decúbito dorsal, foram avaliados 30 participantes com média de idade de 27,8±4,4 anos, por meio dos seguintes parâmetros: antropometria, prova de função pulmonar e mobilidade tóraco-abdominal pela cirtometria. O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para verificar a normalidade dos dados e o teste t pareado para a comparação entre as mensurações obtidas pela cirtometria tóraco-abdominal em decúbito dorsal e em ortostatismo. Não houve diferenças significativas na mobilidade axilar e xifoidea entre as medidas em decúbito dorsal e ortostatismo. A mobilidade abdominal mensurada em ortostatismo (2,54±1,39 cm) foi significativamente menor (34,35%) em comparação à mobilidade obtida em decúbito dorsal (3,71±1,78 cm; p<0,001). A cirtometria torácica pode ser realizada em ortostatismo como uma alternativa para a avaliação de pacientes que referem ortopnéia. A cirtometria abdominal também pode ser realizada nessa postura, com a ressalva de ser esperada uma redução em torno de um terço da mobilidade abdominal obtida em decúbito dorsal.

Descritores: Avaliação; Tórax; Decúbito Dorsal.

RESUMEN

Con el objetivo de evaluar posibles diferencias en los valores obtenidos en la realización de la cirtometría tóraco-abdominal en ortostatismo comparados con los resultados medidos en decúbito dorsal, fueron evaluados 30 participantes con media de edad de 27,8±4,4 años, por medio de los siguientes parámetros: antropometría, prueba de función pulmonar y movilidad tóraco-abdominal por la cirtometría. El test de Shapiro-Wilk fue utilizado para verificar la normalidad de los datos y el test t pareado para la comparación entre las mediciones obtenidas por la cirtometría tóraco-abdominal en decúbito dorsal y en ortostatismo. No hubo diferencias significativas en la movilidad axilar y xifoidea entre las medidas en decúbito dorsal y ortostatismo. La movilidad abdominal medida en ortostatismo (2,54±1,39 cm) fue significativamente menor (34,35%) en comparación a la movilidad obtenida en decúbito dorsal (3,71±1,78 cm; p<0,001). La cirtometría torácica puede ser realizada en ortostatismo como una alternativa para la evaluación de pacientes que refieren ortopnea. La cirtometría abdominal también puede ser realizada en esa postura, con la salvedad de ser esperada una reducción en torno de un tercio de la movilidad abdominal obtenida en decúbito dorsal.

Palabras clave: Evaluación; Tórax; Posición Supine.

INTRODUÇÃO

A mensuração da mobilidade tóraco-abdominal tem sido considerada um importante parâmetro para a avaliação das disfunções respiratórias e monitoramento de programas de treinamento em diferentes populações1-3. Vários instrumentos têm sido utilizados para avaliar os padrões respiratórios4, entre eles: pletismografia por indutância5, magnetometria6, monitores a laser7 e sistemas de análise por imagens de vídeo8. Apesar de considerados precisos para a avaliação dos movimentos da parede torácica, esses instrumentos possuem um alto custo, o que torna limitada a sua utilização na prática clínica9.

A cirtometria, também chamada de perimetria tóraco-abdominal, consiste em um conjunto de medidas das circunferências do tórax e abdômen durante os movimentos respiratórios e tem como objetivo quantificar a mobilidade tóraco-abdominal de maneira simples, acessível e com baixo custo, sendo necessária apenas uma fita métrica para a sua realização10. Malaguti et al.11 realizaram avaliações da cirtometria tóraco-abdominal em 26 pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) em 2 dias distintos e com 2 observadores independentes entre si, e encontraram uma alta reprodutibilidade intra e interobservadores das medidas. O mesmo resultado foi descrito no estudo de Caldeira et al.10, no qual 2 observadores independentes realizaram 3 medidas de cirtometria em 40 indivíduos saudáveis, encontrando também uma alta confiabilidade intra e interobservadores, o que comprova que a cirtometria é um método reprodutível para a avaliação da mobilidade tóraco-abdominal.

Embora muito utilizada na prática clínica, a cirtometria ainda é um método com pouca investigação científica e muito questionado12 por não existir uma padronização para a sua realização. A maioria dos estudos10,11,13 faz uso da cirtometria com os participantes em decúbito dorsal, porém, recentemente foi descrita a técnica com os participantes em ortostatismo e foi encontrada uma boa reprodutibilidade entre três avaliadores distintos14. Contudo, os autores não demonstraram se essa forma de avaliação difere da realizada com os sujeitos em decúbito dorsal.

A avaliação da cirtometria na postura ortostática pode facilitar a colocação da fita métrica ao redor do tórax e abdômen, além de permitir a avaliação de pacientes submetidos a cirurgias tóraco-abdominais, de indivíduos obesos e de pacientes com pneumopatias e cardiopatias crônicas, que frequentemente apresentam ortopneia. Diante disso, faz-se necessário investigar se existem diferenças nos valores obtidos pela cirtometria tóraco-abdominal em diferentes posturas. O objetivo desse estudo foi comparar os valores obtidos na realização da cirtometria tóraco-abdominal em ortostatismo com os resultados aferidos em decúbito dorsal.

METODOLOGIA

O estudo se caracteriza por ser do tipo transversal. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos (74/2011) e todos os participantes foram previamente esclarecidos sobre o estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, conforme determina a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

No laboratório de fisioterapia respiratória (LAFIR) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), foi avaliada uma amostra de conveniência composta por 30 voluntários saudáveis que deveriam preencher os seguintes critérios de inclusão: apresentar prova de função pulmonar normal, índice de massa corporal <30 kg/m2, não ser tabagista, não apresentar doenças cardiorrespiratórias ou neuromusculares, ou qualquer outra disfunção que pudesse interferir na realização dos testes. Foram considerados como critérios de exclusão: incapacidade de realizar alguma das medidas de avaliação propostas por falta de compreensão ou colaboração e solicitação de exclusão do estudo.

Os participantes foram avaliados uma única vez por um mesmo avaliador, quanto aos parâmetros: antropometria, prova de função pulmonar e cirtometria tóraco-abdominal.

Para aferição da massa corporal foi utilizada uma balança previamente calibrada. Os participantes foram instruídos a usarem roupas leves, retirarem os calçados ao subirem na balança e permanecerem eretos, com a cabeça para frente até estabilização do valor aferido. Para mensuração da estatura foi usado um estadiômetro, sendo que os participantes deveriam estar também sem calçados, com calcanhares unidos. Obtidos os valores antropométricos (massa corporal e estatura), foi calculado o índice de massa corporal (IMC) pela seguinte equação: massa corporal/estatura2 (kg/m2).

A prova de função pulmonar foi realizada com um espirômetro digital portátil EasyOne (ndd Medical Technologies), previamente calibrado, de acordo com os métodos e critérios recomendados pela American Thoracic Society (ATS)15. Foram mensurados os seguintes parâmetros: Capacidade Vital Forçada (CVF), Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo (VEF1) e a relação VEF1/CVF. Foram realizadas no mínimo três manobras aceitáveis e duas reprodutíveis. As variáveis espirométricas foram expressas em valores absolutos e em valor percentual dos valores previstos de normalidade16.

A avaliação da mobilidade tóraco-abdominal foi realizada por meio da cirtometria com uma fita métrica (Prim, Ind. Brasil. Korona), em duas posturas sucessivamente: (1) participante em decúbito dorsal e (2) participante em ortostastimo. Em decúbito dorsal, o participante era posicionado com 0º; de inclinação, sem travesseiro, com os membros superiores ao longo do corpo e tórax descoberto. Após a realização da cirtometria nessa postura, foi solicitado ao mesmo que ficasse em pé, com os membros superiores ao longo do corpo e o exame foi repetido.

Em ambas as posturas foram medidas as circunferências de três pontos anatômicos na seguinte ordem: prega axilar, processo xifoide e linha umbilical em dois momentos distintos: inspiração máxima e expiração máxima. A diferença entre as medidas obtidas na inspiração e expiração máximas em cada nível anatômico foi considerada como a mobilidade tóraco-abdominal de cada região aferida. Todas as medidas foram realizadas pelo mesmo avaliador, com experiência para a realização da cirtometria, e cada medida foi repetida duas vezes em todos os níveis anatômicos, sendo considerada a média entre os dois valores obtidos.

Os dados foram analisados usando o programa SPSS for Windows, versão 17.0 (IBM SPSS Statistics, IBM, Armonk, NY, USA) e tratados com analise descritiva (média e desvio padrão) e análise inferencial. O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para verificar a normalidade do dados e homogeneidade da variância. Para a comparação entre as mensurações obtidas pela cirtometria tóraco-abdominal em decúbito dorsal e em ortostatismo, foi utilizado o teste t pareado. Foi adotado o nível de significância de 5% (p<0,05).

O tamanho amostral foi determinado por meio de um teste bicaudal para o cálculo de diferença de médias, de acordo com os seguintes pressupostos obtidos pela análise dos 10 primeiros voluntários: diferença entre as posturas para a mobilidade axilar de 0,75 cm; desvio padrão de 1,37 cm; poder de teste de 80% e nível de significância de 5%, sugerindo um tamanho amostral de 29 indivíduos.

RESULTADOS

Foram avaliados 30 participantes (13 homens e 17 mulheres) com idade média de 27,8±4,4 anos. Um participante foi excluído do estudo por apresentar prova de função pulmonar alterada (VEF1<80%). As características antropométricas e função pulmonar dos participantes estão descritas na Tabela 1. A função pulmonar dos participantes apresentou-se dentro dos parâmetros de normalidade (Tabela 1).

Os valores da mobilidade tóraco-abdominal encontram-se descritos na Tabela 2. Não houve diferença significante da mobilidade axilar (p=0,55) e xifoidea (p=0,68) entre as mensurações obtidas em decúbito dorsal e em ortostatismo. A mobilidade abdominal mensurada em ortostatismo (2,79±1,79 cm) foi significativamente menor (34,35%) em comparação à mobilidade obtida em decúbito dorsal (4,25±2,08 cm) (p<0,001).

DISCUSSÃO

No presente estudo, a mobilidade tóraco-abdominal de indivíduos saudáveis foi quantificada por meio da cirtometria em decúbito dorsal e em ortostatismo. Os resultados mostraram que os valores da cirtometria torácica (regiões axilar e xifoide) foram semelhantes nas duas posturas investigadas. Já em relação à cirtometria abdominal, foi observada uma redução significativa de 34,35% na mobilidade obtida em ortostatismo em relação à obtida em decúbito dorsal.

A cirtometria é um método amplamente utilizado, de fácil execução e baixo custo, sendo necessária apenas uma fita métrica para a sua realização10. Vários estudos têm utilizado esse recurso para a avaliação da mobilidade tóraco-abdominal, e entre os estudos encontrados todos descrevem a realização da cirtometria com o indivíduo posicionado em decúbito dorsal10,11,13.

A ortopneia é descrita como uma dificuldade respiratória que ocorre quando o paciente encontra-se em decúbito dorsal e que é aliviada quando o mesmo adota a postura ortostática17. Esse sintoma é frequentemente relatado por pacientes submetidos a cirurgias torácicas18, com cardiomiopatias19, paralisia do nervo frênico20, tromboembolismo pulmonar21, obesidade mórbida22, DPOC23 e outros quadros de insuficiência respiratória24. Nesses indivíduos, a mensuração da cirtometria em ortostatismo pode ser uma opção que viabilizaria a realização do exame com menor intolerância em comparação ao decúbito dorsal. Em nosso estudo não foram encontradas diferenças significativas entre as medidas da cirtometria realizadas em decúbito dorsal e em ortostatismo nas regiões axilar (7,45%) e xifoidea (1,7%). Esse resultado pode ter sido decorrente da arquitetura estrutural do arcabouço torácico que manteve a sustentação da caixa torácica em ambas as posturas investigadas, tornando a movimentação torácica semelhante. Alguns autores25,26 descrevem que durante o repouso, em posturas verticais (sentado ou em ortostatismo), o abdômen apresenta uma complacência semelhante à da caixa torácica, podendo ter suas propriedades elásticas alteradas com a mudança de posicionamento para níveis mais horizontais. Em relação à mobilidade avaliada na região abdominal, houve diferença significativa quando comparadas as duas posturas, sendo que a mobilidade abdominal em ortostatismo foi menor (34,35%) em comparação à mobilidade obtida em decúbito dorsal. Nossos resultados corroboram os apresentados em estudos anteriores utilizando diferentes instrumentos de medida para a avaliação da mobilidade abdominal27,28. Esses estudos relatam que a postura adotada durante a avaliação influenciou significativamente a mobilidade da parede abdominal tanto em indivíduos saudáveis quanto em indivíduos com doenças neuromusculares.

Recentemente, Magalhães29 investigou a mobilidade tóraco-abdominal por meio da pletismografia optoeletrônica em 20 indivíduos (10 saudáveis e 10 portadores de esclerose lateral amiotrófica) e observou um aumento da mobilidade abdominal na postura em decúbito dorsal quando comparada com a postura sentada, o que corrobora a afirmação de Verschakelen e Demetes30, de que em decúbito dorsal as pessoas tendem a apresentar uma respiração abdominal. O aumento da mobilidade abdominal em decúbito dorsal pode ser explicado pelo maior deslocamento do músculo diafragma no sentido crânio-caudal devido à maior força de oposição gerada pela pressão hidrostática do abdômen nas regiões dependentes. No decúbito dorsal, o peso das vísceras abdominais desloca o diafragma no sentido cefálico reduzindo o raio de curvatura do diafragma, gerando consequentemente, maior mobilidade devido à relação tensão-comprimento mais favorável31.

A postura de decúbito dorsal tem sido mais utilizada pelos pesquisadores, contudo, diante das limitações para realizar a avaliação em decúbito dorsal em indivíduos que relatam ortopneia, surge a proposta de mensurar a cirtometria desses indivíduos na postura ortostática. Diante disso, sugere-se que mais estudos sejam realizados com a cirtometria tóraco-abdominal mensurada na postura ortostática, considerando que sua reprodutibilidade já foi confirmada em um estudo prévio14.

A principal limitação do presente estudo foi a ausência de aleatorização das posturas para a mensuração da cirtometria tóraco-abdominal. O desenho metodológico definiu que os indivíduos teriam a avaliação da cirtometria realizada primeiramente em decúbito dorsal e posteriormente em ortostatismo. Dessa forma, o efeito esperado para a segunda postura avaliada (ortostática) seria uma possível otimização dos resultados decorrente do efeito aprendizado, resultando em ganhos de amplitude de movimento. No entanto, foi observado que a mobilidade abdominal apresentou redução nessa postura, o que significa que de fato a alteração de complacência do compartimento abdominal, pela alteração de posicionamento corporal, foi o principal fator responsável pela variação da mobilidade abdominal.

CONCLUSÃO

Conclui-se que os valores da mobilidade torácica das regiões axilar e xifoide foram semelhantes tanto na postura ortostática quanto em decúbito dorsal. Dessa forma, a cirtometria tóraco-abdominal pode ser realizada em ortostatismo como uma alternativa para a avaliação de pacientes que referem ortopneia. A cirtometria abdominal também pode ser realizada nessa postura, com a ressalva de ser esperada uma redução de aproximadamente um terço da mobilidade abdominal obtida em decúbito dorsal.

Apresentação: maio. 2013.

Aceito para publicação: nov. 2013

Fonte de financiamento: nenhuma

Conflito de interesses: nada a declarar

Parecer de aprovação no Comitê de Ética nº 74/2011.

Estudo desenvolvido no Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) - Florianópolis (SC), Brasil.

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  • Endereço para correspondência:

    Elaine Paulin
    Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - Universidade do Estado de Santa Catarina
    Rua Pascoal Simone, 358
    CEP: 88080-350 - Florianópolis (SC), Brasil
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Jan 2014
    • Data do Fascículo
      Dez 2013

    Histórico

    • Recebido
      Maio 2013
    • Aceito
      Nov 2013
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