Resumo
O objetivo deste artigo é analisar as maneiras pelas quais o complexo de Édipo foi reelaborado nas formulações de Gilles Deleuze e Félix Guattari, bem como de Jean Laplanche. Tentamos mostrar que as formulações laplancheanas permitem responder a algumas das críticas levantadas pelos autores de O anti-Édipo. Tanto para Laplanche quanto para Deleuze e Guattari, o que está em questão é retomar o que cada um considera como a originalidade da descoberta freudiana: a prioridade do Sexual, no caso do psicanalista, e a prioridade do sexo não humano, no caso dos esquizoanalistas. Após apresentar os principais fundamentos de cada corrente, promovemos uma reflexão sobre as ligações entre o Édipo e as questões de gênero a partir das obras desses autores. Recorrendo também às contribuições de Judith Butler para esse debate, levantamos a hipótese de que as normas de gênero, ao instituírem um sexo binário, servem como suporte para a repressão e o recalque do Sexual e do sexo não humano, que desprezam o binário normativo homem-mulher ou papai-mamãe. Como resultado, acreditamos apontar, com Laplanche e as contribuições da esquizoanálise, para a possibilidade de uma psicanálise pós-edipiana ou, até mesmo, não edipiana.
Palavras-chave:
desejo; Édipo; inconsciente; psicanálise; sexualidade