Poder preditivo de indicadores à percepção de insegurança alimentar e nutricional no Programa Bolsa Família

Resumo:

O objetivo foi analisar o poder preditivo de indicadores da percepção de insegurança alimentar e nutricional comparando famílias beneficiárias e não beneficiárias do Programa Bolsa Família, por meio de estudo transversal com 150 famílias. Foram coletadas informações demográficas, socioeconômicas, de insegurança alimentar (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar), do estado nutricional (Índice de Massa Corporal) e do padrão de consumo alimentar das famílias. A correlação entre as características demográficas, socioeconômicas, estado nutricional e o nível de insegurança alimentar foram testadas com o coeficiente de correlação de Pearson; a associação com testes Qui-quadrado e ANOVA; e a razão de prevalência e intervalos de confiança de 95% com modelo de Regressão de Poisson. O poder preditivo de indicadores de insegurança alimentar foi avaliado com a Curva ROC. Padrões de consumo alimentar, características demográficas e de saúde não foram significativamente correlacionados com insegurança alimentar. Nas análises com a curva ROC, entre as famílias beneficiárias, a renda oriunda somente do benefício do Bolsa Família e do Programa Renda Cidadã com o Bolsa Família apresentou melhor poder preditivo de insegurança alimentar, cobrindo a curva em 70%, seguida pela diferença entre a renda oriunda do salário e o gasto com aluguel e gás (70%). As proporções da renda total das famílias gastas com aluguel e gás apresentaram baixo poder preditivo (67%). Componentes da renda, principalmente o gasto com aluguel e gás, mostraram melhor desempenho na predição de insegurança alimentar entre beneficiários do Bolsa Família, podendo constituir-se como um indicador quantitativo complementar à Escala Brasileira de Insegurança Alimentar.

Palavras-chave:
Segurança alimentar e nutricional; Política social; Renda familiar; Curva ROC