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Os casos de cura divina e a construção da diferença* * Trabalho originalmente apresentado na II Reunión de Antropología del Mercosur, de 11 a 14 de novembro de 1997, em Piriápolis, Uruguai, no GT 12, Corpo, Saúde e Doença, coordenado por Ceres Víctora e Daniela Knauth. Agradeço os comentários de todos os participantes do grupo, em especial à debatedora Ondina Fachel Leal e a Jane Russo.

Resumo

Estudando os processos de transmissão do “saber prático”, entre os trabalhadores urbanos, discute-se o lugar e o significado dos “casos” retidos na memoria familiar e local. Tais “casos”, ainda que particulares e específicos, representam a retenção e o recorte de determinadas experiências vividas na memória, atestando a importância coletiva das idéias e valores que colocam em atuação. Sua retenção, circulação e transmissão constitui-se numa pedagogia, extensamente utilizada nos processos de construção das identidades. Neste artigo são analisados “casos de cura divina”, provenientes de material etnográfico produzido pela autora, classificados em dois tipos principais: os “casos de desengano” e os “casos de doenças espirituais”. Através deste material empírico discute-se a questão da inter-relação e do confronto de saberes no que se refere às interpretações do corpo e da doença, sob a forma “nativa” da oposição entre o “saber prático e saber teórico”. A análise destes “casos” permite, além disso, refletir sobre o lugar da oralidade nas sociedades em que a escrita e a literalidade conformam os modos dominantes de conhecimento, contribuindo, simultaneamente, para a discussão sobre os processos de construção da memória familiar e local.

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