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Oferta e comercialização de melancia na CEASA-PI (1991- 1996)

Supply and commercialization of watermelon at CEASA-PI (1991-1996)

Resumos

Realizou-se este trabalho com o objetivo de analisar e fornecer informações quanto à oferta, procedência e comercialização de melancia no Piauí, no período de 1991 a 1996. Foram utilizados os dados básicos referentes ao suprimento mensal de melancia, por procedência, obtidos junto à CEASA-PI. Verificou-se que foram comercializadas no mercado atacadista de Teresina (PI) um volume médio anual de 11.250 t de melancia, correspondendo a um acréscimo de 33,8% em relação ao volume médio anual de 8.408,3 t obtido no período de 1986 a 1991. Os estados que mais contribuíram para a oferta de melancia foram Pernambuco, Bahia e Piauí com um volume médio de melancia comercializada e percentual de participação de 5.139,5 t (45,68%), 3.765,4 t (33,48%) e 1.798,5 t (15,97%), respectivamente. As maiores quantidades de melancia comercializadas foram oriundas dos municípios de Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Barreiras (BA) e Barras (PI), destacando-se como os mais regulares quanto ao fornecimento do produto. Os meses do ano em que houve menor oferta de Pernambuco e Bahia foram junho-julho, setembro-outubro e dezembro, recomendando-se ao produtor piauiense que, uma vez atingidos níveis econômicos de produtividade, procure ofertar seu produto neste período.

Citrullus lanatus; sazonalidade; época de produção; mercado; economia


This study was conducted to analyze and provide information about the supply, source and commercialization of watermelon in the state of Piauí, Brazil, from 1991 to 1996. Monthly data of commercialized fruits were obtained from CEASA-PI, which is a central market for vegetable and fruit commercialization for the whole state. The average total commercialized annually within the period was 11,250 t of fruits, which meant an increase of 33.8% in comparison to the average total of 8,409 t, commercialized annually from 1986 to 1991. Pernambuco (PE), Bahia (BA) and Piauí (PI) were the most important states in terms of watermelon supply, with average annual totals and average percentages of 5,140 t (45.68%), 3,765 t (33.48%) and 1,799 t (15.97%), respectively. The greatest quantities of watermelon fruits originated from Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Barreiras (BA), and Barras (PI), which were also the states most regularly supplying watermelons to CEASA-PI. The periods from June to July, September to October, and December, were those with the lowest watermelon supplies from Bahia and Pernambuco states. These are thus the most advisable periods for Piauí farmers to commercialize their production, as long as economic production levels are reached.

Citrullus lanatus; seasonality; production period; market; economy


ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL

Oferta e comercialização de melancia na CEASA-PI (1991- 1996)

Supply and commercialization of watermelon at CEASA-PI (1991-1996)

Aderson S. de Andrade Júnior; Rosa Lúcia R. Duarte

Embrapa Meio-Norte, C. Postal 01, 64.006-220 Teresina - PI (aderson@cpamn.embrapa.br)

RESUMO

Realizou-se este trabalho com o objetivo de analisar e fornecer informações quanto à oferta, procedência e comercialização de melancia no Piauí, no período de 1991 a 1996. Foram utilizados os dados básicos referentes ao suprimento mensal de melancia, por procedência, obtidos junto à CEASA-PI. Verificou-se que foram comercializadas no mercado atacadista de Teresina (PI) um volume médio anual de 11.250 t de melancia, correspondendo a um acréscimo de 33,8% em relação ao volume médio anual de 8.408,3 t obtido no período de 1986 a 1991. Os estados que mais contribuíram para a oferta de melancia foram Pernambuco, Bahia e Piauí com um volume médio de melancia comercializada e percentual de participação de 5.139,5 t (45,68%), 3.765,4 t (33,48%) e 1.798,5 t (15,97%), respectivamente. As maiores quantidades de melancia comercializadas foram oriundas dos municípios de Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Barreiras (BA) e Barras (PI), destacando-se como os mais regulares quanto ao fornecimento do produto. Os meses do ano em que houve menor oferta de Pernambuco e Bahia foram junho-julho, setembro-outubro e dezembro, recomendando-se ao produtor piauiense que, uma vez atingidos níveis econômicos de produtividade, procure ofertar seu produto neste período.

Palavras-chave: Citrullus lanatus, sazonalidade, época de produção, mercado, economia

ABSTRACT

This study was conducted to analyze and provide information about the supply, source and commercialization of watermelon in the state of Piauí, Brazil, from 1991 to 1996. Monthly data of commercialized fruits were obtained from CEASA-PI, which is a central market for vegetable and fruit commercialization for the whole state. The average total commercialized annually within the period was 11,250 t of fruits, which meant an increase of 33.8% in comparison to the average total of 8,409 t, commercialized annually from 1986 to 1991. Pernambuco (PE), Bahia (BA) and Piauí (PI) were the most important states in terms of watermelon supply, with average annual totals and average percentages of 5,140 t (45.68%), 3,765 t (33.48%) and 1,799 t (15.97%), respectively. The greatest quantities of watermelon fruits originated from Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Barreiras (BA), and Barras (PI), which were also the states most regularly supplying watermelons to CEASA-PI. The periods from June to July, September to October, and December, were those with the lowest watermelon supplies from Bahia and Pernambuco states. These are thus the most advisable periods for Piauí farmers to commercialize their production, as long as economic production levels are reached.

Keywords: Citrullus lanatus, seasonality, production period, market, economy

O estado do Piauí apresenta excelentes condições de clima e solo para a produção de frutas e hortaliças, principalmente sob regime de irrigação, por possuir um expressivo potencial hídrico, de boa qualidade (Andrade Júnior et al., 1996). No caso específico da melancia (Citrullus lanatus Thunb Mansf.), tem-se observado, nos últimos anos, um incremento na exploração comercial dessa cucurbitácea. Atualmente no Brasil, a melancia é considerada uma das mais importantes olerícolas produzidas e comercializadas, sendo superada apenas pelo tomate, batata e cebola (Castellane & Cortez, 1995). No Brasil, em relação à melancia, pouco se conhece sobre os aspectos ligados a sua economicidade, envolvendo, notadamente, questões relativas à sua oferta e comercialização (Okawa et al., 1994). No Piauí, único trabalho que se conhece visando preencher essa lacuna foi desenvolvido por Duarte et al. (1992), que analisaram aspectos relativos à oferta e comercialização de várias cucurbitáceas, dentre elas, a melancia. Entretanto, o citado estudo contemplou, apenas, os dados fornecidos pela CEASA-PI no período de 1986 a 1991.

Dessa forma, este trabalho teve o objetivo de analisar e fornecer informações quanto à oferta, procedência e comercialização de melancia no Piauí, no período de 1991 a 1996.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados os dados básicos referentes ao suprimento mensal de melancia, por procedência, obtidos junto à CEASA-PI, para o período de 1991 a 1996. Os dados mensais originais, de cada ano, foram reunidos em tabelas, por estado e município, contendo o volume total comercializado e as respectivas percentagens médias mensais de participação durante o período estudado. Esta tabulação foi efetuada através da planilha Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se que foram comercializadas no mercado atacadista de Teresina (PI) um volume médio anual de 11.250 t de melancia (Tabela 1), correspondendo a um acréscimo de 33,8% em relação ao volume médio anual de 8.408,3 t obtido no período de 1986 a 1991 (Duarte et al., 1992). Este volume médio anual comercializado representa 23,5% do total de 47.874 t de hortaliças comercializadas na CEASA-PI no ano de 1990 (Ramalho Sobrinho et al., 1991). Os estados que mais contribuíram para a oferta de melancia foram Pernambuco, Bahia e Piauí, com um volume médio de melancia comercializada e percentual de participação de 5.139,5 t (45,68%), 3.765,4 t (33,48%) e 1.798,5 t (15,97%), respectivamente. Esses três estados juntos totalizaram um volume médio de 10.699,4 t, com uma participação percentual de 95,13%. O volume médio restante, de 550,2 t (4,87%), foi procedente de Goiás, Rio Grande do Norte, Maranhão, Ceará e Sergipe.

Analisando-se a participação do Piauí comparativamente entre os períodos de 1986 a 1991 e de 1991 a 1996, constatou-se um acréscimo no volume médio anual comercializado, de 932 para 1.798,5 t (Duarte et al., 1992), e na participação percentual de 11,08 para 15,99%, no mercado atacadista de melancia, em Teresina. Este volume médio comercializado, apesar de ainda ser baixo, representa um aumento de quase 100% em relação ao volume médio anual de melancia comercializada no citado período, comprovando a expansão que as lavouras tiveram nos últimos seis anos no estado.

Apesar do acréscimo observado na produção piauiense no período de 1991 a 1996, o consumo de melancia no Piauí ainda depende quase que exclusivamente da importação de Pernambuco e Bahia, o que provavelmente contribui para a elevação do preço do produto no mercado local. Dentre outros fatores, atribui-se o fato ao baixo nível de tecnologia aplicado ao sistema de produção dessa hortaliça no estado, envolvendo, provavelmente, o uso inadequado de cultivares, espaçamento, adubação, controle de pragas e doenças e um ineficiente manejo da água de irrigação.

As maiores quantidades de melancia comercializadas foram oriundas dos municípios de Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Barreiras (BA) e Barras (PI), com os seguintes volumes comercializados e percentagens de participação: 4.447 t (39,53%), 2.607,7 t (23,18%), 807,3 t (7,18%) e 685,5 t (6,09%), respectivamente. Destes, observou-se que, os municípios de Petrolina (PE), Juazeiro (BA) e Barras (PI) foram os mais regulares quanto ao fornecimento de melancia (Tabela 1).

O volume médio mensal de melancia comercializado no mercado atacadista de Teresina (PI) variou de 1.080,9 t, em agosto, a 708,1 t, em dezembro (Tabela 2). As maiores quantidades ofertadas ocorreram nos meses de janeiro (1.024,3 t), fevereiro (1.060,4 t), março (1.051,3 t), maio (1.013,6 t), agosto (1.080,9 t) e novembro (1.006,7 t). Os menores volumes comercializados foram observados nos meses de abril (827,3 t), junho (885,5 t), julho (845,2 t), setembro (862,4 t), outubro (883,9 t) e dezembro (708,1 t). As maiores quantidades de melancia ofertada nos meses de janeiro, fevereiro, março e maio são oriundas, provavelmente, de cultivos de sequeiro, enquanto as observadas nos meses de agosto e novembro provenientes de cultivos irrigados. O fornecimento da melancia procedente de Pernambuco abasteceu o mercado atacadista de Teresina (PI) com os maiores volumes todos os meses do ano. Este volume variou de 589,4 t, em janeiro, a 253,2 t, em dezembro, correspondendo a 57,54% e 35,75% do volume médio mensal comercializado respectivamente em cada mês. As maiores entradas, correspondendo aos volumes superiores à média mensal durante o ano (428,29 t), ocorreram no período de janeiro a maio, agosto e novembro. As menores quantidades ofertadas, volumes inferiores à média mensal, foram obtidas no período junho-julho, setembro-outubro e dezembro.

A quantidade do produto proveniente da Bahia oscilou entre 420,4 t, em maio, e 234,5 t, em dezembro, correspondendo a 41,47% e 33,12% do volume médio mensal comercializado em maio e dezembro, respectivamente. As maiores entradas ocorreram em março, maio-junho e agosto-novembro, enquanto as menores entradas foram anotadas em janeiro-fevereiro, abril, julho e dezembro. A melancia produzida no Piauí apresentou um volume de oferta mensal inferior ao produto da Bahia, variando entre 279,6 t (26,37%), em fevereiro, e 62,8 t (7,09%), em junho. Nos períodos de fevereiro-março e agosto-novembro foram observadas as maiores entradas de melancia, enquanto as menores ocorreram em janeiro, abril-julho e dezembro.

A melancia produzida no estado do Piauí, em fevereiro (26,37%), é procedente de cultivo de sequeiro e, a ofertada em agosto (23,83%), de cultivo irrigado, evidenciando-se um certo equilíbrio entre essas duas formas de cultivo. A oferta de melancia irrigada, em agosto, concorre com o produto oriundo de Pernambuco (41,78%), o que contribui para a redução dos preços. É aconselhável que sejam adotadas pelos produtores piauienses épocas de plantio que evitem a concorrência da melancia procedente de Pernambuco e Bahia. Para isso recomenda-se que o plantio seja feito em abril-maio, utilizando o período final das chuvas, para colheita em junho-julho; ou ainda plantio em julho-agosto com colheita prevista para setembro-outubro. Opcionalmente, pode-se proceder ao plantio na primeira quinzena de outubro, com colheita em dezembro, quando são registradas as menores ofertas de melancia de Pernambuco e Bahia. Esta última opção oferece maiores riscos caso ocorram chuvas intensas no mês de dezembro, proporcionando, principalmente, uma maior infestação de doenças e rachaduras nos frutos. Essa estratégia tem sido recomendada por Camargo Filho et al. (1994) para as condições de São Paulo.

A melancia é um produto de demanda pouco elástica em relação a preços, significando que nem sempre sua produção na entressafra, para obtenção de preços mais elevados, seja recomendável economicamente. Para que se obtenha maiores lucros com o cultivo na entressafra é preciso elevado grau tecnológico visando elevadas produtividades (Okawa et al., 1994), o que é plenamente possível no estado do Piauí, uma vez que nas áreas experimentais da Embrapa Meio-Norte, em condições de solo arenoso, de baixa fertilidade natural, utilizando-se a cultivar Crimson Sweet sob irrigação por gotejamento, têm-se conseguido produtividade da ordem de 65 t/ha de melancia. Mesmo considerando-se que, com as tecnologias disponíveis, apenas 80% (52 t/ha) da produtividade obtida em condicoes experimentais seja possível em lavouras comerciais, verifica-se que os produtores piauienses ainda têm muito a evoluir em termos de produção, já que a produtividade média do estado não ultrapassa 15 t/ha.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a CEASA-PI pela cessão dos dados mensais de comercialização de melancia.

LITERATURA CITADA

Aceito para publicação em 28 de outubro de 1998

Trabalho apresentado no XXXVII Congresso Brasileiro de Olericultura, Manaus, AM.

  • ANDRADE JÚNIOR, A.S.; RODRIGUES, B.H.N.; ATHAYDE SOBRINHO, C.; MELO, F.B.; BASTOS, E.A.; CARDOSO, M.J.; RIBEIRO, V.Q. Níveis de água na cultura da melancia Teresina: EMBRAPA-CPAMN, 1996. 6p. (Pesquisa em andamento 69).
  • CAMARGO FILHO, W.P.; MAZZEI, A.R.; CAMARGO, A.M.P.; ANEFALOS, L.C. Estacionalidade dos preços e das quantidades de frutas olerícolas: melancia, melão e morango, 1987-91 São Paulo: Instituto de Economia Agrícola, 1994. 9 p. (mimeografado).
  • CASTELLANE, P.D.; CORTEZ, G.E.P. A cultura da melancia Jaboticabal: FUNEP, 1995. 64 p.
  • DUARTE, R.L.R.; ANDRADE JÚNIOR, A.S.; RIBEIRO, V.Q. Oferta de cucurbitáceas na CEASA-PI (1986-1991) Teresina: EMBRAPA-UEPAE de Teresina, 1992. 7 p. (Comunicado Técnico 56).
  • OKAWA, H.; UENO, L.H.; MORICOCHI, L.; VILLA, W. Custo de produção, rentabilidade e comercialização de melancia no Estado de São Paulo, 1986-92. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v. 41, p. 169-200, 1994.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Fev 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 1999

Histórico

  • Aceito
    28 Out 1998
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