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Apresentação

APRESENTAÇÃO

"Um dia, surpreendendo-o a olhar seu palácio,

alguém não se conteve, perguntando-lhe: 'Qual

o motivo que o levou a preferir o estilo mourisco?'

Porque é o mais bonito', respondeu

Oswaldo Cruz. E voltou a mirar enamorado

sua obra." (Ezequiel Dias)

Simplória e profunda explicação, que certamente não contentaria um historiador empenhado em decifrar esse monumento-documento, consciente de que o castelo de Manguinhos, por seu apelo imagético e grandiosidade, contribuiu fortemente para consolidar as ciências biomédicas e as práticas de saúde pública brasileiras. Mas, como lembra Michel Serres, comentando a conhecida imagem do possível efeito do bater das asas de uma borboleta sobre um futuro e distante temporal, " toda a história das ciências consiste em tornar constante, em controlar, em dominar esta cadeia altamente improvável do pensamento-borboleta de efeito-furacão" e que "justamente, no passar destas causas leves a estas pesadas conseqüências, está definida a globalização contemporânea".

O sentido de globalização esteve sempre presente no Instituto de Manguinhos, hoje Fundação Oswaldo Cruz, onde se construiu um campo de interações em que a saúde, objeto-fronteira é o lugar de encontro das ciências duras e ciências sociais, do laboratório e da política, da ciência e da sociedade.

Essa matriz de totalização inspirou, já se vai quase uma década, a criação da Casa de Oswaldo Cruz, incorporando uma outra dimensão desse acervo: o prazer estético, presente em muitas manifestações dos pioneiros do Instituto de Manguinhos, convivendo sem conflito com valores de rigor e austeridade no trato com a ciência — razão e fantasia, sonho, ciência e cultura.

História, Ciências, Saúde — Manguinhos é um espaço aberto a convivências de diversas perspectivas. Sua conformação traduz, em muitos sentidos, a matriz que motivou o nascimento da Casa de Oswaldo Cruz, um lugar capaz de refletir, sob o olhar da história e a marca da cultura, a pluralidade e unidade que marcam o campo de práticas das ciências e da saúde.

As raízes locais desse projeto, por sua vez, se imbricam com a demanda universal e a virtual ausência, em nosso meio, de veículos nesse campo de conhecimento, que estejam à altura do vigor do questionamento ético e das novas perspectivas acadêmicas em história, sociologia e filosofia da ciência.

Leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência são as Seis propostas para o próximo milênio, de ítalo Calvino. Frutos de uma reflexão sobre a literatura, são valores universais, que em sua expressão sintética trazem um sopro vitalizante e um desafio para quaisquer formas de comunicação. Esperamos que História, Ciências, Saúde — Manguinhos possa contribuir para esse ideal.

Paulo Gadelha

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2006
  • Data do Fascículo
    Out 1994
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