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TESES

A cerâmica como veículo de informação histórica

Cintia Jalles de Carvalho de Araújo Costa

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Filosofia e Ciências Sociais — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Barão de Ipanema, 29/1204 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22050-030

A cerâmica — objeto de cultura material —, largamente encontrada nas pesquisas arqueológicas, traduz-se em excelente acumulador de dados.

A sua diversidade de uso gera um grande número de variáveis para o seu estudo e investigação. Apesar de já ser amplamente analisada, novas abordagens são ainda oferecidas e devem ser melhor aproveitadas, como o potencial etnoarqueológico — do qual somos especialmente privilegiados, tendo em vista o grande número de grupos indígenas que habitam o país e reproduzem atividades semelhantes às manifestadas no passado.

A cidade submersa: o processo de destruição de São João Marcos (1930-45)

Dilma de Andrade de Paula

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Filosofia e Ciências Sociais — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua São Cláudio, 19/202 — Rio de Janeiro — RJ CEP 20250-060

O objetivo deste trabalho é analisar o processo de constituição do Estado brasileiro no período de 1930 a 1945, através da tentativa de regulamentação do setor elétrico e da sua relação com uma empresa em particular: a The Rio de Janeiro Tramway, Light and Power, Co. Ltd. O ponto central para esta discussão é a investigação sobre a destruição da cidade fluminense de São João Marcos, episódio onde estas relações se evidenciam.

O embate entre os atores envolvidos no processo de destruição da cidade significou o estabelecimento de limites para a atuação do Estado em relação às empresas estrangeiras do setor elétrico; a consolidação do poder da

Light e o desaparecimento de São João Marcos.

O ponto da mistura: raça, nação e imigração em um debate da década de 20

Jair de Souza Ramos

Dissertação de mestrado, 1994 — Programa de Pós-graduação em Antropologia Social — Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Humaitá, 157/803 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22261-000

Esta pesquisa trata do impacto das teorias raciais na definição das representações acerca do trabalhador nacional e do imigrante na Primeira República. O foco de análise é a reconstituição das taxonomías raciais presentes num debate específico, qual seja aquele que se dá em torno de alguns projetos de lei apresentados à Câmara dos Deputados no começo da década de 20. Estes projetos visavam restringir, parcial ou absolutamente, a imigração de 'negros' e 'amarelos' ao Brasil. A análise do debate nos permitiu identificar o impacto das classificações raciais nas disputas travadas, ao nível da própria sociedade civil, em torno da definição das políticas públicas de imigração.

Nossa análise se deteve particularmente em um conjunto de propostas sobre políticas imigratórias formuladas por membros das chamadas "oligarquias bagageiras". Estas propostas se encontram nos questionários respondidos ao 'Inquérito sobre imigração' promovido pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) em todo o país em 1925. A origem deste 'inquérito' está diretamente ligada uma esforço da SNA em se posicionar dian-te dos projetos que restringiam a imigração e de imprimir um determinado rumo ao debate. Um outro aspecto fundamental, presente tanto na montagem do inquérito quanto nas respostas a ele formuladas pela elite agrária, foi a presença e o alcance das representações raciais como eixo de entendimento dos fenômenos imigratórios.

A análise revelou que a SNA, através da organização e da interpretação que fez do inquérito, visava modificar/atenuar as representações sobre a 'raça amarela'. O objetivo era garantir a possibilidade de imigração japonesa para os estados que não tinham recursos financeiros ou condições geográficas que lhes permitissem atrair o imigrante branco europeu. A análise revelou ainda um quadro comum de representações acerca das 'três raças' formadoras da nação. Este quadro definia posições e tratamentos diferenciados frente ao Estado e ao proprietário rural para cada uma dessas raças. As respostas revelaram também uma grande preocupação em nacionalizar o imigrante por meio do ensino da língua portuguesa e de casamentos inter-raciais. Esta preocupação incidia desigualmente sobre os diversos tipos de imigrantes, segundo as representações de seu caráter mais ou menos assimilável.

Por fim, este debate nos revela o ponto-chave que orienta o impacto das taxonomías raciais nas representações acerca do trabalhador nacional e imigrante: a preocupação em, através da imigração, construir um povo como requisito da construção da nação.

Programas Nacionais de Saúde Materno-Infantil: impacto político-social e inserção da enfermagem

Maria Antonieta Rubio Tyrrell

Dissertação de doutorado, 1994 — Escola de Enfermagem Anna Nery — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Jaime Perdigão, 865/101 Monerô — Rio de Janeiro — RJ CEP 21920-240

O estudo da temática tem uma abordagem qualitativa, colocando em evidência as principais questões relacionadas com o papel do Estado, da mulher e da enfermagem na formulação dos Programas de Saúde Materno-Infantil, no período de 1970 a 1985. A evolução dos programas é relacionada às diferentes conjunturas econômicas e políticas que explicam essas propostas governamentais. Nesta abordagem — no plano conceituai — o movimento das mulheres desempenhou papel fundamental. Quanto à enfermagem, esta foi caracterizada numa concepção de 'execução' de tarefas onde a área de atuação da enfermeira foi limitada. Apesar dos avanços conceituais que emergem dos eventos técnico-científicos, a enfermagem na área materno-infantil foi limitada por condições históricas que impediram sua expansão e fortalecimento.

Adaptações serranas na pré-história: padrões de assentamentos nas sociedades caçadoras-coletoras

Sibeli Viana

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Filosofia e Ciências Sociais — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua C/155 nº 485, quadra 327, lote 6/7, apto. 50 — Goiânia — GO CEP 74275-150

O presente estudo visa discutir as inter-relações entre o homem e a natureza, tendo como ponto de referência as sociedades caçadoras-coletoras adaptadas em ambiente serrano.

Embasamo-nos nas linhas mestras da ecologia cultural para caracterizar os assentamentos pré-históricos e sua dinâmica interação com o meio ambiente. Para tanto, utilizamos vários modelos de subsistência e de posição espacial de assentamentos com o propósito de enfatizar a análise da área de alcance de um sítio arqueológico (site-catchment).

Pelo estudo de caso Serra do Cabral, foi possível, através do estudo da cultura material encontrada no sítio arqueológico Lapa Pintada III, tecermos considerações acerca da adaptação pré-histórica no ambiente de serra e cerrado. Ademais, destacando as características deste ambiente na fixação de sociedades humanas, cuja subsistência centra-se nas atividades de caça e coleta, propomos um modelo de localização e assentamento para esta região.

Estresse, doença e adaptabilidade: estudo comparativo de dois grupos pré-históricos em perspectiva biocultural

Sheila Maria Ferraz Mendonça de Souza

Dissertação de doutorado, 1995 — Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz — Rua Getúlio Vargas, 241 apto. 404 — Rio de Janeiro — RJ CEP 20775-000

O estudo de indicadores inespecíficos de estresse e condições patológicas em restos esqueletais tem sido desenvolvido, em paleopatologia, em abordagem biocultural. Este enfoque tenta aproximar o conceito de estresse aos de doença e adaptabilidade dos grupos humanos. Embora sendo ainda um enfoque pouco desenvolvido no Brasil, seu emprego no presente trabalho teve por objetivo ampliar as possibilidades da reconstrução pré-histórica e testar um pressuposto sobre a existência de melhor qualidade de vida entre os grupos do litoral. Foram reunidos dados sobre indicadores de estresse, condições patológicas e demografía de duas coleções funerárias pré-históricas. A primeira representando um grupo que sepultou seus mortos na Furna do Estrago, Pernambuco, uma ocupação do interior; a segunda representando uma ocupação tipicamente adaptada ao litoral, a do sambaqui de Cabeçuda. A patocenose mostrou, no primeiro caso, estresse locomotor intenso, na forma de fraturas e artrose, acarretando possível prejuízo adaptativo ao nível da performance física; e também estreita consangüinidade entre os indivíduos, numerosas anomalias ou variações morfológicas e baixa expressividade das doenças infecto-contagiosas. No segundo caso, associações de sinais de descontinuidades fisiológicas e sinais patológicos sugestivos de anemia apontaram para a provável existência de estresse infeccioso endêmico, cuja explicação poderia ser a hiperexposição a bactérias patogênicas de águas salinas. Modelos bioculturais correlacionando os dados sobre doença, estresse, padrões culturais e meio ambiente foram propostos em cada caso. Os fatores de estresse, as respostas biológicas, os mecanismos culturais de compensação e possíveis tendências adaptativas foram discutidos, na tentativa de formular hipóteses para uma investigação futura.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2006
  • Data do Fascículo
    Fev 1996
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