RESUMO
Para analisar o papel desempenhado pelas hipotecas no auge da economia cafeeira, o artigo propõe-se estimar seus determinantes e efeitos em Ribeirão Preto, principal comarca produtora de café no início do século XX. A partir das hipotecas efetuadas entre 1895 e 1905 e dos dados agrícolas de 1904-1905, (i) compara-se o perfil dos agricultores que contrataram hipotecas com aquele dos agricultores que não o fizeram, mostrando que os primeiros apresentam maiores patrimônio, produção e produtividade; e (ii) explora-se a relação entre o patrimônio em imóveis dos agricultores e a contratação de hipotecas. A análise mostra que a contratação de hipoteca se relaciona positivamente ao patrimônio dos agricultores, conforme expectativas teóricas. A análise também propõe uma estratégia para mensurar os dois componentes previstos pela teoria: o efeito da hipoteca em aumentar o patrimônio do agricultor (denominado efeito patrimonial) e o efeito do patrimônio do agricultor na capacidade de contratação de hipoteca (denominado efeito garantia). O resultado mostra que os dois efeitos foram relevantes em Ribeirão Preto no período estudado. Em conjunto, a distribuição de crédito concentrada entre os maiores agricultores e a existência do efeito patrimonial podem ser vistas como mecanismo de concentração do patrimônio entre os agricultores.
Palavras-chave:
Hipoteca; Café; Estrutura fundiária; Produtividade; Estrangeiros