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Velhice, alteridade e preconceito: dimensões do imaginário grupal com idosos

Vejez, alteridad y preconcepto: dimensiones del imaginario grupal con ancianos

Old age, otherness and prejudice: dimensions of the group imaginary relative to the elderly

ENSAIOS

Velhice, alteridade e preconceito: dimensões do imaginário grupal com idosos* * Conferência proferida no Seminário O idoso e a cidade de São Paulo, promovido pela Secretaria Municipal da Família e do Bem Estar Social — SP, março de 1998.

Old age, otherness and prejudice: dimensions of the group imaginary relative to the elderly

Vejez, alteridad y preconcepto: dimensiones del imaginario grupal con ancianos

José Carlos de Paula Carvalho

Professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FEUSP

RESUMO

O texto enfoca a problemática da velhice e o tratamento que a ela é dado nas sociedades urbano-industriais formadas no "Kapitalismus Geist" e nos "fluxos de racionalização" que as permeiam sob as formas da produção de alteridades que assim agenciam estratégias de preconceito, sendo a profunda dinâmica sócio-psico-antropo-organizacional a problemática da Sombra ou as enações do inconsciente em seus vários estratos, constituindo a dinâmica chamada "pólo fantasmático" dos grupos sócio-culturais, dinâmica essa que é denegada pelo "discurso competente" em seus vários níveis de elaboração, do gerencial ao clínico, passando-se pelo circuito da fala, portanto da comunicação com idosos, e levantando-se o intrincado problema de uma "educação para a segunda metade da vida" e de uma perlaboração das imagens da Morte.

Palavras-chave: velhice; alteridade; inconsciente; preconceito.

ABSTRACT

The text focuses on the problematics of old age and the treatment given to it within urban-industrial societies shaped by the "Kapitalismus Geist" and the "rationalization flows" that permeate them, in the form of the production of othernesses that thus become agents of prejudice strategies, with the deep socio-psycho-anthropo-organizational dynamics being the problematics of the Shadow or the outgrowths of the unconscious in its various strata constituting the dynamics known as the "phantasmagoric pole" of socio-cultural groups, which dynamics is denied by the "competent line of discourse" in its several levels of development, from the managerial to the clinical, including the circuit of speech and therefore of communication with the elderly, and raising the complex problem of an "education for the second half of life" and of a perlaboration of the images of Death.

Key-words: old-age; otherness; unconscious; prejudice.

RESUMEN

El texto enfoca la problemática de la vejez y el tratamiento que se le da en las sociedades urbano-industriales formadas en el "Kapitalismus Geist"y en los "flujos de racionalización"que las penetran bajo las formas de la producción de alteridades que así agencian estrategias de preconcepto, siendo la profunda dinámica socio-psico-antropo-organizacional la problemática de la Sombra o las excrecencias del inconsciente en sus varios estratos constituyendo la dinámica llamada "polo fantasmagórico" de los grupos socio-culturales; dinámica que el "discurso competente" denega en sus varios niveles de elaboración, del gerencial al clínico, pasando por el circuito del habla, por tanto de la comunicación con anciano, y lavantándose el intrincado problema de una "educación para la segunda mitad de la vida" y de una pre-elaboración de las imágenes de la muerte.

Palabras-clave: vejez; alteridad; inconsciente; preconcepto.

Para todos os velhos de minha(s) vida(s).

Para o Venerável.

"... e esse foi meu estudo para o ofício de ter alma".

(Cecília Meireles)

"Como o pão é, de todos os alimentos, o mais necessário, a meditação sobre a morte é, dentre todos os exercícios, o mais necessário... E é verdadeiramente significativo que os próprios pagãos afirmaram algo semelhante, pois que definem a filosofia como sendo a meditação da morte..."

(São João Clímaco)

"Aquilo que parece mau (o Mal...), é simplesmente a condição de um Bem maior..."

(Carl Gustav Jung)

"A transição entre a manhã da vida e o depois do meio-dia da vida dá-se por uma transmutação de valores. Sem nenhuma preparação os homens chegam à segunda metade da vida, e de modo quase que imprevisto; pior ainda, atingimos o após meio-dia da vida cheios de preconceitos, de ideais, de verdades que eram até agora nosso arsenal. Ora, é impossível viver o crepúsculo da vida com a mesma programação da manhã, pois aquilo que era então importante, provavelmente será de pouca significação e a verdade da manhã será o erro do crepúsculo."

(Carl Gustav Jung)

Antropologicamente, como Jung lembra na imagem do Sol em sua ascensão-declínio-renascimento do Outro lado, uma imagem da Vida humana, todos temos a mesma "comunidade de destino"... e, por isso, não deixamos de ser interpelados pela Vida humana em suas várias fases, a morte inclusive (Morin, 1997). A interpelação que nos é dirigida tem o significado de assumirmos com seriedade, responsabilidade, dignidade, mas, sobretudo, plenitude (Jung, 1963) o sentido de cada fase e estarmos atentos para aquelas pelas quais já passamos — pois teremos um dever de "com-preender" aquelas pelas quais já passamos, como a infância e a juventude, e em não transformá-las, quando vividas por outros mais jovens que nós, em propostas preconceituosas de "como" vivê-las, julgando-as segundo nossa experiência vivida. Um dever do adulto é, se vive com plenitude, desenvolver a abertura e a receptividade — e mais ainda para aquelas fases por que ainda não passamos, a morte inclusive. O melhor é dosar entre certa preparação e o deixar-se surpreender, espontaneamente. Se não desenvolvermos essa atitude interior e exterior para conosco e para com os outros, estaremos sendo fonte de criação de preconceitos e estigmas, de que seremos as primeiras vítimas!

Em que consiste essa atitude? É uma atitude hermenêutica e uma atitude antropológica (Morin preferiria "antropolítica", ou seja, envolvendo uma política do Homem): como hermenêutica é uma atitude compreensiva, o que significa que estou nela implicado desde sempre e comprometido, e é por isso que ela diz algo a mim e me motiva a falar dela, como se o outro e aquilo de que eu falasse fossem, como na realidade o são, meandros para eu chegar até esse aspecto e essa perspectiva em mim mesmo. A isso se chama "com-preensão" ou "im-plicação": temos algo em comum, apesar de... se isso me encanta, ou se isso me assusta. Por isso sou interpelado, e a isso pode-se reagir vendo-ouvindo-abertamente, tentando a arte viva-vivida-vívida de compreender... ou a arte mortífera de estigmatizar... Querer aproximá-la mediante uma "pedagogia da escuta", ou dela querer me livrar exorcizando-a e "tornando os outros mais diferentes do que na realidade o são" (Lévi-Strauss, 1974, p. 2-3) para justificar meu ato de me livrar deles com as melhores intenções do mundo. Veja-se o filme "As melhores intenções". Porque, nesse caso, diz Dollard, "quem quer afogar seu cão, diz que ele está com raiva"... e criamos toda a mecânica do preconceito, que essencialmente consiste em "produzir Outros", outros dotados de tanta diferença engendrando angústia que é preciso deles me livrar. E deles eu me livro por meio das "estratégias do preconceito" sustentadas pela operacionalidade técnica e político-administrativa do "discurso competente", sendo a dinâmica profunda de ambos os aspectos aquilo que Jung designou como "problemática da Sombra" (Zweicg, 1994; Paula Carvalho, 1997). Mas, antes de virmos ter a esse aspecto da atitude, vejamos o que nos ensina o fato de reagirmos às diferenças com uma "pedagogia da escuta". Só o fato de se falar — e é Ricoeur quem o diz — em uma "pedagogia", significa que é preciso haver um (árduo) aprendizado e que esse aprendizado é uma "formação" que, sem dúvida, encontrará pelas fuças a "antropolítica" do preconceito-discurso competente, com a qual terá que se haver... mas essa é outra questão, das políticas públicas e das contra-políticas públicas... A pedagogia da escuta significa que temos a aprender com a lição das palavras e com a lição de mestres. A lição de palavras — a etimologia e o campo semântico — salutarmente nos lembra que, segundo Kovalewsky (1998), em grego, em latim e em velho eslavo, "escuta" se refere, e envolve, "obediência", ou essa tem suas raízes na "escuta"; como diz o autor, ela abre o "ouvido interior". Entretanto, no campo semântico dos aspectos "religiosos" dessas línguas, está logo presente a "humildade", que remete por sua vez a "húmus" e a "homem": escutar é obedecer a algo — os gregos diriam a "heimarmene", o Destino que estava acima dos deuses e dos homens; os romanos diriam o "Fatum", ou o "fado" dos ibéricos; os românticos alemães diriam "Schicksal"... a Voz interior —, mas a algo que é, sente-se, de dimensão maior e de maior sentido que os empobrecidos egos e ao que os homens reagem recebendo como se fossem uma terra fértil, pois aqui vão germinar grãos que partem de "outros", mas como se foram seus próprios. Esse "húmus" vai ser cultivado e a esse campo cultivado, culto, se diz "cultura", que é uma "liturgia" (uma obra coletiva oriunda da troca de escutas como verdadeiro diálogo), mas que visa ao "crescimento pleno" individual (Jaspers, secundado por Evdokimov, vai nos lembrar, integrando esse campo semântico, que isso se diz etimologicamente "auctoritas", ou seja, "autoridade", que nada tem a ver com as encarnações laicas e políticas e institucionais da "autoridade", mas com o crescimento e a plenitude oriundos dessa pedagogia da escuta). A lição de mestres nos diz que essa "pedagogia" é uma "educação negativa", ou seja, com Rousseau, que só podemos, e devemos, ensinar o que não-fazer para chegar a esse crescimento pleno, mas não dizer qual é seu conteúdo: indicamos, numa "poética da sugestão, o "como" e não os "quês", e mais, com Rogers, para que isso aconteça é preciso haver um espaço de acolhida, e para criá-lo "é preciso perder tempo e ter ócio", para que se veja e se deixe aprender que o rio corre por si mesmo. Não é preciso, por ora, senão marcar como essa "antropolítica" vai contra um pensamento da produtividade e uma ética do trabalho entronizadas no "discurso competente" (Chauí, 1989) e na "burocratização da vida social e cultural" (Lapassade, 1975)... que anda de mãos dadas com a "produção das alteridades", ou seja, daqueles todos que, por seu modo de ser e seu "estilo", são refratários à persuasão e à "fábrica de ilusões das promessas sociais do planejamento e das administrações de vidas" (Mills, 1967) e, assim, são considerados "margens" — porque estão à margem da ideologia da sociedade urbano-industrial e "unidimensional" (Marcuse, 1969) —, e marginalizados; são considerados "outros" (ou "alteridades"), porque recusam o Mesmo que une a muitos — os dominantes — no centro, e são "produzidos", para serem execrados, mais diferentes do que na realidade o são, e sobre os quais, "subalternidade", recaem os preconceitos e os estigmas. Porque essa "atitude hermenêutica" que os faz se oporem, quando não tanto, pelo tão simples fato de existirem como uma "dissidência libidinal-existencial" (Lapassade & Lourau, 1970), é uma "atitude apofática", em termos técnicos significando uma "negatividade ativa" contra a "atitude catafática" — as receitas operacionais e técnicas das "catáfases institucionais", ou como explicita o grande Berdiaev, a política das sujeições aos vários instrumentos da "escravização da liberdade do homem" (Berdiaev, 1997) — das "instituições totais" (Goffman, 1978), das escolas aos centros culturais... Essa atitude "catafática", da positividade produtivista, racional e eficiente permeia a "burocratização da vida social" regida pelo "princípio da realidade e do rendimento". Sua origem está na "racionalização" em nível de empresa econômica, cujo modelo burocrático se generaliza para a vida dos grupos sociais como um todo (o pai é um burocrata, o professor é um burocrata, o agente cultural é um burocrata, os técnicos são burocratas, os acadêmicos são burocratas...), dando-se essa mesma racionalização no nível sócio-cultural e no da personalidade: a ética protestante dá origem (Weber, 1967) à "conduta metódica de vida e à moral do trabalho" (Paula Carvalho, 1989), que se generaliza como a proposta de uma vida desvivida. Veja-se o filme de Kurosawa, "Viver". Essa atitude catafática de burocratização da vida social e de racionalização técnica está alicerçada num "projeto de redução generalizada da vida" e se estriba num "discurso da competência". Segundo Lefebvre (1970), as características desse "projeto de redução generalizada" são as seguintes: 1. redução da sabedoria ao saber, e depois do saber ao conhecimento, e depois do conhecimento à informação e da informação à operacionalidade: a "formação" foi substituída pela ansiedade por receitas daqueles que desaprenderam a descobrir e só sabem apertar parafusos, o que se chama pensamento operacional e técnico; 2. redução das potências do imaginário e de tudo que não se enquadra na racionalidade técnica como desnecessário e pernicioso, o ócio da reflexão e da descoberta, sobretudo, porque é perder tempo e "time is money"; 3. a lógica da dominação e do poder como sustentáculos antropolíticos contra a "cidadania" em seus dinamismos de conscientização libertária e autogestionária. Mas o instrumento que persuade e convence, e que é inculcado e internalizado pela subalternidade, é o "discurso competente": só alguém que está investido em determinada função tem a devida competência para falar sobre coisas das quais ela tem o monopólio em virtude de se presumir que, por ela estar naquela função, mesmo que o seja por concursos e pela "indústria cultural" ou pela propaganda da mídia, no melhor dos casos, presume-se, e depois acaba-se convencendo que ela tem mesmo um saber... quando, na realidade, ela é uma consócia da burocratização da vida social... e seu "saber" e sua "competência" são aqueles de que nos falam o "projeto de redução generalizada": um apertador de parafusos sob as máscaras de "saber fazer"... e, portanto, "poder". É o pensamento operacional ou mesmo operatório dos muitos que só sabem "re-produzir" a ordem sócio-cultural e a estrutura de poder que os paga bem, pois agenciam (agentes, assistentes) a "fábrica de ilusões". Porque o "discurso competente" funciona à base do par "ilusão-alusão" — "efeito de conhecimento-desconhecimento".

Mills dizia que o planejamento administrativo nas sociedades industriais "unidimensionalizadas" sabe o que é melhor para todos, pois diz o que devem todos querer, como fazer para alcançar isso e, como não irão alcançar mesmo, o que fazer para se consolar... e aí entra a sociedade de consumo e a fábrica de ilusões. Produzimos ilusões, mas das quais não se tem suficiente consciência, pois isso induziria à revolta; assim, a ilusão envolve uma camuflada "alusão" a que cada um reconheça — também de modo camuflado, pois seria então fator de conscientização! — qual a sua posição social ("você sabe com quem está falando?", Matta, 1980)... E assim parece criar um conhecimento, pois se reputa que os emissores desse discurso detenham "saber" e "tenham competência" (vejam-se esses temas nos discursos da propaganda política de Fernando Henrique Cardoso e de Mário Covas em "receitas" escritas, após o discurso "persuasivo", na televisão) e que, ouvi-los — mas não é a "escuta" de que falamos, conquanto mesmo essa escuta possa, por absurdo, trazer os mesmos frutos... mas numa atitude "apofática" —, traz conhecimento, quando na realidade há uma aparência-efeito de conhecimento, que em profundidade é um desconhecimento... Em profundidade, toda essa mecânica será precisamente o que Adorno chamou de "personalidade autoritária", Lobrot (1973), de "estrutura de personalidade autoritária" e, com mais justeza e dramaticidade, Reich (1978a, 1978b, 1983) designou como "estrutura caracterial autoritária" e "moral dos zéninguéns", de alta periculosidade, pois seus valores não são "bióticos", mas "tanáticos" (portadores de morte como desviver uma vida plena) e agenciadores de estigmas, preconceitos e perseguições às "alteridades", de que o livro do autor, "O assassinato de Cristo", é uma ilustração trágica. Como sintetiza Dadoun, temos aqui a "autoridade do côro dos zéninguéns", que é o contrário de nossa "auctoritas".

"aqueles que jogam as primeiras pedras, aqueles que vêem o cisco no olho do vizinho mas não vêem a trava que está no próprio olho, aqueles que têm telhado de vidro mas atiram pedras no do vizinho, aqueles que focam e criam rumores assassinos, aqueles que jogam a polícia e os cães e a multidão e os psiquiatras, e os educadores, e os administradores e os técnicos nas pegadas do vagabundo, do judeu, do negro, do imigrado, do marginal, das crianças e dos velhos, e aqueles que proclamam em grandes berros místicos suas furibundas 'verdades' religiosas, políticas, científicas e todos aqueles incontáveis 'zé-ninguéns' que seguem em coro — de igreja, de partido ou de seita — os 'führers', aglutinando-se e fazendo-se multidão, esquecendo-se em sua porção de Sombra, para saborear a calúnia, criar o rumor, veicular mentira e difamação, constituir as tribos de aclamação, alimentar as fogueiras, correr para o linchamento e, de todo o coração e com toda a boa intenção, assegurar a boa administração dos asilos, das prisões, dos campos de concentração, das escolas, dos centros culturais, os salvadores do país, que querem o bem do povo, sabendo o que é melhor para ele, e a massa imensa e pretensamente silenciosa que baba jogando as últimas pedras, eis algumas figuras da 'peste emocional'..."

(Paula Carvalho, 1997, p. 184)

Porque aqui encontramos a dinâmica profunda das estratégias do preconceito aliada aos aspectos ético-políticos: esses, são o "etnocentrismo" e o "discurso competente" do "projeto de redução generalizada" induzido pela "burocratização da vida social" e por uma "fabricação cultural" ("animação cultural"), fundamentando-se na "racionalidade técnica" e na "conduta metódica de vida" e na "ética do trabalho produtivo e eficiente e rentável" e envolvendo "modelos entrópicos de organização das atividades" e uma gestão cultural baseada na "heteronomia" e numa "concepção acabada do Homem". Já a dinâmica profunda — que nutre e parte daquelas exclusões-estigmatizações sociais — se situa na "problemática da Sombra": os outros (alteridades) que foram tornados mais diferentes do que são para serem afogados com as melhores das intenções, que foram "produzidos" e "construídos", esses outros incomodam porque são aspectos meus e de meu grupo e de minha cultura mas com eles incompatíveis... por isso eu os exorcizo e os encarno nos "bodes expiatórios", que sendo executados, limparão minha consciência e o ser social... Eles são, como diz Jung, "a sombra coletiva" do meu grupo, ou o inconsciente que incomoda reconhecer, o que é inconsciente às meias, mas tem a ver comigo; só que, nesse choque, que é um choque moral, lembra Jung, porque me obumbra e obumbra a Luz da Razão de meu grupo e de cujo contato adviriam perigo, impureza, sujeira... é melhor que contato não haja, que fiquemos, como diz Leach (1970), "nós x eles"; daí, ou nós, ou eles... evidentemente nós. E daí as estratégias do preconceito estribadas numa dinâmica exorcista-projetista do inconsciente pessoal-grupal: Lévi-Strauss lembra que frente a essas "negatividades sócio-culturais" (ou negativizações que propõem "contra-discursos e contra-universos") as sociedades ou são "antropofágicas" (devoram o inimigo ou as periculosidades marginais) ou são "antropoêmicas" (vomitam fora e cercam o vomitado com cercas e muros que isolam o perigo do contágio). Taguieff (1988) diz que teremos, então: antropofagia dialógica, antropofagia digestiva, antropoemia genocida-etnocida e antropoemia da tolerância. Essas são as estratégias de preconceito no tratar as alteridades. Lembrando autores estudiosos de mentalidades, que mostram como o velho e a velhice passam a ser construídos-produzidos socialmente como "alteridades" passíveis de assim serem tratados (Bois,1989; Gutton, 1990); lembrando que do famoso Colóquio de Roma, "En Marge: l'Occident et ses autres", os velhos são assim estigmatizados, vejamos, a par dos dinamismos gerais e das razões genéricas já exploradas e comuns a todas as "margens" e "marginalizados", porque os velhos o são e como nem se percatam disso, ou então são sutilmente inculcados e persuadidos.

Luke, em "Old Age", diz que os velhos — que já o sabemos, nesse universo concentracionário das organizações racionais-produtivas da unidimensionalizada sociedade urbano-industrial, improdutivo, margem e alteridade... quando não "parasita"... — recebem três presentes (de grego...): "o corpo decrépito", "a raiva impotente" e "a ruminação das memórias". Mas o que esses presentes trazem que incomodam e fazem dos velhos objetos de segregação sócio-cultural e da bondade assistencial-tecno-administrativa?

O "corpo decrépito" traz consigo as imagens de "situações-limites" geradoras de angústia, apesar de nos ser uma "comunidade de destino" (mas numa sociedade que, fundada no progresso técnico e nas luzes da razão, estigmatizou como "interditos" ou "tabus" o que a desconstrói... mais dia, menos dia, e a cada um de nós...), quais sejam, o desfazimento do refúgio familiar, o abandono, a doença, a perda da vitalidade "atlética"... a morte. Em suma, como diz o belo e profundo estudo de Marc Augé e de seu grupo de antropologia da doença e da morte (Augé & Herzlich, 1984), a presentificação do Mal (entenda-se, da Sombra Coletiva), pois não temos, nesse Ocidente tecnoburocrata, uma pedagogia da Morte, observam Ziégler (1970) e Thomas (1989), de diferentes pontos de vista. E, assim, como os estudos de Douglas (s.d., 1983) e os de Guattari (1974) mostram, se sobre a imagem do corpo as sociedades inscrevem-gravam as imagens prezadas pela sociedade, com a mudança dessa imagem do corpo, numa sociedade que teme o Mal-Morte-Sombra-Inconsciente, o aparecimento de outra imagem (de corpo, de sociedade... que só poderá remeter à ancestralidade) o é de "outra" imagem, a imagem de uma "alteridade", contra a qual mobilizam-se as gestões médicas, assistenciais, a indústria mortuária (nos EUA, por exemplo, tornando "belo" e "asséptico" ao morto-cadáver), em suma, as várias administrações do Bem e das bondades bem intencionadas da tecnoburocracia e dos planejamentos. Pois o morto é perigo, e a Morte ainda mais. Quanto à "raiva impotente", basta-nos lembrar que todas as margens são usadas, porque são produzidas pelo centro, são produzidas para o centro e seus interesses de preservar, por oposição a um "eles" que é social e culturamente exibido numa arena ou num circo, um "nós" que é o Mesmo e não o Outro. Déroche (1987) mostrou como eles são usados e persuadidos a se deixarem usar... e daí a impotência de se fazer reconhecer essa nova imagem com seus traços peculiares ou ao menos que os deixem viver a segunda metade da vida com seus alvos específicos, como diz Jung. E, por conseguinte, os gradientes da resignação à raiva impotente: porque essa sociedade, em que a sabedoria foi reduzida ao pensamento tecno-operatório, não há "velhos sábios", mas ressentidos, como lembra Scheller, e o velho é "puerilizado". Porque a imagem do "velho sábio" ou da "velha sábia" (Weaver, 1996) remonta a uma "sociedade tradicional", e o retorno, ou o refazimento dessa lhaneidade tecnoburocrática pela dinâmica das iniciações às classes de idade e às sociedades iniciáticas é um anacronismo, senão um escândalo... Porque a "orientação tradicional" da ação social, em Weber, ou o "pensamento tradicional" e a "autoridade carismática" contradizem a "praxeologia" da sociedade urbano-industrial, assim como uma lição de coisas e de costumes. Segue-se a ruminação das memórias... cuja monotonia cansa a todos, loucos por inovações... mas é que na ruminação repetitiva das memórias e no contar estórias — e essa sociedade é uma sociedade que não tem memória e se louva de não a ter, por um "complexo de partenogênese de adultos"... — aparece o dinamismo do mito — porque, é Jung quem o diz, e assim o estuda a psicocrítica de Mauron, uma vida só se conta e ao se contar revela-se-lhe o mito pessoal, cuja descoberta é a suprema realização do indivíduo e do processo de individuação (Paula Carvalho, 1998) —, que é escândalo para as sociedades históricas (Paula Carvalho, 1992), apesar de o progresso e a história serem o mito... do Ocidente. O mito, essa "alteridade" por excelência! Então, contra essas três mensagens "outras", as estratégias do preconceito aplicadas aos velhos e à velhice.

A "antropofagia dialógica" usa o diálogo para reduzir o outro ao Mesmo, fazendo-o se persuadir-iludir que assim é o melhor, que estará "atualizado", impedindo-o, assim, de manifestar a singularidade de sua fase de vida e de articular a vida sobre esse novo sentido dessa nova fase. É o que acontece com todos os bem-intencionados administradores de assistência como educadores-pedagogos do preconceito e da alienação. É o que vemos com a "puerilização" dos velhos nos centros culturais, por exemplo, regidos não por uma verdadeira pedagogia do ócio (Cuenca Cabeza, 1995) mas por um dirigismo planejado do lazer que leva o nome de "animação cultural" e de "fabricação cultural" (Teixeira Coelho, 1986). "Viver", de Kurosawa, filme já citado, é exemplo disso, assim como do contrário o são "Madadayo" e "Dersu Uzala", mas também a conflitividade que é o tema de "Rapsódia em Agosto". Uma vez que se impede — convencendo ou obrigando, "violência simbólica" que caracteriza esse "diálogo" — a livre expressão e a constituição de um "núcleo" interior e, eventualmente, de grupos "antônomos" e "autocentrados" e "autogestionários" articulados em torno dessas constelações específicas de uma fase da vida — fato tão característico das sociedades não-históricas, como evidencia a naturalidade violenta do filme "A Balada de Narayama" —, só resta proceder à indigesta digestão dessa sub-cultura etária potencial, o que se chama enculturação e aculturação, a impossibilidade de constituir e dar seqüência "secundum natura" ou a perda de uma cultura e de um imaginário específicos, ou seja, a impossibilidade de uma identificação e de uma identidade ou sua perda. É a "antropofagia digestiva", como vemos no filme "E a luz se fez...". O contrário, nessa "pedagogia da escuta", poderemos vê-lo nos filmes "A festa de Babette" e "A excêntrica família de Antônia". Um ponto altamente inquietante, para essa "pedagogia da escuta", consistiria em avaliar, por exemplo, a partir dos questionamentos de Lallive d'Épinay, até que ponto os Programas das Universidades de Terceira Idade não são solidários dessa estratégia de preconceito... Já a "antropoemia genocida ou etnocida" é ilustrada sobejamente pela história, na medida em que grupos de velhos, ou de velhos de uma certa procedência, são dizimados sem escrutínio e maior moralidade. Isso desde a eutanásia no mundo euro-asiático antigo... até relatos fílmicos como o belíssimo "A pequena loja da rua principal". De modo provocante, e perverso, poderíamos lembrar, no cruzamento dessa estratégia com as anteriores, numa perversa inversão de propostas, numa "heterotelia" (resultados opostos aos que se propunha fazer com o grupo de velhos numa política assistencialista) de um "ritual de rebelião, o denso filme de Buñuel, "Viridiana". Enfim, a "antropoemia da tolerância", ambígua como a antropofagia dialógica, respeita... e tolera tanto que acaba por cercar em "ghettos", asilos, "appartheids", repúblicas etc. e cria a incomunicabilidade sócio-cultural e propicia a eficaz manipulação desses grupos segregados, respeitados, até os reduzir à curiosidade e ao exotismo... ainda que o seja das "autogestões"... O filme "Os filhos da natureza" é um eloqüente exemplo dessa temática numa "república" (não-clínica) para/de velhos.

Ao começo dizíamos de uma atitude hermenêutica, que examinamos, e de uma atitude antropológica ou "antropolítica" de uma "pedagogia da escuta"... e agora de uma "pedagogia do ócio"... e de uma "pedagogia do imaginário", ligada às específicas observações da psicologia analítica de Jung com relação a uma "antropolítica" para/da segunda metade da vida. Seu fundamento é essa atitude "apofática" que antropologicamente se estriba no fenômeno da "neotenia humana" (Paula Carvalho, 1990; Gehlen, 1987; Lapassade, 1968) à concepção de homem como ser "heterônimo" (que gira em função dos outros e desempenha papéis sociais) e "acabado" (que se "perfaz" segundo o modelo da curva de vida produtivisita onde nada mais cabe ao velho senão morrer... sem dizer que morre, sem avisar, se possível, pelas doenças etc.), a proposta da psicologia profunda de Jung e da antropologia hermenêutica precisam de uma "filosofia do inacabamento" e da "educação permanente", pois a imagem do Sol mostra que, mesmo em se pondo, no crepúsculo, continua Além, auroral, e sua morte é aparente, na verdade, mudança de registro, dimensão e hemisfério... Pois bem, quando os etólogos afirmam que o homem é um "neóteno neg-entrópico", estão a afirmar que o homem, segundo Lorenz, que desenvolve Gehlen, é um "ser especialista da não-especialização", um "ser aberto ao mundo", um "ser destinado a espaços euriecéticos (amplificados)", um "lúdico explorador de transicionalidades e espaços potenciais", um "ser da álea, do acaso, do risco, do perigo e da crise", um "ser inacabado e hipercomplexo"... portanto um Homem cuja "vocação" é o "inacabamento" e a "aprendizagem permanente", que carece de um ecossistema (físico e mental) para que possam se desenvolver esses traços e, com a "criatividade", nascerem mundos ("cosmos" e "caos"); todos têm a tendência a pensar na criança, que aos poucos será "castrada" e "reduzida"... Entretanto, não existe "Puer" sem "Senex" e reversivamente; por isso podemos dizer que essa é a "ecologia mental" para que os velhos, em seus "nichos de emigração interior" (Duvignaud, 1970), possam elaborar sua "opus" da segunda metade da Vida. A antropolítica da neotenia humana e a pedagogia do ócio-imaginário fundam-se em profundidade no par arquetípico PUER-SENEX, e como a imagem do Sol, imagem do trajeto da VIDA, perfaz um círculo urobórico, do mesmo modo os VELHOS SÁBIOS. Mas essa imagem de Ressurreição passa pela imagem da Paixão e da Crucifixão pela ideologia unidimensional da sociedade urbano-industrial e pelos "estigmas" dos preconceitos sabendo, entretanto, que a VIDA É PÁSCOA... e ninguém constrói sua casa na passagem... Para tanto temos um Viático, que é a "cibernese do imaginário" com grupos visando-se, pela transformação do regime de imagens, à comutação de "grupos-sujeitados" em "grupos-sujeito", tecnicamente uma "sociologia do imaginário grupal".

Filmes:

  • AUGÉ, M., HERZLICH, C. Le sens du Mal: anthropologie, histoire, sociologie de la maladie. Paris: Archives Contemporaines, 1984.
  • BERDIAEV, N. De l'esclavage et de la liberté de l'homme Paris: DDB, 1997.
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    Conferência proferida no Seminário
    O idoso e a cidade de São Paulo, promovido pela Secretaria Municipal da Família e do Bem Estar Social — SP, março de 1998.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Jul 2009
    • Data do Fascículo
      Ago 1999
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