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O ensino da sexualidade em cursos de Graduação em Enfermagem: revisão sistemática da literatura

La enseñanza de la sexualidad en cursos de graduación en Enfermería: revisión sistemática de la literatura

Resumos

A presente revisão sistemática da literatura procura identificar as evidências disponíveis em relação à maneira como a sexualidade humana figura nos currículos de Graduação em Enfermagem. A busca foi realizada em publicações datadas de janeiro de 2013 a setembro de 2022. Com abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, após a análise, em face dos elementos comuns observados, foram criadas cinco categorias de conteúdo: formas de abordagem; conteúdo; construção coletiva do currículo; cultura cis-heteronormativa e seus reflexos; e propostas de intervenção. Tais categorias foram descritas e, por meio delas, se tornou possível traçar um panorama que indica os principais resultados de pesquisas produzidas com foco no escopo proposto.

Palavras-chave
Enfermagem; Currículo; Sexualidade; Revisão; Ensino


The present systematic review of the literature seeks to identify the evidence available in relation to the way in which human sexuality figures in undergraduate nursing curricula. The search was carried out in publications dated from January 2013 to September 2022. With a qualitative, descriptive and exploratory approach, after the analysis, in view of the common elements observed, five categories of content were created: forms of approach; content; collective construction of the curriculum; cis-heteronormative culture and its reflections; and intervention proposals. Such categories were described, and through them it became possible to draw an overview that indicates the main results of research produced with a focus on the proposed scope.

Palabras clave
Enfermería; Currículo; Sexualidad; Revisión; Enseñanza


La presente revisión sistemática de la literatura busca identificar las evidencias disponibles con relación a la manera como la sexualidad humana figura en los currículos de graduación en Enfermería. La búsqueda se realizó en publicaciones con fecha de enero de 2013 a septiembre de 2022. Con abordaje cualitativo, descriptivo y exploratorio, después del análisis, considerando los elementos comunes observados, se crearon cinco categorías de contenido: formas de abordaje, contenido, construcción colectiva del currículo, cultura cis-heteronormativa y sus reflejos y propuestas de intervención. Se describieron esas categorías y por medio de ellas fue posible trazar un panorama que indica los principales resultados de investigaciones producidas con enfoque en el alcance propuesto.

Keywords
Nursing; Curriculum; Sexuality; Review; Teaching


Introdução

A Organização Mundial da Saúde (OMS) expressa a sexualidade humana como uma interação de diferentes aspectos, que podem abranger “sexo, identidades e papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer intimidade e reprodução”11 Organização Mundial da Saúde. Saúde sexual, direitos humanos e a lei. UFPR, IFRS, UFRGS, tradutores. Porto Alegre: UFRGS; 2020. (p. 25), que se faz presente em todas as fases de vida do ser humano. Muito além de elementos biológicos, também compreende constructos “psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, jurídicos, históricos, religiosos e espirituais”11 Organização Mundial da Saúde. Saúde sexual, direitos humanos e a lei. UFPR, IFRS, UFRGS, tradutores. Porto Alegre: UFRGS; 2020. (p. 25).

Com base nos princípios de que o enfermeiro é responsável por um cuidado holístico22 Aaberg V. The state of sexuality education in baccalaureate nursing programs. Nurse Educ Today. 2016; 44:14-9. doi: 10.1016/j.nedt.2016.05.009.
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3 Hickerson K, Hawkins LA, Hoyt-Brennan AM. Sexual orientation/gender identity cultural competence: a simulation pilot study. Clin Simul Nurs. 2018; 16:2-5. doi: 10.1016/j.ecns.2017.10.011.
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4 Bosse JD, Nesteby JA, Randall CE. Integrating sexual minority health issues into a health assessment class. J Prof Nurs. 2015; 31(6):498-507. doi: 10.1016/j.profnurs.2015.04.007.
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-55 Burton CW, Nolasco K, Holmes D. Queering nursing curricula: understanding and increasing attention to LGBTQIA+ health needs. J Prof Nurs. 2021; 37(1):101-7. doi: 10.1016/j.profnurs.2020.07.003.
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e a sexualidade está presente em todas as etapas do viver humano, pode-se inferir que ela perpassa o cuidado em saúde. Tal perspectiva consta nas recomendações da OMS, que desde a década de 1970 enfatiza a importância de que educadores de Enfermagem incluam a temática da sexualidade nos currículos de Graduação, sobretudo no que tange às questões de conhecimento, habilidades, atitudes e valores66 World Health Organization. Education and treatment in human sexuality: the training of health professionals, report of a WHO meeting [‎held in Geneva from 6 to 12 February 1974]. Genebra: WHO; 1975. (Technical Report Series,‎ n. 572).. Essa visão figura também nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda de Saúde Global de 203077 Organização das Nações Unidas. Transformando nosso mundo: a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Genebra: ONU; 2016. , que abrange questões relativas a gênero e saúde sexual, ressaltando a necessidade de a temática ser abordada nos cursos de Enfermagem.

No entanto, a despeito de todas essas indicações, percebem-se lacunas na formação desses profissionais para a assistência em sexualidade, podendo acarretar omissão de atendimentos, atrasos no tratamento, dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde e condutas discriminatórias22 Aaberg V. The state of sexuality education in baccalaureate nursing programs. Nurse Educ Today. 2016; 44:14-9. doi: 10.1016/j.nedt.2016.05.009.
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,88 Cappiello J, Coplon L, Carpenter H. Systematic review of sexual and reproductive health care content in nursing curricula. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2017; 46(5):e157-67. doi: 10.1016/j.jogn.2017.04.132.
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. Embora seja antigo o reconhecimento da importância do papel do enfermeiro na promoção da saúde sexual, a falta de abordagem adequada dessa temática nos currículos de Enfermagem pode significar o reflexo de uma omissão histórica, conservadora e tradicionalista em relação à compreensão da sexualidade, que contribui para perpetuar a formação de enfermeiros despreparados para atender os indivíduos de maneira integral, acarretando consequências para a Saúde Pública22 Aaberg V. The state of sexuality education in baccalaureate nursing programs. Nurse Educ Today. 2016; 44:14-9. doi: 10.1016/j.nedt.2016.05.009.
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.

Diante desse cenário, o presente estudo tem por objetivo identificar as evidências disponíveis na literatura. Por meio de uma revisão sistemática da literatura (RSL), busca-se responder à seguinte questão: Quais são as evidências disponíveis na literatura em relação à maneira pela qual a sexualidade humana figura nos currículos de Graduação em Enfermagem?

Método

Com o intuito de visualizar um panorama em torno do objetivo proposto, optou-se pelo método da revisão sistemática da literatura por entendermos ser o que melhor poderia conduzir o trabalho investigativo. De acordo com Sampaio e Mancini99 Sampaio RF, Mancini MC. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Brazilian J Phys Ther. 2007; 11(1):83-9. doi: 10.1590/S1413-35552007000100013.
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, a RSL, ao reunir trabalhos que possuam aproximações teóricas e empíricas, culmina em uma ótica ampliada que permite aos pesquisadores perceber hiatos, congruências ou, em alguns casos, discrepâncias, favorecendo o refinamento do campo de pesquisa e gerando resultados que contribuam, cada vez mais, para a orientação da práxis. Desse modo, a pesquisa define-se como qualitativa, no que concerne à abordagem, e caracteriza-se como descritiva e exploratória.

Para que o processo de revisão possa ocorrer de maneira adequada, é necessário que seja construído um protocolo de pesquisa tornando possível o cadenciamento dos dados que retornarão durante sua execução1010 Gomes IS, Caminha IO. Guia para estudos de revisão sistemática: uma opção metodológica para as ciências do movimento humano. Movimento. 2013; 20(1):395. doi: 10.22456/1982-8918.41542.
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. Portanto, organizou-se um protocolo de pesquisa adaptado de Paranhos, Willerding e Lapolli1111 Paranhos W, Willerding I, Lapolli É. Formação dos profissionais de saúde para o atendimento de LGBTQI+. Interface (Botucatu). 2021; 25:e200684. doi: 10.1590/interface.200684.
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, o qual é apresentado no Quadro 1.

Quadro 1
Protocolo de revisão sistemática da literatura.

Definiu-se que a busca seria realizada em quatro bases de dados distintas: Scopus, Web of Science (WoS), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e PubMed, tendo-se em conta suas características específicas. A base de dados Scopus(e(h)Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/ (Acesso em: 4 abril de 2023).) é considerada o maior repositório científico do mundo, além de multidisciplinar. A Web of Science(f(f)Disponível em: https://clarivate.com/products/scientific-and-academic-research/research-discovery-and-workflow-solutions/webofscience-platform/ (Acesso em: 4 abril de 2023).) também apresenta essa característica ligada à interdisciplinaridade, fornecendo dados abrangentes que são coletados em diversas disciplinas acadêmicas e campos do conhecimento. A Lilacs(g(g)Disponível em: https://lilacs.bvsalud.org/ (Acesso em: 4 abril de 2023).), por sua vez, é um repositório científico da América Latina e do Caribe na área da Saúde. Disponibilizada pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, a PubMed(h(h)Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/ (Acesso em: 4 abril de 2023).) é uma base de dados de busca livre, com acesso a citações e resumos de artigos de investigação científica em saúde.

O recorte temporal foi definido em virtude da quantidade de pesquisas que, somente no ano de 2013, atingiu um quantitativo igual ou superior a uma publicação em cada um dos repositórios escolhidos, conforme pode-se observar na Figura 1. De 1971 até 2012, pelo menos uma entre as quatro bases não identificou nenhum tipo de artigo publicado, e nos últimos cinco anos percebeu-se em todas elas um aumento significativo de publicações no escopo da temática, evidenciando o crescente interesse por ela.

Figura 1
Publicações entre 1971 e 2022.

Os termos principais escolhidos para o processo de busca foram: “graduação”, “enfermagem”, “currículo” e “sexualidade”, os quais passaram por tradução idiomática. Além disso, com o auxílio de uma profissional de Biblioteconomia, buscou-se a variação de termos, além da adaptação deles de acordo com a base pesquisada, visando à ampliação de dados.

O Quadro 2, a seguir, apresenta as estratégias de busca e o resultado encontrado em cada base de dados.

Quadro 2
Resultados de busca nas bases

Como pode ser observado, a base de dados Scopus obteve 181 registros; a base Web of Science, 166 registros; a Lilacs, dez registros; e a PubMed, 78 estudos. Os artigos foram incluídos no software Rayyan®, que auxiliou a condução do trabalho de revisão sistemática.

Das 435 publicações selecionadas, 135 pesquisas eram duplicadas, resultando em trezentos registros que tiveram seus títulos, resumos e palavras-chave lidos, a fim de perceber sua relação com o escopo da pesquisa, perfazendo um total de 72 artigos lidos em sua totalidade, buscando identificar as evidências disponíveis na literatura em relação à maneira pela qual a sexualidade humana figura nos currículos de Graduação em Enfermagem. É importante salientar que o presente estudo se debruçou sobre a formação em Enfermagem generalista, excluídos da amostra os artigos oriundos de especialidades, como Enfermagem Obstétrica, Enfermagem da Família, Enfermagem Avançada e outras. Por fim, foram escolhidos 37 registros, sendo 17 da base Scopus, nove da Web of Science, cinco da base Lilacs e seis da base PubMed.

Para a construção da análise, optou-se pelo método da análise de conteúdo que, segundo Willerding1212 Willerding IAV. Arquétipo para o compartilhamento do conhecimento à luz da estética organizacional e da gestão empreendedora [tese]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 2015., possibilita uma leitura global dos dados, permitindo uma análise comparativa eficaz. Ao final, foram reunidos os dados similares e construídas cinco categorias de conteúdo, com base na pesquisa de Paranhos e Costa1313 Paranhos WR, Costa CMI. “Curto uma pegação no sigilo”: o Grindr como território de subjetivações dos espaços de desejo. Periódicus. 2023; 1(18):176-9. doi: 10.9771/peri.v1i18.49899.
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, sendo elas: formas de abordagem; conteúdos relacionados ao tema; construção coletiva do currículo; cultura cis-heteronormativa e seus reflexos; e propostas de intervenção.

Apresentação e análise das contribuições dos estudos

Após a aplicação do protocolo de pesquisa, tornou-se possível a análise de dados com base nos 37 artigos, apresentados no Quadro 3, dispostos em ordem alfabética por autoria.

Quadro 3
Apresentação das publicações selecionadas.

A seguir, são apresentadas as categorias de conteúdo constituídas durante o processo de análise dos dados, nas quais se aglutinam as principais evidências encontradas com base nos estudos oriundos da RSL.

Formas de abordagem

Orientações da OMS estabelecem a necessidade de a sexualidade ser contemplada na formação em Enfermagem4040 Saus-Ortega C, Ballestar-Tarín ML, Chover-Sierra E, Martínez-Sabater A. Contents of the sexual and reproductive health subject in the undergraduate nursing curricula of Spanish universities: a cross-sectional study. Int J Environ Res Public Health. 2021; 18(21):11472. doi: 10.3390/ijerph182111472.
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. Desse modo, percebemos que os estudos que retornaram de nosso processo de revisão se concentram, primordialmente, na indicação de três abordagens: transversal, extracurricular/optativa/eletiva e pontual.

A abordagem transversal é aquela que possui uma perspectiva interdisciplinar1515 Aguiar FAR, Silva RM, Bezerra IC, Vieira LJES, Cavalcanti LF, Ferreira Jr AR. Vocational training and sexual assault against women: challenges for graduation in nursing. Esc Anna Nery. 2020; 24(1):e20190135. doi: 10.1590/2177-9465-EAN-2019-0135.
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,2020 Clever K, Richter C, Meyer G. Current approaches to the integration of sex- and gender-specific medicine in teaching: a qualitative expert survey. GMS J Med Educ. 2020; 37(2):Doc26. doi: 10.3205/zma001319.
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,2222 Souza FTP, Silva CF, Moreira FTLS, Callou RCM, Belém JM, Albuquerque GA. Interface between women’s health and violence in the training of nurses in Brazil. Invest Educ Enferm. 2021; 39(1):e06. doi: 10.17533/udea.iee.v39n1e06.
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,2626 Magalhães BC, Silva CF, Silva Filho JA, Pinto AGA, Maia ER, Lopes MSV, et al. How is violence themed in nursing education? Curricular components in Northeastern Brazil. J Interpers Violence. 2022; 37(17-18):NP16859-84. doi: 10.1177/08862605211025845.
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composta de temas que perpassam as mais diferentes áreas do conhecimento, o que contribui para a formação de um profissional contextualizado quanto à realidade, com conhecimento científico e técnico qualificado1515 Aguiar FAR, Silva RM, Bezerra IC, Vieira LJES, Cavalcanti LF, Ferreira Jr AR. Vocational training and sexual assault against women: challenges for graduation in nursing. Esc Anna Nery. 2020; 24(1):e20190135. doi: 10.1590/2177-9465-EAN-2019-0135.
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,2626 Magalhães BC, Silva CF, Silva Filho JA, Pinto AGA, Maia ER, Lopes MSV, et al. How is violence themed in nursing education? Curricular components in Northeastern Brazil. J Interpers Violence. 2022; 37(17-18):NP16859-84. doi: 10.1177/08862605211025845.
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. Essa abordagem traz um risco na medida em que afirma que a temática da sexualidade é transversal no currículo e pode favorecer a responsabilização do outro, ou seja, docentes e disciplinas esperam que o tema figure em outros momentos do curso e, em decorrência, acabam não o abordando3737 Petry S, Padilha MI. Approaching sexually transmitted infections in a nursing undergraduate curriculum. Rev Esc Enferm USP. 2021; 55:e20210019. doi: 10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0019.
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.

Pensar em um currículo que considere a sexualidade de maneira extracurricular pode trazer inúmeros resultados, sejam eles positivos ou negativos. No instante em que aparecem como eletivos e optativos1818 Braun HM, Ramirez D, Zahner GJ, Gillis-Buck EM, Sheriff H, Ferrone M. The LGBTQI health forum: an innovative interprofessional initiative to support curriculum reform. Med Educ Online. 2017; 22(1):1306419. doi: 10.1080/10872981.2017.1306419.,2020 Clever K, Richter C, Meyer G. Current approaches to the integration of sex- and gender-specific medicine in teaching: a qualitative expert survey. GMS J Med Educ. 2020; 37(2):Doc26. doi: 10.3205/zma001319.
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,2121 Cornelius JB, Enweana I, Alston CK, Baldwin DM. Examination of lesbian, gay, bisexual, and transgender health care content in North Carolina schools of nursing. J Nurs Educ. 2017; 56(4):223-6. doi: 10.3928/01484834-20170323-06.
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,2424 Lim FA, Brown Jr DV, Jones H. Lesbian, gay, bisexual, and transgender health: fundamentals for nursing education. J Nurs Educ. 2013; 52(4):198-203. doi: 10.3928/01484834-20130311-02.
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, os projetos de pesquisa ou extensão88 Cappiello J, Coplon L, Carpenter H. Systematic review of sexual and reproductive health care content in nursing curricula. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2017; 46(5):e157-67. doi: 10.1016/j.jogn.2017.04.132.
https://doi.org/10.1016/j.jogn.2017.04.1...
,1515 Aguiar FAR, Silva RM, Bezerra IC, Vieira LJES, Cavalcanti LF, Ferreira Jr AR. Vocational training and sexual assault against women: challenges for graduation in nursing. Esc Anna Nery. 2020; 24(1):e20190135. doi: 10.1590/2177-9465-EAN-2019-0135.
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, as disciplinas e/ou as atividades extracurriculares sobre a sexualidade acabam limitando a participação de alguns estudantes, tendo em vista atrair majoritariamente aqueles que se identificam com o tema2020 Clever K, Richter C, Meyer G. Current approaches to the integration of sex- and gender-specific medicine in teaching: a qualitative expert survey. GMS J Med Educ. 2020; 37(2):Doc26. doi: 10.3205/zma001319.
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,3434 Nietsche EA, Tassinari TT, Ramos TK, Beltrame G, Salbego C, Cassenote LG. Formação do enfermeiro para o cuidado à população homossexual e bissexual: percepção do discente. Rev Baiana Enferm. 2018; 32:e25174.,3535 Paiva EMC, Ramos SCS, Martins NS, Nascimento MC, Calheiros AP, Calheiros CAP. Sexualidade e infecções sexualmente transmissíveis: análise da formação de alunos da área da saúde. Rev Pesq Cuid Fundam. 2021; 13:809-14. doi: 10.9789/2175-5361.rpcfo.v13.9190.
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. Por outro lado, abrem-se possibilidades para um maior diálogo com outras áreas1515 Aguiar FAR, Silva RM, Bezerra IC, Vieira LJES, Cavalcanti LF, Ferreira Jr AR. Vocational training and sexual assault against women: challenges for graduation in nursing. Esc Anna Nery. 2020; 24(1):e20190135. doi: 10.1590/2177-9465-EAN-2019-0135.
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além da Saúde, fornecendo instrumentos cada vez mais amplos aos estudantes para que possam adquirir conhecimentos variados em torno daqueles que não integram os currículos1818 Braun HM, Ramirez D, Zahner GJ, Gillis-Buck EM, Sheriff H, Ferrone M. The LGBTQI health forum: an innovative interprofessional initiative to support curriculum reform. Med Educ Online. 2017; 22(1):1306419. doi: 10.1080/10872981.2017.1306419.,3434 Nietsche EA, Tassinari TT, Ramos TK, Beltrame G, Salbego C, Cassenote LG. Formação do enfermeiro para o cuidado à população homossexual e bissexual: percepção do discente. Rev Baiana Enferm. 2018; 32:e25174..

Por fim, temos a abordagem pontual da temática da sexualidade, que se torna periférica mesmo quando efetivada dentro de disciplinas consideradas tradicionais no campo da Enfermagem, tais como Avaliação em Saúde, Ética, Saúde da Mulher, Diversidade em Saúde, Fundamentos de Enfermagem, Enfermagem Médico-Cirúrgica, Farmacologia, Anatomia e Fisiologia, Saúde do Adulto, Saúde da Criança e do Adolescente, Saúde Sexual e Reprodutiva, Saúde Mental e Saúde Pública33 Hickerson K, Hawkins LA, Hoyt-Brennan AM. Sexual orientation/gender identity cultural competence: a simulation pilot study. Clin Simul Nurs. 2018; 16:2-5. doi: 10.1016/j.ecns.2017.10.011.
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,88 Cappiello J, Coplon L, Carpenter H. Systematic review of sexual and reproductive health care content in nursing curricula. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2017; 46(5):e157-67. doi: 10.1016/j.jogn.2017.04.132.
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,2121 Cornelius JB, Enweana I, Alston CK, Baldwin DM. Examination of lesbian, gay, bisexual, and transgender health care content in North Carolina schools of nursing. J Nurs Educ. 2017; 56(4):223-6. doi: 10.3928/01484834-20170323-06.
https://doi.org/10.3928/01484834-2017032...
,2323 Kim M, Shin M. Development and evaluation of simulation-problem-based learning for sex education. Comput Inform Nurs. 2016; 34(1):17-25. doi: 10.1097/CIN.0000000000000200.
https://doi.org/10.1097/CIN.000000000000...
,2828 Maruca AT, Diaz DA, Stockmann C, Gonzalez L. Using simulation with nursing students to promote affirmative practice toward the lesbian, gay, bisexual, and transgender population: a multisite study. Nurs Educ Perspect. 2018; 39(4):225-9. doi: 10.1097/01.NEP.0000000000000302.
https://doi.org/10.1097/01.NEP.000000000...
,3030 McDowell A, Bower KM. Transgender health care for nurses: an innovative approach to diversifying nursing curricula to address health inequities. J Nurs Educ. 2016; 55(8):476-9. doi: 10.3928/01484834-20160715-11.
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,3131 McEwing E. Delivering culturally competent care to the lesbian, gay, bisexual, and transgender (LGBT) population: education for nursing students. Nurse Educ Today. 2020; 94:104573. doi: 10.1016/j.nedt.2020.104573.
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.1045...
. Nessa abordagem, as discussões do assunto, em algumas instituições, não passam de reflexões bastante superficiais3434 Nietsche EA, Tassinari TT, Ramos TK, Beltrame G, Salbego C, Cassenote LG. Formação do enfermeiro para o cuidado à população homossexual e bissexual: percepção do discente. Rev Baiana Enferm. 2018; 32:e25174. diante de uma trama tão complexa e importante para a formação do enfermeiro, apontando uma possível fragilidade1515 Aguiar FAR, Silva RM, Bezerra IC, Vieira LJES, Cavalcanti LF, Ferreira Jr AR. Vocational training and sexual assault against women: challenges for graduation in nursing. Esc Anna Nery. 2020; 24(1):e20190135. doi: 10.1590/2177-9465-EAN-2019-0135.
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,2020 Clever K, Richter C, Meyer G. Current approaches to the integration of sex- and gender-specific medicine in teaching: a qualitative expert survey. GMS J Med Educ. 2020; 37(2):Doc26. doi: 10.3205/zma001319.
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,2222 Souza FTP, Silva CF, Moreira FTLS, Callou RCM, Belém JM, Albuquerque GA. Interface between women’s health and violence in the training of nurses in Brazil. Invest Educ Enferm. 2021; 39(1):e06. doi: 10.17533/udea.iee.v39n1e06.
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,2626 Magalhães BC, Silva CF, Silva Filho JA, Pinto AGA, Maia ER, Lopes MSV, et al. How is violence themed in nursing education? Curricular components in Northeastern Brazil. J Interpers Violence. 2022; 37(17-18):NP16859-84. doi: 10.1177/08862605211025845.
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. As motivações para tal ocorrência são variadas, com proeminência dos “comportamentos morais [...] que acabam influenciando no ensino e na aproximação [com o] tema à relação aluno-professor”3434 Nietsche EA, Tassinari TT, Ramos TK, Beltrame G, Salbego C, Cassenote LG. Formação do enfermeiro para o cuidado à população homossexual e bissexual: percepção do discente. Rev Baiana Enferm. 2018; 32:e25174. (p. 4), aspecto esse que direciona para a próxima categoria de conteúdo.

Cultura cis-heteronormativa e seus reflexos

Pensar em um currículo que perceba, em nível global, o contexto social cis-heteronormativo e que discorra a respeito dos vieses inconscientes é uma maneira de desvendar o currículo oculto3333 Morris M, Cooper RL, Ramesh A, Tabatabai M, Arcury TA, Shinn M, et al. Training to reduce LGBTQ-related bias among medical, nursing, and dental students and providers: a systematic review. BMC Med Educ. 2019; 19(1):325. doi: 10.1186/s12909-019-1727-3.
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. Como uma instância viva, o currículo interfere diretamente no cotidiano acadêmico, seja por meio do que está expresso seja ainda por aquilo que não está, criando lacunas para que os vieses se estabeleçam3939 Rosser BRS, Mkoka DA, Rohloff CT, Mgopa LR, Ross MW, Lukumay GG, et al. Tailoring a sexual health curriculum to the sexual health challenges seen by midwifery, nursing and medical providers and students in Tanzania. Afr J Prim Health Care Fam Med. 2022; 14(1):e1-e9. doi: 10.4102/phcfm.v14i1.3434.
https://doi.org/10.4102/phcfm.v14i1.3434...
. Havendo esses espaços, os julgamentos morais passam a fazer parte do ambiente acadêmico3737 Petry S, Padilha MI. Approaching sexually transmitted infections in a nursing undergraduate curriculum. Rev Esc Enferm USP. 2021; 55:e20210019. doi: 10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0019.
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, tendo em vista a existência de uma autonomia docente que, no mesmo instante em que se apresenta como um aspecto positivo, também pode se sobressair negativamente.

Ainda que haja consenso em afirmar que a ausência da sexualidade no currículo de formação em Enfermagem pode acarretar problemas para a Saúde Pública, são as barreiras atitudinais e inconscientes que culminam na exclusão de suas diretrizes curriculares, por vezes expressas na forma de justificativas como falta de tempo, falta de prioridade, falta de professor qualificado, falta de conforto para abordar o assunto, bem como o discurso de que a sexualidade é muito específica para fazer parte do currículo de Enfermagem33 Hickerson K, Hawkins LA, Hoyt-Brennan AM. Sexual orientation/gender identity cultural competence: a simulation pilot study. Clin Simul Nurs. 2018; 16:2-5. doi: 10.1016/j.ecns.2017.10.011.
https://doi.org/10.1016/j.ecns.2017.10.0...
,88 Cappiello J, Coplon L, Carpenter H. Systematic review of sexual and reproductive health care content in nursing curricula. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2017; 46(5):e157-67. doi: 10.1016/j.jogn.2017.04.132.
https://doi.org/10.1016/j.jogn.2017.04.1...
,1515 Aguiar FAR, Silva RM, Bezerra IC, Vieira LJES, Cavalcanti LF, Ferreira Jr AR. Vocational training and sexual assault against women: challenges for graduation in nursing. Esc Anna Nery. 2020; 24(1):e20190135. doi: 10.1590/2177-9465-EAN-2019-0135.
https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-20...
,2727 Maley B, Gross R. A writing assignment to address gaps in the nursing curriculum regarding health issues of LGBT+ populations. Nurs Forum. 2019; 54(2):198-204. doi: 10.1111/nuf.12315.
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.

Essa cultura também se relaciona à pedagogia do armário, em que todas as pessoas que compõem o contexto educacional acabam, por medo de represálias, escondendo suas concepções em torno da sexualidade, afetando as potencialidades existentes no contato intergrupal3333 Morris M, Cooper RL, Ramesh A, Tabatabai M, Arcury TA, Shinn M, et al. Training to reduce LGBTQ-related bias among medical, nursing, and dental students and providers: a systematic review. BMC Med Educ. 2019; 19(1):325. doi: 10.1186/s12909-019-1727-3.
https://doi.org/10.1186/s12909-019-1727-...
. Outrossim, deve-se perceber a existência de docentes que discursam em prol da inclusão da sexualidade nas bases curriculares, mas que adotam posturas completamente avessas na prática1616 Aslan F, Şahin NE, Emiroğlu ON. Turkish nurse educators knowledge regarding LGBT health and their level of homophobia: a descriptive-cross sectional study. Nurse Educ Today. 2019; 76:216-21. doi: 10.1016/j.nedt.2019.02.014.
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2019.02.0...
. Além disso, por terem consciência de que o tema representa um tabu, muitos professores justificam a não abordagem da sexualidade em suas aulas por conta do receio de movimentos reativos por parte dos alunos e da gestão88 Cappiello J, Coplon L, Carpenter H. Systematic review of sexual and reproductive health care content in nursing curricula. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2017; 46(5):e157-67. doi: 10.1016/j.jogn.2017.04.132.
https://doi.org/10.1016/j.jogn.2017.04.1...
,3636 Petry S, Padilha MI, Bellaguarda MLR, Vieira AN, Neves VR. The said and the unsaid in the teaching of sexually transmitted infections. Acta Paul Enferm. 2021; 34: eAPE001855. doi: 10.37689/acta-ape/2021AO001855.
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.

Dentro desse escopo, aparecem como possíveis soluções a formação docente na temática da sexualidade3434 Nietsche EA, Tassinari TT, Ramos TK, Beltrame G, Salbego C, Cassenote LG. Formação do enfermeiro para o cuidado à população homossexual e bissexual: percepção do discente. Rev Baiana Enferm. 2018; 32:e25174., possibilitando a inclusão desse tema como componente curricular4545 Yang HC. What should be taught and what is taught: integrating gender into medical and health professions education for medical and nursing students. Int J Environ Res Public Health. 2020; 17(18):6555. doi: 10.3390/ijerph17186555.
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, e o desenvolvimento de um trabalho focado na autonomia e na singularidade do aluno3434 Nietsche EA, Tassinari TT, Ramos TK, Beltrame G, Salbego C, Cassenote LG. Formação do enfermeiro para o cuidado à população homossexual e bissexual: percepção do discente. Rev Baiana Enferm. 2018; 32:e25174., o que pode ser conquistado por meio de práticas e recursos didáticos, tais como: simulação33 Hickerson K, Hawkins LA, Hoyt-Brennan AM. Sexual orientation/gender identity cultural competence: a simulation pilot study. Clin Simul Nurs. 2018; 16:2-5. doi: 10.1016/j.ecns.2017.10.011.
https://doi.org/10.1016/j.ecns.2017.10.0...
,1919 Burkey DF, Fetty A, Watson-Huffer K. Infusing LGBTQ cultural competency into nursing curriculum. Nurse Educ Today. 2021; 96:104642. doi: 10.1016/j.nedt.2020.104642.
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.1046...
,3333 Morris M, Cooper RL, Ramesh A, Tabatabai M, Arcury TA, Shinn M, et al. Training to reduce LGBTQ-related bias among medical, nursing, and dental students and providers: a systematic review. BMC Med Educ. 2019; 19(1):325. doi: 10.1186/s12909-019-1727-3.
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; aprendizagem baseada em problemas2020 Clever K, Richter C, Meyer G. Current approaches to the integration of sex- and gender-specific medicine in teaching: a qualitative expert survey. GMS J Med Educ. 2020; 37(2):Doc26. doi: 10.3205/zma001319.
https://doi.org/10.3205/zma001319...
,2323 Kim M, Shin M. Development and evaluation of simulation-problem-based learning for sex education. Comput Inform Nurs. 2016; 34(1):17-25. doi: 10.1097/CIN.0000000000000200.
https://doi.org/10.1097/CIN.000000000000...
; fórum de discussões1818 Braun HM, Ramirez D, Zahner GJ, Gillis-Buck EM, Sheriff H, Ferrone M. The LGBTQI health forum: an innovative interprofessional initiative to support curriculum reform. Med Educ Online. 2017; 22(1):1306419. doi: 10.1080/10872981.2017.1306419.; estudos de caso1919 Burkey DF, Fetty A, Watson-Huffer K. Infusing LGBTQ cultural competency into nursing curriculum. Nurse Educ Today. 2021; 96:104642. doi: 10.1016/j.nedt.2020.104642.
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.1046...
,2424 Lim FA, Brown Jr DV, Jones H. Lesbian, gay, bisexual, and transgender health: fundamentals for nursing education. J Nurs Educ. 2013; 52(4):198-203. doi: 10.3928/01484834-20130311-02.
https://doi.org/10.3928/01484834-2013031...
,2727 Maley B, Gross R. A writing assignment to address gaps in the nursing curriculum regarding health issues of LGBT+ populations. Nurs Forum. 2019; 54(2):198-204. doi: 10.1111/nuf.12315.
https://doi.org/10.1111/nuf.12315...
; discussão sobre competência e/ou humildade cultural que contemplem o treinamento de habilidades e uma linguagem adequada para a população LGBTIAP+ e queer(i(i)Para a construção deste texto, decidimos utilizar a sigla LGBTIAP+ e queer, em referência a pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, pessoas transgênero, intersexuais, assexuais, pansexuais e queer – com posicionamento/reconhecimento social e político –, conforme indicam Manzoni de Almeida e Paranhos46.)33 Hickerson K, Hawkins LA, Hoyt-Brennan AM. Sexual orientation/gender identity cultural competence: a simulation pilot study. Clin Simul Nurs. 2018; 16:2-5. doi: 10.1016/j.ecns.2017.10.011.
https://doi.org/10.1016/j.ecns.2017.10.0...
,55 Burton CW, Nolasco K, Holmes D. Queering nursing curricula: understanding and increasing attention to LGBTQIA+ health needs. J Prof Nurs. 2021; 37(1):101-7. doi: 10.1016/j.profnurs.2020.07.003.
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2020....
,1717 Bell LM, Brennan-Cook J, Sisson J, Steigerwald M, Cook C, Cicero EC, et al. Learning about culturally humble care of sexual and gender minority patients. Teach Learn Nurs. 2019; 14(3):216-8. doi: 10.1016/j.teln.2019.04.006.
https://doi.org/10.1016/j.teln.2019.04.0...
,1919 Burkey DF, Fetty A, Watson-Huffer K. Infusing LGBTQ cultural competency into nursing curriculum. Nurse Educ Today. 2021; 96:104642. doi: 10.1016/j.nedt.2020.104642.
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.1046...
,2828 Maruca AT, Diaz DA, Stockmann C, Gonzalez L. Using simulation with nursing students to promote affirmative practice toward the lesbian, gay, bisexual, and transgender population: a multisite study. Nurs Educ Perspect. 2018; 39(4):225-9. doi: 10.1097/01.NEP.0000000000000302.
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,3131 McEwing E. Delivering culturally competent care to the lesbian, gay, bisexual, and transgender (LGBT) population: education for nursing students. Nurse Educ Today. 2020; 94:104573. doi: 10.1016/j.nedt.2020.104573.
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; estratégias extracurriculares que objetivem a conscientização e a redução dos vieses3232 McNiel PL, Elertson KM. Advocacy and awareness: integrating LGBTQ health education into the prelicensure curriculum. J Nurs Educ. 2018; 57(5):312-4. doi: 10.3928/01484834-20180420-12.
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; e a reflexão “sobre a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade de um currículo que atenda a todas as necessidades de saúde da população”3636 Petry S, Padilha MI, Bellaguarda MLR, Vieira AN, Neves VR. The said and the unsaid in the teaching of sexually transmitted infections. Acta Paul Enferm. 2021; 34: eAPE001855. doi: 10.37689/acta-ape/2021AO001855.
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(p. 8).

Ainda que haja desconforto na abordagem por parte de alguns docentes, é possível acolher a emoção e utilizá-la como meio para o aprendizado. Assim como em qualquer outra temática, não se espera que os professores tenham total conhecimento, mas que seja possível ensinar os principais conceitos, sendo criativos nas estratégias de ensino, coloquem-se disponíveis e flexíveis para aprender com os próprios alunos e saibam minimamente quais recursos são viáveis para as questões que eles estejam inaptos a responder44 Bosse JD, Nesteby JA, Randall CE. Integrating sexual minority health issues into a health assessment class. J Prof Nurs. 2015; 31(6):498-507. doi: 10.1016/j.profnurs.2015.04.007.
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.

Conteúdos relacionados ao tema

Os conteúdos são componentes curriculares de extrema relevância na formação técnica de futuros enfermeiros, pois fornecem um direcionamento nas discussões em torno dos mais variados temas. Os estudos oriundos da presente RSL oferecem inúmeros indícios do que pode vir a ser definido como conteúdo nos cursos de Graduação em Enfermagem, bem como de outras formações em Saúde. Tais conteúdos são apresentados no Quadro 4.

Quadro 4
Conteúdos relacionados à sexualidade

Com esse olhar, os currículos devem prever uma construção que se aproxime da vivência da comunidade acadêmica, possibilitando que as singularidades sejam percebidas e instituindo o respeito às diferenças. Além disso, há de se criar uma interlocução com especialistas, a fim de que eles possam contribuir com seus níveis distintos de conhecimento em torno do tema4343 Tsai LY, Huang CY, Liao WC, Tseng TH, Lai TJ. Assessing student nurses’ learning needs for addressing patients’ sexual health concerns in Taiwan. Nurse Educ Today. 2013; 33(2):152-9. doi: 10.1016/j.nedt.2012.05.014.,4444 Tsai LY, Huang CY, Shih FF, Li CR, Lai TJ. Undergraduate nursing education to address patients’ concerns about sexual health: the perceived learning needs of senior traditional four-year and two-year recurrent education (RN-BSN) undergraduate nursing students in Taiwan. Nagoya J Med Sci. 2014; 76(3-4):273-84. .

Construção coletiva do currículo

Construir currículo é um processo que passa pela superação da falta de interesse2020 Clever K, Richter C, Meyer G. Current approaches to the integration of sex- and gender-specific medicine in teaching: a qualitative expert survey. GMS J Med Educ. 2020; 37(2):Doc26. doi: 10.3205/zma001319.
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, em que o trabalho coletivo indica a possibilidade de potências únicas que são conquistadas por meio de um exercício que abarca os diferentes atores do contexto escolar, bem como o contato com outros campos do conhecimento. Assim, pensar em um currículo de Enfermagem que aborde o tema da sexualidade em sua complexidade e a compreenda como necessidade de saúde é tarefa difícil que pode ser mais bem executada na coletividade.

Essa é uma necessidade que parte, inclusive, dos próprios alunos2929 McCann E, Brown M. The needs of LGBTI+ people within student nurse education programmes: a new conceptualisation. Nurse Educ Pract. 2020; 47:102828. doi: 10.1016/j.nepr.2020.102828.
https://doi.org/10.1016/j.nepr.2020.1028...
,3535 Paiva EMC, Ramos SCS, Martins NS, Nascimento MC, Calheiros AP, Calheiros CAP. Sexualidade e infecções sexualmente transmissíveis: análise da formação de alunos da área da saúde. Rev Pesq Cuid Fundam. 2021; 13:809-14. doi: 10.9789/2175-5361.rpcfo.v13.9190.
https://doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo....
, abrindo espaço para o surgimento de uma liderança que motive toda a equipe, podendo ser os estudantes, bem como um membro LGBTIAP+ e queer do corpo docente com experiências externas à docência. Há que atentar para o fato de que centralizar a responsabilidade em um único docente pode desestimular outros a serem corresponsáveis pela construção de um currículo que compreenda e trabalhe as diferenças44 Bosse JD, Nesteby JA, Randall CE. Integrating sexual minority health issues into a health assessment class. J Prof Nurs. 2015; 31(6):498-507. doi: 10.1016/j.profnurs.2015.04.007.
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2015....
,3636 Petry S, Padilha MI, Bellaguarda MLR, Vieira AN, Neves VR. The said and the unsaid in the teaching of sexually transmitted infections. Acta Paul Enferm. 2021; 34: eAPE001855. doi: 10.37689/acta-ape/2021AO001855.
https://doi.org/10.37689/acta-ape/2021AO...
,3737 Petry S, Padilha MI. Approaching sexually transmitted infections in a nursing undergraduate curriculum. Rev Esc Enferm USP. 2021; 55:e20210019. doi: 10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0019.
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.

Além de constituir um espaço que resguarda a pluralidade, a construção coletiva possibilita a criação de vínculos que protegem tanto estudantes quanto professores e instituição, reforça sua sustentabilidade e diminui os vieses entre o currículo formal e o oculto3838 Pratt-Chapman ML. Implementation of sexual and gender minority health curricula in health care professional schools: a qualitative study. BMC Med Educ. 2020; 20(1):138. doi: 10.1186/s12909-020-02045-0.
https://doi.org/10.1186/s12909-020-02045...
. Merece destaque o fato de uma construção conjunta, que prevê a interação entre diversos contextos acadêmico-científicos, oportunizar que temáticas como a da sexualidade façam parte de um currículo comum, o que impactará positivamente a formação e a atuação profissional de futuros enfermeiros3939 Rosser BRS, Mkoka DA, Rohloff CT, Mgopa LR, Ross MW, Lukumay GG, et al. Tailoring a sexual health curriculum to the sexual health challenges seen by midwifery, nursing and medical providers and students in Tanzania. Afr J Prim Health Care Fam Med. 2022; 14(1):e1-e9. doi: 10.4102/phcfm.v14i1.3434.
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.

Propostas de intervenção

Pensar em intervenções, em seus mais variados formatos, é criar pontes entre o currículo e as mudanças que ocorrem na sociedade, consistindo em um “desafio para o Ensino Superior tradicional em instituições de ensino com currículos fixos”3434 Nietsche EA, Tassinari TT, Ramos TK, Beltrame G, Salbego C, Cassenote LG. Formação do enfermeiro para o cuidado à população homossexual e bissexual: percepção do discente. Rev Baiana Enferm. 2018; 32:e25174. (p. 7, tradução nossa). Nesses processos de ligação, unem-se o macro e o micro, além dos contextos externos e internos às instituições, não se podendo desconsiderar efeitos político-organizacionais, seja pela federação, seja dos estados ou dos municípios, que também perfazem a conjuntura sociopolítica3838 Pratt-Chapman ML. Implementation of sexual and gender minority health curricula in health care professional schools: a qualitative study. BMC Med Educ. 2020; 20(1):138. doi: 10.1186/s12909-020-02045-0.
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.

Construir um diálogo entre corpo docente, discentes e experiências externas, contando com a participação de especialistas, pacientes e organizações, como as LGBTIAP+ e queer – por meio de painéis, palestras, seminários e rodas de conversa –, pode funcionar como um grande catalisador, transformando o ambiente educacional com base nos conhecimentos e nas vivências práticas33 Hickerson K, Hawkins LA, Hoyt-Brennan AM. Sexual orientation/gender identity cultural competence: a simulation pilot study. Clin Simul Nurs. 2018; 16:2-5. doi: 10.1016/j.ecns.2017.10.011.
https://doi.org/10.1016/j.ecns.2017.10.0...
,1919 Burkey DF, Fetty A, Watson-Huffer K. Infusing LGBTQ cultural competency into nursing curriculum. Nurse Educ Today. 2021; 96:104642. doi: 10.1016/j.nedt.2020.104642.
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.1046...
,3838 Pratt-Chapman ML. Implementation of sexual and gender minority health curricula in health care professional schools: a qualitative study. BMC Med Educ. 2020; 20(1):138. doi: 10.1186/s12909-020-02045-0.
https://doi.org/10.1186/s12909-020-02045...
,4545 Yang HC. What should be taught and what is taught: integrating gender into medical and health professions education for medical and nursing students. Int J Environ Res Public Health. 2020; 17(18):6555. doi: 10.3390/ijerph17186555.
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.

O apoio institucional na dissolução do chamado currículo oculto também é de extrema importância, haja vista sustentar-se em uma ação de reconfiguração da cultura acadêmica. Tal exercício prevê o desenvolvimento contínuo de planejamento estratégico, em que as variáveis relacionadas possam ser observadas e controladas em conjunto. Os recursos financeiros também são necessários para que se desenvolvam projetos específicos relacionados à sexualidade, como as pesquisas na área2020 Clever K, Richter C, Meyer G. Current approaches to the integration of sex- and gender-specific medicine in teaching: a qualitative expert survey. GMS J Med Educ. 2020; 37(2):Doc26. doi: 10.3205/zma001319.
https://doi.org/10.3205/zma001319...
,3838 Pratt-Chapman ML. Implementation of sexual and gender minority health curricula in health care professional schools: a qualitative study. BMC Med Educ. 2020; 20(1):138. doi: 10.1186/s12909-020-02045-0.
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.

A revisão curricular aparece como a indicação mais proeminente nos achados do presente estudo, a fim de avaliar os conteúdos obrigatórios e necessários para a formação dos estudantes de Graduação88 Cappiello J, Coplon L, Carpenter H. Systematic review of sexual and reproductive health care content in nursing curricula. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2017; 46(5):e157-67. doi: 10.1016/j.jogn.2017.04.132.
https://doi.org/10.1016/j.jogn.2017.04.1...
,2424 Lim FA, Brown Jr DV, Jones H. Lesbian, gay, bisexual, and transgender health: fundamentals for nursing education. J Nurs Educ. 2013; 52(4):198-203. doi: 10.3928/01484834-20130311-02.
https://doi.org/10.3928/01484834-2013031...
,3535 Paiva EMC, Ramos SCS, Martins NS, Nascimento MC, Calheiros AP, Calheiros CAP. Sexualidade e infecções sexualmente transmissíveis: análise da formação de alunos da área da saúde. Rev Pesq Cuid Fundam. 2021; 13:809-14. doi: 10.9789/2175-5361.rpcfo.v13.9190.
https://doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo....
,3737 Petry S, Padilha MI. Approaching sexually transmitted infections in a nursing undergraduate curriculum. Rev Esc Enferm USP. 2021; 55:e20210019. doi: 10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0019.
https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP...
,3838 Pratt-Chapman ML. Implementation of sexual and gender minority health curricula in health care professional schools: a qualitative study. BMC Med Educ. 2020; 20(1):138. doi: 10.1186/s12909-020-02045-0.
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,4040 Saus-Ortega C, Ballestar-Tarín ML, Chover-Sierra E, Martínez-Sabater A. Contents of the sexual and reproductive health subject in the undergraduate nursing curricula of Spanish universities: a cross-sectional study. Int J Environ Res Public Health. 2021; 18(21):11472. doi: 10.3390/ijerph182111472.
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,4545 Yang HC. What should be taught and what is taught: integrating gender into medical and health professions education for medical and nursing students. Int J Environ Res Public Health. 2020; 17(18):6555. doi: 10.3390/ijerph17186555.
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, criando um currículo inclusivo e acolhedor, movimento que deve ser contínuo e renovado periodicamente à medida que as dinâmicas de turmas e semestres letivos se modificam, tornando necessária a formação constante das equipes educacionais em torno da sexualidade e dos seus desdobramentos1818 Braun HM, Ramirez D, Zahner GJ, Gillis-Buck EM, Sheriff H, Ferrone M. The LGBTQI health forum: an innovative interprofessional initiative to support curriculum reform. Med Educ Online. 2017; 22(1):1306419. doi: 10.1080/10872981.2017.1306419.,2020 Clever K, Richter C, Meyer G. Current approaches to the integration of sex- and gender-specific medicine in teaching: a qualitative expert survey. GMS J Med Educ. 2020; 37(2):Doc26. doi: 10.3205/zma001319.
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,4040 Saus-Ortega C, Ballestar-Tarín ML, Chover-Sierra E, Martínez-Sabater A. Contents of the sexual and reproductive health subject in the undergraduate nursing curricula of Spanish universities: a cross-sectional study. Int J Environ Res Public Health. 2021; 18(21):11472. doi: 10.3390/ijerph182111472.
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.

Considerações finais

Apesar de constituir um aspecto estrutural do viver humano e, por tal razão, ser indicada sua inclusão nos currículos de Graduação em Enfermagem, a sexualidade ainda é um tema circundado de tabus, os quais produzem reflexos diretos na maneira pela qual ela é abordada no contexto acadêmico. Por meio do presente estudo, buscou-se mostrar caminhos para que a temática possa ser efetivamente inserida na formação de enfermeiros.

A abordagem pontual da temática da sexualidade foi mais evidenciada, apontando uma dificuldade de pensá-la de maneira interdisciplinar em virtude dos vieses inconscientes, por mais que sua presença seja garantida pelos currículos. Os conteúdos, por sua vez, indicam as múltiplas possibilidades de inserção da temática no currículo. A construção coletiva do currículo seria uma alternativa para essa questão, visto que faz docentes, alunos e gestores participarem do processo de elaboração e de revisão constante, comprometendo-se com a temática.

É imprescindível que o ambiente do curso de Enfermagem seja um espaço para abordar tópicos relacionados a estigma social, saúde sexual, preconceito, violência estrutural, disparidades de saúde e estresse de minorias, pois a negligência em relação à inserção curricular da temática da sexualidade repercute no desempenho profissional de enfermeiros no atendimento à saúde global. Mesmo que os profissionais demonstrem atitudes positivas, despreparados, acabam por se omitir nas questões relacionadas à sexualidade e, pelo desconhecimento, em vez de atuar como facilitadores, adotam posturas discriminatórias, levando a uma conduta iatrogênica nos ambientes de saúde.

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  • Financiamento

    O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.

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Editado por

Editora
Roseli Esquerdo Lopes
Editora associada
Josefina Leonor Brown

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    30 Jun 2023
  • Aceito
    01 Dez 2023
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