A imagem do Brasil na imprensa alemã antes da crise político-econômica1

La imagen de Brasil en la prensa alemana antes de la crisis político-económica

Resumo

Este trabalho tem como objetivo investigar a imagem do Brasil produzida pela imprensa alemã de 2000 a 2014 por meio de análise quantitativa de conteúdo, com base em uma amostra de 742 artigos. O estudo considera, primeiramente, os dois principais jornais alemães de circulação nacional – o Süddeutsche Zeitung (SZ) e o Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) –, além do alternativo tageszeitung (taz) de Berlim. Além disso, incluímos a revista política alemã mais relevante do país - a Der Spiegel. Os resultados indicam uma estrutura destoante dos padrões de cobertura internacional identificados há quase 40 anos pelo estudo global realizado pela UNESCO e batizado como Foreign News Study. Na cobertura sobre o Brasil, – pelo menos até o final do ano de 2014 – predominam temas econômicos, enquanto questões políticas têm pouca visibilidade. Em relação a outros países da América Latina, o Brasil possui a imagem mais equilibrada (ou seja, pequeno grau do fator negativismo) e uma quantidade considerável de artigos culturais. Estudos futuros devem analisar o impacto da virada política conservadora na imagem do país a longo prazo.

Palavras-chave
cobertura internacional; imagem brasileira; critérios de noticiabilidade; NOMIC; características estruturais de coberturas internacionais

Resumen

El presente artículo tiene como objetivo investigar la imagen brasileña producida por la prensa alemana en el período comprendido entre 2000 y 2014 a través de un análisis cuantitativo de contenido, el cual se basa en una muestra de 742 artículos. Por un lado, la muestra comprende los dos principales periódicos nacionales: Süddeutsche Zeitung (SZ) y Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ); por otro lado, el tageszeitung (taz), un periódico alternativo de Berlín. Asimismo, la muestra incluye la revista política alemana más relevante del país: Der Spiegel. Los resultados muestran una estructura conflictiva de la cobertura internacional, la cual ya fue identificada hace casi cuarenta años por el estudio global de la UNESCO, denominado Foreign News Study. Brasil exhibe, al menos hasta finales de 2014, un fuerte enfoque en los asuntos económicos y poco énfasis en la cobertura política. En comparación con otros países latinoamericanos, la imagen de Brasil es más equilibrada, es decir, muestra un grado menor de negatividad. Además, se le dedica una cantidad considerable de artículos culturales. Los estudios futuros deberían analizar el impacto a largo plazo del cambio político en dirección conservadora en la imagen del país.

Palabras clave
cobertura internacional; imagen brasileña; factores de noticias; NOMIC; características estructurales de la cobertura internacional

Abstract

This paper aims at investigating the image of Brazil produced by the German press from 2000 to 2014, employing quantitative content analysis based on a sample of 742 news articles. The study comprises at first the two main leading quality newspapers – the Süddeutsche Zeitung (SZ) and the Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) – and additionally the alternative tageszeitung (taz) from Berlin. Moreover, one included the most relevant German political magazine – Der Spiegel. Results demonstrated a different pattern of foreign reporting from the one discussed almost forty years before by the Foreign News Study. Brazil boasts – at least until 2014 – considerable attention to economic issues and a small focus on politics. Among other Latin American countries, Brazil exhibited the most balanced image (i.e. small negativity) and a considerable amount of cultural coverage. Future studies should analyse in the long run, the impact of the conservative political turn on the country’s image.

Keywords
international news coverage; Brazilian image; news factor; NWICO; structural traits of foreign reporting

Introdução

A relevância dos estudos centrados na análise de notícias internacionais se deve ao efeito significativo que elas exercem não só sobre a opinião pública, mas também sobre a agenda política interna e externa. A mídia influencia, de forma substancial, a percepção que as pessoas constroem sobre outros países. Isso porque parte do público costuma carecer de experiências com outras nações, ou seja, não possui socialização primária em diversas outras regiões do mundo (HAFEZ, 2002a; WU, 1998). Portanto, muitas pessoas não possuem os códigos necessários para comparar, julgar ou criticar as imagens que a imprensa produz sobre nações estrangeiras (HAFEZ; GRÜNE, 2015).

No caso da América Latina, nota-se que a região é praticamente invisível dentro da cobertura internacional realizada pela Alemanha (WIENAND, 2008). Dentre o países latinos, o Brasil é o que tem recebido mais atenção da imprensa alemã (CAZZAMATTA, 2018). Paralelamente, o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, em Nova York, e as guerras no Afeganistão e Iraque modificaram significativamente a geopolítica e toda a constelação da produção de notícias internacionais (TIELE, 2010). O resultado disso, como observado pelos correspondentes alemães entrevistados neste estudo, é o aumento da competição por espaço na mídia alemã e europeia, o que acaba dificultando ainda mais noticiar o que acontece na América Latina. Estudos clássicos e mais recentes sobre o fluxo global de notícias evidenciam a baixa notoriedade da região dentro das estruturas de cobertura internacional (SCHRAMM, 1959, SREBERNY-MOHAMMADI; GRANT, 1985, TIELE, 2010). Desse modo, pode-se classificar a América Latina como uma região invisível no mapa midiático.

Essa invisibilidade é problemática em vista da relevância da opinião pública para o desenvolvimento de políticas externas em sociedades democráticas (WU, 1998). Pesquisas já demonstraram que o jornalismo internacional tem o potencial de moldar a política externa e as relações internacionais (COHEN, 1993). Para além disso, estudos sobre a construção da imagem da América Latina, ou do Brasil, na Alemanha são escassos e desatualizados. A última análise representativa nesse contexto remonta há quase 30 anos (ROEMELING-KRUTHAUP, 1987, 1991, WILKE; SCHENK, 1987, WÖHLCKE, 1973), embora o Brasil e outros países da região latina tenham vivenciado importantes transformações econômicas, políticas e sociais a partir da década de 1980. Os estudos de comunicação internacional na Alemanha se debruçam, principalmente, sobre determinados países asiáticos e do mundo islâmico, enquanto a América Latina é geralmente desconsiderada (GÖBEL; BIRLE; SPECHT, 2009).

A fim de preencher essa lacuna, este artigo visa reexaminar a imagem do Brasil na imprensa alemã nos primeiros 15 anos do século XXI, época que coincide, em grande parte, com o governo federal do Partido dos Trabalhadores (PT). Durante esse período, o país passou por mudanças que impactaram, sobretudo, a sua imagem ao redor do mundo. Para reavaliar a representação do Brasil na imprensa alemã, analisamos 742 notícias publicadas entre janeiro de 2000 e dezembro de 2014 por três jornais e uma revista que são líderes de mercado no país: Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), Süddeutsche Zeitung (SZ), tageszeitung (taz) e Der Spiegel. O objetivo principal é verificar se a representação do país ainda corresponde aos padrões de cobertura internacional identificados pelo Foreign News Study (SREBERNY-MOHAMMADI; GRANT, 1985), o que incluiu: grau elevado de negativismo, foco em eventos políticos e predominância de referência às pessoas da elite.

A transformação da imagem do Brasil no exterior é uma hipótese plausível, especialmente porque as relações do país e demais nações latinas com o mundo se modificaram consideravelmente em comparação com os padrões identificados entre as décadas de 1960 e 1990 e, inclusive, do que se verificou na virada para o século XXI (LOWENTHAL; BARON, 2015). O início do milênio foi marcado pela diversificação da política externa brasileira, tendo como aspecto central a aproximação de países da América Latina, Ásia, Europa, África e do Oriente Médio (FONTAINE, 2012, LOWENTHAL; BARON, 2015). Com o forte crescimento do mercado de commodities nos anos 2000, foi perceptível que o Brasil e a América do Sul adquiriram mais (ZILLA, 2016). Ao contrário da Argentina e do México – países com pouca influência internacional à época –, o Brasil e a Venezuela se destacaram no cenário global como líderes regionais em razão do fortalecimento de políticas externas (ZILLA, 2016). O Brasil também desempenhou um papel cada vez mais notório no cenário internacional, além de ter sido um dos membros mais influentes do BRICS (LOWENTHAL; BARON, 2015). Em termos econômicos, a maior parte dos investimentos diretos da Alemanha são direcionados ao Brasil (37%) e ao México (28%) (HAUSER; KONNER, 2009). Mesmo com a ascensão econômica da Ásia nos últimos anos, o Brasil se manteve como principal unidade industrial alemã fora da Alemanha (HAUSER; KONNER, 2009).

Diante dessa conjuntura política e das novas condições do jornalismo internacional, buscamos identificar quais estruturas ou características determinaram a cobertura sobre o Brasil nos primeiros 15 anos do século XXI. De que maneira o Brasil foi retratado na imprensa alemã durante o governo do Partido dos Trabalhadores? O país ainda é associado, como era na Guerra Fria, a conflitos políticos, golpes militares, guerrilhas, manipulação eleitoral e às dívidas internacionais (WILKE; SCHENK, 1987)? Por fim, caberá a pesquisas futuras comparar estatisticamente os resultados aqui apresentados (de 2000 a 2014) com dados do período posterior, sobretudo para verificar o impacto da turbulência política e da guinada à extrema direita – iniciada com o impeachment da presidente Dilma Rousseff – na imagem do país a longo prazo (SAUCEDO AÑEZ; CAZZAMATTA, 2020). Atualmente, sob a presidência de Jair Bolsonaro, a “relação Brasil-Alemanha nunca esteve tão distante desde a ditadura militar brasileira” (CASARÕES; FLEMES, 2019).

Características estruturais da cobertura internacional

Há quase 40 anos, a desaprovação dos países classificados até então como de ‘Terceiro Mundo’ em relação à assimetria do fluxo global de informação levou ao endosso de uma Nova Ordem Mundial de Informação e Comunicação (NOMIC). Com o apoio da UNESCO, viu-se emergir um debate acerca de dois pontos principais: a) o padrão internacional de seleção e distribuição de notícias, o qual reflete a estrutura global do poder político e financeiro e b) a elucidação das notícias e de seus valores (MACBRIDE, 1980). Diversos países em desenvolvimento, membros da UNESCO, denunciaram a hegemonia das agências de notícias do Norte global, bem como a forma como eram representados pela mídia ocidental. A percepção noticiosa como algo não usual e desviante culminaria na representação exagerada de eventos negativos (HAFEZ, 2007).

O debate originou um dos estudos mais detalhados sobre o fluxo global de notícias, o qual foi organizado pela Associação Internacional de Estudos em Mídia e Comunicação (IAMCR em inglês): o Foreign News Study (SREBERNY-MOHAMMADI; GRANT, 1985). A pesquisa analisou as principais características estruturais da cobertura internacional desempenhada por 29 países². Os principais aspectos identificados foram: regionalismo, negativismo, predominância de cobertura política, forte referência às elites e descontextualização (HAFEZ, 2002a, SREBERNY-MOHAMMADI; GRANT, 1985). Com relação ao volume e fluxo geográfico das notícias, o estudo confirmou que os EUA e a Europa Ocidental dominam a cobertura internacional de todos os sistemas de mídia analisados. Por outro lado, Ásia, África e América Latina mantiveram-se praticamente invisíveis. Pesquisas mais recentes sobre o fluxo global de notícias descrevem a África e a América do Sul como “áreas de consistente invisibilidade” (TIELE, 2010, p. 261). Não obstante, após o 11 de setembro, “a mídia tem substituído o socialismo pela ameaça do ‘terrorismo islâmico’” (THUSSU, 2006, p. 144), atraindo a atenção da imprensa para tal problemática internacional. Nesse contexto, o noticiário internacional ainda apresenta um padrão particular: a presença constante dos EUA e da Europa Ocidental, sendo seguida pela cobertura de nações vizinhas, regiões em crise (por exemplo, o mundo árabe) e, por fim, os países ‘invisíveis’.

De acordo com Hafez e Grüne (2015), a quintessência do debate sobre a NOMIC permanece pertinente e atual, especialmente pelo fato de crises e conflitos ainda determinarem grande parte da cobertura de eventos internacionais. Esse direcionamento negativo está, certamente, ligado à estrutura de produção de notícias internacionais, a qual é fortemente alicerçada sobre sistemas e conflitos políticos (HAFEZ; GRÜNE, 2015). Portanto, pesquisadores defendem uma modificação progressiva nos padrões de cobertura internacional no sentido de retratar a vida cotidiana dos cidadãos em todo o mundo (Lebenswelt) como forma de equilibrar o grau de negativismo nos noticiários.

Valor-notícia: um instrumento necessário para descrever a realidade midiática

Pesquisas notórias no campo das notícias internacionais baseiam-se em indicadores que podem ser contextuais (características de países) ou baseados em eventos (atributos do acontecimento). Galtung e Ruge (1965) introduziram uma lista de 12 critérios de noticiabilidade³ e tornaram-se referências cruciais sobre o tema, sendo amplamente citados e tomados como fundamento para várias outras investigações. Apesar da relevância, o trabalho enfrentou críticas por conta das dificuldades de operacionalização, uma vez que diversos fatores foram compreendidos – conforme os próprios autores (GALTUNG; RUGE, 1965) – como inerentes a percepções psicológicas (CHANG; LEE, 2010). Outro marco na área foi o estudo de Schulz (1976). O autor foi pioneiro a operacionalizar empiricamente tais critérios e a quantificar os efeitos que eles exercem sobre o processo de produção de notícias na imprensa alemã. Schulz (1976) ampliou e ajustou a categorização de Galtung e Ruge (1965), além de estabelecer diferentes categorias de proximidade: geográfica, política e cultural. A revisão sobre os determinantes da cobertura internacional na mídia dos EUA por Chang et al. (1987) também foi emblemática. A partir da análise de sete critérios de noticiabilidade, os autores detectaram três cruciais: desvio normativo – isto é, como o acontecimento infringiria a lei se ocorresse nos EUA –, relevância para os EUA e potencial de mudança social. Tendo em vista que tal estudo refere-se ao sistema de mídia dos EUA e que suas variáveis são ‘altamente subjetivas’ (GOLAN, 2010, p. 127), esta pesquisa foca nas categorias apresentadas pelos autores alemães Schulz (1976) e Staab (1990a, 1990b). Este, adicionalmente, incorporou a variável “proximidade econômica” a sua investigação.

Ademais, Staab propõe um ‘modelo funcional’ de seleção de notícias – em oposição ao ‘modelo causal’ –, isto é, jornalistas não selecionam um fato apenas por causa de seus fatores noticiosos. Eles podem, segundo o autor, atribuir e enfatizar critérios de noticiabilidade a um ocorrido para facilitar sua publicação. Isso significa que os jornalistas também podem instrumentalizar os critérios noticiosos (STAAB, 1990b). No entanto, o pressuposto ligado ao modelo funcional não refuta e nem contradiz o modelo causal. Pelo fato de os critérios de noticiabilidade constituírem uma avaliação legitimada da seleção jornalística, eles podem ser utilizados para promover e sustentar a cobertura de temas específicos. Desse modo, o autor não entende a concepção de valor-notícia como uma explanação da seleção de notícias, mas sim como um instrumento conveniente para descrever as construções midiáticas. Considerando tais premissas teóricas, este artigo se debruça sobre as condições e padrões da cobertura desempenhada pela imprensa alemã ao retratar o Brasil. Os critérios aqui utilizados não são necessariamente entendidos como determinantes da cobertura jornalística, mas como um instrumento para descrever e analisar a estrutura e os padrões de reportagem. Tendo em vista que a imagem do Brasil pode ter se modificado substancialmente desde os debates da NOMIC, estabelecemos as seguintes perguntas de pesquisa:

1. 1: Como a imprensa alemã representa diferentes eventos associados ao Brasil? É possível constatar um padrão de reportagem?

2. 2: Os principais aspectos estruturais da cobertura internacional apontados pelo Foreign News Study – negativismo, domínio de temas políticos e referência às elites – continuam sendo pressupostos válidos para a cobertura do Brasil do início do século XXI?

Métodos

Corpus de pesquisa

Para responder tais perguntas, a análise empírica incluiu os dois principais jornais alemães de circulação nacional e que contam com equipes de correspondentes na América Latina: o Süddeutsche Zeitung (liberal e politicamente amplo) e o Frankfurter Allgemeine Zeitung (economicamente liberal e politicamente conservador). Consideramos ainda a revista política mais importante e relevante do país: Der Spiegel. Por fim, além desses três periódicos, inserimos o jornal alternativo tageszeitung⁴ (taz) na análise em razão de sua capacidade de pautar outros veículos de comunicação. Uma análise empírica de Mathes e Pfetsch (1991) demonstrou que as matérias publicadas pelo taz têm grande propensão a repercutir na esfera midiática, ou seja, trata-se de um agendamento anti-hegemônico, o qual parte da imprensa alternativa em direção à tradicional.

Os periódicos analisados foram definidos à luz da influência significativa que eles exercem sobre a esfera pública ativa, isto é, representantes de Estado, políticos, tomadores de decisões e organizações sociais de relevância (JARREN; DONGES, 2011). Além disso, trata-se de publicações de alcance nacional, cujos produtos jornalísticos são distribuídos em toda a Alemanha. Jornais regionais não foram considerados pelo fato de focarem, sobretudo, em eventos locais e não globais (PÜRER; RAABE, 2007). Ademais, a imprensa de âmbito nacional tem papel fundamental no agendamento intra-mídia. Em outras palavras, ela é responsável por pautar os veículos regionais (JANDURA; BROSIUS, 2011). Em suma, o corpus desta pesquisa foi definido com base em três critérios: número de leitores, influência sobre o agendamento intra-mídia e alcance político.

Amostras

Primeiramente, listamos todas as notícias relacionadas ao Brasil que foram publicadas entre janeiro de 2000 e dezembro de 2014, somando 15 anos de análise. Todos os artigos foram categorizados em conformidade com o título do periódico, número de palavras e data de publicação (3.731 artigos). As notícias publicadas nos portais SZ.de, FAZ.NET, taz.de e Der Spiegel Online não foram consideradas. Isso porque um estudo sobre jornais impressos de 18 países europeus revelou que 70% dos artigos publicados em suas respectivas plataformas online eram provenientes da versão impressa (WURFF, 2008).

A coleta da amostra foi filtrada com base na busca do termo “Brasil” e nomes das grandes cidades do país. Foram considerados somente os artigos que apresentaram as palavras-chave nos títulos e primeiros parágrafos do texto. Os adjetivos relacionados ao “Brasil” e suas possíveis declinações na língua alemã também foram levados em conta refinar o procedimento de busca. Os exemplares do SZ e FAZ foram obtidos de seus respectivos arquivos online, já os do taz e Der Spiegel foram retirados do banco de dados LexisNexis. Além disso, ignoramos artigos com menos de 150 palavras, pois eles dificilmente apresentam critérios de noticiabilidade. Na etapa seguinte, com base no princípio de rotação, selecionamos dentro de cada periódico uma em cada quatro notícias relacionadas ao Brasil. Os requisitos para uma amostra estratificadas foram alcançados porque estávamos cientes da distribuição da população por conta da listagem acima mencionada. A amostra final foi composta por 742 artigos (já desconsiderando aqueles sem ênfase, ou seja, textos nos quais o Brasil só apareceu de forma ilustrativa). Por fim, realizou-se um teste de fiabilidade do coeficiente de Holsti com base em uma amostragem de 5%. Os resultados apontaram uma sobreposição de 94,3% entre os dois codificadores.

Categorias analisadas

A fim de revisitar os padrões de reportagem adotados pela Alemanha ao noticiar o Brasil, todos os artigos foram analisados com base na divisão de 11 áreas temáticas – ou editorias –, temas centrais e secundários, atores representados⁵ e tom do evento (positivo, negativo ou neutro⁶). Para além da frequência, também examinamos a manifestação dos critérios de noticiabilidade com base em uma escalada de intensidade (0: não reconhecida; 1: leve; 2: média; ou 3: forte), a qual foi introduzida e testada por estudos prévios (HARCUP; O ‘NEILL, 2017, SCHULZ, 1976, STAAB, 1990a). Em linhas gerais, os seguintes critérios de noticiabilidade foram codificados:

• Magnitude: quantidade de pessoas afetadas (nenhuma pessoa impactada, efeitos em indivíduos, subgrupos ou no país todo).

• Personificação: indivíduos como foco da notícia (nenhuma alusão a pessoas; mencionado, mas sem relevância para o tema central; ocorrência ligada à ação ou atitude de uma pessoa; pessoas como pontos centrais do evento).

• Referência às elites: representação de elites, “contraelite” e grupos sociais não-organizados (cidadãos em geral).

• Proeminência: grau de proeminência dos atores (reconhecimento regional, nacional ou internacional).

• Crise e conflito: categorias de crise estabelecidas pelo Heidelberg Conflict Research: crises não-violentas, crises violentas e guerras limitadas (HIIK, 2013).

• Negativismo: tom das ocorrências. O critério foi analisado separadamente da categoria anterior, pois crises também podem ser enquadradas de forma positiva (por exemplo, acordos de paz).

• Dano e sucesso: dimensão do prejuízo ou questões favoráveis.

Resultados

Em comparação com outros países da América Latina, o Brasil detém o maior grau de “status de poder” e “proximidade econômica” com a Alemanha (CAZZAMATTA, 2018). O maior país da região também concentra um número significativo de agências internacionais de notícias e de correspondentes. Em relação à distribuição temática, o padrão de cobertura jornalística sobre o Brasil se diferencia daquele outrora identificado pelo Foreign News Study (SREBERNY-MOHAMMADI; GRANT, 1985). Primeiramente, verifica-se um número pequeno de notícias sobre política, como mostra o Gráfico 1. Desse modo, não se aplica a premissa de protagonismo de questões políticas (mais de 50%) sobre o Brasil – pelo menos não até 2014. Na verdade, “Economia e Finanças” foi a área com maior destaque (29,5%) no noticiário internacional referente ao Brasil. “Cultura e Sociedade” também recebeu atenção acentuada, especialmente se estabelecermos uma comparação com a cobertura alemã sobre outras partes do globo, como mundo árabe, África ou Japão (HAFEZ, 2002a, MÜKKE, 2009, NAFROTH, 2002).

Gráfico 1
Principais temas abordados pela imprensa alemã ao cobrir o Brasil (2000-2014)

Até 2014, as notícias sobre o Brasil não focalizavam problemas de ordem política e da repartição dos poderes no país, como observado nos casos da Venezuela, Honduras, Colômbia, Bolívia ou Equador (CAZZAMATTA, 2020a). O pouco interesse recebido por temas políticos foi contrastado pela predominância de assuntos econômicos e culturais. No entanto, apesar da saliência de temas financeiros, pode-se questionar se a imprensa alemã tem, de fato, interesse no desenvolvimento da economia brasileira per si. Na área “Economia e Finanças”, os dois temas centrais foram a) “moeda, ações e bolsa de valores” e b) “América Latina como mercado crescente de investimento e como local de produção”, ou seja, são questões relevantes para empresas, investidores e indústrias alemães. Assim, Hafez argumenta que a imprensa está menos interessada em processos econômicos internos per se, já que as coberturas se concentram principalmente em assuntos de relevância global, isto é, desenvolvimentos econômicos regionais ou locais que podem ser significativos para a Alemanha e outras nações ocidentais (HAFEZ, 2002b).

A ínfima porção de textos relativos à “Política Interna” resulta em uma quantidade relativamente pequena de “representantes oficiais do Estado brasileiro” como atores descritos no noticiário, apenas 31,4%. Além disso, essa área temática exibe uma intensidade relativamente menor dos critérios “personificação” e “proeminência” (Tabela 2). Além disso, como a política brasileira não é um tópico dominante, o país revela uma imagem comparativamente mais equilibrada e sua cobertura é mais ou menos constante, ou seja, sem lacunas significativas. Embora até se identifique algumas oscilações na quantidade de textos devido a eventos importantes, elas não são tão intensas como no caso de outros países. Consequentemente, o número de notícias permanece relativamente constante, como mostra o Gráfico 2. Em comparação com outros países da América Latina, o Brasil é o que mais recebe a atenção do noticiário alemão (CAZZAMATTA, 2018), com uma média de 49,5 artigos por ano. A média de notícias publicadas varia profundamente entre os países da América Latina (CAZZAMATTA, 2020a). A dimensão desse contraste é verificada, por exemplo, no caso da Argentina, o segundo país mais abordado pela imprensa alemã (45,4 artigos por ano). Em comparação, a República Dominicana encontra-se na última posição, com uma média de apenas dois artigos por ano.

Tabela 2
Principais critérios de noticiabilidade na cobertura sobre o Brasil (2000-2014)

Intensidade dos critérios de noticiabilidade (Média 0–3)
Magnitude	2.2
Personificação	1.4
Proeminência	1.5
Danos	0.5
Sucesso	0.4
Crises e Conflito	0.5

• Fonte: elaborado pela autora (CAZZAMATTA, 2020).

Gráfico 2
Cobertura da imprensa alemã sobre o Brasil (2000-2014) com todas as áreas temáticas.

O Gráfico 2 mostra dois picos de atenção midiática em relação ao Brasil, especialmente nos anos de 2002 e 2013. No início da década, o clímax da cobertura resultou da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do impacto disso nos mercados financeiros. Em 2013, o clímax foi motivado pelos protestos que eclodiram antes da Copa do Mundo. No mesmo ano, o Brasil também foi anfitrião da Feira do Livro de Frankfurt, evento que foi tema de diversos artigos da área “Cultura e Sociedade”. Mesmo durante esses dois anos com pico de cobertura, o percentual de artigos relacionados à “Política Interna” foi de apenas 9,9% e 12,1%, respectivamente. Portanto, o fato de matérias de “Política Interna” terem superado 10% do total da cobertura internacional foi atípico, como demonstrado no Gráfico 4.

Gráfico 4
Variação do critério “negativismo” e predominância de temas políticos.

Em relação à valência – ou tom da cobertura, a imagem do Brasil foi apresentada de forma equilibrada em comparação com a representação de outros países latinos (CAZZAMATTA, 2020b) até 2014 (36,1% eventos positivos, 33,6% negativos e 30,3% neutros), conforme ilustrado no Gráfico 3. Portanto, a hipótese sobre um possível “substancial foco em conflitos”, frequente na literatura sobre cobertura internacional e problematizada no Foreign News Study (SREBERNY-MOHAMMADI; GRANT, 1985), não se aplica ao caso brasileiro. Ainda assim, não se pode esquecer que o período analisado coincide com o boom econômico do Brasil. A imagem de um país pode ser ainda mais desgastada pela ausência de notícias positivas do que pelo excesso de notícias negativas (HAFEZ, 2002a). No entanto, essa sub-representação de acontecimentos favoráveis também não se aplica à cobertura do Brasil, uma vez que 36% dos artigos são positivos. De fato, o “negativismo” é segmentado e dependente da área de cobertura. Por exemplo, sem as soft news, o âmbito de “negativismo” aumenta para 41,6% (Tabela 1). Ao analisar as áreas temáticas separadamente, “Desastres e Acidentes” (100% dos artigos), “Crime e Delinquência” (87,5%), “Ordem Social” (60%), “Meio Ambiente” (67,9%) e “Política Interna” (433,2%) apresentaram a quantidade mais considerável de “negativismo”.

Tabela 1
Sumarização das principais características da cobertura sobre o Brasil (2000-2014)

Aspectos estruturais da cobertura internacional em porcentagem
Média de notícias por ano	49.5 %
Enfoque em Política (Interna e Externa)	30.1 %
Enfoque em Crises	42.9 %
Negativismo	33.6 %
Negativismo sem a inclusão de soft news	41.6 %
Referência às elites	85.6 %

• Fonte: elaborado pela autora (CAZZAMATTA, 2020).

Gráfico 3
Tom da cobertura sobre o Brasil

Enquanto a frequência de cobertura política permanece mais ou menos estável durante os anos (variando de 4% a 12%), a oscilação do “negativismo” mostrou-se mais robusta (de 16% a 47%, considerando todas as áreas cobertas), como ilustrado pelo Gráfico 4. No entanto, mesmo em 2013, a quantidade de “negativismo” não ultrapassou o limite de 50%, como afirmado anteriormente. Outras áreas como “Cultura e Sociedade” compensaram a cobertura negativa, equilibrando a forma de representação, ou seja, a imagem do país.

O Gráfico 4 mostra a porcentagem de “Política” (política interna e externa) e a quantidade de notícias adversas dentre todas as áreas temáticas que foram consideradas. Os artigos de política raramente excedem 10% da cobertura total (exceto em 2013) e o negativismo nunca ultrapassa 50%. Apesar disso, pode-se observar alguns picos de “negativismo”. Em 2005, dois eventos contribuíram fundamentalmente para isso: o escândalo do Mensalão e o assassinato da missionária americana Dorothy Stang, a qual se tornou um símbolo da luta pela preservação dos recursos naturais no país. Dois anos depois, em 2007, o debate sobre o desvio do rio São Francisco ganhou destaque.

Outras questões ambientais contribuíram para a escala de negativismo em 2011: o envolvimento da Alemanha com o projeto de energia atômica Angra 3 e suas consequências para a natureza; inundações e deslizamentos de terras no Rio de Janeiro; a discussão relacionada à barragem de Belo Monte, bem como seu danos ambientais e sociais; e, por fim, a proposta de flexibilização do código florestal. O último pico de negativismo foi alcançado em 2013 com a eclosão dos protestos em massa por todo país. A maior parte da cobertura política e ambiental (negativa) evidenciam a presença de vários critérios, como danos, crises, conflitos e magnitude. Dentre eles, “magnitude” é o que aparece com maior frequência, como mostra a Tabela 2, o que foi motivado pela grande quantidade de pessoas impactadas por tais eventos.

Comparado a países como Venezuela, Bolívia, Honduras ou Equador, o Brasil apresenta baixos índices de intensidade no que se refere ao critério de personificação (CAZZAMATTA, 2020), o qual está relacionado aos atores apresentados nas notícias. Como grande parte dos artigos sobre o Brasil tratam de questões econômicas e ambientais, “grupos sociais organizados” (34,5%) – ONGs, bancos, institutos financeiros e empresas – desempenham um papel decisivo no noticiário. Comparativamente, o número de representantes de estados (31,4%) não é substancial como no caso de países que tiveram uma cobertura política intensa (CAZZAMATTA, 2020). Apesar disso, confirmamos a tendência de alta referência às elites, pois “grupos não-organizados”, ou seja, cidadãos comuns, aparecem em apenas 14,4% dos artigos. Além disso, a intensidade de crise, conflitos ou danos não se mostrou muito significativa no caso brasileiro (Tabela 2), tendo em mente que o país tem uma imagem relativamente equilibrada.

Discussão e conclusão

Na era da globalização, a compreensão e o conhecimento sobre eventos globais são extremamente importantes (WANTA; GOLAN; LEE, 2004). Nesse contexto, a mídia atua como um “árbitro importante da realidade” (WANTA; GOLAN; LEE, 2004, S.7) não apenas para o público em geral, mas também para atores políticos. Análises indicam que quanto mais atenção um país recebe da mídia estrangeira, maior é a probabilidade de o público considerá-lo relevante (WANTA; GOLAN; LEE, 2004). Outros estudos demonstram uma interdependência positiva entre cobertura internacional e assistência internacional, comprovando que as notícias sobre outros países influenciam significativamente as relações exteriores (LIM; BARNETT, 2010).

A cobertura jornalística da Alemanha sobre o Brasil difere, consideravelmente, do padrão de cobertura de países em desenvolvimento outrora debatido pelo Foreign News Study (SREBERNY-MOHAMMADI; GRANT, 1985). A forma como o país é representado destaca-se pela atenção acentuada a questões econômicas e, em menor escala, a eventos políticos. Além disso, há um enfoque relativamente considerável em eventos culturais, tornando equilibrada a distribuição temática da cobertura. Portanto, em perspectiva comparativa, a imagem do Brasil é mais balanceada (neutro-positiva), uma vez que a imprensa também considera aspectos positivos do cotidiano dos cidadãos (HAFEZ; GRÜNE, 2015). Ademais, levando-se em conta o número relativamente pequeno de artigos sobre política, o índice de personificação e proeminência no noticiário sobre o Brasil é baixo. Em síntese e a fim de responder à questão central da pesquisa, constatou-se que os principais aspectos estruturais da cobertura internacional não correspondem ao caso do Brasil, pelo menos não até 2014.

Considerando a turbulência política iniciada em 2016 com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, pode-se presumir que a imagem do Brasil no exterior tenha sofrido um retrocesso. Além de enfrentar a ascensão do extremismo de direita, o país tem vivenciado uma escalada de desinformação política e uma proliferação desenfreada de fake news (FLEMES, 2018, SAUCEDO AÑEZ; CAZZAMATTA, 2020). Além disso, o atual governo federal tem ignorado os princípios tradicionais da diplomacia brasileira, como o multilateralismo democrático, bem como negligenciado medidas de proteção ao meio ambiente (CASARÕES; FLEMES, 2019). Isso tudo tem resultado no desencadeamento de manchetes negativas sobre o Brasil em todo o mundo. Ademais, a imprudente (ou falta de) resposta à crise de saúde referente ao COVID-19 (BLOFIELD; HOFFMANN; LLANOS, 2020) impacta o noticiário internacional sobre o Brasil. “Em países onde presidentes populistas de direita (Brasil) ou de esquerda (México) negam a seriedade da pandemia, políticos de âmbito subnacional ou local tentam preencher o vácuo de liderança” (BLOFIELD; HOFFMANN; LLANOS, 2020).

Por fim, seria pertinente averiguar se o aumento de notícias negativas sobre a política brasileira está ocorrendo às custas dos temas culturais ou se o país ainda será capaz de manter uma gama equilibrada de tópicos que vão além de sua virada política conservadora. Outra questão é se o padrão de cobertura sobre o Brasil na Alemanha se repete em outros sistemas de mídia da Europa. Nesse sentido, deve-se ter em mente o papel vital das agências internacionais de notícias no agendamento da mídia mundial, bem como considerar que nem todos veículos dispõem de recursos para manter correspondentes no exterior. Todas essas indagações requerem análises empíricas complementares.

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  Tradução: Augusto J. da S. Santos – Doutorando em Ciências da Comunicação pela Universidade de Erfurt, Mestre em Comunicação e Bacharel em Jornalismo pela UNESP.
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  O estudo sobre cobertura internacional incluiu três ou quatro jornais diários para cada um dos 29 países analisados. Quando possível, os jornais de maior circulação foram priorizados. O período de análise abrange duas semanas, sendo uma cronológica (do dia 23 ao dia 28 de abril 1979) e outra construída (de abril a junho de 1979). Por meio de análise de conteúdo quantitativa, os pesquisadores categorizaram as notícias com base na localização geográfica, origens, fontes, autoria, posição e nacionalidade dos atores, tópicos, contextos e temas. A IAMCR elaborou as instruções de codificação na Universidade de Leicester-Reino Unido e o sistema de categorias (codebook) está disponível no apêndice 3 do relatório (SREBERNY-MOHAMMADI; GRANT, 1985). Em suma, o estudo buscou identificar a estrutura geral da cobertura internacional de notícias, bem como quais critérios são relevantes para o newsmaking.
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  Frequência, amplitude, clareza ou falta de ambiguidade, relevância, conformidade, imprevisão, continuidade, referência às pessoas e nações de elite, composição, personificação e negativismo (os quatro últimos são de ordem cultural).
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  Desde meados da década de 1970, os jornais alternativos vêm preenchendo a lacuna deixada pela imprensa tradicional. O termo refere-se às formas de comunicação social que direcionam críticas à mídia tradicional e contribuem para a emergência de uma contra-esfera pública – Gegenöffentlichkeit (BENTELE; BROSIUS; JARREN, 2013; PÜRER; RAABE, 2007; SCHRAG, 2007). No entanto, desde a década de 1980, tais publicações têm sido absorvidas pela profissionalização e comercialização da indústria midiática. O taz, por exemplo, está mais próximo do centro (Blöbaum, 2006). Apesar disso, o jornal continua a desafiar o discurso público por conta de sua posição crítica (ibid.).
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  Representantes oficiais de estado, grupos sociais organizados, grupos sociais não-organizados e personalidades da América Latina, Europa, Estados Unidos ou outras nações.
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  A) Positivo: sucesso, ajuda econômica, desenvolvimentos positivos, cooperação, invenções, descobertas, tentativa de reconciliação, negociações de paz, resolução de conflitos, unificação, justiça, acordos bilaterais, esforços de paz, processos de paz, melhorias do estado, diálogo entre oponentes, sobrevivência, libertação de reféns, retomada da bolsa de valores, melhoria de agências de classificação, acordos, intercâmbios culturais ou recomendações de viagem. B) Negativo: violência, falhas, crime, desastres, guerra, fraude eleitoral, instabilidade política, interrupção de negociações de paz, agressão, destruição, dano, protestos, manifestações, conflitos, crise econômica e conflitos comerciais. C) Neutro: processos socais em geral, como visitas de estado, conferências, episódios ligados à bolsa de valores, recordações de eventos históricos, jubileus (sem protestos ou discussão) e eleições justas.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  04 Dez 2020
• Data do Fascículo
  Sep-Dec 2020

Histórico

• Recebido
  11 Set 2019
• Aceito
  03 Jun 2020