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Diversidade taxonômica e funcional das assembleias de moluscos em uma zona entre marés rochosa tropical

RESUMO

Nós investigamos a variação espacial das assembleias de moluscos em função de diferentes habitats formados por fauna séssil e substrato rochoso em uma zona entre marés rochosa no nordeste do Brasil. O substrato da zona entre marés superior era predominantemente recoberto por cracas [Chthamalus bisinuatus (Pilsbry, 1916)], da zona entre marés média por mexilhões [Brachidontes exustus (Linnaeus, 1758)] e da zona entre marés inferior por macroalgas clorofíceas [Gayralia oxysperma (Kützing) K. L. Vinogradova ex Scagel et al., 1989 and Ulva lactuca Linnaeus, 1753], feofíceas [Sargassum vulgare C. Agardh, 1820] e rodofíceas [Palisada flagellifera (J. Agardh) K. W. Nam, 2007]. Foram registrados 3861 moluscos pertecentes às classes Gastropoda (9 espécies; 3800 indivíduos), Bivalvia (3 spp.; 54 ind.), e Polyplacophora (1 sp.; 7 ind.). A diversidade funcional foi analisada através da estrutura trófica, na qual identificamos as guildas alimentares: suspensívoros, raspadores, herbívoros e carnívoros. Abundância, riqueza de espécies, diversidade de Shannon, uniformidade de Pielou e diversidade trófica variaram em função dos habitats formados por cracas, mexilhões, algas e substrato rochoso. Habitats formados por algas e mexilhões apresentaram elevada riqueza de espécies e diversidade trófica, entretanto, apresentaram baixa abundância. Ao contrário, o habitat formado por cracas registrou baixa riqueza e diversidade trófica e elevado número de indivíduos. O substrato rochoso apresentou valores baixos em todos os índices investigados. Esse resultado mostra o efeito da modificação ambiental provocada pela fauna séssil nesse sistema. Esses organismos aumentam a complexidade ambiental e viabilizam o estabelecimento de organismos por meio de processos de facilitação. As diferentes guildas alimentares encontradas neste estudo reafirmam o papel dos substratos biológicos no fornecimento de nichos capazes de suportar diferentes padrões de ocupação.

PALAVRAS-CHAVE
Grupos tróficos; ecologia bentônica; engenheiros do ecossistema; substrato biológico; Atlântico sul ocidental

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