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Editorial

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EDITORIAL

O mês de julho de 2007 marca os 30 anos da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).

A SBQ foi fundada em oito de julho de 1977, durante a 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.1

Por que era necessária a fundação da SBQ?

Os bioquímicos haviam fundado a Sociedade Brasileira de Bioquímica (SBBq) em 1965 e os engenheiros químicos, a nova Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ) em 1975. As diferentes áreas começavam a tomar forma de especializações mais restritas.2 A Associação Brasileira de Química (ABQ) tinha atuação considerada mais cingida à Engenharia Química, não conseguindo atuar de forma a abranger as diferentes sub-áreas e especialidades da Química. O país iniciava um período de crescimento para o qual havia necessidade de formação de mais químicos capacitados para o desenvolvimento científico e tecnológico.

Apesar do crescimento às vezes apenas mediano, grandes mudanças ocorreram nestes 30 anos. Por exemplo, em 1970, o produto interno bruto (PIB) do Brasil era de cerca de R$ 100 bilhões, em 1977 era de R$ 400 bilhões e em 2005 foi de mais de R$ 2 trilhões.3 Nas ciências e tecnologias, pode-se avaliar o crescimento, no período, com o número de bolsas de estudo fornecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 1970, o número de bolsas concedidas foi de cerca de 2000 e em 1977 foi de aproximadamente 5000. Em 2005, esse número foi de mais de 50.000 e é ainda considerado muito pequeno para as necessidades brasileiras.4

No caso específico da área de Química, na década de 80, foi criado o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), que deu um grande impulso ao setor. Credita-se à organização em torno da SBQ a principal razão dessa conquista.5 Assim, a SBQ, nesses 30 anos de existência, organizou e desenvolveu a Química brasileira nas suas mais diferentes especialidades.

Começou suas atividades mais expressivas por instituir as Reuniões Anuais (RASBQ) para apresentação e discussão de resultados de pesquisas. Progressivamente, as RASBQ foram se transformando, também, em eventos de discussão do futuro da Química como ciência.

Neste ano de 2007, por exemplo, a 30ª RASBQ atinge ponto alto como fator de inserção internacional da SBQ. Além de palestrantes estrangeiros, ocorrerão simpósios conjuntos com a American Chemical Society: o Presidential Symposium on US/Brazil Research Collaboration: Biomass Conversion to Biofuels, Biomaterials, and Chemicals e com a Royal Society of Chemistry: o I RSC/SBQ Workshop Chemistry and Innovation, from spin-out to market, UK-Brazil Year of Science and Innovation.

Os acordos de colaboração técnica e científica, dentro dos quais estão fundamentados os dois eventos citados, foram estabelecidos recentemente pelo Brasil com os dois países em causa.

Para a divulgação da Química, a SBQ criou e mantém, de forma eficiente, com o intenso trabalho dos editores e colaboradores, os excelentes periódicos Química Nova na Escola (QNEsc), Química Nova (QN) e o Journal of the Brazilian Chemical Society (JBCS), além do Boletim Eletrônico (BE).

Embora promova assinaturas de protocolos de colaboração com sociedades de Química de outros países, a necessária inserção internacional da SBQ se faz de maneira eficiente, também, através dos seus periódicos. Hoje há outros importantes eventos de interação com a sociedade e fóruns de discussão, como os Workshops de Graduação e de Pós-Graduação, que envolvem os Coordenadores dos Cursos de Química brasileiros, nos dois níveis de ensino.

"A SBQ teve sempre um relacionamento íntimo, mas digno com o poder. Não se prestou a aventuras individuais, nem agrediu cofres públicos, mas fez a defesa do que à comunidade dos químicos era devido, para que pudéssemos cumprir o nosso papel na sociedade brasileira".6 A Química é reconhecida hoje, internacionalmente, como ciência central, de fundamental importância para as outras áreas e para o avanço tecnológico. No Brasil, a Química tem cumprido esse papel de forma bastante adequada. O faturamento da indústria química brasileira em 2006 foi de cerca de US$ 80 bilhões,7 com crescimento no ano, em termos de dólares americanos, de 11,7 %.

Uma série de dados da ciência, tecnologia e economia brasileiras mostram que o crescimento do Brasil foi mais efetivo a partir da segunda metade dos anos 70. Isso claramente evidencia o acerto da fundação da SBQ naquela oportunidade. Um país é feito e se desenvolve em razão de passos acertados em determinados momentos.

As tarefas à nossa frente serão cada vez maiores e mais complexas. Quando olhamos, no entanto, as realizações da Química brasileira nos últimos 30 anos, ficamos menos preocupados. Concluímos que crescemos muito neste tempo de vida da SBQ e que o futuro já não nos assusta tanto.

Antonio Sálvio Mangrich

Presidente da SBQ

Referências

1. Peixoto, E.M.A.; Quim. Nova 1978, 1, 26.

2. Bechara, E.; Viertler, H.; Quim. Nova 1997, 20 (Especial), 63.

3. IBGE, Estatística, http://www.ibge.gov.br/seculoxx/estatisticas_economicas.shtm, 2007.

4. CNPq, Estatística, http://www.cnpq.br/estatisticas/index.htm, 2007.

5. Ramos, M.N.; Gama, A.A.S.; Quim. Nova 1997, 20 (Especial), 57.

6. Galembeck, F.; Quim. Nova 1997, 20 (Especial), 5.

7. ABIQUIM, Estatística, http://www.abiquim.org.br/conteudo.asp?princ=ain&pag=estat, 2007.

Publication Dates

  • Publication in this collection
    28 June 2007
  • Date of issue
    2007
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