Resumo
Introdução:
Citomegalovírus (CMV) é uma importante causa de infecção viral após o transplante renal. Os métodos diagnósticos presentemente utilizados são a antigenemia pp-65 e os métodos que utilizam a amplificação de ácidos nucléicos pela reação em cadeia da polimerase (PCR) e visam à detecção da replicação viral.
Objetivo:
O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a incidência de infecção ativa por CMV em pacientes transplantados renais pelos dois métodos e estabelecer a melhor correlação clínico-laboratorial.
Métodos:
Trinta pacientes transplantados renais seqüenciais em um único centro foram incluídos em um estudo de coorte prospectiva. Amostras de sangue periférico foram coletadas a partir do 15º dia até o 6º mês pós-transplante e avaliadas para replicação de CMV por Antigenemia pp-65 e PCR quantitativo (qPCR).
Resultados:
Foram analisadas 240 amostras e a incidência de infecção ativa foi similar pelos dois métodos. O tempo médio transcorrido desde o transplante até o primeiro teste com resultado positivo foi quase idêntico entretanto mais amostras tiveram resultado positivo por qPCR do que antigenemia, um comportamento que se manteve quase uniforme ao longo do tempo. Concordância entre os testes foi observada em 217 amostras (90,4%; kappa = 0,529; p < 0,001) e em 25 pacientes (83,3%; kappa = 0,667; p < 0,001). A avaliação dos parâmetros diagnósticos para replicação de CMV revelaram maior sensibilidade para qPCR (82,1%) contra antigenemia (59,0%). PCR quantitativo também foi levemente mais preciso do que antigenemia.
Conclusão:
Nossos dados demonstram que ambos os métodos são adequados e tem precisão quase equivalente para a detecção da replicação do CMV após o transplante renal. A escolha entre um ou outro deve levar em consideração a demanda, capacidade de execução e custo-efetividade em cada instituição.
Palavras-chave:
citomegalovírus; transplante de rim; reação em cadeia da polimerase; imuno-histoquímica
Abstract
Introduction:
Cytomegalovirus (CMV) infection is a main viral infection after kidney transplantation. The diagnostic methods currently employed are pp65 antigenemia and nucleic acid amplification by polymerase chain reaction (PCR) and aim at detecting viral replication.
Objective:
The goal of this study was to evaluate and compare by both methods the incidence of CMV active infection in kidney transplant patients and to establishthe best clinical-laboratory correlation.
Methods:
Thirty sequential kidney transplant recipients were enrolled in a single center prospective cohort study. Peripheral blood samples were drawn from day 15 until the 6th month after transplantation and tested for CMV replication by pp65 antigenemia and quantitative PCR assays (qPCR).
Results:
Two hundred forty samples were analyzed and the incidence of active infection was similar by both methods. Time elapsed to the first positive test was almost identical but more samples tested positive by qPCR than by antigenemia in a behavior that was almost evenly distributed overtime. Agreement between tests was observed in 217 samples (90.4%; kappa = 0.529; p < 0.001) and in 25 patients the tests were concordant (83.3%; kappa = 0.667; p < 0.001). The evaluation of the diagnostic parameters for CMV replication revealed higher sensitivity for the qPCR test (82.1%) against antigenemia (59.0%). Quantitative PCR was also slightly more accurate than antigenemia.
Conclusion:
Our data demonstrate that both methods are suitable and have almost equivalent accuracy for the detection of post-transplant cytomegalovirus replication. The choice for either test must take in consideration the demand, execution capability and cost-effectiveness at each institution.
Keywords:
cytomegalovirus; immunohistochemistry; kidney transplantation; polymerase chain reaction
Introdução
O citomegalovírus (CMV) pertence à família herpesviridae, e a infecção por este patógeno tem elevada prevalência em todo o mundo. Embora a infecção seja geralmente inofensiva em hospedeiros imunocompetentes, ela pode ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade em receptores de transplante de órgãos.11 Landolfo S, Gariglio M, Gribaudo G, Lembo D. The human cytomegalovirus. Pharmacol Ther 2003;98:269-97. PMID: 12782241 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0163-7258(03)00034-2
http://dx.doi.org/10.1016/S0163-7258(03)...
As taxas relatadas de infecção ativa variam entre 40-100% em diferentes casuísticas de receptores de transplante renal.22 Aguado JM, Navarro D, San Juan R, Castón JJ. Cytomegalovirus infection in solid organ transplantation. Enferm Infecc Microbiol Clin 2012;30:57-62. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0213-005X(12)70083-6
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,33 Brennan DC. Cytomegalovirus in renal transplantation. J Am Soc Nephrol 2001;12:848-55.
Infecção e doença por CMV são mais comuns em pacientes sem exposição prévia ao vírus que receberam órgãos de doadores com infecção latente ou em receptores com exposição prévia que tenham recebido intensa terapia imunossupressora, especialmente as que empregam anticorpos depletores de linfócitos T, como a imunoglobulina antitimócito.22 Aguado JM, Navarro D, San Juan R, Castón JJ. Cytomegalovirus infection in solid organ transplantation. Enferm Infecc Microbiol Clin 2012;30:57-62. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0213-005X(12)70083-6
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3 Brennan DC. Cytomegalovirus in renal transplantation. J Am Soc Nephrol 2001;12:848-55.
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A fim de obter melhores resultados nas populações de transplantes de órgãos, o tratamento eficaz da infecção ativa ou doença e o uso de estratégias preventivas requerem um diagnóstico preciso e precoce. Portanto, métodos diagnósticos rápidos e precisos são necessários e devem ser utilizados.66 Camargo LF, Uip DE, Simpson AA, Caballero O, Stolf NA, Vilas-Boas LS, et al. Comparison between antigenemia and a quantitative-competitive polymerase chain reaction for the diagnosis of cytomegalovirus infection after heart transplantation. Transplantation 2001;71:412-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-200102150-00013
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-88 Koetz AC, Delbrück R, Furtwangler A, Hufert FT, Neumann-Haefelin D, Kirste G, et al. Cytomegalovirus pp65 antigen-guided preemptive therapy with ganciclovir in solid organ transplant recipients: a prospective, double-blind, placebo-controlled study. Transplantation 2001;72:1325-7. PMID: 11602864 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-200110150-00025
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Os testes atualmente disponíveis na prática clínica para monitorizar a infecção ativa por CMV são a antigenemia pp65, que detecta a presença da fosfoproteína pp65 nos leucócitos do sangue periférico, e a detecção de DNA viral por métodos de amplificação de ácidos nucleicos, tais como a reação em cadeia da polimerase (PCR), que podem ser qualitativos ou quantitativos.99 de Keyzer K, van Laecke S, Peeters P, Vanholder R. Human cytomegalovirus and kidney transplantation: a clinician's update. Am J Kidney Dis 2011;58:118-26.
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11 Kotton CN, Kumar D, Caliendo AM, Asberg A, Chou S, Danziger-Isakov L, et al.; Transplantation Society International CMV Consensus Group. Updated international consensus guidelines on the management of cytomegalovirus in solid-organ transplantation. Transplantation 2013;96:333-60. PMID: 23896556 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31829df29d
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12 Tanabe K, Todumoto T, Ishikawa N, Koyama I, Takahashi K, Fuchinoue S, et al. Comparative study of cytomegalovirus (CMV) antigenemia assay, polymerase chain reaction, serology, and shell vial assay in the early diagnosis and monitoring of CMV infection after renal transplantation. Transplantation 1997;64:1721-5. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199712270-00016
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16 Caballero OL, Menezes CL, Costa MC, Fernandes SC, Anacleto TM, de Oliveira RM, et al. Highly sensitive single-step PCR protocol for diagnosis and monitoring of human cytomegalovirus infection in renal transplant recipients. J Clin Microbiol 1997;35:3192-7.-1717 Emery VC, Sabin CA, Cope AV, Gor D, Hassan-Walker AF, Griffiths PD. Application of viral-load kinetics to identify patients who develop cytomegalovirus disease after transplantation. Lancet 2000;355:2032-6. PMID: 10885354 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(00)02350-3
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Métodos sorológicos para detectar imunoglobulinas das classes IgM e IgG e culturas virais não são adequados para uso na prática clínica por conta de sua baixa precisão e demora excessiva para a obtenção de resultados.1111 Kotton CN, Kumar D, Caliendo AM, Asberg A, Chou S, Danziger-Isakov L, et al.; Transplantation Society International CMV Consensus Group. Updated international consensus guidelines on the management of cytomegalovirus in solid-organ transplantation. Transplantation 2013;96:333-60. PMID: 23896556 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31829df29d
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12 Tanabe K, Todumoto T, Ishikawa N, Koyama I, Takahashi K, Fuchinoue S, et al. Comparative study of cytomegalovirus (CMV) antigenemia assay, polymerase chain reaction, serology, and shell vial assay in the early diagnosis and monitoring of CMV infection after renal transplantation. Transplantation 1997;64:1721-5. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199712270-00016
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-1313 van der Bij W, Schirm J, Torensma R, van Son WJ, Teqzess AM, The TH. Comparison between viremia and antigenemia for detection of cytomegalovirus in blood. J Clin Microbiol 1988;26:2531-5.
Estudos anteriores demonstraram a existência de uma boa correlação entre os ensaios quantitativos de PCR (qPCR) e a antigenemia pp65 para detecção de replicação viral.66 Camargo LF, Uip DE, Simpson AA, Caballero O, Stolf NA, Vilas-Boas LS, et al. Comparison between antigenemia and a quantitative-competitive polymerase chain reaction for the diagnosis of cytomegalovirus infection after heart transplantation. Transplantation 2001;71:412-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-200102150-00013
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,1010 Caliendo AM, St George K, Kao SY, Allega J, Tan BH, LaFontaine R, et al. Comparison of quantitative cytomegalovirus (CMV) PCR in plasma and CMV antigenemia assay: clinical utility of the prototype AMPLICOR CMV MONITOR test in transplant recipients. J Clin Microbiol 2000;38:2122-7. PMID: 10834964,1818 Rhee JY, Peck KR, Lee NY, Song JH. Clinical usefulness of plasma quantitative polymerase chain reaction assay: diagnosis of cytomegalovirus infection in kidney transplant recipients. Transplant Proc 2011;43:2624-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.transproceed.2011.05.054
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Atualmente, as recomendações ditam que tanto a antigenemia como o qPCR podem ser utilizados para monitorizar a replicação viral e a resposta à terapia antiviral. A escolha de um ou outro método depende basicamente da disponibilidade de pessoal e recursos econômicos nas instituições de saúde em questão.1111 Kotton CN, Kumar D, Caliendo AM, Asberg A, Chou S, Danziger-Isakov L, et al.; Transplantation Society International CMV Consensus Group. Updated international consensus guidelines on the management of cytomegalovirus in solid-organ transplantation. Transplantation 2013;96:333-60. PMID: 23896556 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31829df29d
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,1818 Rhee JY, Peck KR, Lee NY, Song JH. Clinical usefulness of plasma quantitative polymerase chain reaction assay: diagnosis of cytomegalovirus infection in kidney transplant recipients. Transplant Proc 2011;43:2624-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.transproceed.2011.05.054
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,2020 Meyer-Koenig U, Weidmann M, Kirste G, Hufert FT. Cytomegalovirus infection in organ-transplant recipients: diagnostic value of pp65 antigen test, qualitative polymerase chain reaction (PCR) and quantitative Taqman PCR. Transplantation 2004;77:1692-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.tp.0000133992.89191.52
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O objetivo do presente artigo foi avaliar a precisão desses testes através de um estudo longitudinal que incluiu pacientes receptores de transplantes renais de nossa instituição.
Materiais e métodos
Pacientes
Duzentas e quarenta amostras de sangue periférico foram colhidas prospectivamente entre abril de 2012 e fevereiro de 2013, de trinta de cada cem pacientes submetidos a transplante renal em nossa instituição no decurso desse período. Foram considerados a aceitação dos pacientes em participar e respeitar a programação do estudo, bem como o orçamento alocado ao mesmo. Os pacientes que concordaram em participar foram incluídos independentemente de sua condição em relação à dosagem de IgG para CMV ou da terapia de indução. As amostras foram colhidas sequencialmente 15, 30, 45, 60, 75, 90, 120, 150 e 180 dias após o transplante. A replicação viral foi avaliada por meio do exame para detecção da antigenemia pp65 e por amplificação do DNA viral por qPCR.
O regime imunossupressor ministrado a todos os pacientes consistiu da combinação de tacrolimus, micofenolato sódico e prednisona. Os pacientes que receberam rins de doadores falecidos foram submetidos a terapia de indução com Basiliximab ou anticorpos policlonais depletores de linfócitos T. Além das amostras do protocolo, foram colhidas amostras adicionais de antigenemia conforme as necessidades relativas ao manejo clínico.
Sempre que possível, antes dos transplantes foram realizados testes serológicos de IgM e IgG específicos para CMV nos doadores e receptores. As doses intravenosas e orais de ganciclovir foram ajustadas segundo a TFG estimada pela equação do MDRD.
Pacientes sob risco elevado de infecção, receptores CMV/IgG- que receberam órgão de doadores CMV/IgG+ e indivíduos tratados com anticorpos depletores de linfócitos T para profilaxia ou tratamento de rejeição aguda receberam ganciclovir por via intravenosa seguido de ganciclovir oral até seis meses após o transplante. Pacientes sob risco moderado, doadores CMV/IgG+ e receptores ou receptores CMV/IgG+ apenas foram monitorizados com antigenemia seriada e preventivamente tratados. O diagnóstico de infecção ativa por CMV foi feito pela positividade do ensaio de antigenemia pp65 sem o conhecimento do ensaio qPCR. Casos de infecção ativa foram tratados com ganciclovir intravenoso em doses ajustadas para a função do enxerto.
Métodos
Antigenemia pp65
Depois de extraídos do sangue periférico, os leucócitos foram incubados com anticorpos monoclonais C10/C11 e outros reagentes do CMV Brite Turbo de acordo com as recomendações do fabricante (IQ® Products, Groningen, Holanda). Os leucócitos com antigenemia positiva exibiram padrão nuclear homogêneo amarelo-esverdeado quando observados por microscopia de fluorescência. O resultado da antigenemia pp65 foi considerado diagnóstico para replicação viral quando houve uma ou mais células positivas por 200.000 analisadas.2121 Boeckh M, Boivin G. Quantitation of cytomegalovirus: methodologic aspects and clinical applications. Clin Microbiol Rev 1998;11:533-54.
Reação em cadeia da polimerase quantitativa
A quantificação de ácidos nucleicos foi realizada utilizando o CMVQ - PCR Alert Kit (Nanogen Advanced Diagnostics, Turim, Itália) em amostras de DNA extraídas de plasma coletado em tubos contendo EDTA, de acordo com as instruções do fabricante. Cinco microlitros de DNA foram transferidos para uma microplaca de amplificação contendo uma mistura de reagentes que incluía iniciadores e sondas específicas para CMV, além de um controle interno e Taq polimerase.
O procedimento consiste em uma reação de amplificação em tempo real em uma microplaca com variação e controle de temperatura programável e um sistema de detecção de fluorescência óptica utilizado simultaneamente à reação em um termociclador. O sistema foi padronizado em torno de equipamentos Applied Biosystems ABI PRISM 7000. O resultado do PCR foi considerado diagnóstico para replicação quando a carga viral foi de pelo menos 1250 cópias/mL.2121 Boeckh M, Boivin G. Quantitation of cytomegalovirus: methodologic aspects and clinical applications. Clin Microbiol Rev 1998;11:533-54.
Análise estatística
A ocorrência de infecção ativa foi verificada pelos métodos de antigenemia e qPCR. A concordância entre os testes foi avaliada por meio do coeficiente Kappa. O teste t de Student para amostras independentes foi utilizado na avaliação das diferenças entre pacientes infectados e não infectados, pelos dois métodos, para as seguintes variáveis: idade do doador; idade do receptor; e creatinina e taxa de filtração glomerular estimada pela equação do MDRD2828 Pierrat A, Gravier E, Saunders C, Caira MV, Aït-Djafer Z, Legras B, et al. Predicting GFR in children and adults: a comparison of the Cockcroft-Gault, Schwartz, and modification of diet in renal disease formulas. Kidney Int 2003;64:1425-36. DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1523-1755.2003.00208.x
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no início do estudo e no sexto e décimo-segundo meses após o transplante. O nível de significância foi estabelecido em 5% (p < 0,05). As análises foram realizadas por meio do software estatístico SPSS, versão 20.
Para estabelecer os parâmetros diagnósticos dos dois ensaios, a replicação viral foi considerada presente quando o resultado de qualquer teste fosse positivo e ausente quando os resultados de ambos os ensaios fossem negativos. O estudo foi aprovado em seus aspectos técnicos e metodológicos pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre de acordo com os preceitos da Declaração de Helsinque. Os pacientes incluídos no estudo concordaram em participar e assinaram termos de consentimento livre e esclarecido.
Resultados
Os dados demográficos da amostra estudada são apresentados na Tabela 1. O número médio de amostras por paciente foi de 8 ± 1. Na análise, 23 amostras (9,6%) foram positivas pela pesquisa de antigenemia e 32 (13,3%) foram positivas pelo teste qPCR. Não houve diferença no tempo médio transcorrido desde o transplante até o primeiro resultado positivo, que foi de 64 ± 23 dias para a antigenemia e 62 ± 21 dias para o qPCR (p = 1,0).
Muitas amostras deram resultado positivo ao mesmo tempo. Contudo, uma amostra foi positiva apenas no qPCR quinze dias após o transplante e em cada ponto da análise temporal. A exceção foram as amostras do trigésimo e sexagésimo dias, em que houve mais amostras positivas no qPCR do que na pesquisa de antigenemia. Além disso, não houve amostras positivas 180 dias após o transplante (Figura 1). Dentre as amostras positivas pela pesquisa de antigenemia, o número médio de células positivas foi de 5 ± 6/200.000, enquanto que nos testes positivos de qPCR a média foi de 5987 ± 10.623 cópias virais/mL.
Número de testes positivos por antigenemia pp65 e qPCR em cada momento de amostragem do estudo.
Devido ao pequeno número de amostras positivas, nenhum dos testes levou à identificação de um padrão de proliferação viral.
Detecção de infecção ativa por antigenemia
Segundo a pesquisa de antigenemia, 16 pacientes (53,3%) desenvolveram infecção ativa. Em 11 indivíduos a sorologia IgG foi positiva tanto para doadores como para receptores, e em dois casos apenas o receptor tinha anticorpos. A sorologia do doador era desconhecida em três transplantes. Não houve associação estatisticamente significativa entre sorologia pré-transplante de doadores e receptores e ocorrência de infecção ativa diagnosticada por este método (p = 0,169). Não foi observado nenhum caso de citomegalovírus.
Detecção de infecção ativa por qPCR
Segundo este teste, 15 pacientes (50%) desenvolveram infecção ativa. Em nove receptores, a sorologia IgG foi positiva tanto para doadores como para receptores; em três, apenas o receptor apresentou anticorpos; e anticorpos IgG para CMV estavam presentes em outros três em que a sorologia do doador era desconhecida. Não houve associação estatisticamente significativa entre sorologia pré-transplante de doadores e receptores e ocorrência de infecção por CMV diagnosticada por qPCR (p = 0,667).
Concordância entre ensaios e parâmetros diagnósticos
Concordância entre os dois testes foi observada em 217 amostras (90,4%), com ambas positivas em 16 (6,7%) e negativas em 201 (83,7%) casos. Sete amostras (2,9%) apresentaram resultado positivo para antigenemia e negativo para qPCR. Dezesseis (7,4%) testaram negativas por antigenemia e positivas por qPCR. Dessas 16 amostras, apenas duas (12,5%) pertenciam a pacientes com baixas contagens de leucócitos (< 4000/µL).
O coeficiente Kappa entre os testes de antigenemia e qPCR foi de 0,529 (p < 0,001), indicando concordância moderada entre os testes. Ao longo do período de observação, 25 pacientes apresentaram resultados concordantes para antigenemia e qPCR. Três pacientes testaram positivo por antigenemia e negativo por qPCR, enquanto dois pacientes testaram positivo por qPCR e negativo por antigenemia. O coeficiente Kappa para a observação entre pacientes foi de 0,667 (p < 0,001), indicando boa concordância. A Figura 2 exibe o gráfico de dispersão para os valores obtidos nos dois testes.
Coeficiente de correlação de Pearson entre ensaios de CMV por antigenemia pp65 e qPCR. Obs.: (1) Para valores de cópias de DNA no PCR inferiores a 1250 cópias/ml mas com sinal de amplificação foi atribuído o valor de 1250 cópias/ml; (2) Considerando os 480 testes, 88,5% dos resultados foram iguais a zero.
O coeficiente de correlação de Pearson foi de 0,47 (r² = 0,22, p < 0,001), demonstrando uma correlação regular entre as variáveis. Os parâmetros diagnósticos de cada ensaio, comparados ao padrão ouro estabelecido, constam na Tabela 2.
Efeito da terapia de indução com anticorpos e profilaxia
Terapia de indução foi utilizada em 27 (90%) pacientes; 16 (53,3%) receberam anticorpos anti-receptores de interleucina-2 (Basiliximab®) e 11 (36,6%) receberam anticorpos depletores de linfócitos T (Thymoglobulin®). Segundo os critérios de antigenemia, infecção ativa ocorreu em 13 (81,3%) dos pacientes que receberam terapia de indução com Basiliximab e em apenas um (9,1%) dos indivíduos em que a indução foi feita com Thymoglobulin (p < 0,001).
De acordo com os critérios do qPCR, infecção ativa ocorreu em 11 (68,8%) dos 16 pacientes que receberam terapia de indução com Basiliximab® e em dois (18,2%) dos 11 pacientes que fizeram indução com Thymoglobulin®. Três pacientes que receberam terapia de indução com ATG testaram positivo para infecção ativa por citomegalovírus, dois por qPCR e um por antigenemia pp65. Em todos os casos, a TFG estimada pela equação do MDRD foi superior a 60 mL/min e a dose profilática de ganciclovir foi de 1 g três vezes ao dia.
A profilaxia com ganciclovir foi ministrada a 15 pacientes. Pelo critério de antigenemia, três pacientes (20%) que receberam tratamento profilático desenvolveram infecção ativa, comparado a 13 (86,7%) dentre os que não receberam profilaxia (p < 0,001). Na análise segundo os critérios do qPCR, quatro (26,7%) pacientes que receberam tratamento profilático desenvolveram infecção ativa em comparação a 11 (73,3%) que não receberam profilaxia (p = 0,011).
Não foram identificadas diferenças significativas entre os pacientes que desenvolveram infecção ativa e os que não o fizeram para os parâmetros idade de doadores e receptores, sexo, raça, presença de diabetes mellitus antes ou após o transplante, distribuição de sorologias anti-CMV, terapia de indução com anticorpos ou ocorrência de rejeição (Tabela 3).
A TFG estimada pela equação do MDRD não revelou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de pacientes com e sem infecção ativa por CMV no sexto e décimo-segundo meses ou tampouco na última avaliação, por qualquer método diagnóstico (Figura 3). A terapia profilática com ganciclovir oral evitou o desenvolvimento de infecção ativa segundo os critérios diagnósticos por antigenemia (RR: 0,22; IC 95% 0,07-0,62; p < 0,001) e qPCR (RR: 0,36; IC 95%: 0,15-0,88; p = 0,026).
Taxa de filtração glomerular estimada pela equação do MDRD em pacientes com ou sem infecção ativa avaliados por antigenemia pp65 (painel A) e qPCR (painel B). Diferenças não estatisticamente significativas.
Discussão
No presente estudo, a amostra de pacientes é representativa da população atual de receptores de transplante na região sul do Brasil. Os pacientes são predominantemente jovens caucasianos do sexo masculino submetidos a terapia de indução com anticorpos, que receberam rins de doadores falecidos. As variáveis envolvidas na replicação viral e relacionadas aos desfechos dos enxertos foram analisadas em relação aos métodos diagnósticos, e não foram estabelecidas correlações entre estas e o desenvolvimento de infecção ativa.
Avaliamos os dois métodos diagnósticos atualmente recomendados para o diagnóstico de infecção ativa por CMV, antigenemia pp65 e qPCR. A comparação entre os dois revela vantagens e desvantagens de um em relação ao outro.
O teste de PCR não exige equipe altamente treinada, pode ser realizado em pacientes com leucopenia, é automatizado, permite o processamento simultâneo de várias amostras e não requer materiais biológicos frescos. Entretanto, são necessários equipamentos e reagentes mais caros, especialmente no PCR quantitativo (qPCR), que é mais preciso. Os testes de qPCR foram padronizados em 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de um padrão de referência produzido no National Institutes of Biological Standards and Controls do Reino Unido. A titulação padrão é de 5 x 106 UI/mL. Os testes comerciais e laboratoriais devem ser recalibrados de forma a mostrar colinearidade em relação a esta Referência.88 Koetz AC, Delbrück R, Furtwangler A, Hufert FT, Neumann-Haefelin D, Kirste G, et al. Cytomegalovirus pp65 antigen-guided preemptive therapy with ganciclovir in solid organ transplant recipients: a prospective, double-blind, placebo-controlled study. Transplantation 2001;72:1325-7. PMID: 11602864 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-200110150-00025
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,2929 Hayden RT, Gu Z, Sam SS, Sun Y, Tang L, Pounds S, et al. Comparative evaluation of three commercial quantitative cytomegalovirus standards by use of digital and real-time PCR. J Clin Microbiol 2015;53:1500-5. DOI: http://dx.doi.org/10.1128/JCM.03375-14
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. Em função de sua baixa especificidade, o PCR qualitativo não é atualmente utilizado para o diagnóstico de infecção por CMV.99 de Keyzer K, van Laecke S, Peeters P, Vanholder R. Human cytomegalovirus and kidney transplantation: a clinician's update. Am J Kidney Dis 2011;58:118-26.,1111 Kotton CN, Kumar D, Caliendo AM, Asberg A, Chou S, Danziger-Isakov L, et al.; Transplantation Society International CMV Consensus Group. Updated international consensus guidelines on the management of cytomegalovirus in solid-organ transplantation. Transplantation 2013;96:333-60. PMID: 23896556 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31829df29d
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A antigenemia pp65 é um método semi-quantitativo que detecta, através de técnicas de imunoistoquímica ou imunofluorescência, a presença da fosfoproteína 65 expressa em leucócitos do sangue periférico infectado por CMV.1111 Kotton CN, Kumar D, Caliendo AM, Asberg A, Chou S, Danziger-Isakov L, et al.; Transplantation Society International CMV Consensus Group. Updated international consensus guidelines on the management of cytomegalovirus in solid-organ transplantation. Transplantation 2013;96:333-60. PMID: 23896556 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31829df29d
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12 Tanabe K, Todumoto T, Ishikawa N, Koyama I, Takahashi K, Fuchinoue S, et al. Comparative study of cytomegalovirus (CMV) antigenemia assay, polymerase chain reaction, serology, and shell vial assay in the early diagnosis and monitoring of CMV infection after renal transplantation. Transplantation 1997;64:1721-5. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199712270-00016
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Dentre suas vantagens destacam-se a elevada sensibilidade e especificidade, o baixo custo e a facilidade de execução, que não requer equipamentos sofisticados. Contudo, a execução do método exige pessoal treinado, a amostra de sangue total deve ser processada dentro de seis a oito horas, e a sensibilidade do teste é perdida na presença de neutropenia. Além disso, a antigenemia pode ser negativa ou apresentar contagens baixas em casos de patologia invasiva tecidual. Enfim, este método consome bastante tempo e exige trabalho intensivo da parte do pessoal do laboratório.22 Aguado JM, Navarro D, San Juan R, Castón JJ. Cytomegalovirus infection in solid organ transplantation. Enferm Infecc Microbiol Clin 2012;30:57-62. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0213-005X(12)70083-6
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,33 Brennan DC. Cytomegalovirus in renal transplantation. J Am Soc Nephrol 2001;12:848-55.,1111 Kotton CN, Kumar D, Caliendo AM, Asberg A, Chou S, Danziger-Isakov L, et al.; Transplantation Society International CMV Consensus Group. Updated international consensus guidelines on the management of cytomegalovirus in solid-organ transplantation. Transplantation 2013;96:333-60. PMID: 23896556 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31829df29d
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,1313 van der Bij W, Schirm J, Torensma R, van Son WJ, Teqzess AM, The TH. Comparison between viremia and antigenemia for detection of cytomegalovirus in blood. J Clin Microbiol 1988;26:2531-5.
A avaliação do objetivo principal deste estudo - analisar a correlação entre os dois métodos diagnósticos - revelou que ambos apresentam boa correlação. Este achado está de acordo com os dados da literatura para os métodos de antigenemia pp65 e qPCR para o diagnóstico de infecção ativa por CMV.1212 Tanabe K, Todumoto T, Ishikawa N, Koyama I, Takahashi K, Fuchinoue S, et al. Comparative study of cytomegalovirus (CMV) antigenemia assay, polymerase chain reaction, serology, and shell vial assay in the early diagnosis and monitoring of CMV infection after renal transplantation. Transplantation 1997;64:1721-5. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00007890-199712270-00016
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19 Cariani E, Pollara CP, Valloncini B, Perandin F, Bonfanti C, Manca N. Relationship between pp65 antigenemia levels and real-time quantitative DNA PCR for Human Cytomegalovirus (HCMV) management in immunocompromised patients. BMC Infect Dis 2007;7:138. DOI: http://dx.doi.org/10.1186/1471-2334-7-138
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Rhee et al.1818 Rhee JY, Peck KR, Lee NY, Song JH. Clinical usefulness of plasma quantitative polymerase chain reaction assay: diagnosis of cytomegalovirus infection in kidney transplant recipients. Transplant Proc 2011;43:2624-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.transproceed.2011.05.054
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analisaram resultados de antigenemia pp65 e qPCR para 899 amostras de 111 pacientes de transplante renal no período pós-transplante recente, em grupo que apresentava perfil demográfico semelhante ao da população do nosso estudo. Os autores apontaram concordância entre 84% das amostras e indicaram correlação estatisticamente significativa entre os métodos diagnósticos.
Cariani et al.1919 Cariani E, Pollara CP, Valloncini B, Perandin F, Bonfanti C, Manca N. Relationship between pp65 antigenemia levels and real-time quantitative DNA PCR for Human Cytomegalovirus (HCMV) management in immunocompromised patients. BMC Infect Dis 2007;7:138. DOI: http://dx.doi.org/10.1186/1471-2334-7-138
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compararam 475 amostras consecutivas obtidas de 156 pacientes de transplante (rim e medula óssea), indivíduos com infecção por HIV e pacientes com neoplasias malignas hematológicas, e observaram uma correlação significativa entre os testes com concordância em 77% das amostras. Gouarin et al.2222 Gouarin S, Vabret A, Gault E, Petitjean J, Regeasse A, Hurault de Ligny B, et al. Quantitative analysis of HCMV DNA load in whole blood of renal transplant patients using real-time PCR assay. J Clin Virol 2004;29:194-201. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1386-6532(03)00124-0
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analisaram 248 peças de 21 pacientes de transplante renal e identificaram uma correlação significativa entre qPCR em sangue total e antigenemia pp65, considerando o qPCR para CMV em sangue total uma alternativa adequada para diagnosticar e monitorizar a infecção por CMV em pacientes transplantados renais.
Piiparinen et al.2424 Piiparinen H, Höckerstedt K, Grönhagen-Riska C, Lappalainen M, Suni J, Lautenschlager I. Comparison of plasma polymerase chain reaction and pp65-antigenemia assay in the quantification of cytomegalovirus in liver and kidney transplant patients. J Clin Virol 2001;22:111-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1386-6532(01)00173-1
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encontraram uma correlação quase linear entre os resultados dos dois testes em 253 amostras consecutivas de sangue de pacientes submetidos a transplantes de rim ou fígado. Mengelle et al.2525 Mengelle C, Pasquier C, Rostaing L, Sandres-Sauné K, Puel J, Berges L, et al. Quantitation of human cytomegalovirus in recipients of solid organ transplants by real-time quantitative PCR and pp65 antigenemia. J Med Virol 2003;69:225-231. DOI: http://dx.doi.org/10.1002/jmv.10277
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relataram uma boa correlação entre qPCR com o DNA extraído de leucócitos e antigenemia pp65 a partir de 198 amostras de sangue de 14 pacientes submetidos a transplantes de rim, fígado ou coração, considerando o qPCR uma boa alternativa ao ensaio de antigenemia pp65.
Em nosso estudo, possivelmente por conta dos critérios do padrão-ouro para o diagnóstico de replicação viral, o qPCR apresentou maior sensibilidade para a identificação da replicação viral; porém, todos os demais parâmetros diagnósticos foram semelhantes. Em corroboração a esta ideia, devemos ressaltar que o qPCR revelou mais amostras positivas do que a antigenemia na maior parte da amostragem programada para o estudo.
O presente estudo apresenta algumas limitações. Em primeiro lugar, o tamanho da amostra é limitado e um percentual considerável dos doadores não tinha sorologia IgG disponível para avaliação, o que prejudicou a análise deste fator de risco. Além disso, o tempo de seguimento poderia ter sido mais longo e não houve casos de patologia invasiva tecidual. Apesar destas limitações, os resultados mostraram que o tamanho da amostra foi adequado para a avaliação dos métodos diagnósticos testados.
Concluímos que antigenemia pp65 e qPCR são métodos comparáveis para a detecção de replicação viral. A escolha de um método em detrimento do outro deve levar em conta os fatores locais, a presença de conhecimento especializado, os custos e o número necessário de exames a serem realizados em um programa de transplante específico, além da estratégia adotada pelo programa de transplante para monitorizar infecção ativa e doença por CMV. No entanto, o qPCR é um teste provavelmente mais sensível e ligeiramente mais preciso para a detecção de replicação viral, podendo substituir a antigenemia pp65 à medida em que se avoluma a necessidade de executar testes em programas de transplante.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jan-Mar 2017
Histórico
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Recebido
29 Maio 2016 -
Aceito
02 Dez 2016