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Comorbidades de transtorno mental e comportamental em pacientes dependentes químicos em diferentes períodos de abstinência

OBJETIVO: Avaliar a frequência de comorbidades de transtorno mental e comportamental (CTMC) em pacientes dependentes de substâncias psicoativas (SPA) em Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (CAPS-ad), com diferentes períodos de abstinência. MÉTODO: Avaliaram-se, consecutivamente, todos os pacientes que estavam em tratamento nos dois CAPS-ad de Uberlândia-MG, entre abril e setembro de 2010. Para o diagnóstico de CTMC, utilizou-se o Checklist de sintomas da CID-10; informações adicionais foram obtidas em entrevistas e em prontuários. Os pacientes foram divididos de acordo com o tempo de abstinência: < 1 semana (Grupo 1), 1-4 semanas (Grupo 2) e > 4 semanas (Grupo 3). RESULTADOS: Dentre todos, 62,8% tiveram diagnóstico de CTMC, que foi mais frequente (p < 0,05) no Grupo 1 (72%) do que no Grupo 3 (54,2%); ambos os grupos foram semelhantes ao Grupo 2 (61%). Transtornos depressivos e de ansiedade foram mais frequentes entre pacientes do Grupo 1. Transtornos de humor foram mais frequentes (p < 0,05) em mulheres [22/34 (65%) vs. 54/154 (35,1%)], enquanto transtornos psicóticos foram mais frequentes (p = 0,05) em homens [16/154 (10,4%) vs. 0]. CTMC associou-se a piores condições clínicas. CONCLUSÕES: Maior frequência de diagnóstico de CTMC entre pacientes do Grupo 1 pode ser decorrente das dificuldades de se diferenciar transtornos mentais que são decorrentes ou independentes da intoxicação ou suspensão da SPA. Porém, fazer o diagnóstico de CTMC, mesmo durante a desintoxicação, pode aumentar as chances de resposta ao tratamento.

Comorbidade; diagnóstico duplo; dependência; alcoolismo


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