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Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Volume: 71, Número: 4, Publicado: 2022
  • Uma homenagem no sesquicentenário de nascimento de Juliano Moreira Editorial

  • Exercício físico e transtornos alimentares: juntos ou separados? Editorial

  • Políticas para policiais – problemas de saúde mental entre policiais Editorial

  • Comportamento alimentar desordenado em praticantes de CrossFit Original Article

    Cunha, Maria Carolina Franco da; Junqueira, Alessandra Costa Pereira; Carvalho, Pedro Henrique Berbert de; Laus, Maria Fernanda

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Avaliar possíveis diferenças nos sintomas de transtornos alimentares entre homens e mulheres que praticam CrossFit e seus preditores nessa população. Métodos: Realizou-se um estudo transversal (abril a junho de 2019) com 194 adultos (103 mulheres e 91 homens) matriculados em academias de CrossFit particulares de Ribeirão Preto, com média de idade de 30,19 anos (DP = 5,34). Foram respondidos um questionário sociodemográfico, o Eating Attitudes Test-26 (sintomas de transtornos alimentares), o Sociocultural Attitudes Towards Appearance Questionnaire-3 (internalização do ideal de corpo) e a Drive for Muscularity Scale (busca pela muscularidade). Resultados: As mulheres apresentaram mais sintomas de transtorno alimentar, maiores restrições alimentares e preocupação excessiva com a magreza. Além disso, mulheres mais jovens com IMC mais alto têm maior probabilidade de apresentar sintomas de distúrbios alimentares. Maior busca pela muscularidade e maior internalização geral dos padrões de corpo socialmente estabelecidos também foram associados com alimentação desordenada entre as mulheres. Nos homens, o comportamento orientado para a muscularidade foi o único preditor dos transtornos alimentares. Conclusão: Esses achados são relevantes, pois apontam que as mulheres praticantes de CrossFit parecem apresentar maior risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Além disso, comportamentos orientados para a musculatura em homens e a busca pela muscularidade, internalização do ideal de corpo, IMC e idade nas mulheres são preditores de transtornos alimentares em praticantes de CrossFit.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: Evaluate differences in disordered eating symptoms between men and women who practice CrossFit and to evaluate its predictors in this population. Methods: A cross-sectional study (April to June 2019) was carried out with 194 adults (103 women and 91 men) enrolled in private CrossFit boxes in Brazil, with a mean age of 30.19 years (SD = 5.34). Participants answered a sociodemographic questionnaire, the Eating Attitudes Test-26 (disordered eating), the Sociocultural Attitudes Towards Appearance Questionnaire-3 (body-ideal internalization), and the Drive for Muscularity Scale (drive for muscularity). A series of Student's t-tests was applied to test differences in disordered eating symptoms between men and women. Multiple linear regressions were conducted to evaluate predictors of disordered eating for both sexes. Results: Women showed greater disordered eating symptoms, dietary restrictions and excessive concern about thinness than men. Moreover, younger women with a higher BMI are more likely to have disordered eating symptoms. Higher drive for muscularity and greater general body-ideal internalization were also associated with disordered eating among women. In men, muscularity-oriented behavior was the only predictor of disordered eating. Conclusion: These findings are relevant, as they point out that women who practice CrossFit seem to be a high risk group for the development of eating disorders. In addition, muscularity-oriented behaviors in men and the drive for muscularity, internalization of the ideal body, BMI and age in women are predictors of disordered eating in CrossFit practitioners.
  • Distúrbios psíquicos menores e o contexto de trabalho da Polícia Civil: um estudo de método misto Original Article

    Tavares, Juliana Petri; Mendonça, Viviane Gallon; Vieira, Lizandra Santos; Guimarães, Roberta Sofia Wiebling; Magnago, Tânia Solange Bosi de Souza; Machado, Wagner de Lara; Pai, Daiane Dal

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Analisar a associação entre o contexto de trabalho e a presença de Distúrbios Psíquicos Menores (DPM) em Policiais Civis de Porto Alegre, Brasil. Métodos: Estudo misto, sequencial e exploratório. A amostra foi de 237 policiais para a etapa quantitativa e de 20 para a etapa qualitativa. O instrumento de pesquisa continha dados gerais do trabalhador e do estilo de vida, informações laborais e o Self-Reporting Questionnaire-20. Na etapa qualitativa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e análise temática. Para os dados quantitativos, utilizou-se estatística descritiva e inferencial. Resultados: A prevalência de distúrbios psiquiátricos menores foi de 26,2% (n = 62). As variáveis ritmo de trabalho acelerado (RP = 1,535; IC95% = 0,911-2,605), tratamento de saúde (RP = 1,752; IC95% = 0,987-3,010) e tratamento psicológico (RP = 2,704; IC95% = 1,604-4,516) associaram-se a maior prevalência de DPM. Os policiais com maior motivação no trabalho (RP = 0,721; IC95% = 0,579-0,897), mais de oito horas de sono por dia (RP = 0,747; IC95% = 0,574-0,971), alimentação saudável (RP = 0,545; IC95% = 0,320-0,946) e com filhos (RP = 0,731; IC95% = 0,523-0,986) associaram-se a menor prevalência de DPM. Na etapa qualitativa, emergiram duas categorias e quatro subcategorias relacionadas ao contexto de trabalho e às mudanças psiquiátricas nos policiais: “Contexto de trabalho da Polícia Civil” e “Trabalho e mudanças psiquiátricas”. Conclusão: Evidenciou-se a alta prevalência de DPM, bem como sua associação com o contexto de trabalho.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To analyze the association between the work context and the presence of Minor Psychiatric Disorders (MPD) in Civil Police officers from Porto Alegre, Brazil. Methods: This is a mixed, sequential and exploratory study. The sample was constituted by 237 police officers for the quantitative stage, and 20 for the qualitative stage. General worker's data, lifestyle and information about the work were asked, and the Self-Report Questionnaire-20 instrument was applied. In the qualitative stage, semi-structured interviews and thematic analysis were carried out. For quantitative data, descriptive and inferential statistics were used. Results: The prevalence of minor psychiatric disorders was 26.2% (n = 62). Accelerated work pace (PR = 1.535; 95%CI = 0.911-2.605), health treatment (PR = 1.752; 95%CI = 0.987-3.010) and psychological treatment (PR = 2.704; 95%CI = 1.604-4.516) were associated with a higher prevalence of MPD. While, police officers with the following characteristics: most motivation at work (PR = 0.721; 95%CI = 0.579-0.897), more eight hours of sleep per day (PR = 0.747; 95%CI = 0.574-0.971), healthy eating (PR = 0.545; 95%CI = 0.320-0.946) and having children (PR = 0.731; 95%CI = 0.523-0.986) were associated with a lower prevalence of MPD. In the qualitative stage, two categories and four subcategories emerged related to the work context and the psychiatric changes in the police officers: “Work context of the Civil Police” and “Work and psychiatric changes”. Conclusion: A high prevalence of MPDs was evidenced, as well as their association with the work context.
  • Síndrome de burnout em profissionais de enfermagem de unidade de pronto atendimento e de terapia intensiva Original Article

    Paes, Jéssica Loubak; Tonon, Martina Mesquita; Ignácio, Zuleide Maria; Tonin, Paula Teresinha

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Identificar a existência da síndrome de burnout entre os profissionais de enfermagem de pronto atendimento e unidade de terapia intensiva adulto do Hospital Universitário de Maringá. Métodos: Trata-se de pesquisa exploratória, descritiva e de abordagem quantitativa. O estudo foi desenvolvido por meio da aplicação de um questionário contendo 22 questões do instrumento Maslach Burnout Inventory, o qual identifica as dimensões sintomatológicas da síndrome de burnout. A análise dos dados do instrumento Maslach Burnout Inventory foi realizada por meio do somatório de cada dimensão (exaustão emocional, despersonalização e realização profissional) de cada questionário, separadamente, de acordo com as respostas que o profissional de enfermagem respondeu em cada questão. Os valores obtidos foram comparados com os valores de referência do Núcleo de Estudos Avançados sobre a Síndrome de Burnout. Resultados: Constatou-se que 31,36% dos profissionais de enfermagem do pronto atendimento do Hospital Universitário de Maringá apresentaram alta exaustão emocional, 30,92%, baixa realização profissional e 39,25%, alta despersonalização. Com relação aos profissionais de enfermagem da unidade de terapia intensiva adulto, 36,36% apresentaram alta exaustão emocional, 36,36%, baixa realização profissional e 22,73%, apresentaram alta despersonalização. Conclusão: Os resultados sugerem que o setor de unidade de terapia intensiva adulto do período matutino é o maior estressor e com maior probabilidade de os profissionais desenvolverem a síndrome de burnout.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To identify the presence of burnout syndrome among nursing professionals in the emergency room and intensive care unit for adults of the University Hospital of Maringá. Methods: This is an exploratory and descriptive research study with a quantitative approach. It was developed by applying a questionnaire containing 22 questions from the Maslach Burnout Inventory instrument, which identifies the symptomatology dimensions of the burnout syndrome. Data analysis of the Maslach Burnout Inventory instrument was performed by adding up each dimension (Emotional Exhaustion, Depersonalization and Professional Fulfillment) of each questionnaire separately, according to the nursing professional's answers to each question. The values obtained were compared to the reference values of the Nucleus for Advanced Studies on Burnout Syndrome. Results: It was found that 31.36% of the nursing professionals at the University Hospital of Maringá emergency room had high Emotional Exhaustion, 30.92% had low Professional Fulfillment, and 39.25% had high Depersonalization. Regarding the nursing professionals in the Intensive Care Unit for Adults, 36.36% had high Emotional Exhaustion, 36.36% had low Professional Fulfillment, and 22.73% had high Depersonalization. Conclusion: The findings suggest that the Intensive Care Unit for Adults in the morning shift is the highest stressor and with a greater probability of the professionals developing burnout syndrome.
  • Famílias, gênero e hospitalizações psiquiátricas compulsórias Original Article

    Horta, Rogério Lessa; Lucini, Thaís Caroline Guedes; Perdonssini, Laura de Brizola; Sette, Talia Greici; Guimarães, Dalton; Guterres, Natacha Rocha; Tieppo, Gabriela Roldo; Eggers, Ana Laura; Dalpiaz, Luíza de Souza; Strey, Marlene Neves

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Os papéis relacionados a cuidados nos grupos familiares têm sido, historicamente, uma atribuição de mulheres. Este artigo aborda as especificidades de gênero no cuidado com pacientes no contexto de avaliações por demandas de hospitalizações psiquiátricas compulsórias, a fim de verificar se, nesse contexto, as tarefas de cuidado são, ainda, atribuídas predominantemente a mulheres. Métodos: Este é um estudo observacional, descritivo, de casos múltiplos, que acompanhou 80 atendimentos de famílias em avaliações em processos de hospitalização psiquiátrica compulsória de junho de 2020 a fevereiro de 2022, no município de Alvorada-RS. Resultados: Mulheres estiveram diretamente envolvidas, como requerentes, em 78% dos casos. Em apenas 18 atendimentos não havia mulheres presentes como acompanhantes, mas 14 desses casos não tiveram qualquer rede familiar ou social identificada. A participação predominante de mulheres não pode ser associada à renda do familiar e nem a características dos pacientes ou de sua condição clínica. Em análise de entrevistas de seguimento com familiares, reitera-se que o ato de cuidar se mantém atribuído às mulheres. O acúmulo de papéis a serem desempenhados também foi evidenciado. Conclusões: A delegação do cuidado gera sobrecarga nas mulheres, gerando sentimentos como medo, apreensão e insegurança. Capacitação e sensibilização de equipes para um olhar sistêmico e de gênero, propondo ativamente a inclusão de demais familiares e redistribuição de tarefas, parece fazer parte das possibilidades de cuidado com quem cuida também nesse contexto.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: Care roles in family groups have historically been assigned to women. This paper addresses gender specificities in patient care in the context of assessments due to compulsory psychiatric hospitalizations, in order to verify whether, in this context, care tasks are still predominantly assigned to women. Methods: This is an observational, descriptive, multiple-case study that followed 80 family visits in evaluations in compulsory psychiatric hospitalization processes from June 2020 to February 2022, in the city of Alvorada-RS. Results: Women were directly involved, as applicants, in 78% of cases. In only 18 consultations there were no women present as companions, but 14 of these cases did not have any family or social network identified. The predominant participation of women can not be associated with family income or characteristics of patients or their clinical condition. In the analysis of follow-up interviews with family members, it is reiterated that the act of caring remains attributed to women. The accumulation of roles to be performed was also evidenced. Conclusions: the delegation of care generates overload in women, generating feelings such as fear, apprehension and insecurity. Training and sensitization of teams for a systemic and gender perspective, actively proposing the inclusion of other family members and the redistribution of tasks, seems to be part of a possible caregivers caring strategy also in this context.
  • Prevalência de transtornos mentais em profissionais de saúde durante a pandemia da COVID-19: revisão sistemática Review

    Oliveira, Fabrício Emanuel Soares de; Costa, Samuel Trezena; Dias, Verônica Oliveira; Martelli Júnior, Hercilio; Martelli, Daniella Reis Barbosa

    Resumo em Português:

    RESUMO Objetivo: Realizar uma revisão sistemática da literatura avaliando a prevalência de transtornos mentais em profissionais da saúde durante a pandemia da COVID-19. Métodos: Trata-se de revisão sistemática conduzida com base no checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). As bases de dados usadas foram a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e os serviços da United States National Library of Medicine (NLM) via PubMed, com as estratégias de busca: “COVID-19” AND “Saúde mental”; “COVID-19” AND “Saúde mental” AND “pessoal de saúde”, em português e inglês, selecionando artigos observacionais e/ou de prevalência publicados a partir de 2020. Resultados: A busca resultou na identificação de 18.643 artigos, e a amostra final foi composta por 9 artigos. Os sintomas mais frequentes foram os de depressão, ansiedade e insônia em profissionais que atuaram no período da pandemia da COVID-19, predominantemente do sexo feminino e idade média de 34,5 anos. A média da prevalência de ansiedade, depressão e insônia foi, respectivamente, de 40,3%, 39,9% e 36,1%, aferidas em 8.866 profissionais da saúde. Os profissionais atuantes na linha de frente no combate à COVID-19 apresentaram maiores prevalências de transtornos mentais comuns em relação a outros profissionais de saúde. Conclusões: Mostraram-se associadas a maiores prevalências de sintomas de TMC: sexo feminino, atuação na linha de frente, maior jornada de trabalho, histórico de uso de medicamentos psicotrópicos, condições inadequadas de trabalho, uso de álcool e tabaco e atuação na área de enfermagem. Observa-se a importância de estratégias de atenção à saúde mental dos profissionais de saúde.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To conduct a systematic review of the literature evaluating the prevalence of mental disorders in health professionals during the COVID-19 pandemic. Methods: This is a systematic review conducted based on the guidelines of the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) checklist. The databases used were the Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) and the services of the United States National Library of Medicine (NLM) via PubMed, with the search strategies: “COVID-19” AND “Mental health”; “COVID-19” AND “Mental health” AND “health personnel”, in Portuguese and English, selecting observational and/or prevalence articles published from 2020 onwards. Results: The search resulted in the identification of 18,643 articles, and the final sample consisted of 9 articles. The most frequently evaluated symptoms were symptoms of depression, anxiety and insomnia in professionals who worked during the COVID-19 pandemic period, predominantly female and mean age of 34.5 years. The average prevalence of anxiety, depression and insomnia was respectively 40.3%, 39.9% and 36.1%, measured in 8,866 health professionals. Health professionals working on the front line in the fight against Covid-19 had higher prevalence of common mental disorders in relation to other health professionals. Conclusions: The following were associated with a higher prevalence of CMD symptoms: female sex, frontline work, longer working hours, history of psychotropic medication use, inadequate working conditions, use of alcohol and tobacco, and work in the nursing field. The importance of mental health care strategies for health professionals is observed.
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