Acessibilidade / Reportar erro

A interação entre hospitais universitários e os institutos de pesquisa e o papel da LBE no apoio a jovens pesquisadores

Collaboration between university hospitals and research institutes and the role of the Brazilian League of Epilepsy in supporting young investigators

Resumos

INTRODUÇÃO: As pesquisas aplicadas ao diagnóstico, às intervenções médicas e aos ensaios clínicos em epilepsia tem como objetivos o desenvolvimento de processos e produtos destinados ao sistema de saúde, a pesquisa operacional que visem baixar o custo do diagnóstico e do tratamento, aumentar o conhecimento em relação aos tratamentos em desenvolvimento (fronteira do conhecimento) e de desenvolver/aperfeiçoar ferramentas de prevenção e controle. Há necessidade de estimular o desenvolvimento destas pesquisas principalmente nos Hospitais Universitários e Institutos de Pesquisa bem como de atrair e estimular a formação de novos pesquisadores. OBJETIVOS: Apresentar um modelo de interação entre o Hospital Universitário São Lucas e o Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS e propor ações patrocinadas pela LBE que incentivam o desenvolvimento científico de jovens pesquisadores voltados à pesquisa em epileptologia. CONCLUSÃO: A pesquisa com orientação clínica depende de interação da pesquisa experimental e clínica, do estabelecimento de redes de pesquisa e da formação continuada de novos pesquisadores. Esta necessidade crescente de desenvolvimento de pesquisas com orientação clínica remete a algumas ações lideradas pela LBE com o objetivo de identificar novos talentos e apoiar as iniciativas educacionais nesta área.

pesquisa clínica; institutos de pesquisa; hospitais universitários; epilepsia


INTRODUCTION: Growing gap between clinical and basic research, along with the increasing complexities of these researches, are making it more difficult to translate new knowledge to the clinic. These challenges are limiting professional interest in the field and hampering the clinical research at a time when it should be expanding. It is necessary to develop intensive collaboration between University Hospital and Research Institutes. On the other hand, the Brazilian League of Epilepsy could play a key role in identify and attract undergraduating and graduating students for epilepsy research. OBJECTIVE: To present a model of interaction between University Hospital and Research Institute and to discuss the need of new young investigators in the growing field of epilepsy research. CONCLUSION: It is important to develop a program with significant Brazilian League of epilepsy support that could identify and attract new young investigators for epilepsy research.

clinical research; Research Institutes; University Hospitals; epilepsy


FÓRUM DE EPILEPSIAS E XXX REUNIÃO DA LIGA BRASILEIRA DE EPILEPSIA

TRABALHOS APRESENTADOS

A Interação entre Hospitais Universitários e os Institutos de Pesquisa e o Papel da LBE no Apoio a Jovens Pesquisadores

Collaboration between University Hospitals and Research Institutes and the Role of the Brazilian League of Epilepsy in supporting young investigators

Jaderson Costa da Costa

Departamento de Medicina Interna da FAMED e Instituto de Pesquisas Biomédicas, PUCRS

Diretor do Instituto de Pesquisas Biomédicas, PUCRS. Diretor executivo do JECN

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Jaderson Costa da Costa Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS Hospital São Lucas Av. Ipiranga, 6690 – 2º Andar CEP 90610-000, Porto Alegre, RS, Brasil E-mail: jcc@pucrs.br

RESUMO

INTRODUÇÃO: As pesquisas aplicadas ao diagnóstico, às intervenções médicas e aos ensaios clínicos em epilepsia tem como objetivos o desenvolvimento de processos e produtos destinados ao sistema de saúde, a pesquisa operacional que visem baixar o custo do diagnóstico e do tratamento, aumentar o conhecimento em relação aos tratamentos em desenvolvimento (fronteira do conhecimento) e de desenvolver/aperfeiçoar ferramentas de prevenção e controle. Há necessidade de estimular o desenvolvimento destas pesquisas principalmente nos Hospitais Universitários e Institutos de Pesquisa bem como de atrair e estimular a formação de novos pesquisadores.

OBJETIVOS: Apresentar um modelo de interação entre o Hospital Universitário São Lucas e o Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS e propor ações patrocinadas pela LBE que incentivam o desenvolvimento científico de jovens pesquisadores voltados à pesquisa em epileptologia.

CONCLUSÃO: A pesquisa com orientação clínica depende de interação da pesquisa experimental e clínica, do estabelecimento de redes de pesquisa e da formação continuada de novos pesquisadores. Esta necessidade crescente de desenvolvimento de pesquisas com orientação clínica remete a algumas ações lideradas pela LBE com o objetivo de identificar novos talentos e apoiar as iniciativas educacionais nesta área.

Unitermos: pesquisa clínica, institutos de pesquisa, hospitais universitários, epilepsia

ABSTRACT

INTRODUCTION: Growing gap between clinical and basic research, along with the increasing complexities of these researches, are making it more difficult to translate new knowledge to the clinic. These challenges are limiting professional interest in the field and hampering the clinical research at a time when it should be expanding. It is necessary to develop intensive collaboration between University Hospital and Research Institutes. On the other hand, the Brazilian League of Epilepsy could play a key role in identify and attract undergraduating and graduating students for epilepsy research.

OBJECTIVE: To present a model of interaction between University Hospital and Research Institute and to discuss the need of new young investigators in the growing field of epilepsy research.

CONCLUSION: It is important to develop a program with significant Brazilian League of epilepsy support that could identify and attract new young investigators for epilepsy research.

Key words: clinical research, Research Institutes, University Hospitals, epilepsy.

Neste momento lembro um trecho de uma carta do Mário de Andrade ao escritor Guilherme Figueiredo, onde diz que "deveria ao escrever um artigo para um jornal, escrevê-lo como se fosse um livro". Assim, deveriam ser as conferências, proferidas e escritas como se fosse um livro... Infelizmente, perdi (ou nunca tive) esta disciplina, e tenho muita dificuldade de transformar o dito no escrito!

Há um consenso mundial de que o desenvolvimento das nações depende de sua capacidade científica e tecnológica. O desenvolvimento da medicina certamente segue estes passos. Inicialmente gostaria de discorrer sobre as modalidades de Pesquisas com orientação Clínica. Estas pesquisas são direcionadas ao diagnóstico, às intervenções médicas e aos ensaios clínicos. Nesta categoria são incluídas a pesquisa fundamental (também denominada de básica ou experimental) e a pesquisa avaliativa. Esta última avalia com métodos científicos os fundamentos teóricos, a produtividade, a eficiência e os efeitos de uma intervenção assim como as relações existentes entre as intervenções e o contexto em que eles se situam com o objetivo de ajudar a tomada de decisão. Os objetivos destas pesquisas são:

• Desenvolvimento de processos e produtos destinados ao sistema de saúde;

• Pesquisa operacional que visem baixar o custo do diagnóstico e do tratamento;

• Aumentar o conhecimento em relação aos tratamentos em desenvolvimento (fronteira do conhecimento);

• Desenvolver/aperfeiçoar ferramentas de prevenção e controle.

A aproximação da pesquisa experimental da clínica com objetivos bem definidos como, por exemplo, a cura de uma determinada patologia tem hoje forte investimento em paises desenvolvidos(1).

Por outro lado há uma crescente complexidade das pesquisas experimentais e maior dificuldade em aplicar estes conhecimentos à solução de problemas clínicos. Nos centros desenvolvidos a cooperação dos laboratórios de pesquisa acadêmicos com a iniciativa privada tem procurado transferir o conhecimento obtido nas pesquisas experimentais para a clínica. No nosso país, esta atividade é incipiente e tímida! Nas Universidades é possível estabelecer cooperações com o objetivo de incorporar o conhecimento obtido experimentalmente, na atividade clínica. Um modelo que vivenciei nos últimos anos foi o do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS, inaugurado em 14.11.1997 e que surgiu de uma proposta de Interação da pesquisa básica e clínica, envolvendo as faculdades de Medicina, Farmácia, Biologia e o Instituto de Geriatria e Gerontologia. Iniciamos com modestos 700 m2 e 8 laboratórios; evoluímos em 5 anos para 1500 m2, 12 laboratórios e 3 Centros (Biologia Molecular e Funcional, Memória e Terapia Celular). Esta interação permitiu a aproximação da pesquisa experimental com a clínica, contribuindo para a formação de médicos-cientistas. Deve-se salientar que este modelo depende do aparelhamento de hospitais universitários que se dividem entre a assistência, ensino e pesquisa e que em muitas instituições estão sofrendo um processo de sucateamento por falta de investimentos suficientes(2)! Entretanto, com os avanços tecnológicos, os custos das pesquisas e o aprofundamento do conhecimento, há necessidade de interação maior com outros centros, procurando como superar o isolamento! Vamos começar com Confúcio.

"Você me acha um homem lido, instruído?

‘Com certeza’, respondeu Zi-gong. ‘Não é?’

‘De jeito nenhum’, replicou Confúcio.

Simplesmente consegui achar o fio da meada"(3).

Segundo Castells(3), as funções e os processos dominantes, na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes. E assim parece ser o futuro da Ciência e Tecnologia em redes. Este parece ser o caminho a seguir!

A Complexidade destas pesquisas, a dificuldade de transferir o conhecimento e a falta de recursos para nos tornar competitivo em pesquisa de ponta, tem, por um lado, afastado jovens destas pesquisas e por outro lado, não existem recursos suficientes para o desenvolvimento e estímulo a novos talentos. A LBE deve ter um papel fundamental no estímulo à formação de jovens pesquisadores em epileptologia e a colaboração entre os diversos grupos de pesquisa. Encaminho à LBE as seguintes suges­tões:

1. Constituição de uma Rede de Pesquisa em epileptologia, passando pelas seguintes etapas:

• Identificação dos grupos com interesses específicos;

• Levantamento das pesquisas brasileiras em epileptologia.

2. Estabelecimento de uma política de incentivo aos jovens estudantes de graduação e pós-graduação, com as seguintes ações:

• Liberação de inscrições para os alunos que apresentarem trabalho de pesquisa nos eventos científicos da LBE;

• Premiação dos melhores trabalhos de pesquisa apresentados nos congressos da LBE.

3. Desenvolver uma política de formação de jovens pesquisadores estabelecendo:

• Cursos para jovens pesquisadores com a participação dos próprios pós-graduandos como conferencistas;

• Cursos práticos (hands-on) para o ensino de novas técnicas de investigação;

• Promover a interação entre alunos de pós-graduação e destes com a ILAE

4. Divulgar as atividades de pesquisa nos seguintes meios:

• Na homepage da LBE (www.epilepsia.org.br), mantendo uma secção: "Novidades em Pesqui­sa" (Research News);

• No JECN.

5. Levantamento de "quanto somos e quem somos" em pesquisa epileptológica.

Para o estabelecimento destas ações, sugerimos a constituição de uma Comissão da LBE para organização deste programa. Os recursos financeiros poderiam ser obtidos na indústria farmacêutica (grant educacional), iniciativa privada e na própria ILAE. A LBE poderia destinar um valor inicial para iniciar este programa

Received November 20, 2005; accepted Dec. 20, 2005.

  • 1. Stokstad, E. From Junk Bond King to cancer crusader. Science. 1999;283:1100-3.
  • 2. Martin JB. A threat to biomedical research. Science. 1999;285:1671.
  • 3. Castells M. A era da informaçăo: economia, sociedade e cultura. Vol. I: A sociedade em rede. Săo Paulo: Paz e Terra; 2001.
  • Endereço para correspondência:
    Jaderson Costa da Costa
    Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS
    Hospital São Lucas
    Av. Ipiranga, 6690 – 2º Andar
    CEP 90610-000, Porto Alegre, RS, Brasil
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Jun 2008
    • Data do Fascículo
      Dez 2005

    Histórico

    • Recebido
      20 Nov 2005
    • Aceito
      20 Dez 2005
    Liga Brasileira de Epilepsia (LBE) Av. Montenegro, 186 sala 505 - Petrópolis, 90460-160 Porto Alegre - RS, Tel. Fax.: +55 51 3331 0161 - Porto Alegre - RS - Brazil
    E-mail: jecnpoa@terra.com.br