Acessibilidade / Reportar erro

Avaliação dinâmica em epilepsias parciais utilizando imagens por ressonância magnética (RM) de alta resolução de rotina e reconstrução multiplanar (RMP)

Objetivo: Investigar a presença e tipo de lesões em pacientes com epilepsias parciais utilizando imagens por ressonância magnética (RM) de alta resolução de rotina e reconstrução multiplanar (RMP) e correlacionar as anormalidades com semiologia e EEG. Casuística e métodos: Estudamos 100 pacientes consecutivos acompanhados no serviço de epilepsia com diagnóstico de epilepsia parcial que foram submetidos ao exame de RM. O protocolo de RM incluiu imagens sagitais ponderadas em T1 de 6 mm, axiais ponderadas em T1 e T2 de 3-4 mm, coronais ponderadas em T1-inversion recovery e ponderadas em T2 de 3 mm, que foram impressas em filmes radiográficos para análise de rotina. Além disso, todos exames de RM incluíram aquisição volumétrica (3D) ponderada em T1-gradiente echo com voxel isotrópico (1-1.5 mm) para RMP. As RMs foram examinadas em duas ocasiões diferentes: primeiro utilizando apenas imagens impressas em filmes, sem as imagens 3D, e depois em uma estação de trabalho quando todas imagens estavam disponíveis, incluindo RMP, sem conhecimento prévio das informações clínicas ou da análise anterior da RM. Os dados clínicos e de EEG foram tabulados independentemente, e os resultados foram comparados utilizando teste do quiquadrado ou teste de Fisher quando apropriado. Resultados: A casuística incluiu 65 mulheres e 35 homens. A idade media foi de 23.9 (± 5.7) anos e a idade média de início de crises recorrentes foi de 9.9 (± 0.8) anos. Os pacientes foram divididos em 10 grupos de acordo com a classificação do tipo de lesão estrutural estabelecida pela análise de RM em estação de trabalho com RMP. Esclerose mesial temporal (EMT) foi o maior grupo (40%). Os fatores de risco mais freqüentes foram história familiar de crises (23%), trauma de crânio (10%), anóxia perinatal (5%) e infecção (9%). Análise “dinâmica” de RM incluindo cortes coronais finos e RMP em uma estação de trabalho permitiu uma maior detecção de anormalidades em comparação com análise tradicional em filmes radiográficos (94% versus 80%) (p < 0.05). As lesões não detectadas na análise com filmes radiográficos foram displasia cortical focal e formas sutis de EMT. Houve uma boa concordância entre anormalidades detectadas pela RM e achados clínicos e de EEG. Conclusão: RM incluindo cortes coronais finos e uma análise “dinâmica” em uma estação de trabalho com RMP permitiu um aumento significativo na detecção de lesões em comparação com análise tradicional utilizando filmes radiográficos (94% versus 80%). Pacientes com epilepsia parcial e RM “normal” precisam ser investigados com RM incluindo cortes finos e pós-processamento de aquisições volumétricas que permitem RMP.

ressonância magnética; crises parciais; epilepsia parcial; displasia cortical; esclerose mesial temporal; lesões


Liga Brasileira de Epilepsia (LBE) Av. Montenegro, 186 sala 505 - Petrópolis, 90460-160 Porto Alegre - RS, Tel. Fax.: +55 51 3331 0161 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: jecnpoa@terra.com.br