RESUMO
Objetivo:
Descrever a epidemiologia e as características clínicas da pancreatite aguda e da pancreatite aguda recorrente em crianças.
Métodos:
Estudo observacional e retrospectivo com um componente analítico. Os pacientes foram classificados em dois grupos: pancreatite aguda e pancreatite recorrente. A relação com cada parâmetro obtido foi analisada com o teste de qui-quadrado, teste t de Student ou teste U de Mann-Whitney.
Resultados:
Foram analisados 130 pacientes com pancreatite aguda; pancreatite recorrente foi diagnosticada em 23,8% dos casos. As causas mais frequentes foram anatômicas (29,6%), farmacológicas (19,2%) e biliares (14,6%), embora em 29,2% a etiologia não tenha sido identificada. O jejum durou 3,5 ± 3,8 dias e a nutrição parenteral foi indicada em 26,9% dos casos por 10,8 ± 11,3 dias. Uma associação estatística com causas anatômicas (p = 0,02) e farmacológicas (p = 0,01) foi encontrada no grupo com pancreatite recorrente; não foram observadas outras diferenças entre os grupos pancreatite aguda e pancreatite recorrente. A taxa de mortalidade foi de 3,1% e nenhum caso foi atribuível à pancreatite aguda.
Conclusão:
A pancreatite aguda está associada à alta frequência de pancreatite aguda recorrente. A gravidade e as complicações não apresentaram diferenças estatísticas nesta investigação. Etiologias anatômicas foram a causa mais relevante nesta coorte. O tempo de jejum e o uso de nutrição parenteral foram relevantes. Testes genéticos são necessários em nossas populações.
Palavras-chave
Pancreatite; Pediatria; Recorrência; Nutrição enteral