Acessibilidade / Reportar erro

Efeito do nascimento prematuro no desenvolvimento motor, comportamento e de-sempenho de crianças em idade escolar: revisão sistemática Como citar este artigo: Moreira RS, Magalhães LC, Alves CR. Effect of preterm birth on motor development, behavior, and school performance of school-age children: a systematic review. J Pediatr (Rio J). 2014;90:119-34. , ☆ ☆ ☆☆Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

Resumos

OBJETIVOS:

examinar e sintetizar o conhecimento da literatura sobre os efeitos do nascimento prematuro no desenvolvimento de crianças em idade escolar.

FONTES DE DADOS:

revisão sistemática de estudos dos últimos 10 anos indexados nas bases de dados Medline/Pubmed; Medline/BVS; Lilacs/BVS; IBECS/BVS; Cochrane/BVS; Cinahl; Web of Science; Scopus e PsycNET, em três línguas (português, espanhol e inglês). Foram incluídos estudos observacionais e experimentais que avaliaram o desenvolvimento motor e/ou comportamento e/ou desempenho escolar e que tinham como população-alvo crianças prematuras na faixa etária de oito a 10 anos. A qualidade dos artigos foi avaliada pelas escalas STROBE e PEDro e utilizou-se ainda, como critério de exclusão, artigos que não atingissem uma pontuação correspondente a 80% ou mais nos itens das referidas escalas.

SíNTESE DE DADOS:

a busca eletrônica identificou 3.153 artigos, sendo que 33 foram incluídos a partir dos critérios de elegibilidade. Apenas quatro estudos não encontraram qualquer efeito da prematuridade sobre os desfechos pesquisados (dois artigos sobre o comportamento, um sobre desempenho motor e um sobre desempenho escolar). Dentre os desfechos de interesse, o comportamento foi o mais pesquisado (20 artigos/61%) seguido do desempenho escolar (16/48%) e dos problemas motores (11/33%).

CONCLUSÃO:

crianças prematuras são mais susceptíveis a prejuízos no desenvolvimento nas áreas motoras, de comportamento e de desempenho escolar em longo prazo quando comparadas a crianças nascidas a termo. Portanto, esses diferentes tipos de agravos, cujos efeitos se manifestam, em longo prazo, podem ser prevenidos precocemente através de orientação dos pais, acompanhamento dos profissionais especializados e intervenção.

Nascimento prematuro; Destreza motora; Comportamento; Transtornos de aprendizagem


OBJECTIVES:

to examine and synthesize the available knowledge in the literature about the effects of preterm birth on the development of school-age children.

SOURCES:

This was a systematic review of studies published in the past ten years indexed in MEDLINE/Pubmed, MEDLINE/BVS; LILACS/BVS; IBECS/BVS; Cochrane/BVS, CINAHL, Web of Science, Scopus, and PsycNET in three languages (Portuguese, Spanish, and English). Observational and experimental studies that assessed motor development and/or behavior and/or academic performance and whose target-population consisted of preterm children aged 8 to 10 years were included. Article quality was assessed by the Strengthening the reporting of observational studies in epidemiology (STROBE) and Physiotherapy Evidence Database (PEDro) scales; articles that did not achieve a score of 80% or more were excluded.

SUMMARY OF FINDINGS:

the electronic search identified 3,153 articles, of which 33 were included based on the eligibility criteria. Only four studies found no effect of prematurity on the outcomes (two articles on behavior, one on motor performance and one on academic performance). Among the outcomes of interest, behavior was the most searched (20 articles, 61%), followed by academic performance (16 articles, 48%) and motor impairment (11 articles, 33%).

CONCLUSION:

premature infants are more susceptible to motor development, behavior and academic performance impairment when compared to term infants. These types of impairments, whose effects are manifested in the long term, can be prevented through early parental guidance, monitoring by specialized professionals, and interventions.

Premature birth; Dexterity; Behavior; Learning disorders


Introdução

O nascimento prematuro tem sido alvo de preocupação de familiares, profissionais e gestores da área da saúde na medida em que a detecção precoce de suas consequências pode facilitar a intervenção terapêutica e minimizar sequelas futuras. Dessa forma, foram criados programas de acompanhamento de crianças prematuras, que se estendem, em sua maioria, até os dois anos de idade apenas, e são direcionados principalmente para a detecção de incapacidades graves, como a paralisia cerebral.11.Charkaluk ML, Truffert P, Marchand-Martin L, Mur S, Kaminski M, Ancel PY, et-al. Very preterm children free of disability or delay at age 2: predictors of schooling at age 8: a population-basedlongitudinal study. Early Hum Dev. 2011;87:297-302. Essa política de seguimento sugere não estar baseada em evidências, já que um pequeno número de prematuros desenvolve sequelas graves; contudo, muitos terão limitações e restrições sociais ao longo da vida, por apresentarem dificuldades discretas em habilidades motoras, de comportamento, no desempenho escolar, na linguagem, dentre outras, e muitas vezes não receberão um diagnóstico específico.22.Rademaker KJ, Lam JN, Van Haastert IC, Uiterwaal CS, Lieftink AF, Groenendaal F, et-al. Larger corpus callosum size with better motor performance in prematurely born children. Semin Perinatol. 2004;28:279-87.

Sabe-se que programas de seguimento mais extensos demandam tempo e gastos com a equipe de saúde. A internação durante o período neonatal tem um custo elevado,33.Chyi LJ, Lee HC, Hintz SR, Gould JB, Sutcliffe TL. School outcomes of late preterm infants: special needs and challenges for infants born at 32 to 36 weeks gestation. J Pediatr. 2008;153:25-31. mas não se pode subestimar o impacto econômico e social, a longo prazo, dos desfechos dessas crianças nos diferentes setores da sociedade. Apesar de programas de prevenção e intervenção demandarem um alto investimento, e em um período curto, com o tempo, pode-se reduzir significativamente os custos relacionados à necessidade de escola especial e de assistência social, além de diminuir índices de repetência escolar.44. National Scientific Council on the Developing, Child.

Crianças prematuras carregam um histórico de vulnerabilidade biológica, tendo um risco maior de apresentarem problemas de desenvolvimento. Muitas dessas crianças, consideradas "aparentemente normais", exibem mais dificuldades escolares, além de mostrarem pior repertório motor e problemas de comportamento, quando comparadas a crianças nascidas a termo.55.Jeyaseelan D, O'Callaghan M, Neulinger K, Shum D, Burns Y. The association between early minor motor difficulties in extreme low birth weight infants and school age attentional difficulties. Early Hum Dev. 2006;82:249-55. , 66.Kirkegaard I, Obel C, Hedegaard M, Henriksen TB. Gestational age and birth weight in relation to school performance of 10-year-old children: a follow-up study of children born after 32completed weeks. Pediatrics. 2006;118:1600-6. Deve-se considerar que, em muitos casos, os prematuros podem estar expostos a múltiplos riscos, e que o contexto em que estão inseridos pode ser decisivo para efeitos positivos ou negativos em seu desenvolvimento.77.Vieira ME, Linhares MB. Developmental outcomes and quality of life in children born preterm at preschool- and school-age. JPediatr (Rio J). 2011;87:281-91. Pesquisas em todo o mundo têm demonstrado preocupação com os efeitos a longo prazo do nascimento prematuro. Esse receio deveria se estender também aos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil, na medida em que as condições precárias de vida podem se tornar um agravante da vulnerabilidade biológica.44. National Scientific Council on the Developing, Child. Contudo, há poucos estudos nacionais que se dedicam a investigar o desenvolvimento dessas crianças em idade escolar.88.Linhares MB, Chimello JT, Bordin MB, Carvalho AE, Martinez FE. Psychological development of school-aged children bornpreterm in comparison with children born full-term. PsicolReflex Crit. 2005;18:109-17.

Mesmo com os avanços tecnológicos da neonatologia e o aumento da sobrevida de crianças nascidas prematuras, ainda há lacunas de conhecimento nesta área a serem pesquisadas. Estudos envolvendo prematuros em idade escolar apresentam limitações importantes, como diferentes instrumentos de medida, amostras pequenas, heterogêneas e não representativas da população, pouco ou nenhum detalhamento de características clínicas e sociodemográficas, grupos de comparação inadequados, dentre outros.99.Casey PH, Whiteside-Mansell L, Barrett K, Bradley RH, Gargus R. Impact of prenatal and/or postnatal growth problems in low birth weight preterm infants on school-age outcomes: an 8-yearlongitudinal evaluation. Pediatrics. 2006;118:1078-86. , 1010.Svien LR. Health-. related fitness of seven-: to 10-year-oldchildren with histories of preterm birth. Pediatr Phys Ther.2003;15:74-83. Isso faz com que a influência de variáveis perinatais e os efeitos cumulativos dos múltiplos fatores de risco no curso do desenvolvimento permaneçam sem comprovação. É essencial conhecer a relação entre a prematuridade e o desempenho futuro de crianças nascidas prematuras, a fim de elucidar as possíveis consequências da prematuridade nos diversos aspectos da vida dessas crianças, tais como saúde, escolaridade, etc.

Tendo em vista a importância do acompanhamento do desenvolvimento de crianças em situação de vulnerabilidade, o objetivo do presente estudo foi examinar e sintetizar o conhecimento disponível na literatura sobre os efeitos do nascimento prematuro no desenvolvimento de crianças em idade escolar (8 a 10 anos).

Métodos

O presente trabalho faz uma revisão sistemática da literatura existente, seguindo as recomendações da Cochrane Library 1111.The Cochrane Library. John Wiley & Sons, Inc. [cited 2012 Aug 5]. Available from: www.thecochranelibrary.com.
Available from: www.thecochranelibrary.c...
e do PRISMA.1212.Liberati A, Altman DG, Tetzlaff J, Mulrow C, Gøtzsche PC, Ioannidis JP, et-al. The PRISMA statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of studies that evaluatehealth care interventions: explanation and elaboration. PLoSMed. 2009;6:e1000100. Os estudos foram selecionados por meio de busca eletrônica nas bases de dados Medline/Pubmed, Medline/BVS, Lilacs/BVS, IBECS/BVS, Cochrane/BVS, Cinahl, Web of Science, Scopus e PsycNET. A estratégia de busca nas bases de dados eletrônicas incluiu pesquisas publicadas nos últimos 10 anos (janeiro de 2002 a fevereiro de 2012), em três idiomas (português, espanhol e inglês). Foram incluídos estudos observacionais (transversais, caso-controle e coorte) e experimentais (ensaios clínicos aleatórios, randomizados ou quase randomizados). Foram excluídos estudos do tipo revisão de literatura ou sistemática, cartas, editoriais e relatos de caso. Foram considerados somente estudos que avaliaram o desenvolvimento motor e/ou o comportamento e/ou o desempenho escolar, e que tinham como população-alvo crianças nascidas prematuras n a faixa etária de oito a 10 anos.

A qualidade dos artigos foi avaliada pelas escalas STROBE e PEDro, e devido à grande quantidade e variabilidade da qualidade metodológica dos artigos localizados, utilizou-se ainda, como critério de exclusão, artigos que não atingissem pelo menos uma pontuação correspondente a 80% nos itens estabelecidos pelas referidas escalas.1313.Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saude Publica. 2010;44:559-65. Os descritores utilizados variaram de acordo com a base de dados pesquisada, e foram escolhidos mediante consulta aos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS): "prematuro, ambiente, família, desenvolvimento infantil, desempenho psicomotor, destreza motora, fatores socioeconômicos, transtorno de aprendizagem, comportamento infantil e transtorno de comportamento infantil".

A avaliação da elegibilidade e a análise da qualidade dos artigos foram realizadas por um único revisor independente. A avaliação da qualidade metodológica dos estudos experimentais foi realizada por meio da escala PEDro1414.Physiotherapy Evidence Database. Sydney: The George Institutefor Global Health; 2013 [cited 2012 May 4]. Available from: http://www.pedro.org.au/portuguese/
Available from: http://www.pedro.org.au/...
e dos estudos observacionais, com base nas recomendações STROBE (Strengthening the reporting of observational studies in epidemiology).1313.Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saude Publica. 2010;44:559-65. A escala PEDro é baseada na lista Delphi e foi criada pela Physiotherapy Evidence Database. É constituída de 11 itens, dos quais apenas aquele intitulado "especificação de critérios de inclusão" não é pontuado. Os itens da escala são: critérios de inclusão de sujeitos; alocação aleatória; sigilo na alocação; similaridade dos grupos na fase inicial; mascaramento dos sujeitos, do terapeuta e do avaliador; medida de pelo menos um resultado-chave; análise da intenção de tratar; resultados de comparação estatística entre grupos e relato de medidas de variabilidade; e precisão de pelo menos um desfecho. Cada critério vale um ponto. Estudos com pontuação menor que três são considerados de baixa qualidade metodológica.1515.Dodd KJ, Taylor NF, Damiano DL. A systematic review of the effectiveness of strength-training programs for people withcerebral palsy. Arch Phys Med Rehabil. 2002;83:1157-64. , 1616.Sampaio RF, Mancini MC. Systematic review studies: a guide for careful synthesis of the scientific evidence. Rev Bras Fisioter. 2007;11:77-82.

A lista de verificação STROBE foi recentemente traduzida e adaptada para o português. Contém 22 itens com aspectos que deveriam estar presentes nas diferentes partes de um artigo para aumentar a qualidade de estudos observacionais. Os itens ajudam a focar na qualidade do título e do resumo. Na introdução, a preocupação é com o contexto e os objetivos; já na metodologia, com o desenho do estudo, o contexto, os participantes, as variáveis, as fontes de dados/mensuração, o viés, o tamanho da amostra, as variáveis quantitativas e os métodos estatísticos usados. Na seção de resultados o foco é na qualidade da descrição dos participantes, dos dados descritivos, dos desfechos e resultados principais, enquanto que na discussão, os itens essenciais verificados são limitações, generalização e interpretação. Essa lista não foi desenvolvida com o objetivo de avaliar a qualidade metodológica do estudo, no entanto, vem sendo comumente usada no Brasil para esse fim.1313.Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saude Publica. 2010;44:559-65. , 1717.von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP, et-al. Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. BMJ. 2007;335:806-8. Pesquisadores brasileiros estabeleceram três categorias para classificar a qualidade dos artigos: A, caso o estudo preencha 80% ou mais dos critérios estabelecidos no STROBE; B, caso preencha de 50 a 79% dos critérios STROBE; e C, quando menos de 50% dos critérios forem preenchidos.1818.Mataratzis PS, Accioly E, Padilha PC. Micronutrient deficiency in children and adolescents with sickle cell anemia: a systematic review. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010;32:247-56. , 1919.Stocco JG, Crozeta K, Taminato M, Danski MT, Meier MJ. Evaluation of the mortality of neonates and children related to the use of central venous catheters: a systematic review. Acta Paul Enferm. 2012;25:90-5.

Para extração dos dados foi criado um formulário que incluía as seguintes variáveis: identificação do estudo (título e autores), ano de publicação, país de realização da pesquisa, desenho metodológico, objetivos, tamanho da amostra e suas características (idade gestacional e peso ao nascer), idade dos sujeitos, desfechos, instrumentos de avaliação, resultados/conclusões e escores STROBE/PEDro.

O presente estudo faz parte de um projeto mais amplo, denominado "Avaliação do desenvolvimento global de crianças em idade escolar, nascidas prematuras a partir de 2002 e acompanhadas no Ambulatório de Crianças de Risco do Hospital das Clínicas da UFMG (ACRIAR)", e que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (CAAE 0456.0.203.000-11).

Resultados

A busca eletrônica identificou 3.153 artigos nas diferentes bases de dados, sendo que somente 33 foram incluídos a partir dos critérios de elegibilidade. Foram excluídos 3.120 artigos por motivos diversos, tais como, repetições nas diferentes bases de dados, não estarem disponíveis nos meios eletrônicos/Portal Capes ou não atenderem aos critérios de elegibilidade, como, por exemplo, a faixa etária das crianças. Também foram eliminados aqueles que apresentaram baixo rigor metodológico. Foram excluídos 19 artigos por não estarem disponíveis no Portal Capes e não atenderem os critérios de inclusão deste estudo (12 avaliavam cognição, dois linguagem, três avaliavam crianças em diferentes faixas etárias e dois foram publicados em revistas de baixo impacto). Todos os artigos selecionados eram estudos observacionais (25 do tipo coorte, três do tipo caso-controle, quatro transversais e um estudo de análise de dados secundários provenientes de um estudo prospectivo) e obtiveram uma pontuação igual ou superior a 80% na escala STROBE (classificação A). Não houve estudos experimentais com pontuação superior a 80% na escala PEDro. A figura 1 mostra como ocorreu a seleção de artigos. Os resultados dos desfechos analisados (desempenho escolar, motor e comportamento) serão subdivididos em tópicos para facilitar a compreensão.

Figura 1
Diagrama de fluxo para seleção de artigos nas diferentes fases da revisão sistemática, Belo Horizonte, 2012.

A tabela 1 apresenta as características gerais dos estudos selecionados, incluindo ano e país de realização da pesquisa, tipo de estudo, população, idade das crianças e pontuação na escala STROBE.

Tabela 1
Características gerais dos estudos identificados, Belo Horizonte, 2012

Todos os artigos selecionados foram de trabalhos realizados em países desenvolvidos: Estados Unidos (12 artigos/36%); Austrália (seis artigos/18%); Holanda (cinco artigos/15%); seguidos pela Dinamarca e França (três artigos/9%); Suécia (dois artigos/6%); e, finalmente, Inglaterra e Canadá com um artigo cada, o que representa 3% dos artigos selecionados (tabela 1). Boa parte dos estudos selecionados (14 artigos/43%) é proveniente de grandes coortes reconhecidas internacionalmente.

A maioria dos estudos utilizados, 18 artigos (54%), referia-se a crianças nascidas abaixo de 32 semanas de gestação, enquanto 9% tinham como população-alvo prematuros de 32 a 36 semanas de gestação. Dentre as pesquisas, duas (6%) abrangeram as duas faixas de idade gestacional citadas anteriormente. Os outros 10 estudos (30%) não descreviam a idade gestacional ao nascimento, limitando-se a mencionar que as crianças selecionadas eram prematuras (< 37 semanas de gestação). O tamanho da amostra das pesquisas mostrou ampla variação, com mínimo de 14 e máximo de 67.543 prematuros avaliados (tabela 1).

As tabelas 2 e 3 apresentam os estudos analisados na presente revisão, além dos principais desfechos avaliados, os instrumentos utilizados e seus principais resultados/conclusões.

Tabela 2
Estudos de desenvolvimento motor de crianças nascidas prematuras e suas principais conclusões, Belo Horizonte, 2012
Tabela 3
Estudos de desempenho escolar e de comportamento de crianças nascidas prematuras e suas principais conclusões, Belo Horizonte, 2012

Foi estabelecido como critério de inclusão que os artigos abrangessem a idade de 8 a 10 anos, sendo que 28 (84%) abordavam a faixa etária de 8 anos, 13 (39%) a faixa etária de 9 anos, e 15 (45%) incluíam a de 10 anos de idade. Dentre os desfechos de interesse para esta revisão, o comportamento foi o mais pesquisado (20 artigos/60%), seguido de desempenho escolar (16 artigos/48%) e problemas motores (11 artigos/33%) (tabelas 2 e 3).

Comportamento

Na maioria dos estudos, o desfecho "comportamento" foi avaliado de forma global, utilizando instrumentos que identificavam a presença de componentes de internalização (depressão, ansiedade) e/ou externalização (agressividade, impulsividade, comportamentos delinquentes), saúde mental, temperamento, habilidades sociais e presença/ausência de transtornos psiquiátricos. A avaliação do comportamento foi realizada por meio de nove instrumentos diferentes, além do uso de registros governamentais quando os estudos eram de base populacional. A Child Behavior Checklist(CBCL) foi a escala mais usada (9 artigos/42%), seguida pelo Strength and Difficulties Questionnaire (SDQ) e escala Vineland Adaptive Behavioral Scales (VABS) (3 artigos cada/14%), e pelos registros governamentais (2 artigos/9%). Todos os outros instrumentos foram usados uma única vez (tabelas 2 e 3).

Fatores de risco biológicos e suas consequências para o desenvolvimento de crianças nascidas prematuras foram alvo de estudos que analisaram o desfecho comportamento. Os fatores perinatais mais pesquisados para esse desfecho foram idade gestacional (5 artigos/25%),11.Charkaluk ML, Truffert P, Marchand-Martin L, Mur S, Kaminski M, Ancel PY, et-al. Very preterm children free of disability or delay at age 2: predictors of schooling at age 8: a population-basedlongitudinal study. Early Hum Dev. 2011;87:297-302. , 99.Casey PH, Whiteside-Mansell L, Barrett K, Bradley RH, Gargus R. Impact of prenatal and/or postnatal growth problems in low birth weight preterm infants on school-age outcomes: an 8-yearlongitudinal evaluation. Pediatrics. 2006;118:1078-86. , 2020.Linnet KM, Wisborg K, Agerbo E, Secher NJ, Thomsen PH, Henriksen TB. Gestational age, birth weight, and the risk of hyperkinetic disorder. Arch Dis Child. 2006;91:655-60.

21.Crombie R, Clark C, Stansfeld SA. Environmental noise exposure, early biological risk and mental health in nine to ten year old children: a cross-sectional field study. Environ Health.2011;10:39.
- 2222.Lindström K, Lindblad F, Hjern A. Preterm birth and attention-deficit/hyperactivity disorder in schoolchildren. Pediatrics.2011;127:858-65. peso ao nascimento (5 artigos/25%)2020.Linnet KM, Wisborg K, Agerbo E, Secher NJ, Thomsen PH, Henriksen TB. Gestational age, birth weight, and the risk of hyperkinetic disorder. Arch Dis Child. 2006;91:655-60.

21.Crombie R, Clark C, Stansfeld SA. Environmental noise exposure, early biological risk and mental health in nine to ten year old children: a cross-sectional field study. Environ Health.2011;10:39.

22.Lindström K, Lindblad F, Hjern A. Preterm birth and attention-deficit/hyperactivity disorder in schoolchildren. Pediatrics.2011;127:858-65.

23.Conrad AL, Richman L, Lindgren S, Nopoulos P. Biological and environmental predictors of behavioral sequelae in children born preterm. Pediatrics. 2010;125:e83-9.

24.Guellec I, Lapillonne A, Renolleau S, Charlaluk ML, Roze JC, Marret S, et-al. Neurologic outcomes at school age in very preterm infants born with severe or mild growth restriction. Pediatrics. 2011;127:e883-91.
- 2525.Gray RF, Indurkhya A, McCormick MC. Prevalence, stability, and predictors of clinically significant behavior problems in low birth weight children at 3, 5, and 8 years of age. Pediatrics. 2004;114:736-43. e classificação do peso ao nascimento em relação à idade gestacional (2 artigos/10%).99.Casey PH, Whiteside-Mansell L, Barrett K, Bradley RH, Gargus R. Impact of prenatal and/or postnatal growth problems in low birth weight preterm infants on school-age outcomes: an 8-yearlongitudinal evaluation. Pediatrics. 2006;118:1078-86. , 2424.Guellec I, Lapillonne A, Renolleau S, Charlaluk ML, Roze JC, Marret S, et-al. Neurologic outcomes at school age in very preterm infants born with severe or mild growth restriction. Pediatrics. 2011;127:e883-91. Além dos fatores biológicos, destacou-se também a avaliação de fatores de risco socioeconômicos (statussocioeconômico, educação materna e etnia),2222.Lindström K, Lindblad F, Hjern A. Preterm birth and attention-deficit/hyperactivity disorder in schoolchildren. Pediatrics.2011;127:858-65. , 2323.Conrad AL, Richman L, Lindgren S, Nopoulos P. Biological and environmental predictors of behavioral sequelae in children born preterm. Pediatrics. 2010;125:e83-9. , 2525.Gray RF, Indurkhya A, McCormick MC. Prevalence, stability, and predictors of clinically significant behavior problems in low birth weight children at 3, 5, and 8 years of age. Pediatrics. 2004;114:736-43. ambientais (exposição a ruídos, conflitos familiares e angústia psicológica da mãe),2121.Crombie R, Clark C, Stansfeld SA. Environmental noise exposure, early biological risk and mental health in nine to ten year old children: a cross-sectional field study. Environ Health.2011;10:39. , 2525.Gray RF, Indurkhya A, McCormick MC. Prevalence, stability, and predictors of clinically significant behavior problems in low birth weight children at 3, 5, and 8 years of age. Pediatrics. 2004;114:736-43. , 2626.Whiteside-Mansell L, Bradley RH, Casey PH, Fussell JJ, Conners-Burrow NA. Triple risk: do difficult temperament and family conflict increase the likelihood of behavioral maladjustment in children born low birth weight and preterm?. J Pediatr Psychol. 2009;34:396-405. e a análise do componente motor e do desenvolvimento na primeira infância como fator de risco para problemas comportamentais em idade escolar.55.Jeyaseelan D, O'Callaghan M, Neulinger K, Shum D, Burns Y. The association between early minor motor difficulties in extreme low birth weight infants and school age attentional difficulties. Early Hum Dev. 2006;82:249-55. A maioria destes estudos concluiu que quanto menor a idade gestacional (4 artigos/80%)11.Charkaluk ML, Truffert P, Marchand-Martin L, Mur S, Kaminski M, Ancel PY, et-al. Very preterm children free of disability or delay at age 2: predictors of schooling at age 8: a population-basedlongitudinal study. Early Hum Dev. 2011;87:297-302. , 2020.Linnet KM, Wisborg K, Agerbo E, Secher NJ, Thomsen PH, Henriksen TB. Gestational age, birth weight, and the risk of hyperkinetic disorder. Arch Dis Child. 2006;91:655-60. , 2121.Crombie R, Clark C, Stansfeld SA. Environmental noise exposure, early biological risk and mental health in nine to ten year old children: a cross-sectional field study. Environ Health.2011;10:39. , 2222.Lindström K, Lindblad F, Hjern A. Preterm birth and attention-deficit/hyperactivity disorder in schoolchildren. Pediatrics.2011;127:858-65. e o peso ao nascimento (4 artigos/80%),2020.Linnet KM, Wisborg K, Agerbo E, Secher NJ, Thomsen PH, Henriksen TB. Gestational age, birth weight, and the risk of hyperkinetic disorder. Arch Dis Child. 2006;91:655-60. , 2121.Crombie R, Clark C, Stansfeld SA. Environmental noise exposure, early biological risk and mental health in nine to ten year old children: a cross-sectional field study. Environ Health.2011;10:39. , 2323.Conrad AL, Richman L, Lindgren S, Nopoulos P. Biological and environmental predictors of behavioral sequelae in children born preterm. Pediatrics. 2010;125:e83-9. , 2525.Gray RF, Indurkhya A, McCormick MC. Prevalence, stability, and predictors of clinically significant behavior problems in low birth weight children at 3, 5, and 8 years of age. Pediatrics. 2004;114:736-43. maior é o risco de alterações de comportamento. Outro achado relevante é que as modificações de fatores de risco ambientais e socioeconômicos podem melhorar o comportamento de crianças nascidas prematuras.2222.Lindström K, Lindblad F, Hjern A. Preterm birth and attention-deficit/hyperactivity disorder in schoolchildren. Pediatrics.2011;127:858-65. , 2525.Gray RF, Indurkhya A, McCormick MC. Prevalence, stability, and predictors of clinically significant behavior problems in low birth weight children at 3, 5, and 8 years of age. Pediatrics. 2004;114:736-43. , 2626.Whiteside-Mansell L, Bradley RH, Casey PH, Fussell JJ, Conners-Burrow NA. Triple risk: do difficult temperament and family conflict increase the likelihood of behavioral maladjustment in children born low birth weight and preterm?. J Pediatr Psychol. 2009;34:396-405.

O conceito geral de comportamento foi o desfecho mais pesquisado (11 artigos/55%), seguido de componentes mais específicos, como saúde mental (4 artigos/20%) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (3 artigos/15%). Além disso, foram analisados também temperamento, conflitos familiares, depressão, ansiedade e de- senvolvimento socioemocional (1 artigo cada/5%). Somente dois destes estudos não encontraram qualquer efeito do nascimento prematuro no comportamento da criança em idade escolar.99.Casey PH, Whiteside-Mansell L, Barrett K, Bradley RH, Gargus R. Impact of prenatal and/or postnatal growth problems in low birth weight preterm infants on school-age outcomes: an 8-yearlongitudinal evaluation. Pediatrics. 2006;118:1078-86. , 2727.Gurka MJ, LoCasale-Crouch J, Blackman JA. Long-termcognition, achievement, socioemotional, and behavioral development of healthy late-preterm infants. Arch Pediatr AdolescMed. 2010;164:525-32.

Desempenho escolar

Desempenho escolar foi também um tema recorrente, sendo que a maior parte dos estudos comparou o desempenho de prematuros e de crianças a termo usando seis diferentes escalas. Metade dos artigos (8 ou 50%) investigou a escolaridade por meio de questionários estruturados ou testes criados pelos próprios pesquisadores, que foram aplicados às crianças ou aos seus pais e professores. O Wide Range Achievement Test (WRAT-3) foi o instrumento padronizado mais usado (3 artigos ou 18%), seguido pelo Woodcock Johnson Test of Academic Achievement (WJIII) (2 artigos ou 12%) (tabela 3).

Considerando o desempenho escolar, as condições de nascimento mais pesquisadas foram idade gestacional (4 artigos/25%),11.Charkaluk ML, Truffert P, Marchand-Martin L, Mur S, Kaminski M, Ancel PY, et-al. Very preterm children free of disability or delay at age 2: predictors of schooling at age 8: a population-basedlongitudinal study. Early Hum Dev. 2011;87:297-302. , 66.Kirkegaard I, Obel C, Hedegaard M, Henriksen TB. Gestational age and birth weight in relation to school performance of 10-year-old children: a follow-up study of children born after 32completed weeks. Pediatrics. 2006;118:1600-6. , 99.Casey PH, Whiteside-Mansell L, Barrett K, Bradley RH, Gargus R. Impact of prenatal and/or postnatal growth problems in low birth weight preterm infants on school-age outcomes: an 8-yearlongitudinal evaluation. Pediatrics. 2006;118:1078-86. , 2828.Mathiasen R, Hansen BM, Andersen AM, Forman JL, Greisen G. Gestational age and basic school achievements: a national follow-. up study in Denmark. Pediatrics. 2010:126:1553-61. seguida de peso ao nascimento66.Kirkegaard I, Obel C, Hedegaard M, Henriksen TB. Gestational age and birth weight in relation to school performance of 10-year-old children: a follow-up study of children born after 32completed weeks. Pediatrics. 2006;118:1600-6. , 2424.Guellec I, Lapillonne A, Renolleau S, Charlaluk ML, Roze JC, Marret S, et-al. Neurologic outcomes at school age in very preterm infants born with severe or mild growth restriction. Pediatrics. 2011;127:e883-91. , 2929.van Baar AL, Ultee K, Gunning WB, Soepatmi S, Leeuw R. Developmental course of very preterm children in relation to school outcome. J Dev Phys Disabil. 2006;18:273-93. e perímetro cefálico (3 artigos/18%),11.Charkaluk ML, Truffert P, Marchand-Martin L, Mur S, Kaminski M, Ancel PY, et-al. Very preterm children free of disability or delay at age 2: predictors of schooling at age 8: a population-basedlongitudinal study. Early Hum Dev. 2011;87:297-302. , 2929.van Baar AL, Ultee K, Gunning WB, Soepatmi S, Leeuw R. Developmental course of very preterm children in relation to school outcome. J Dev Phys Disabil. 2006;18:273-93. , 3030.Kan E, Roberts G, Anderson PJ, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. The association of growth impairment with neurodevelopmental outcome at eight years of age in very preterm children. Early Hum Dev. 2008;84:409-16. hemorragia periventricular e classificação do peso ao nascimento em relação à idade gestacional3131.Sherlock RL, Anderson PJ, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. Neurodevelopmental sequelae of intraventricular haemorrhage at 8 years of age in a regional cohort of ELBW/very preterm infants. Early Hum Dev. 2005;81:909-16. , 3232.D'Angio CT, Sinkin RA, Stevens TP, Landfish NK, Merzbach JL, Ryan RM, et-al. Longitudinal, 15-year follow-up of children bornat less than 29 weeks' gestation after introduction of surfactanttherapy into a region: neurologic, cognitive, and educationaloutcomes. Pediatrics. 2002;110:1094-102. (2 artigos cada/12%). Outras variáveis perinatais pesquisadas foram retinopatia,3333.Msall ME, Phelps DL, Hardy RJ, Dobson V, Quinn GE, Summers CG, et-al. Educational and social competencies at 8 years in children with threshold retinopathy of prematurity in the CRYO-. ROP multicenter study. Pediatrics. 2004:113:790-9. uso de corticosteroids3434.Karemaker R, Heijnen CJ, Veen S, Baerts W, Samsom J, Visser GH, et-al. Differences in behavioral outcome and motor development at school age after neonatal treatment for chronic lung disease with dexamethasone versus hydrocortisone. Pediatr Res. 2006;60:745-50. e surfactant3535.Larroque B, Ancel PY, Marchand-Martin L, Cambonie G, Fresson J, Pierrat V, et-al. Special care and school difficulties in 8-year-old very preterm children: the Epipage cohort study. PLoS One.2011;6:e21361. (1 artigo cada/6%). Todos os artigos que pesquisaram idade gestacional, perímetro cefálico, hemorragia intraventricular, classificação do peso ao nascimento em relação à idade gestacional, retinopatia, uso de surfactante e corticosteroides conseguiram demonstrar associação com desempenho escolar. A maioria dos estudos que investigou peso ao nascimento também encontrou associação com desempenho acadêmico (2 artigos/67%).66.Kirkegaard I, Obel C, Hedegaard M, Henriksen TB. Gestational age and birth weight in relation to school performance of 10-year-old children: a follow-up study of children born after 32completed weeks. Pediatrics. 2006;118:1600-6. , 2929.van Baar AL, Ultee K, Gunning WB, Soepatmi S, Leeuw R. Developmental course of very preterm children in relation to school outcome. J Dev Phys Disabil. 2006;18:273-93. Houve também artigos que examinaram fatores de risco socioeconômicos (quatro artigos/25%),2929.van Baar AL, Ultee K, Gunning WB, Soepatmi S, Leeuw R. Developmental course of very preterm children in relation to school outcome. J Dev Phys Disabil. 2006;18:273-93. , 3232.D'Angio CT, Sinkin RA, Stevens TP, Landfish NK, Merzbach JL, Ryan RM, et-al. Longitudinal, 15-year follow-up of children bornat less than 29 weeks' gestation after introduction of surfactanttherapy into a region: neurologic, cognitive, and educationaloutcomes. Pediatrics. 2002;110:1094-102. , 3333.Msall ME, Phelps DL, Hardy RJ, Dobson V, Quinn GE, Summers CG, et-al. Educational and social competencies at 8 years in children with threshold retinopathy of prematurity in the CRYO-. ROP multicenter study. Pediatrics. 2004:113:790-9. , 3535.Larroque B, Ancel PY, Marchand-Martin L, Cambonie G, Fresson J, Pierrat V, et-al. Special care and school difficulties in 8-year-old very preterm children: the Epipage cohort study. PLoS One.2011;6:e21361. sendo que a maioria (3 artigos/75%) encontrou associação entre desempenho escolar e marcadores socioeconômicos.3232.D'Angio CT, Sinkin RA, Stevens TP, Landfish NK, Merzbach JL, Ryan RM, et-al. Longitudinal, 15-year follow-up of children bornat less than 29 weeks' gestation after introduction of surfactanttherapy into a region: neurologic, cognitive, and educationaloutcomes. Pediatrics. 2002;110:1094-102. , 3333.Msall ME, Phelps DL, Hardy RJ, Dobson V, Quinn GE, Summers CG, et-al. Educational and social competencies at 8 years in children with threshold retinopathy of prematurity in the CRYO-. ROP multicenter study. Pediatrics. 2004:113:790-9. , 3535.Larroque B, Ancel PY, Marchand-Martin L, Cambonie G, Fresson J, Pierrat V, et-al. Special care and school difficulties in 8-year-old very preterm children: the Epipage cohort study. PLoS One.2011;6:e21361.

Aproximadamente metade dos artigos (7 artigos/43%) que analisaram desempenho escolar avaliou crianças nascidas prematuras utilizando testes ou questionários que verificavam a aprendizagem por domínios (aritmética, escrita e leitura). Oito artigos (50%) consideraram a opinião dos pais e/ou professores em relação às habilidades acadêmicas das crianças, e apenas um deles se baseou em dados governamentais para avaliação do sucesso acadêmico de crianças nascidas prematuras. Constatou-se, ainda, que boa parte dos estudos avaliados tinha como objetivo verificar se a criança prematura se encontrava em uma série apropriada para a idade e se estudava em escola especial ou necessitava de qualquer tipo de auxílio (6 artigos/37%). Somente um estudo, dentre os analisados, não encontrou qualquer relação entre prematuridade e desempenho escolar.3232.D'Angio CT, Sinkin RA, Stevens TP, Landfish NK, Merzbach JL, Ryan RM, et-al. Longitudinal, 15-year follow-up of children bornat less than 29 weeks' gestation after introduction of surfactanttherapy into a region: neurologic, cognitive, and educationaloutcomes. Pediatrics. 2002;110:1094-102.

Desempenho motor

Os artigos que pesquisaram o componente motor apresentavam como principais eixos temáticos as drogas usadas no período neonatal e suas influências sobre o desenvolvimento, a identificação de fatores de risco para dificuldades motoras e a preocupação com a limitação e restrição de participação social de prematuros comparados a crianças a termo. Para avaliar as habilidades motoras de crianças prematuras foram utilizados cinco instrumentos diferentes (Movement Assessment Battery for Children(MABC-1), Developmental Test of Visual Motor Integration (VMI), Bruininks-Oseretsky Test of Motor (BOMPT), Vineland Adaptive Behavioral Scales (VABS) e escala Griffiths), além de dois sistemas de classificação (um da função motora grossa - GMFCS e outro das habilidades motoras finas - MACS). O MABC-1 foi o instrumento mais comumente usado para a detecção de alterações motoras (7 artigos/63%), seguido pelo VMI (4 artigos/36%). Os outros instrumentos foram utilizado apenas uma vez (tabela 2).

A maior parte dos artigos que investigaram a área motora procurou analisar fatores de risco perinatais e seu impacto na idade escolar (7 artigos/64%), enquanto outros se concentraram em analisar somente as consequências do nascimento prematuro (4 artigos/36%).

Os fatores de risco mais pesquisados foram o uso de corticosteroides no período neonatal (3 artigos/42%),3434.Karemaker R, Heijnen CJ, Veen S, Baerts W, Samsom J, Visser GH, et-al. Differences in behavioral outcome and motor development at school age after neonatal treatment for chronic lung disease with dexamethasone versus hydrocortisone. Pediatr Res. 2006;60:745-50. , 3636.Rademaker KJ, Uiterwaal CS, Groenendaal F, Venema MM, van Bel F, Beek FJ, et-al. Neonatal hydrocortisone treatment: neurodevelopmental outcome and MRI at school age in preterm-. born children. J Pediatr. 2007:150:351-7. , 3737.Purdy IB, Wiley DJ, Smith LM, Howes C, Gawlinski A, Robbins W, et-al. Cumulative perinatal steroids: child development of preterm infants. J Pediatr Nurs. 2008;23:201-14. seguidos de hemorragia periventricular3131.Sherlock RL, Anderson PJ, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. Neurodevelopmental sequelae of intraventricular haemorrhage at 8 years of age in a regional cohort of ELBW/very preterm infants. Early Hum Dev. 2005;81:909-16. , 3838.Roze E, Van Braeckel KN, van der Veere CN, Maathuis CG, Martijn A, Bos AF. Functional outcome at school age of preterm infants with periventricular hemorrhagic infarction. Pediatrics. 2009;123:1493-500. (2 artigos/28%), perímetro cefálico3030.Kan E, Roberts G, Anderson PJ, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. The association of growth impairment with neurodevelopmental outcome at eight years of age in very preterm children. Early Hum Dev. 2008;84:409-16. e tamanho do corpo caloso22.Rademaker KJ, Lam JN, Van Haastert IC, Uiterwaal CS, Lieftink AF, Groenendaal F, et-al. Larger corpus callosum size with better motor performance in prematurely born children. Semin Perinatol. 2004;28:279-87. (1 artigo cada/14%). Dos três artigos que analisaram os efeitos do uso de diferentes drogas no desenvolvimento de crianças nascidas prematuras, dois encontraram associação entre o uso de dexametasona e alterações motoras.3434.Karemaker R, Heijnen CJ, Veen S, Baerts W, Samsom J, Visser GH, et-al. Differences in behavioral outcome and motor development at school age after neonatal treatment for chronic lung disease with dexamethasone versus hydrocortisone. Pediatr Res. 2006;60:745-50. , 3737.Purdy IB, Wiley DJ, Smith LM, Howes C, Gawlinski A, Robbins W, et-al. Cumulative perinatal steroids: child development of preterm infants. J Pediatr Nurs. 2008;23:201-14. Dois artigos não encontraram efeitos do uso de hidrocortisona no desenvolvimento motor, sugerindo que essa é uma alternativa mais segura para uso em casos de problemas pulmonares.3434.Karemaker R, Heijnen CJ, Veen S, Baerts W, Samsom J, Visser GH, et-al. Differences in behavioral outcome and motor development at school age after neonatal treatment for chronic lung disease with dexamethasone versus hydrocortisone. Pediatr Res. 2006;60:745-50. , 3636.Rademaker KJ, Uiterwaal CS, Groenendaal F, Venema MM, van Bel F, Beek FJ, et-al. Neonatal hydrocortisone treatment: neurodevelopmental outcome and MRI at school age in preterm-. born children. J Pediatr. 2007:150:351-7. Dos dois artigos que investigaram hemorragia intraventricular, apenas um encontrou associação com pior desempenho motor.3131.Sherlock RL, Anderson PJ, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. Neurodevelopmental sequelae of intraventricular haemorrhage at 8 years of age in a regional cohort of ELBW/very preterm infants. Early Hum Dev. 2005;81:909-16. Todos os artigos que pesquisaram tamanho do corpo caloso e perímetro cefálico encontraram associação com alterações motoras. Os autores destes estudos avaliaram diferentes aspectos do comportamento motor, sendo que as áreas mais mensuradas foram o motor fino/grosso e a integração visomotora. Somente um estudo, dentre os sete que analisaram fatores de risco, não encontrou qualquer efeito a longo prazo da prematuridade no comportamento motor.3636.Rademaker KJ, Uiterwaal CS, Groenendaal F, Venema MM, van Bel F, Beek FJ, et-al. Neonatal hydrocortisone treatment: neurodevelopmental outcome and MRI at school age in preterm-. born children. J Pediatr. 2007:150:351-7.

Os quatro artigos restantes que avaliaram a área motora analisaram, sob diferentes perspectivas, o impacto do nascimento prematuro na idade escolar. Dois artigos examinaram habilidades sensoriomotoras,3939.Goyen TA, Lui K, Hummell J. Sensorimotor skills associated with motor dysfunction in children born extremely preterm. Early Hum Dev. 2011;87:489-93. tais como a integração visomotora; um artigo avaliou o desenvolvimento motor fino/grosso4040.Goyen TA, Lui K. Developmental coordination disorder in "apparently normal" schoolchildren born extremely preterm. Arch Dis Child. 2009;94:298-302.; e o último artigo mensurou atividade física e desempenho cardiorrespiratório.1010.Svien LR. Health-. related fitness of seven-: to 10-year-oldchildren with histories of preterm birth. Pediatr Phys Ther.2003;15:74-83. Todos encontraram dificuldades motoras relacionadas ao nascimento prematuro. Considerando os artigos que analisaram o comportamento motor, verificou-se que a maioria dos pesquisadores teve como preocupação avaliar o desenvolvimento motor fino e grosso das crianças nascidas prematuras (7 artigos/63%). Entretanto, constatou-se, também, a preocupação em mensurar aspectos relativos à integração visomotora (5 artigos/45%) e a funcionalidade da criança nascida prematura (3 artigos/27%).

A avaliação da qualidade metodológica dos estudos selecionados mostra que 24 artigos (73%) atendem de 80 a 90% dos critérios da escala STROBE, sendo que 9 deles (27%) preencheram mais de 90% dos itens dessa escala. Todos os artigos preencheram totalmente os itens "fontes de dados/mensuração"(fornecer a fonte de dados e os detalhes usados para a mensuração), "desfecho" (apresentar os desfechos e suas medidas resumo) e "resultados principais" na discussão (resumir os principais achados, relacionando--os aos objetivos do estudo). O item "tamanho do estudo" (explicar como se determinou o tamanho amostral) foi o que recebeu pontuação menor (23 artigos/70%).

Os resultados/conclusões dos estudos selecionados permitem verificar que, de uma forma geral, a maior parte demonstrou a existência de associação entre o nascimento prematuro e problemas de desenvolvimento motor, comportamento e desempenho escolar. Dentre os 47 diferentes desfechos do desenvolvimento avaliados, 32 (67%) conseguiram encontrar associação do nascimento prematuro naqueles pesquisados (7 artigos da área motora, 13 de comportamento e 12 de desempenho escolar). Doze estudos não conseguiram alcançar todos os objetivos pretendidos (3 artigos da área motora, 5 de comportamento e 3 de desempenho escolar), e apenas 4 estudos não conseguiram evidenciar associação entre a prematuridade e os desfechos a longo prazo (um artigo da área motora, dois de comportamento e um de desempenho escolar) (tabelas 2 e 3).

Discussão/Conclusão

O principal resultado desta revisão foi a confirmação da vulnerabilidade, a longo prazo, de crianças nascidas prematuras em todos os indicadores de desenvolvimento pesquisados (componente motor, comportamento e desempe-nho escolar). Dessa forma, a ampliação do seguimento de prematuros se faz necessária, por ser a fase escolar um momento-chave para o desenvolvimento infantil, na medida em que exige da criança habilidades que podem estar prejudicadas e que ainda não haviam sido demandadas.11.Charkaluk ML, Truffert P, Marchand-Martin L, Mur S, Kaminski M, Ancel PY, et-al. Very preterm children free of disability or delay at age 2: predictors of schooling at age 8: a population-basedlongitudinal study. Early Hum Dev. 2011;87:297-302. É importante considerar que o acompanhamento somente até os dois anos é insuficiente para que problemas de desenvolvimento sejam detectados, tais como habilidades bimanuais, de comportamento e de integração visomotora.

Outro resultado de extrema relevância se refere à idade gestacional pesquisada. A grande maioria dos artigos concentra-se em estudar a prematuridade extrema, e apenas uma pequena parte investiga o desenvolvimento de prematuros moderados/tardios.4141.van Baar AL, Vermaas J, Knots E, de Kleine MJ, Soons P. Functioning at school age of moderately preterm children born at 32 to 36 weeks' gestational age. Pediatrics. 2009;124:251-7. Verifica-se a necessidade de ampliar os estudos para que se possa avaliar de maneira adequada o desenvolvimento de todas as crianças nascidas prematuras com diferentes idades gestacionais. Prematuros moderados e tardios também estão susceptíveis a alterações no desenvolvimento e são mais prevalentes em relação aos demais.4141.van Baar AL, Vermaas J, Knots E, de Kleine MJ, Soons P. Functioning at school age of moderately preterm children born at 32 to 36 weeks' gestational age. Pediatrics. 2009;124:251-7.

Em relação ao desenho metodológico dos estudos avaliados, era esperado que o tipo coorte fosse o mais frequente, já que torna possível o seguimento de crianças nascidas prematuras. Também era esperado que estes artigos fossem produzidos em países desenvolvidos, já que estes são detentores de grandes recursos financeiros necessários à realização de estudos com longos períodos de seguimento. Entretanto, esse é um dado preocupante, porque sugere que, nos últimos dez anos, em países em desenvolvimento como o Brasil, não foram realizadas pesquisas com os parâmetros de qualidade adotados neste estudo. Um dado que demonstra a gravidade desse quadro é que, dentre os 77 estudos previamente selecionados para esta revisão sistemática, apenas dois foram produzidos no Brasil, contudo apresentaram escore B na escala STROBE, sendo retirados desta revisão.

O comportamento de prematuros é um dos desfechos de maior interesse entre as pesquisas na área de desenvolvimento. Há um crescente esforço dos pesquisadores na tentativa de conhecer as consequências da prematuridade sobre a saúde mental das crianças.2525.Gray RF, Indurkhya A, McCormick MC. Prevalence, stability, and predictors of clinically significant behavior problems in low birth weight children at 3, 5, and 8 years of age. Pediatrics. 2004;114:736-43. Esse é outro importante resultado encontrado, na medida em que a maior parte dos estudos comprovou a existência da relação entre nascimento prematuro e problemas de comportamento.4242.Anderson P, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. Neurobehavioral outcomes of school-age children bornextremely low birth weight or very preterm in the 1990s. JAMA.2003;289:3264-72.

43.Farooqi A, Hägglöf B, Sedin G, Gothefors L, Serenius F. Mental health and social competencies of 10-. to 12-:year-old chil-dren born at 23 to 25 weeks of gestation in the 1990s: a Swedish national prospective follow-up study. Pediatrics.2007;120:118-33.

44.Purdy IB, Smith L, Wiley D, Badr L. A psychoneuroimmunologic examination of cumulative perinatal steroid exposures and preterm infant behavioral follow-. up. Biol Res Nurs. 2013:15:86-95.
- 4545.Yu JW, Buka SL, McCormick MC, Fitzmaurice GM, Indurkhya A. Behavioral problems and the effects of early intervention on eight-year-old children with learning disabilities. Matern ChildHealth J. 2006;10:329-38. Contudo, deve ser enfatizada a enorme variabilidade de instrumentos utilizados para avaliar esse domínio, o que torna difícil a comparação dos resultados.

Outro desfecho que mereceu atenção dos pesquisadores foi o desempenho escolar. Nesta revisão, a maior parte dos artigos que avaliaram esse domínio confirmou haver algum tipo de problema escolar entre crianças nascidas prematuras.66.Kirkegaard I, Obel C, Hedegaard M, Henriksen TB. Gestational age and birth weight in relation to school performance of 10-year-old children: a follow-up study of children born after 32completed weeks. Pediatrics. 2006;118:1600-6. , 2828.Mathiasen R, Hansen BM, Andersen AM, Forman JL, Greisen G. Gestational age and basic school achievements: a national follow-. up study in Denmark. Pediatrics. 2010:126:1553-61. Este achado é de grande relevância para órgãos governamentais, para que possam ser criadas políticas de cuidados voltadas para esse público, tais como programas de diagnóstico e intervenção precoces. Cabe destacar, entretanto, que metade dos estudos usou instrumentos não padronizados (questionários criados pelos próprios pesquisadores) e que, em muitos casos, não era avaliado o desempenho da criança, e sim as opiniões dos pais a respeito da escolaridade dos filhos. Isso traz subjetividade às pesquisas e é um ponto que deve ser mais bem explorado em estudos futuros.

Alterações motoras leves, muitas vezes imperceptíveis para familiares e amigos, também foram alvo das pesquisas analisadas. Há concordância entre os estudos analisados de que a prematuridade tem repercussões no desempenho motor.4646.Schneider C, Nadeau L, Bard C, Lambert J, Majnemer A, Malouin F, et-al. Visuo-. motor coordination in 8-year-old childrenborn pre-term before and after 28 weeks of gestation. DevNeurorehabil. 2008;11:215-24. Apesar de também haver uma razoável variabilidade nos instrumentos empregados para a detecção de alterações motoras, todas as escalas usadas foram padronizadas e a maioria dos estudos utilizou o MABC-1 na avaliação das crianças. O MABC é um dos instrumentos mais utilizados para detectar transtornos de coordenação motora, por apresentar propriedades psicométricas adequadas e por sua aplicação ser simples e prazerosa para as crianças.4747.Schulz J, Henderson SE, Sugden DA, Barnett AL. Structural validity of the Movement ABC-2 test: factor structure comparisonsacross three age groups. Res Dev Disabil. 2011;32:1361-9. , 4848.Cochat P, Wagner MO, Decramer S, Kastner J, Robert-Gnansia E, Petermann F, Dubourg L, Bös K., Audra P. Renal outcome of children exposed to cyclosporine in utero. 2:32:674-80.

Apesar do rigor metodológico de todos os artigos avaliados, considerações devem ser feitas no sentido de direcionar pesquisas futuras. Apenas 30% dos artigos descreveram como foi determinado o cálculo amostral, embora cinco dos 33 artigos selecionados sejam estudos de base populacional. Esse dado impressiona por ser esse um item fundamental para averiguar a consistência dos resultados. Observou-se, também, a necessidade de aprimorar as descrições do contexto da pesquisa e das características da população estudada. Apesar de descrever com eficiência o local e período de recrutamento das crianças, a maior parte dos estudos falha ao não relatar itens como o período da coleta de dados e do acompanhamento. Mesmo apresentando dados descritivos das variáveis clínicas, a maioria dos estudos selecionados falhou ao não acrescentar a descrição de variáveis sociodemográficas, que podem interferir diretamente no desenvolvimento dessas crianças. Na seção de resultados faltou um maior detalhamento dos achados, sendo necessário incluir na redação final os intervalos de confiança encontrados.

A principal limitação deste trabalho está em ter somente um revisor para a seleção e análise da qualidade metodológica dos estudos. Apesar disso, houve tentativa de trazer ao leitor evidências fundamentadas e de qualidade. Ressalta--se, assim, a importância de se analisar metodologicamente estudos observacionais, e não apenas os experimentais, fato incomum na literatura nacional.

Pode-se concluir, considerando as evidências apresentadas dos últimos 10 anos, que crianças prematuras estão mais susceptíveis a prejuízos de desenvolvimento nas áreas motora, de comportamento e de desempenho escolar, quando comparadas a crianças a termo. Esses prejuízos são modulados por fatores biológicos e ambientais, que determinam sua intensidade. Portanto, faz-se necessário um maior investimento de gestores em programas de acompa-nhamento de longo prazo e de intervenção precoce, a fim de minimizar sequelas futuras. Com estes resultados, profissionais de saúde e familiares devem permanecer alerta a quaisquer alterações no desenvolvimento de crianças nascidas prematuras, além de cobrar das autoridades políticas públicas voltadas para a promoção de experiências precoces positivas para essa população, tais como a criação de creches públicas de maior qualidade. Tornam-se indispensáveis mais estudos que observem os padrões internacionais de qualidade nessa área, inclusive estudos controlados randomizados, para que possam ser comparados os efeitos de diferentes intervenções precoces no desenvolvimento de crianças nascidas prematuras.

References

  • 1
    Charkaluk ML, Truffert P, Marchand-Martin L, Mur S, Kaminski M, Ancel PY, et-al. Very preterm children free of disability or delay at age 2: predictors of schooling at age 8: a population-basedlongitudinal study. Early Hum Dev. 2011;87:297-302.
  • 2
    Rademaker KJ, Lam JN, Van Haastert IC, Uiterwaal CS, Lieftink AF, Groenendaal F, et-al. Larger corpus callosum size with better motor performance in prematurely born children. Semin Perinatol. 2004;28:279-87.
  • 3
    Chyi LJ, Lee HC, Hintz SR, Gould JB, Sutcliffe TL. School outcomes of late preterm infants: special needs and challenges for infants born at 32 to 36 weeks gestation. J Pediatr. 2008;153:25-31.
  • 4
    National Scientific Council on the Developing, Child.
  • 5
    Jeyaseelan D, O'Callaghan M, Neulinger K, Shum D, Burns Y. The association between early minor motor difficulties in extreme low birth weight infants and school age attentional difficulties. Early Hum Dev. 2006;82:249-55.
  • 6
    Kirkegaard I, Obel C, Hedegaard M, Henriksen TB. Gestational age and birth weight in relation to school performance of 10-year-old children: a follow-up study of children born after 32completed weeks. Pediatrics. 2006;118:1600-6.
  • 7
    Vieira ME, Linhares MB. Developmental outcomes and quality of life in children born preterm at preschool- and school-age. JPediatr (Rio J). 2011;87:281-91.
  • 8
    Linhares MB, Chimello JT, Bordin MB, Carvalho AE, Martinez FE. Psychological development of school-aged children bornpreterm in comparison with children born full-term. PsicolReflex Crit. 2005;18:109-17.
  • 9
    Casey PH, Whiteside-Mansell L, Barrett K, Bradley RH, Gargus R. Impact of prenatal and/or postnatal growth problems in low birth weight preterm infants on school-age outcomes: an 8-yearlongitudinal evaluation. Pediatrics. 2006;118:1078-86.
  • 10
    Svien LR. Health-. related fitness of seven-: to 10-year-oldchildren with histories of preterm birth. Pediatr Phys Ther.2003;15:74-83.
  • 11
    The Cochrane Library. John Wiley & Sons, Inc. [cited 2012 Aug 5]. Available from: www.thecochranelibrary.com.
    » Available from: www.thecochranelibrary.com
  • 12
    Liberati A, Altman DG, Tetzlaff J, Mulrow C, Gøtzsche PC, Ioannidis JP, et-al. The PRISMA statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of studies that evaluatehealth care interventions: explanation and elaboration. PLoSMed. 2009;6:e1000100.
  • 13
    Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saude Publica. 2010;44:559-65.
  • 14
    Physiotherapy Evidence Database. Sydney: The George Institutefor Global Health; 2013 [cited 2012 May 4]. Available from: http://www.pedro.org.au/portuguese/
    » Available from: http://www.pedro.org.au/portuguese/
  • 15
    Dodd KJ, Taylor NF, Damiano DL. A systematic review of the effectiveness of strength-training programs for people withcerebral palsy. Arch Phys Med Rehabil. 2002;83:1157-64.
  • 16
    Sampaio RF, Mancini MC. Systematic review studies: a guide for careful synthesis of the scientific evidence. Rev Bras Fisioter. 2007;11:77-82.
  • 17
    von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP, et-al. Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. BMJ. 2007;335:806-8.
  • 18
    Mataratzis PS, Accioly E, Padilha PC. Micronutrient deficiency in children and adolescents with sickle cell anemia: a systematic review. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010;32:247-56.
  • 19
    Stocco JG, Crozeta K, Taminato M, Danski MT, Meier MJ. Evaluation of the mortality of neonates and children related to the use of central venous catheters: a systematic review. Acta Paul Enferm. 2012;25:90-5.
  • 20
    Linnet KM, Wisborg K, Agerbo E, Secher NJ, Thomsen PH, Henriksen TB. Gestational age, birth weight, and the risk of hyperkinetic disorder. Arch Dis Child. 2006;91:655-60.
  • 21
    Crombie R, Clark C, Stansfeld SA. Environmental noise exposure, early biological risk and mental health in nine to ten year old children: a cross-sectional field study. Environ Health.2011;10:39.
  • 22
    Lindström K, Lindblad F, Hjern A. Preterm birth and attention-deficit/hyperactivity disorder in schoolchildren. Pediatrics.2011;127:858-65.
  • 23
    Conrad AL, Richman L, Lindgren S, Nopoulos P. Biological and environmental predictors of behavioral sequelae in children born preterm. Pediatrics. 2010;125:e83-9.
  • 24
    Guellec I, Lapillonne A, Renolleau S, Charlaluk ML, Roze JC, Marret S, et-al. Neurologic outcomes at school age in very preterm infants born with severe or mild growth restriction. Pediatrics. 2011;127:e883-91.
  • 25
    Gray RF, Indurkhya A, McCormick MC. Prevalence, stability, and predictors of clinically significant behavior problems in low birth weight children at 3, 5, and 8 years of age. Pediatrics. 2004;114:736-43.
  • 26
    Whiteside-Mansell L, Bradley RH, Casey PH, Fussell JJ, Conners-Burrow NA. Triple risk: do difficult temperament and family conflict increase the likelihood of behavioral maladjustment in children born low birth weight and preterm?. J Pediatr Psychol. 2009;34:396-405.
  • 27
    Gurka MJ, LoCasale-Crouch J, Blackman JA. Long-termcognition, achievement, socioemotional, and behavioral development of healthy late-preterm infants. Arch Pediatr AdolescMed. 2010;164:525-32.
  • 28
    Mathiasen R, Hansen BM, Andersen AM, Forman JL, Greisen G. Gestational age and basic school achievements: a national follow-. up study in Denmark. Pediatrics. 2010:126:1553-61.
  • 29
    van Baar AL, Ultee K, Gunning WB, Soepatmi S, Leeuw R. Developmental course of very preterm children in relation to school outcome. J Dev Phys Disabil. 2006;18:273-93.
  • 30
    Kan E, Roberts G, Anderson PJ, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. The association of growth impairment with neurodevelopmental outcome at eight years of age in very preterm children. Early Hum Dev. 2008;84:409-16.
  • 31
    Sherlock RL, Anderson PJ, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. Neurodevelopmental sequelae of intraventricular haemorrhage at 8 years of age in a regional cohort of ELBW/very preterm infants. Early Hum Dev. 2005;81:909-16.
  • 32
    D'Angio CT, Sinkin RA, Stevens TP, Landfish NK, Merzbach JL, Ryan RM, et-al. Longitudinal, 15-year follow-up of children bornat less than 29 weeks' gestation after introduction of surfactanttherapy into a region: neurologic, cognitive, and educationaloutcomes. Pediatrics. 2002;110:1094-102.
  • 33
    Msall ME, Phelps DL, Hardy RJ, Dobson V, Quinn GE, Summers CG, et-al. Educational and social competencies at 8 years in children with threshold retinopathy of prematurity in the CRYO-. ROP multicenter study. Pediatrics. 2004:113:790-9.
  • 34
    Karemaker R, Heijnen CJ, Veen S, Baerts W, Samsom J, Visser GH, et-al. Differences in behavioral outcome and motor development at school age after neonatal treatment for chronic lung disease with dexamethasone versus hydrocortisone. Pediatr Res. 2006;60:745-50.
  • 35
    Larroque B, Ancel PY, Marchand-Martin L, Cambonie G, Fresson J, Pierrat V, et-al. Special care and school difficulties in 8-year-old very preterm children: the Epipage cohort study. PLoS One.2011;6:e21361.
  • 36
    Rademaker KJ, Uiterwaal CS, Groenendaal F, Venema MM, van Bel F, Beek FJ, et-al. Neonatal hydrocortisone treatment: neurodevelopmental outcome and MRI at school age in preterm-. born children. J Pediatr. 2007:150:351-7.
  • 37
    Purdy IB, Wiley DJ, Smith LM, Howes C, Gawlinski A, Robbins W, et-al. Cumulative perinatal steroids: child development of preterm infants. J Pediatr Nurs. 2008;23:201-14.
  • 38
    Roze E, Van Braeckel KN, van der Veere CN, Maathuis CG, Martijn A, Bos AF. Functional outcome at school age of preterm infants with periventricular hemorrhagic infarction. Pediatrics. 2009;123:1493-500.
  • 39
    Goyen TA, Lui K, Hummell J. Sensorimotor skills associated with motor dysfunction in children born extremely preterm. Early Hum Dev. 2011;87:489-93.
  • 40
    Goyen TA, Lui K. Developmental coordination disorder in "apparently normal" schoolchildren born extremely preterm. Arch Dis Child. 2009;94:298-302.
  • 41
    van Baar AL, Vermaas J, Knots E, de Kleine MJ, Soons P. Functioning at school age of moderately preterm children born at 32 to 36 weeks' gestational age. Pediatrics. 2009;124:251-7.
  • 42
    Anderson P, Doyle LW, Victorian Infant Collaborative Study Group. Neurobehavioral outcomes of school-age children bornextremely low birth weight or very preterm in the 1990s. JAMA.2003;289:3264-72.
  • 43
    Farooqi A, Hägglöf B, Sedin G, Gothefors L, Serenius F. Mental health and social competencies of 10-. to 12-:year-old chil-dren born at 23 to 25 weeks of gestation in the 1990s: a Swedish national prospective follow-up study. Pediatrics.2007;120:118-33.
  • 44
    Purdy IB, Smith L, Wiley D, Badr L. A psychoneuroimmunologic examination of cumulative perinatal steroid exposures and preterm infant behavioral follow-. up. Biol Res Nurs. 2013:15:86-95.
  • 45
    Yu JW, Buka SL, McCormick MC, Fitzmaurice GM, Indurkhya A. Behavioral problems and the effects of early intervention on eight-year-old children with learning disabilities. Matern ChildHealth J. 2006;10:329-38.
  • 46
    Schneider C, Nadeau L, Bard C, Lambert J, Majnemer A, Malouin F, et-al. Visuo-. motor coordination in 8-year-old childrenborn pre-term before and after 28 weeks of gestation. DevNeurorehabil. 2008;11:215-24.
  • 47
    Schulz J, Henderson SE, Sugden DA, Barnett AL. Structural validity of the Movement ABC-2 test: factor structure comparisonsacross three age groups. Res Dev Disabil. 2011;32:1361-9.
  • 48
    Cochat P, Wagner MO, Decramer S, Kastner J, Robert-Gnansia E, Petermann F, Dubourg L, Bös K., Audra P. Renal outcome of children exposed to cyclosporine in utero. 2:32:674-80.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2014

Histórico

  • Recebido
    15 Abr 2013
  • Aceito
    27 Maio 2013
Sociedade Brasileira de Pediatria Av. Carlos Gomes, 328 cj. 304, 90480-000 Porto Alegre RS Brazil, Tel.: +55 51 3328-9520 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: jped@jped.com.br