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Prevalência de bactérias em crianças com otite média com efusão

OBJETIVOS: 1) Determinar a prevalência do Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis nas efusões de orelha média de crianças com otite média com efusão que foram submetidas à miringotomia; 2) comparar os resultados obtidos por cultura e PCR; e 3) determinar o perfil de resistência à penicilina dos germes isolados. MÉTODOS: Analisaram-se 128 amostras de efusões de orelha média de 75 crianças entre 11 meses e 10 anos de idade (média = 34,7 meses). Pacientes com otite média recorrente tinham efusão documentada por > 6 semanas e aqueles com otite média com efusão crônica, por > 3 meses. Os pacientes não tinham sinais de otite média aguda ou infecção do trato respiratório e não estavam sob antibioticoterapia no momento do procedimento. A aspiração do material foi realizada por timpanocentese, utilizando-se um coletor de Alden-Senturia. Os estudos bacteriológicos foram iniciados menos de 15 minutos após a obtenção da efusão, e uma parte da amostra foi armazenada a -20 ºC para análise posterior pela PCR. Utilizou-se um método de PCR simultânea para a detecção de três patógenos. A análise estatística foi efetivada com o teste c² de McNemar. RESULTADOS: Cultivaram-se bactérias em 32 (25,1%) das 128 amostras e os patógenos principais foram encontrados em 25 (19,6%). A PCR identificou bactérias em 73 (57,0%) das amostras, e os resultados positivos foram: 50 (39,1%) para H. influenzae, 16 (12,5%) para S. pneumoniae e 13 (10,2%) para M. catarrhalis. Todas as amostras positivas por cultura foram positivas pela PCR, mas 48 (65,7%) das efusões com resultado positivo pela PCR foram negativas por cultura para os germes estudados. A PCR foi significativamente mais sensível que a cultura (p < 0,001). Quanto ao perfil de resistência, 100% das M. catarrhalis, 62,5% dos S. pneumoniae e 23% dos H. influenzae eram resistentes à penicilina. CONCLUSÕES: A prevalência das bactérias na otite média com efusão em um grupo de crianças brasileiras é semelhante àquelas relatadas em outros países, sendo o H. influenzae o mais encontrado dentre os patógenos principais da orelha média. Essa prevalência sugere que bactérias podem desempenhar um papel na patogênese da otite média com efusão. Os resultados mostram que a PCR é mais sensível na detecção de bactérias na efusão da orelha média quando comparada com cultura. A resistência à penicilina por parte do pneumococo e da moraxela é semelhante à relatada em outros países, ao passo que a produção de b-lactamase pelo hemófilo é mais baixa que aquela referida em bactérias isoladas em amostras de efusões de otite média com efusão.

Otite média; otite média secretora; orelha média; PCR; estudos de prevalência; criança


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