Acessibilidade / Reportar erro

Hiperglicemia na admissão é um preditor confiável da evolução de crianças com traumatismo cerebral grave

OBJETIVO: Identificar a relação entre hiperglicemia na admissão e desfecho das crianças com traumatismo cerebral grave na alta hospitalar e 6 meses depois. MÉTODO: Análise retrospectiva da glicemia de 61 crianças com traumatismo cerebral grave admitidas na unidade de tratamento intensivo pediátrico entre 1/11/2005 e 30/10/2009. Foi considerado um ponto de corte de > 150 mg/dL para o diagnóstico da hiperglicemia, com base na literatura. A evolução foi avaliada pela escala de resultados de Glasgow na alta hospitalar e 6 meses após a alta. O óbito também foi analisado como uma evolução. RESULTADOS: A glicemia média dos pacientes na admissão foi de 251 mg/dL (68-791). Verificou-se hiperglicemia na admissão em 51 pacientes (83,6%). Encontrou-se uma correlação positiva moderadamente significativa entre glicemia na admissão e gravidade do traumatismo craniano segundo a escala abreviada de injúrias (r = 0,46). A glicemia média dos não sobreviventes foi significativamente maior (207 mg/dL versus 455 mg/dL, p < 0,001). A glicemia média dos pacientes com má evolução foi significativamente maior, comparada à daqueles com boa evolução, na alta hospitalar e 6 meses após a alta (185 mg/dL versus 262 mg/dL, p < 0,15 e 184 mg/dL versus 346 mg/dL, p < 0,04, respectivamente). CONCLUSÕES: A hiperglicemia pode ser considerada um marcador de lesão cerebral e, quando presente na admissão, pode refletir um dano cerebral extenso, frequentemente associado a desfecho negativo e mortalidade. São necessários mais estudos para investigar o efeito do controle rigoroso da glicemia sobre a mortalidade e a evolução.

Traumatismo craniano grave; hiperglicemia; evolução; crianças


Sociedade Brasileira de Pediatria Av. Carlos Gomes, 328 cj. 304, 90480-000 Porto Alegre RS Brazil, Tel.: +55 51 3328-9520 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: jped@jped.com.br