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Prevalência e fatores associados ao bullying: diferenças entre os papéis de vítimas eagressores Como citar este artigo: Silva GR, Lima ML, Barreira AK, Acioli RM. Prevalence and factors associated with bullying: differences between the roles of bullies and victims of bullying. J Pediatr (Rio J). 2020;96:693–701.

Resumo

Objetivo:

Identificar as diferenças entre prevalências e os fatores associados ao envolvimento em bullying entre adolescentes escolares do Recife no papel de vítima e agressor.

Método:

Estudo epidemiológico de corte transversal analítico, com amostra probabilística por conglomerados de 1.402 estudantes matriculados no ensino médio de escolas do Recife. A análise dos dados foi constituída de uma análise descritiva, seguida da aplicação do teste de Qui-Quadrado de Pearson com significância estatística de 0,05 e Intervalo de Confiança de 95%. Para a análise de associações foi empregada a modelagem multinível para controle do efeito do conglomerado.

Resultados:

Observou-se que o adolescente que se sente diferente dos outros colegas apresentou associação com o bullying independente do papel desempenhado. A condição de ser vítima mostrou associação com ser do sexo feminino, ter baixa autoestima e utilizar tranquilizantes, além disso, ser transgressor mostrou ser fator de proteção. No papel de agressor de bullying ser do sexo masculino, fazer uso de álcool em excesso, ter um ruim desempenho escolar, ser transgressor e aceitar violência entre pares foram as variáveis associadas; por sua vez, não defender suas ideias com amigos revelou ser fator de proteção para prática do bullying.

Conclusão:

As diferenças apresentadas entre os adolescentes, seja no papel de vítima ou de agressor, apontam que condutas de promoção e prevenção tenham enfoque que considerem tais aspectos principalmente no ambiente escolar.

PALAVRAS-CHAVE
Prevalência; Bullying; Agressão; Vitimização

Abstract

Objective:

To identify the differences between the prevalence and factors associated with involvement in bullying among schoolchildren from Recife, in the role of victim and perpetrator.

Method:

This is an epidemiological, cross-sectional, analytical study, with a probabilistic cluster sample of 1,402 students enrolled in high schools in Recife. Data analysis consisted of a descriptive analysis, followed by the application of Pearson's chi-squared test with statistical significance of 0.05 and 95% confidence interval. For the association analysis, multilevel modeling was used to control the cluster effect.

Results:

It was observed that adolescents who feel different from other peers were associated with bullying, regardless of the role played. Being a victim was associated with being female, having low self-esteem, and using tranquilizers; being a transgressor was a protective factor. As for the role of perpetrator, being male, excessive alcohol consumption, having poor school performance, being a transgressor, and accepting peer violence were the associated variables; in turn, not defending their ideas when among friends showed to be a protective factor for bullying.

Conclusion:

The differences between the adolescents, whether in the role of victim or perpetrator, indicate that the advocacy and prevention actions should focus on these aspects, mainly in the school environment.

KEYWORDS
Prevalence; Bullying; Aggression; Victimization

Introdução

A violência entre escolares é um problema mundial de grande relevância para a saúde pública e representa uma questão crítica e desafiadora, devido ao impacto social e no desenvolvimento dos envolvidos.11 Organização Mundial de Saúde (OMS). Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: OMS; 2002. A realidade das escolas brasileiras não difere e essas manifestações têm tomado proporções assustadoras nos dias atuais.22 Francisco MV, Libório RM. Um estudo sobre bullying entre escolares do ensino fundamental. Psicol Reflex Crit. 2009;22:200-7.

No ambiente escolar, existe uma categoria específica de violência ou comportamento agressivo denominado bullying, uma subcategoria da violência entre pares que apresenta características próprias, como intencionalidade do comportamento, repetição e desequilíbrio de poder.33 Weimer WR, Moreira EC. Violência e bullying: manifestações e consequências nas aulas de educação física escolar. Rev Bras Ciênc Esporte. 2014;36:257-74. Esse fenômeno apresenta quatro tipos de envolvimento: vítimas, agressores, vítimas-agressoras e testemunhas.44 Monteiro RP, Medeiros ED, Pimentel CE, Soares AK, Medeiros HA, Gouveia VV. Valores humanos e bullying: idade e sexo moderam essa relação?. Temas Psicol. 2017;25:1317-28.

Dentre os papéis de envolvimento destacam-se as vítimas, pessoas que vivenciaram alguma situação de vitimização de forma intencional, repetidas vezes, e que julgam ter pelo menos uma característica, seja física, social ou psicológica, que o coloque em desequilíbrio de poder com relação ao seu agressor.55 Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre os gêneros. Psicol Esc Educ. 2012;16:35-44. Enquanto que os agressores são sujeitos que agridem outro(s) sem ter havido necessariamente provocação por parte da vítima.55 Bandeira CM, Hutz CS. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre os gêneros. Psicol Esc Educ. 2012;16:35-44. Por vezes, julgam que sua conduta pode trazer benefícios materiais e sociais e normalmente são populares.

O bullying é uma prática que tem acarretado problemas comportamentais, físicos e emocionais de curto e longo prazo aos envolvidos.66 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MM, Andrade SS, Mello FC, et al. Bullying em escolares brasileiros: análise da pesquisa nacional de saúde do escolar (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol. 2014;17:S92-105. A literatura tem destacado que as consequências do envolvimento diferem conforme o papel desempenhado, entre os quais se verificam nas vítimas: dificuldades nas atividades escolares e relacionamento, presença de distúrbios mentais na vida adulta, diminuição da autoestima, maior propensão ao abandono escolar,77 Zequinão MA, Medeiros P, Pereira B, Cardoso FL. Bullying escolar: um fenômeno multifacetado. Educ Pesqui. 2016;42:181-98. automutilação e comportamento suicida.88 Sigurdson JF, Undheim AM, Wallander JL, Lydersen S, Sund AM. The longitudinal Association of Being Bullied and Gender with suicide ideations, self-harm, and suicide attempts from adolescence to young adulthood: a cohort study. Suicide Life Threat Behav. 2018;48:169-82. Aos agressores essa exposição pode ocasionar problemas nos relacionamentos afetivos e sociais, dificuldade de respeitar as leis, menor autocontrole, maior probabilidade de se tornarem pessoas mais agressivas ou agressores envolvidos em criminalidade.77 Zequinão MA, Medeiros P, Pereira B, Cardoso FL. Bullying escolar: um fenômeno multifacetado. Educ Pesqui. 2016;42:181-98.

Dados de pesquisa desenvolvida em 40 países com 202.056 adolescentes escolares encontrou prevalência de 12,6% de vítimas de bullying e 10,7% de agressores.99 Craig W, Harel-Fish Y, Fogel-Grinvald H, Dostaler S, Hetland J, Simons-Morton B, et al. A cross-national profile of bullying and victimization among adolescents in 40 countries. Int J Public Health. 2009;54:216-24. Pesquisas feitas com escolares brasileiros têm verificado prevalência de vítimas de bullying de 7,1 a 37, 6%66 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MM, Andrade SS, Mello FC, et al. Bullying em escolares brasileiros: análise da pesquisa nacional de saúde do escolar (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol. 2014;17:S92-105.,1010 Marcolino EC, Calvacanti AL, Padilha WW, Miranda FA, Clementino FS. Vitimization and aggression in the school quotidian. Texto Contexto Enferm. 2018;27:e5500016.,1111 Moreno EA, Silva AP, Ferreira GA, Silva FP, Frazão IS, Cavalcanti AM. Perfil epidemiológico de adolescentes vítimas de bullying em escolas públicas e privadas. Rev Enferm UERJ. 2012;20:808-13. nas escolas públicas e de 7,6 a 35% nas escolas privadas.66 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MM, Andrade SS, Mello FC, et al. Bullying em escolares brasileiros: análise da pesquisa nacional de saúde do escolar (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol. 2014;17:S92-105.,1111 Moreno EA, Silva AP, Ferreira GA, Silva FP, Frazão IS, Cavalcanti AM. Perfil epidemiológico de adolescentes vítimas de bullying em escolas públicas e privadas. Rev Enferm UERJ. 2012;20:808-13. Já a prevalência de agressor de bullying encontra-se entre 15 a 39,7%.66 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MM, Andrade SS, Mello FC, et al. Bullying em escolares brasileiros: análise da pesquisa nacional de saúde do escolar (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol. 2014;17:S92-105.,1212 Zottis GA, Salum GA, Isolan LR, Manfro GG, Heldt E. Associations between child disciplinary practices and bullying behavior in adolescents. J Pediatr (Rio J). 2014;90:408-14.,1313 Terroso LB, Wendt GW, Oliveira MS, Argimon IIL. Habilidades sociais e bullying em adolescentes. Temas Psicol. 2016;24:251-9. Observa-se, portanto, uma grande variação da prevalência entre as pesquisas, fato que pode estar relacionado aos diferentes critérios de classificação do bullying e ao uso de diferentes escalas na sua mensuração, além dos contextos sociais nos quais esse fenômeno está inserido.

A literatura aponta que os prejuízos e as repercussões decorrentes da exposição a esse fenômeno são muitos, mas podem variar de acordo com o papel desempenhado. Entretanto, vale salientar que a maioria dos estudos feitos com essa temática se preocupou em analisar os fatores de risco e de proteção isoladamente e apenas as vítimas. Portanto, observa-se a importância deste estudo em estimar a magnitude desse problema e identificar os fatores associados à condição de vítima e agressor de bullying entre adolescentes escolares do Recife.

Métodos

Esta pesquisa faz parte de um estudo maior intitulado de “Bullying entre adolescentes escolares: uma abordagem bioecológica”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Aggeu Magalhães sob registro no CAAE: 33233014.6.000.5190 e número do parecer PlatBr: 745.886, de acordo com as normas da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas que envolvem seres humanos.

Trata-se de um estudo epidemiológico de corte transversal, de cunho analítico, o qual permitiu estimar a prevalência e identificar a diferença entre as características pessoais de vítimas e agressores de bullying, através da aplicação de questionário composto por escalas e questões sobre o bullying e fatores de risco associados a adolescentes, entre 15 a 19 anos, matriculados no segundo ano do ensino médio de escolas públicas e particulares da cidade do Recife, no período diurno. O recorte dos alunos do segundo ano do ensino médio se deve à necessidade de abordar uma população com maior maturidade e facilidade para responder às questões de violência contidas no questionário e ao mesmo tempo optou-se por evitar o terceiro ano, o qual está academicamente sobrecarregado devido à proximidade com os processos seletivos para o ensino superior.

O cálculo do tamanho amostral foi feito com população estimada de 20.404 alunos do 2° ano do ensino médio (15 a 19 anos), de acordo com dados fornecidos pela Secretaria da Educação do Estado de Pernambuco em 2013. Aplicou-se intervalo de confiança de 95%, erro amostral de cinco pontos percentuais, prevalência entre alunos estimada com 30%, perda amostral de 20% e efeito de delineamento amostral estabelecido em duas vezes o tamanho mínimo da amostra. A estimativa encontrada foi de 625 alunos de escola pública e 625 alunos de escola privada. Admitindo-se 20% de perda, perfazem-se 1.563 alunos.

A amostragem foi feita por conglomerados e obedeceu a uma sequência de etapas, na tentativa de se obter uma amostragem representativa de escolares quanto à distribuição conforme o tipo de escolas e turma. No 1° estágio, os parâmetros para estimar o número de escolas segundo esfera de governo foram: prevalência de bullying em 95% das escolas, erro amostral = 10% e efeito de desenho = 1, encontrou-se estimativa de 32 escolas, 16 públicas e 16 privadas. Admitindo-se 20% de perda, perfazem-se 40 escolas distribuídas igualmente nos dois extratos.

No 2° estágio, as turmas foram sorteadas aleatoriamente dentro de cada escola. A fim de alcançar o quantitativo esperado de participantes, em cada escola foi aplicado em torno de 40 questionários.

Neste artigo, foram analisadas questões sobre vítima e agressor de bullying classificadas como variável dependente e as características pessoais como variáveis independentes. O envolvimento de bullying na condição de vítima foi definido a partir da Escala Califórnia de Vitimização do Bullying (ECVB),1414 Soares AK, Gouveia VV, Gouveia RS, Fonsêca PN, Pimentel CE. California Victimization of Bullying Scale (CVBS): evidence of validity and internal consistency. Temas Psicol. 2015;23:481-91. formada por sete itens, os quais questionam sobre as formas e a frequência de vitimização que podem ter experimentado na escola, consideradas exemplos de comportamento bullying. Cada item da escala é composto por uma sequência de cinco pontos, classificados em: 0 = nunca, 1= apenas uma vez no mês passado, 2 = duas ou três vezes no mês passado, 3 = apenas uma vez durante esta semana e 4 = várias vezes durante esta semana. Posteriormente é necessário indicar se esse comportamento anteriormente classificado foi de propósito e teve importância (o magoou), responde-se “sim” ou “não”. Por fim, a ECVB avalia o desequilíbrio de poder entre a vítima e o agressor através de 10 características que podem descrever como é a outra pessoa, solicita-se que os indivíduos se comparem com a “principal pessoa que fez tais coisas a você”, por meio de respostas a escala de três pontos, classificam-se em: “menos do que eu”, “parecido comigo” e “mais do que eu”. Portanto, os adolescentes que vivenciaram algum tipo de vitimização por 2 ou 3 vezes no mês ou mais foram considerados como vítimas de bullying.

Já a condição de agressor de bullying foi avaliada a partir da questão produzida baseada no conceito de Olweus1515 Olweus D. Bullying at school: what we know and what we can do. Cambridge, MA: Blackwell; 1993. e na Escala de Califórnia de Vitimização do Bullying,1414 Soares AK, Gouveia VV, Gouveia RS, Fonsêca PN, Pimentel CE. California Victimization of Bullying Scale (CVBS): evidence of validity and internal consistency. Temas Psicol. 2015;23:481-91. conforme descritas a seguir: “Entre os (as) seus (suas) colegas existe algum (a) que você considera inferior a você? Se existe, responda a próxima pergunta pensando apenas nessa pessoa. Alguma vez você já fez coisas de propósito, para magoar esse (a) seu (sua) colega, como: A) Zoar, xingar ou colocar apelidos? B) Espalhar boatos ou fofocas, ignorar ou deixar de fora do seu grupo? C) Empurrar, agredir fisicamente, ameaçar ou danificar coisas dele (a)?” Para cada item havia as seguintes opções de respostas: 0. Nunca/1.Apenas uma vez no mês passado/2. Duas ou três vezes no mês passado/3. Apenas uma vez durante esta semana/4. Várias vezes durante esta semana. É considerado agressor o indivíduo que assinalou um dos itens 2, 3 ou 4 em qualquer uma das opções.

A vítima-agressora foi considerada a partir da classificação, ao mesmo tempo, na descrição acima em vítima e agressor. Dessa forma, tendo respondido ter sofrido algum tipo de violência de pelo menos 2 ou 3 vezes no mês passado, de forma intencional e que o magoou, cometida por colega com características diferente da dele. Além disso, ter respondido que cometeu bullying pelo menos 2 ou 3 vezes no mês passado.

Quanto às variáveis independentes, algumas foram avaliadas por questões isoladas e outras por escalas, como descritas a seguir: Sexo: autorreferido como feminino ou masculino; Idade: autorreferida entre 15 a 19 anos; Cor da pele: autorreferida como branca, negra, parda, amarela e indígena; Prática de religião: autorreferida; Ter deficiência física: autorreferida; Desempenho escolar: Foi perguntado ao aluno sobre as suas notas no último ano. As opções de repostas foram: muito boas, boas, ruins e muito ruins. Autoestima: É um instrumento com 10 itens designados a avaliar globalmente a atitude positiva ou negativa de si mesmo. As opções de resposta variam em 4 tipos: concordo totalmente, concordo, discordo, discordo totalmente. Uma elevada autoestima é indicada por um escore alto. A versão usada nesta pesquisa foi adaptada no Brasil por Avanci et al. (2007);1616 Avanci S, Assis S, Santos N, Oliveira R. Cross-cultural adaptation of Self-Esteem Scale for Adolescents. Psicol Reflex Crit. 2007;20:397-405. Autoconfiança/Defender suas ideias ou opiniões: Foi avaliada a partir de questão que interroga se o adolescente defende suas ideias e opiniões com seus amigos/colegas; Uso de droga pelo jovem no último ano: Categorizado como ausência ou presença de pelo menos um dos seguintes comportamentos: consumo de bebida alcoólica até se embriagar ou sentir-se bêbado (ficar de “porre”); usar maconha, cocaína, “crack” ou pasta de coca, remédio para emagrecer, calmante/tranquilizante, anabolizante (“bomba para ficar forte”). As opções de resposta são: muitas vezes, poucas vezes e nunca; Se sentir diferente: Os adolescentes foram perguntados se tinham alguma característica que faziam se sentir diferentes; Excesso de peso: Estudantes responderam se achavam estar acima do peso e se haviam sofrido alguma discriminação ou humilhação pelo excesso de peso; Jovem transgressor: Faz parte dos instrumentos sobre violações autoassumidas do Ilanud/ONU.1717 Kahn T, Bermergui C, Yamada E, Cardoso FC, Fernandes F, Zacchi JM, Guimarães L, Hasselman ME. [projeto de pesquisa]. O dia a dia nas escolas: violências auto-assumidas. São Paulo: Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (ILANUD). Instituto Sou da Paz; 1999. É constituído por nove questões dicotômicas (sim/não) sobre atos praticados no último ano: falsificar a assinatura de alguém em documentos, danificar de propósito objetos alheios, agredir alguém severamente, humilhar alguém mostrando superioridade, tomar parte de uma briga na qual um grupo de amigos luta contra outro grupo, portar arma branca, portar arma de fogo, furto e roubo; Orientação sexual: Foi usada questão do Inquérito de Saúde do Adolescente de Minnesota versão adaptada por Berlan et al., 2010.1818 Berlan ED, Corliss HL, Field AE, Goodman E, Austin Bl. Sexual orientation and bullying among adolescents in the growing up today study. J Adolesc Health. 2010;46:366-71. Essa questão também foi traduzida para língua portuguesa e adaptada para uso nesta pesquisa. Os estudantes foram perguntados como se consideravam sobre sua orientação sexual, responderam de acordo com 5 opções: 1. Completamente heterossexual, 2. Mais heterossexual, 3. Bissexual, 4. Mais homossexual e 5. Completamente homossexual. Foram categorizados para análise em três grupos: heterossexual (1), bissexual (2, 3 e 4) e homossexual (5); Ter irmãos: Questão sobre o adolescente ter irmãos, com opções de respostas: sim e não; Aceitar violência entre pares: O estudante foi perguntado como considerava os atos: “garoto humilhar garoto”, “garota humilhar garota”, “garoto agredir fisicamente garoto”, “garota agredir fisicamente garota” e “pancadaria entre colegas”, na relação entre adolescentes. Considerou-se aceitar violência os estudantes que responderam “não é grave”, enquanto que os adolescentes que responderam “muito grave” e “grave” diante desses atos foram considerados não aceitar violência entre pares.

Todas as variáveis analisadas e instrumentos usados nesta pesquisa estão descritos na tabela 1.

Tabela 1
Descrição das variáveis, operacionalização e categorização das variáveis estudadas

A coleta de dados ocorreu em 18 escolas públicas e 18 privadas, entre agosto e novembro de 2014. Os dias e horários da coleta foram agendados previamente com a coordenação de cada escola.

Para aplicação dos questionários, foi solicitada permissão às diretorias das escolas sorteadas, os quais assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Aos adolescentes na idade de 18 a 19 anos foi solicitado que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participação na pesquisa, conforme preconizado na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que normaliza as pesquisas com seres humanos.

Já para os adolescentes de 15 a 17 anos foi solicitado que assinassem o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido para participação na pesquisa. Nesse caso, os pais não foram consultados, uma vez que a pesquisa abordaria questões relativas a violências sofridas pelo adolescente no ambiente doméstico e muitas vezes nesse tipo de violência os principais agressores são pais, mães e outros responsáveis, como padrastos e madrastas. Essa questão é comum em pesquisas sobre violência em crianças e adolescentes e é respaldada pela Resolução CFP N° 016/2000. Foi garantido o anonimato de todos os participantes e os estudantes foram informados de que estavam livres para desistir da participação na pesquisa em qualquer momento.

Após explicação e assinatura dos termos da pesquisa os questionários foram aplicados por uma equipe de 2 pesquisadores do LEVES, que forneceram uma breve explicação sobre o preenchimento do questionário e permaneceram na sala de aula durante todo o processo. A aplicação teve duração média de 60 minutos em cada turma.

Participaram da pesquisa 1.411 estudantes, no entanto 9 não preencheram adequadamente o questionário, assim permaneceram no fim 1.402 adolescentes.

Para análise dos dados, foi confeccionada máscara para tabulação no banco de dados, os quais foram inseridos no Epi-Info, através de digitação dupla. Assim, após consolidação e validação dos dados inseridos foi feita análise dos dados no software STATA, versão 12.0. A análise foi constituída de análise descritiva das variáveis, seguida da aplicação do teste de qui-quadrado de Pearson com significância estatística de 0,05 e intervalo de confiança de 95%.

Quanto à análise de associações foi empregada a modelagem multinível para controle do efeito do conglomerado e ponderado pelo tipo de escola. A técnica multivariada usada foi a stepwise do tipo forward considerando como critério de entrada no modelo significância estatística de 10%. Foram testadas as hipóteses de concomitância e considerada a variável no modelo segundo a plausibilidade causal.

Resultados

A amostra foi composta de 1.402 adolescentes, entre os quais a prevalência de vítimas de bullying foi de 8,35% (IC 95%: 6,75% a 9,94%), a de agressores foi 21,26% (IC 95%: 17,84% a 24,39%), enquanto que a de vítimas-agressoras foi de 2% (IC 95%:1,17% a 3,05%). Devido ao pequeno percentual de vítimas-agressoras não foi possível fazer o cálculo de associação desse grupo com as variáveis estudadas.

A partir da análise univariada, as variáveis que apresentaram p ≤ 0,10 foram selecionadas para a análise multivariada conforme descrito na tabela 2.

Tabela 2
Análise univariada das variáveis relacionadas à pessoa associada à ocorrência de bullying seja na condição de vítima ou agressor

Após a análise multivariada, a variável “se sentir diferente” teve um maior risco para o bullying, independentemente do papel desempenhado, o sexo feminino com p = 0,003 e o masculino com p = 0,016. Entretanto, verificou-se diferença de acordo com papéis e as demais variáveis associadas ao bullying. Na condição de o aluno ser vítima três variáveis mostraram-se associadas: a baixa autoestima (p < 0,001), usar tranquilizantes (p = 0,004) e ser do sexo feminino (p = 0,022). Além disso, ser transgressor mostrou ser fator de proteção (p = 0,031). Em relação ao papel de agressor de bullying, o sexo masculino (p < 0,001), consumir álcool em excesso poucas (p = 0,001) ou muitas vezes (p = 0,005), relatar ter um ruim desempenho escolar quanto às notas (p = 0,045), ser transgressor (p < 0,001) e aceitar violência entre pares, seja para algum dos sexos (p = 0,007) ou ambos dos sexos (p = 0,030), mostraram-se associadas a essa prática. Por sua vez, não defender suas ideias (p = 0,004) revelou ser fator de proteção para agressor de bullying (tabela 3).

Tabela 3
Análise multivariada por modelagem multinível dos fatores relacionados à pessoa na condição de vítima e agressor de bullying

Discussão

Neste estudo observou-se uma prevalência de envolvimento em bullying de 27,6%, com uma diferença significativa entre os papéis, o adolescente no papel de agressor é mais prevalente do que no de vítima. Fato que corrobora pesquisa feita no país com adolescentes de escolas públicas e privadas das capitais brasileiras e do Distrito Federal, na qual foi observada prevalência de 7,2% de vítimas e 20,8% de agressores.66 Malta DC, Porto DL, Crespo CD, Silva MM, Andrade SS, Mello FC, et al. Bullying em escolares brasileiros: análise da pesquisa nacional de saúde do escolar (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol. 2014;17:S92-105. Diferença que pode ser explicada, tendo em vista que muitas vezes apenas um indivíduo sofre o bullying por mais de um estudante ou um grupo, já que a vítima normalmente faz parte de um grupo minoritário.

Quanto ao sexo, observou-se associação significativa entre o sexo feminino e ser vítima de bullying. Uma possível explicação seria a reprodução para o ambiente escolar da lógica cultural que considera as mulheres inferiores aos homens e mais frágeis fisicamente do que os homens, ficam mais propensas a sofrer algum tipo de violência. Neste estudo, identificaram-se diferenças entre meninos e meninas com relação ao papel desempenhado, os meninos associados ao bullying na qualidade de agressor e as meninas de vítimas. Ocorrência que pode ser compreendida com base em aspectos sociais e culturais, pois essas concepções atribuem diferenças aos sexos e consolidam distintos modelos de masculinidade e feminilidade, tendo em vista a cultura machista que incentiva os meninos a se arriscarem em busca da sua socialização, autossuficiência e da independência. Assim, muitas vezes, espera-se que assumam um comportamento agressivo, mais competitivo, com uma conotação de coragem para afirmar suas marcas sociais da masculinidade.

Na condição de vítima também se verificou associação significativa com níveis mais baixos de autoestima e se sentir diferente. A literatura tem mostrado que adolescentes vítimas de bullying caracterizam-se por ter comportamento inibido, costumam sentir vulnerabilidade, medo e autoestima baixa, consequentemente aumenta-se a probabilidade de continuar a ser vitimizadas.1919 Middelton-Moz J, Zawadski M. In: Costa RC, editor. Bullying:estratégias de sobrevivência para crianças e adultos. Porto Alegre: Artmed; 2007. Além disso, os adolescentes com baixa autoestima tendem a desenvolver mecanismos que distorcem seus pensamentos e sentimentos, logo os leva a não acreditarem e confiarem em si mesmos.2020 Bandeira CM, Hutz CS. Implications of bullying in adolescents’ self-esteem. Psicol esc educ. 2010;14:131-8. Justifica-se, dessa forma, a presença de tais sentimentos nos estudantes pesquisados.

Outro dado relevante refere-se ao relato de que os adolescentes que não defendiam suas ideias e opiniões pessoais com os amigos apresentaram-se como fator de proteção para cometer o bullying, enquanto desempenhar o papel de agressor apresenta maior probabilidade em defender suas ideias e opiniões. Tal resultado favorece ao conceito de que os agressores são mais autoconfiantes e conseguem impor aos demais do grupo seus julgamentos e valores como apropriados, possivelmente a ponto de promover o envolvimento de outros adolescentes com essa prática de bullying, são considerados líderes.

Outro aspecto a ser destacado é a associação do desempenho escolar ruim com os adolescentes agressores, o que suscita algumas hipóteses. A primeira relaciona-se à possibilidade de que as dificuldades existentes ao desenvolver as atividades escolares exponham as suas fragilidades e por meio do comportamento agressivo esses estudantes procurem mostrar superioridade e posição de destaque, em uma tentativa de ser respeitados por seus pares.44 Monteiro RP, Medeiros ED, Pimentel CE, Soares AK, Medeiros HA, Gouveia VV. Valores humanos e bullying: idade e sexo moderam essa relação?. Temas Psicol. 2017;25:1317-28. Outra possibilidade seria que o envolvimento em bullying no papel de agressor e consequentemente a busca frequente pelo reconhecimento e poder passe a ser prioridade dentro do ambiente escolar, assim interfere nas atividades escolares e consequentemente reflete no desempenho escolar.

Quanto ao uso de tranquilizantes estar associado às vítimas, só ratifica o exposto sobre o perfil desses envolvidos, que mostram ter baixa autoestima e se sentirem diferentes a ponto de fazerem uso de substâncias com o intuito alterar suas sensações e sentimentos, a fim de resolver questões de forma imediata.

Ainda sobre esse assunto, é importante não só pensar nas possíveis complicações decorrentes do uso prolongado dos tranquilizantes, mas também refletir sobre a facilidade de acesso da população adolescente a medicamentos que deveriam ser parcial ou totalmente controlados pelas autoridades sanitárias, fato já discutido em pesquisa feita por Muza et al.2121 Muza GM, Bettiol H, Muccillo G, Barbieri MA. Consumption of psychoactive substances by school-age adolescents of Ribeirão Preto, SP (Brazil). II--Distribution of consumption by social levels. Rev Saude Publica. 1997;31:167-70.

No que diz respeito ao consumo de álcool, os estudantes agressores de bullying apresentaram-se relacionados ao uso dessa substância.2222 Liang H, Flisher AJ, Lombard CJ. Bullying, violence, and risk behavior in south african school students. Child Abuse Negl. 2007;31:161-71.,2323 Oliveira WA, Silva MA, Silva JL, Mello FC, Prado RR, Malta DC. Associations between the practice of bullying and individual and contextual variables from the aggressors’ perspective. J Pediatr (Rio J). 2016;92:32-9. Fato que é preocupante, pois o consumo de álcool tem acontecido por adolescentes cada vez mais precocemente e com frequência entre alunos do ensino médio na América do Sul e está associado a violência entre colegas.2424 Madruga CS, Laranjeira R, Caetano R, Ribeiro W, Zaleski W, Pinsky I, et al. Early life exposure to violence and substance misuse in adulthood: the first brazilian national survey. Addict Behav. 2011;36:251-5.,2525 Pierobon M, Barak M, Hazrati S, Jacobsen KH. Alcohol consumption and violence among argentine adolescents. J Pediatr (Rio J). 2013;89:100-7.

Outro dado que merece atenção concerne aos estudantes que têm comportamento transgressor associado à prática de bullying, uma vez que estudos têm apontado que esses indivíduos tem uma maior probabilidade de desenvolver comportamentos criminosos ou de ser criminalmente condenados na vida adulta,2626 Silva JL, Oliveira WA, Bono EL, Dib MA, Bazon MR, Silva MA. Associations between school bullying and offensive behavior: systematic review of longitudinal studies. Psic Teor e Pesq. 2016;32:81-90. além de problemas de relacionamento e psicóticos.2727 Zaine I, Reis MJ, Padovani RC. Bullying behavior and conflict with the law. Estud Psicol. 2010;27:375-82. Ao mesmo tempo em que ser vítima mostra-se fator de proteção para tal comportamento.

Corroborando tais informações, pesquisas apontam que o envolvimento do adolescente com a violência se deve a diversos fatores, entre os quais está a própria fase da adolescência, consumo abusivo de substâncias psicoativas, os conflitos e violência familiar, exposição à violência e situações de violência ou conflito conjugal, que podem induzir à prática de comportamentos violentos pelos adolescentes.2828 Horta RL, Horta BL, Pinheiro RT, Krindges M. Violent behavior in adolescents and parent-child cohabitation. Rev Saude Publica. 2010;44:979-85.,2929 Faria CS, Martins CB. Violência entre adolescentes escolares: condições de vulnerabilidades. Enf Glob. 2016;15:171-84.

Chama-se a atenção para associação significativa dos alunos que praticam o bullying com a variável aceitação da violência entre pares, pois é preocupante considerar natural a agressão sofrida ou cometida por um colega do mesmo sexo ou não.

Entretanto, tal naturalização pode estar relacionada a experiências de violências ao longo da vida seja pelos pais ou outro parente.3030 Malta DC, Antunes JT, Prado RR, Assunção AA, Freitas MI. Factors associated with family violence against adolescents based on the results of the National School Health Survey (PeNSE). Cien Saude Colet. 2019;24:1287-98. Além do mais, a literatura reforça que diferentes tipos de experiência de maus tratos durante a infância são considerados fatores de risco para a ocorrência de violência interpessoal na adolescência.3030 Malta DC, Antunes JT, Prado RR, Assunção AA, Freitas MI. Factors associated with family violence against adolescents based on the results of the National School Health Survey (PeNSE). Cien Saude Colet. 2019;24:1287-98.

Vale ressaltar que a atual pesquisa apresenta algumas limitações referentes ao fato de que todos os dados fornecidos terem sido coletados a partir de autorrelatos dos estudantes, por isso permite diferentes interpretações sobre o bullying e demais variáveis, é minimizado pelo uso de instrumento adaptado e validado na população. Além do mais, trata-se de um estudo transversal, o qual oferece uma percepção circunstancial da realidade, não permite estabelecer uma relação de causa e efeito. Dessa forma, sugere-se desenvolver pesquisas longitudinais e/ou qualitativas com as mesmas variáveis a fim de estabelecer relações causais.

Os dados evidenciaram o envolvimento dos adolescentes com o bullying, é mais prevalente a condição de agressor. Contudo, chama-se atenção para diferença existente entre as vítimas e agressores considerando as suas características pessoais.

Os resultados alertam para o perfil do agressor de bullying encontrado nesta pesquisa com a associação desse papel ao sexo masculino, consumo excessivo de álcool, prática de comportamentos ilícitos e aceitação da violência entre pares. Dados importantes para construção e planejamento de práticas de combate ao bullying.

A partir dos fatores de risco encontrados, tanto para o papel de vítima quanto para agressor, as escolas devem preocupar-se em oferecer um maior apoio e supervisão a esses adolescentes, bem como incentivar discussões em grupo sobre ética e respeito às diferenças, além do desenvolvimento de trabalhos que estimulem a solidariedade entre os colegas. Entretanto, a mudança do papel desempenhado no bullying deve ser discutida em todos ambientes, perpassa principalmente o âmbito familiar e escolar.

O presente trabalho permite, através de um olhar mais integrador, compreender melhor os envolvidos em bullying, apontar a necessidade de ações eficazes e que levem em consideração os fatores pessoais relacionados ao papel desempenhado (vítima e agressor).

  • Financiamento
    Programa Papes VI/Fiocruz/CNPq (processo 407738/2012.6).
  • Como citar este artigo: Silva GR, Lima ML, Barreira AK, Acioli RM. Prevalence and factors associated with bullying: differences between the roles of bullies and victims of bullying. J Pediatr (Rio J). 2020;96:693–701.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Dez 2020
  • Data do Fascículo
    Nov-Dec 2020

Histórico

  • Recebido
    29 Mar 2019
  • Aceito
    4 Set 2019
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