Acessibilidade / Reportar erro

Dieta com baixo teor de FODMAPs para distúrbios de dor abdominal funcional em crianças: revisão crítica do conhecimento atual Como citar este artigo: Pensabene L, Salvatore S, Turco R, Tarsitano F, Concolino D, Baldassarre ME, et al. Low FODMAPs diet for functional abdominal pain disorders in children: critical review of current knowledge. J Pediatr (Rio J). 2019;95:642-56. , ☆☆ ☆☆ Estudo vinculado a University Magna Graecia of Catanzaro, Department of Medical and Surgical Sciences, Catanzaro, Itália.

RESUMO

Objetivo:

Nos últimos anos, foram feitos esforços consideráveis para esclarecer o papel da dieta com baixo teor de oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis (FODMAPs) para o tratamento de distúrbios gastrintestinais funcionais (DGIFs). Esta revisão narrativa teve como objetivo fornecer aos profissionais uma síntese do conhecimento atual sobre o papel de uma dieta com baixo teor de FODMAPs (BFM) na redução dos sintomas associados a distúrbios funcionais de dor abdominal (DFDA) em crianças. Esta revisão está focada na fisiopatologia, eficácia e crítica da dieta BFM em crianças.

Fontes:

O banco de dados Cochrane, Pubmed e Embase foram pesquisados com o uso dos termos específicos para intervenções na dieta FODMAP e DFDA.

Resumo dos achados:

Em crianças, apenas um estudo controlado randomizado e um estudo aberto relataram resultados positivos da dieta BFM; um estudo controlado randomizado mostrou exacerbação dos sintomas com frutanos em crianças com síndrome do intestino irritável; nenhum efeito foi encontrado para a dieta livre de lactose, enquanto dietas com restrição de frutose foram eficazes em 5/6 estudos.

Conclusões:

Existem poucos estudos que avaliam BFM em DFDA em crianças, com dados encorajadores sobre a eficácia terapêutica, particularmente de dietas com restrição de frutose. Esforços adicionais ainda são necessários para preencher essa lacuna de pesquisa e esclarecer a maneira mais eficiente de adaptar as restrições dietéticas com base na tolerância do paciente e/ou identificação de biomarcadores potenciais de eficácia da BFM, para manter a adequação nutricional e simplificar a adesão à dieta, ao incluir informações sobre conteúdo de FODMAPs em rótulos de produtos comerciais.

Palavras-chave
Distúrbios de dor abdominal funcional; Oligossacarídeos fermentáveis; Dissacarídeos; Monossacarídeos; Dieta de polióis; Crianças

ABSTRACT

Objective:

This narrative review aimed to provide practitioners a synthesis of the current knowledge on the role of a low Fermentable Oligosaccharides Disaccharides Monosaccharides and Polyols diet in reducing symptoms associated with functional abdominal pain disorders in children. This review is focused on the pathophysiology, efficacy and criticism of low Fermentable Oligosaccharides Disaccharides Monosaccharides and Polyols diet in children.

Sources:

Cochrane Database, Pubmed and Embase were searched using specific terms for Fermentable Oligosaccharides Disaccharides Monosaccharides and Polyols diet interventions and functional abdominal pain disorders.

Summary of the findings:

In children, only one Randomized Control Trial and one open-label study reported positive results of low Fermentable Oligosaccharides Disaccharides Monosaccharides and Polyols diet; one Randomized Control Trial showed exacerbation of symptoms with fructans in children with Irritable Bowel Syndrome; no effect was found for the lactose-free diet whilst fructose-restricted diets were effective in 5/6 studies.

Conclusions:

In children there are few trials evaluating low Fermentable Oligosaccharides Disaccharides Monosaccharides and Polyols in functional abdominal pain disorders, with encouraging data on the therapeutic efficacy particularly of fructose-restricted diet. Additional efforts are still needed to fill this research gap and clarify the most efficient way for tailoring dietary restrictions based on the patient's tolerance and/or identification of potential biomarkers of low Fermentable Oligosaccharides Disaccharides Monosaccharides and Polyols efficacy, to maintain nutritional adequacy and to simplify the adherence to diet by labeling Fermentable Oligosaccharides Disaccharides Monosaccharides and Polyols content in commercial products.

Keywords
Functional abdominal pain disorders; Fermentable oligosaccharides; Disaccharides; Monosaccharides; Polyol diet; Children

Introdução

O papel da dieta aparece cada vez mais em diferentes doenças gastrointestinais, como distúrbios gastrointestinais (GI) funcionais (DGIFs), síndrome do intestino irritável (SII), constipação, doença diverticular e doença inflamatória intestinal.11 Staudacher HM, Kurien M, Whelan K. Nutritional implications of dietary interventions for managing gastrointestinal disorders. Curr Opin Gastroenterol. 2018;34:105-11. DGIFs são distúrbios comuns caracterizados por sintomas GI crônicos ou recorrentes, que não são explicados por anormalidades bioquímicas ou estruturais.22 Drossman DA. The functional gastrointestinal disorders and the Rome III process. Gastroenterology. 2006;130:1377-90. A patogênese dos DGIFs permanece pouco compreendida, embora recentemente uma interação alterada complexa entre intestino e cérebro tenha sido defendida.33 Drossman DA. Functional gastrointestinal disorders: history, pathophysiology, clinical features, and Rome IV. Gastroenterology. 2016;150:1262-79. Na ausência de biomarcadores específicos, os DGIFs são classificados clinicamente de acordo com os critérios diagnósticos de Roma IV, baseados principalmente no histórico detalhado do paciente.44 Benninga MA, Faure C, Hyman PE, St James Roberts I, Schechter NL, Nurko S. Childhood functional gastrointestinal disorders: neonate/toddler. Gastroenterology. 2016;150:1443-55.,55 Hyams JS, Di Lorenzo C, Saps M, Shulman RJ, Staiano A, van Tilburg M. Functional disorders: children and adolescents. Gastroenterology. 2016;150:1456-68. Em crianças, os DGIFs podem ser classificados em três categorias principais: distúrbios de náusea e vômito, distúrbios de evacuação ou baseados em dor (como distúrbios funcionais da dor abdominal - DFDA). Os DFDA compreendem quatro distúrbios distintos: SII, dispepsia funcional, enxaqueca abdominal e dor abdominal funcional (DAF) - sem outra especificação (DAF-SOE). Isso significa que a DAF não se ajusta ao padrão diagnóstico específico de um dos três primeiros distúrbios.66 Tarsitano F, Castelluzzo MA, Concolino D, Pensabene L. Functional abdominal pain. Curr Pediatr Rep. 2018;6:67-78. A dispepsia funcional e a SII frequentemente ocorrem tanto em crianças como em adultos. A prevalência de SII varia de 10 a 25% dos adultos77 Canavan C, West J, Card T. The epidemiology of irritable bowel syndrome. Clin Epidemiol. 2014;6:71-80. e 0 a 45% das crianças, respectivamente.88 Boronat AC, Ferreira-Maia AP, Matijasevich A, Wang YP. Epidemiology of functional gastrointestinal disorders in children and adolescents: a systematic review. World J Gastroenterol. 2017;23:3915-92.,99 Giannetti E, de'Angelis G, Turco R, Campanozzi A, Pensabene L, Salvatore S, et al. Subtypes of irritable bowel syndrome in children: prevalence at diagnosis and at follow-up. J Pediatr. 2014;164:1099-110. A SII prejudica fortemente a qualidade de vida, a função social, a frequência escolar, a produtividade do trabalho e aumenta substancialmente os custos com saúde. Na patogênese dos DGIFs, diferentes mecanismos têm sido propostos e incluem: aumento da sensibilidade à dor ou hipersensibilidade visceral,1010 Bueno L, Fioramonti J. Visceral perception: inflammatory and non-inflammatory mediators. Gut. 2002;51:i19-23.,1111 Accarino AM, Azpiroz F, Malagelada JR. Selective dysfunction of mechanosensitive intestinal afferents in irritable bowel syndrome. Gastroenterology. 1995;108:636-43. motilidade intestinal anormal,1212 Kellow JE, Eckersley GM, Jones M. Enteric and central contributions to intestinal dysmotility in irritable bowel syndrome. Dig Dis Sci. 1992;37:168-74. supercrescimento bacteriano no intestino delgado,1313 Lin HC. Small intestinal bacterial overgrowth: a framework for understanding irritable bowel syndrome. JAMA. 2004;292:852-8. inflamação intestinal de baixo grau,1414 Barbara G, De Giorgio R, Stanghellini V, Cremon C, Corinaldesi R. A role for inflammation in irritable bowel syndrome?. Gut. 2002;51:i41-4. infecções,1515 Pensabene L, Talarico V, Concolino D, Ciliberto D, Campanozzi A, Gentile T, et al. Post-infectious functional gastrointestinal disorders in children: a multicenter prospective study. J Pediatr. 2015;166:903-7.

16 Saps M, Pensabene L, Turco R, Staiano A, Cupuro D, Di Lorenzo C. Rotavirus gastroenteritis: precursor of functional gastrointestinal disorders?. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2009;49:580-3.
-1717 Saps M, Pensabene L, Di Martino L, Staiano A, Weschler J, Zheng X, et al. Post-infectious functional gastrointestinal disorders in children. J Pediatr. 2008;152:812-6. fatores psicossociais,1818 Drossman DA, McKee DC, Sandler RS, Mitchell CM, Cramer EM, Lowman BC, et al. Psychosocial factors in the irritable bowel syndrome. A multivariate study of patients and non patients with irritable bowel syndrome. Gastroenterology. 1988;95:701-8. eventos da primeira infância,1919 Bonilla S, Saps M. Early life events predispose the onset of childhood functional gastrointestinal disorders. Rev Gastroenterol Mex. 2013;78:82-91.,2020 Turco R, Miele E, Russo M, Mastroianni R, Lavorgna A, Paludetto R, et al. Early-life factors associated with pediatric functional constipation. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2014;58:307-12. alergia à proteína do leite de vaca2121 Saps M, Lu P, Bonilla S. Cow's-milk allergy is a risk factor for the development of FGIDs in children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2011;52:166-9.,2222 Pensabene L, Salvatore S, D'Auria E, Parisi F, Concolino D, Borrelli O, et al. Cow's milk protein allergy in infancy: a risk factor for functional gastrointestinal disorders in children?. Nutrients. 2018;10:1716. e eixo intestino-cérebro desregulado.2323 Tougas G. The autonomic nervous system in functional bowel disorders. Can J Gastroenterol. 1999;13:15a-7a.,2424 Mayer EA, Tillisch K. The brain-gut axis in abdominal pain syndromes. Annu Rev Med. 2011;62:381-96. A agregação familiar de DGIFS é comumente encontrada e pode ser secundária ao aprendizado social e fatores genéticos.2525 Buonavolontà R, Coccorullo P, Turco R, Boccia G, Greco L, Staiano A. Familial aggregation in children affected by functional gastrointestinal disorders. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2010;50:500-5. Foi descoberto recentemente que variantes gênicas que codificam dissacaridases com atividade enzimática defeituosa ou reduzida predispõem à SII em um subgrupo de pacientes adultos.2626 Henstrom M, Diekmann L, Bonfiglio F, Hadizadeh F, Kuech EM, von Köckritz-Blickwede M, et al. Functional variants in the sucrase-isomaltase gene associate with increased risk of irritable bowel syndrome. Gut. 2018;67:263-70. O microbioma intestinal é também reconhecido como um ator fundamental nos DGIFs e a disbiose intestinal tem sido relatada em pacientes com SII em comparação com indivíduos saudáveis.2727 Llanos-Chea A, Fasano A. Gluten and functional abdominal pain disorders. Nutrients. 2018;10:1491. A diversidade microbiana pode levar ao aumento da permeabilidade intestinal, ativação imunológica da mucosa, motilidade intestinal alterada e hipersensibilidade visceral.2727 Llanos-Chea A, Fasano A. Gluten and functional abdominal pain disorders. Nutrients. 2018;10:1491. O conceito de uma relação estrita entre microbiota e imunidade, motilidade, sistema nervoso, estresse e comportamento resultou no termo conjunto "eixo microbioma-intestino-cérebro". Esse eixo emergiu como o responsável pelo controle e regulação das diferentes funções GI e neurológicas.2828 Mayer EA, Savidge T, Shulman RJ. Brain-gut microbiome interactions and functional bowel disorders. Gastroenterology. 2014;146:1500-12. Nesse contexto, a importância dos eventos adversos precoces e da dieta é reconhecida há muito tempo. O período perinatal, com sua influência crucial na maturação do intestino e do cérebro, é um período crítico no qual diferentes determinantes podem predispor ao desenvolvimento de DGIFs.2727 Llanos-Chea A, Fasano A. Gluten and functional abdominal pain disorders. Nutrients. 2018;10:1491.

A maioria dos pacientes com DGIFs relata que seus sintomas GI estão genericamente ou especificamente relacionados à alimentação, embora evidências dessa relação sejam frequentemente difíceis de provar, particularmente em crianças.2929 Eswaran S, Tack J, Chey WD. Food: the forgotten factor in the irritable bowel syndrome. Gastroenterol Clin North Am. 2011;40:141-62.

30 Hayes P, Corish C, O'Mahony E, Quigley EM. A dietary survey of patients with irritable bowel syndrome. J Hum Nutr Diet. 2014;27:36-47.
-3131 Bohn L, Storsrud S, Tornblom H, Bengtsson U, Simrén M. Self-reported food-related gastrointestinal symptoms in IBS are common and associated with more severe symptoms and reduced quality of life. Am J Gastroenterol. 2013;108:634-41. Múltiplos mecanismos de interação e confusão podem estar envolvidos na percepção da "intolerância alimentar". Em pacientes com SII, os sintomas pós-prandiais podem ser desencadeados por superalimentação, resposta gastrocólica hiperativa, sensibilidade visceral,3232 Simrén M, Abrahamsson H, Björnsson ES. Exaggerated sensory component of the gastrocolonic response in patients with IBS. Gut. 2001;48:20-7.,3333 Salvioli B, Serra J, Azpiroz F, Malagelada JR. Impaired small bowel gas propulsion in patients with bloating during intestinal lipid infusion. Am J Gastroenterol. 2006;101:1853-7. disbiose, sinalização intestino-cérebro desordenada,3434 Dolan R, Chey WD, Eswaran D. The role of diet in the management of irritable bowel syndrome: a focus on FODMAPs. Expert Rev Gastroenterol Hepatol. 2018;12:607-15. antecipação, alergias e má absorção. Na ausência de testes confiáveis de fácil acesso, fáceis de administrar, baseados em consultório, restrições dietéticas empíricas são frequentemente indicadas na ausência de intolerância comprovada, má absorção ou diagnóstico confirmado de alergias alimentares.3535 Spencer M, Chey WD, Eswaran S. Dietary renaissance in IBS: has food replaced medications as a primary treatment strategy?. Curr Treat Options Gastroenterol. 2014;12:424-40.

Isso é relevante, pois mudanças na dieta podem interferir no metabolismo do indivíduo, na motilidade intestinal, nas secreções, na sensibilidade, na função de barreira, na microbiota intestinal3636 Oświęcimska J, Szymlak A, Roczniak W, Girczys-Połedniok K, Kwiecień J. New insights into the pathogenesis and treatment of irritable bowel syndrome. Adv Med Sci. 2017;62:17-30. e na nutrição adequada. Como esperado, dada a heterogeneidade dos DGIFs, o paciente individual e os fatores subjacentes, nenhum tratamento isolado mostrou-se eficaz em todos os pacientes. Restrições dietéticas desnecessárias são uma preocupação especial em crianças em crescimento. Portanto, é de grande importância ter uma compreensão profunda das evidências por trás de cada recomendação alimentar dada às crianças, a fim de projetar planos de tratamento personalizados.

Nos últimos anos, tem havido grande interesse nos teores de oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis (FODMAPs, do inglês fermentable oligosaccharides, disaccharides, monosaccharides, and polyols) na dieta para o tratamento de DGIFs em adultos e crianças. A dieta com baixo teor de FODMAPs (BFM) restringe a ingestão de vários carboidratos fermentáveis, inclusive alimentos com frutanos (trigo e cebola), galacto-oligossacarídeos (leguminosas, repolho), lactose (produtos lácteos), frutose em excesso de glicose (peras e maçãs) e polióis de açúcar, como sorbitol e manitol (frutas com caroço e adoçantes artificiais).1818 Drossman DA, McKee DC, Sandler RS, Mitchell CM, Cramer EM, Lowman BC, et al. Psychosocial factors in the irritable bowel syndrome. A multivariate study of patients and non patients with irritable bowel syndrome. Gastroenterology. 1988;95:701-8. Um efeito promissor da dieta com baixo teor de FODMAP na redução de sintomas GI funcionais em pacientes adultos tem sido demonstrado,3737 Marsh A, Eslick EM, Eslick GD. Does a diet low in FODMAPs reduce symptoms associated with functional gastrointestinal disorders? A comprehensive systematic review and meta-analysis. Eur J Nutr. 2016;55:897-906. mas há evidências limitadas em crianças.3838 Newlove-Delgado TV, Martin AE, Abbott RA, Bethel A, Thompson-Coon J, Whear R, et al. Dietary interventions for recurrent abdominal pain in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2017;3:CD010972.

Esta revisão narrativa explora a literatura disponível sobre dietas com BFM e objetiva fornecer aos profissionais uma síntese crítica da fisiopatologia, mecanismo de ação, eficácia e limites para ajudar a identificar uma intervenção feita sob medida de dieta para DFDA em crianças.

Métodos

Foi feita uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline (via Pubmed), Embase e Cochrane Library, do início até agosto de 2018, com foco na dieta BFM em relação aos DFDA. Os seguintes termos foram usados: FODMAP, FODMAPs, fermentable oligosaccharides, disaccharides and monosaccharides and polyols, fermentable, poorly absorbed, short-chain carbohydrates, lactose-free diet, fructose, fructans, sorbitol AND functional gastrointestinal disorders, OR functional abdominal pain, recurrent abdominal pain, irritable bowel syndrome, IBS. Restringimos a pesquisa ao idioma inglês e a crianças (até 18 anos). Como o objetivo desta revisão não foi duplicar uma revisão sistemática recente sobre FODMAPs, mas rever criticamente a literatura disponível e fornecer aos médicos um resumo prático da DBF em crianças, expandimos nossa pesquisa e incluímos estudos prospectivos e retrospectivos, ensaios clínicos randomizados (ECRs), revisões e editoriais.

FODMAPs

Durante os anos 1980 e 1990, os estudos clínicos focalizaram principalmente no papel da ingestão de lactose, frutose e sorbitol como fatores desencadeantes dos sintomas gastrintestinais, inclusive dor abdominal, desconforto, distensão abdominal e diarreia. Nos últimos anos, o foco mudou para a ingestão de fruto-oligossacarídeos (frutanos) (FOS) e galacto-oligossacarídeos (GOS) como possíveis culpados da SII.3939 Zannini E, Arendt EK. Low FODMAPs and Gluten-free foods for irritable bowel syndrome treatment: lights and shadows. Food Res Int. 2018;110:33-41. Agrupar todos esses carboidratos de cadeia curta fermentáveis e álcoois de açúcar levou à sigla FODMAPs. Absorção deficiente, atividade osmótica e fermentação rápida pelo microbioma luminal4040 Barrett JS, Gearry RB, Muir JG, Irving PM, Rose R, Rosella O, et al. Dietary poorly absorbed, shortchain carbohydrates increase delivery of water and fermentable substrates to the proximal colon. Aliment Pharmacol Ther. 2010;31:874-82. podem resultar em produção excessiva de gás,4141 Ong DK, Mitchell SB, Barrett JS, Shepherd SJ, Irving PM, Biesiekierski JR, et al. Manipulation of dietary short chain carbohydrates alters the pattern of gas production and genesis of symptoms in irritable bowel syndrome. J Gastroenterol Hepatol. 2010;25:1366-73. distensão luminal, fezes amolecidas e hipersensibilidade visceral, características consistentes com a SII. Além disso, o supercrescimento bacteriano do intestino delgado que pode ocorrer em alguns pacientes com SII pode aumentar o metabolismo desses carboidratos e a consequente produção de gás.3939 Zannini E, Arendt EK. Low FODMAPs and Gluten-free foods for irritable bowel syndrome treatment: lights and shadows. Food Res Int. 2018;110:33-41. Os sintomas relacionados aos FODMAPs também podem derivar de alterações na microbiota e metabolismo do intestino, nas células endócrinas, na função imunológica e na barreira intestinal.4242 Murray K, Wilkinson-Smith V, Hoad C, Costigan C, Cox E, Lam C, et al. Differential effects of FODMAPs (fermentable oligo-, di-, mono-saccharides and polyols) on small and large intestinal contents in healthy subjects shown by MRI. Am J Gastroenterol. 2014;109:110-9.

43 El-Salhy M, Gundersen D. Diet in irritable bowel syndrome. Nutr J. 2015;:36.

44 Böhn L, Störsrud S, Liljebo T, Collin L, Lindfors P, Törnblom H, et al. Diet low in FODMAPs reduces symptoms of irritable bowel syndrome as well as traditional dietary advice: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2015;149:1399-407.
-4545 Staudacher HM, Whelan K, Irving PM, Lomer MC. Comparison of symptom response following advice for a diet low in fermentable carbohydrates (FODMAPs) versus standard dietary advice in patients with irritable bowel syndrome. J Hum Nutr Diet. 2011;24:487-95. É interessante o fato de que uma dieta FODMAP não restritiva pode estar associada tanto com fezes amolecidas e atraso no trânsito intestinal, como com constipação, como acontece em indivíduos com microbiota produtora de metano.4646 Chatterjee S, Park S, Low K, Kong Y, Pimentel M. The degree of breath methane production in IBS correlates with the severity of constipation. Am J Gastroenterol. 2007;102:837-41.,4747 Pimentel M, Mayer AG, Park S, Chow EJ, Hasan A, Kong Y. Methane productionduring lactulose breath test is associated with gastrointestinal disease presentation. Dig Dis Sci. 2003;48:86-92. Além disso, a ingestão dietética de prebióticos relacionados a carboidratos (fibras) que interagem com probióticos intestinais pode ter efeitos benéficos sobre a saúde humana4848 Nath A, Haktanirlar G, Varga Á, Molnár MA, Albert K, Galambos I, et al. Biological activities of lactose derived prebiotics and symbiotic with probiotics on gastrointestinal system. Medicina (Kaunas). 2018;54:18.,4949 Markowiak P, Śliżewska K. Effects of probiotics, prebiotics, and synbiotics on human health. Nutrients. 2017;9:1021. (fig. 1).

Figura 1
Mecanismo de ação dos prebióticos + probióticos relacionados a carboidratos e seus efeitos na saúde humana. Modificado de: Nath et al.4848 Nath A, Haktanirlar G, Varga Á, Molnár MA, Albert K, Galambos I, et al. Biological activities of lactose derived prebiotics and symbiotic with probiotics on gastrointestinal system. Medicina (Kaunas). 2018;54:18. e Markowiak et al.4949 Markowiak P, Śliżewska K. Effects of probiotics, prebiotics, and synbiotics on human health. Nutrients. 2017;9:1021.

A dieta BFM foi desenvolvida pela primeira vez em 1999 pelo Dr. Gibson e pelo Dr. Shepard na Monash University em Melbourne. Em 2005, os mesmos autores propuseram que uma dieta rica em FODMAPs poderia perpetuar sintomas gastrointestinais (funcionais) em pacientes com doença de Crohn.5050 Gibson PR, Shepherd SJ. Personal view: food for thought - western lifestyle and susceptibility to Crohn's disease. The FODMAP hypothesis. Aliment Pharmacol Ther. 2005;21:1399-409. Esse conceito logo foi extrapolado para pacientes com SII. Estudos iniciais mostraram os efeitos positivos da restrição da frutose e de frutanos de cadeia curta em adultos com má absorção de frutose. Além disso, a coingestão de frutose e glicose neutraliza o efeito prejudicial do excesso de frutose livre no intestino delgado de pacientes com SII com má absorção de frutose devido ao transporte combinado facilitado.5151 Shepherd SJ, Gibson PR. Fructose malabsorption and symptoms of irritable bowel syndrome: guidelines for effective dietary management. J Am Diet Assoc. 2006;106:1631-9. Desde então, vários estudos foram conduzidos e a dieta BFM é atualmente considerada uma abordagem dietética eficaz em adultos com SII,3939 Zannini E, Arendt EK. Low FODMAPs and Gluten-free foods for irritable bowel syndrome treatment: lights and shadows. Food Res Int. 2018;110:33-41. particularmente quando os sintomas persistem apesar das mudanças de estilo de vida e outros aconselhamentos dietéticos.5252 National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Irritable bowel syndrome in adults; diagnosis and management of irritable bowel syndrome in primary care. London: NICE; 2015. Os FODMAPs estão presentes em alimentos com trigo, centeio, cevada, leguminosas, lentilhas, grão de bico, couve de Bruxelas, aspargos, alcachofras, beterraba, brócolis, repolho, erva-doce, cebola, alho, alho-poró, quiabo, ervilha, cebolinha, maçã, pêssego, caqui, melancia e pistache.5353 Gibson PR, Shepherd SJ. Food choice as a key management strategy for functional gastrointestinal symptoms. Am J Gastroenterol. 2012;107:657-66. Uma lista de alimentos com baixo teor de FODMAPs é mostrado na tabela 1.5454 Khan MA, Nusrat S, Khan MI, Nawras A, Bielefeldt K. Low-FODMAP diet for irritable bowel syndrome: is it ready for prime time?. Dig Dis Sci. 2015;60:1169-77.

55 Barrett JS. How to institute the low-FODMAP diet. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32:8-10.

56 Varney J, Barrett J, Scarlata K, Catsos P, Gibson PR, Muir JG. FODMAPs: food composition, defining cutoff values and international application. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32:53-61.

57 Monash University Low FODMAP Diet app; 2016. Available from: http://www.med.monash.edu.au/cecs/gastro/fodmap/iphone-app.html [cited 27.03.19].
http://www.med.monash.edu.au/cecs/gastro...

58 Digestive Health Foundation. Available from: http://www.CDHF.ca [cited 27.03.19].
http://www.CDHF.ca...
-5959 Magge S, Lembo A. Low-FODMAP diet for treatment of irritable bowel syndrome. Gastroenterol Hepatol (NY). 2012;8:739-45.

Tabela 1
Lista de alimentos com baixo teor de FODMAPs

Um estudo em pacientes íleo-ostomizados esclareceu que a carga fermentável e o volume de líquido fornecido ao intestino grosso aumentam com FODMAPs.4040 Barrett JS, Gearry RB, Muir JG, Irving PM, Rose R, Rosella O, et al. Dietary poorly absorbed, shortchain carbohydrates increase delivery of water and fermentable substrates to the proximal colon. Aliment Pharmacol Ther. 2010;31:874-82. A microbiota intestinal fermenta rapidamente os carboidratos, resulta em distensão luminal e dor abdominal em adultos com hipersensibilidade visceral. Um estudo cintilográfico demonstrou que a ingestão de frutose-sorbitol reduziu o tempo de trânsito orocecal em aproximadamente três horas em indivíduos saudáveis.6060 Madsen JL, Linnet J, Rumessen JJ. Effect of non absorbed amounts of a fructose-sorbitol mixture on small intestinal transit in healthy volunteers. Dig Dis Sci. 2006;51:147-53. Outros estudos mostraram que os FODMAPs podem alterar a composição da microbiota, diminuir a histamina urinária6161 McIntosh K, Reed DE, Schneider T, Dang F, Keshteli AH, De Palma G, et al. FODMAPs alter symptoms and the metabolome of patients with IBS: a randomised controlled trial. Gut. 2017;66:1241-51. e aumentar a citocinas pró-inflamatórias6262 Hustoft TN, Hausken T, Ystad SO, Valeur J, Brokstad K, Hatlebakk JG, et al. Effects of varying dietary content of fermentable short-chain carbohydrates on symptoms, fecal microenvironment, and cytokine profiles in patients with irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol Motil. 2017;29:4. e a nocicepção visceral.6363 Zhou SY, Gillilland M, Wu X, Leelasinjaroen P, Zhang G, Zhou H, et al. FODMAP diet modulates visceral nociception by lipopolysaccharide-mediated intestinal inflammation and barrier dysfunction. J Clin Invest. 2018;128:267-80. Uma dieta rica em FODMAPs (RFM) aumentou as bactérias Gram-negativas fecais de ratos, elevou os lipopolissacarídeos, induziu a disfunção da barreira intestinal e a hipersensibilidade visceral.6363 Zhou SY, Gillilland M, Wu X, Leelasinjaroen P, Zhang G, Zhou H, et al. FODMAP diet modulates visceral nociception by lipopolysaccharide-mediated intestinal inflammation and barrier dysfunction. J Clin Invest. 2018;128:267-80. Uma dieta BFM de quatro semanas foi capaz de reverter essas manifestações, melhorar os sintomas da SII e reduzir os níveis de lipopolissacarídeos fecais. A administração intracolônica de sobrenadante fecal de pacientes com SII em ratos causou hipersensibilidade visceral nos animais, não transferida se os pacientes estivessem em dieta BFM.6363 Zhou SY, Gillilland M, Wu X, Leelasinjaroen P, Zhang G, Zhou H, et al. FODMAP diet modulates visceral nociception by lipopolysaccharide-mediated intestinal inflammation and barrier dysfunction. J Clin Invest. 2018;128:267-80.

A dieta BFM: passos práticos

A dieta BFM pode ser implantada com duas abordagens diferentes: bottom-up, ou de baixo para cima e top-down, ou de cima para baixo.6464 Boradyn KM, Przybyłowicz KE. Low FODMAP diet: a potential treatment of functional abdominal pain in children. Perspect Public Health. 2017;137:314-5. A abordagem bottom-up é uma eliminação gradual progressiva de produtos individuais (ou grupos de produtos) da dieta até o alívio dos sintomas e permite especificar o limite de tolerância do paciente aos FODMAPs. Esse método é preferido em pacientes: (1) que ainda não foram diagnosticados com SII, mas apresentam sintomas sugestivos que afetam sua qualidade de vida; (2) quem já seguem outra dieta de eliminação; ou (3) que têm dificuldade de seguir uma dieta BFM completa.6565 Halmos EP. A low FODMAP diet in patients with Crohn's disease. J Gastroenterol Hepatol. 2016;31(Suppl. 1):5-14. A segunda abordagem, a top-down, mais comumente usada em estudos experimentais, requer redução ou eliminação transitória de todos os alimentos ricos em FODMAPs da dieta, é portanto muito mais restritiva. Subsequentemente, os produtos contendo FODMAPs são gradualmente reintroduzidos na dieta.6565 Halmos EP. A low FODMAP diet in patients with Crohn's disease. J Gastroenterol Hepatol. 2016;31(Suppl. 1):5-14.,6666 Barrett JS, Gibson PR. Fermentable oligosaccharides, disaccharides, monosaccharides and polyols (FODMAPs) and nonallergic food intolerance: FODMAPs or food chemicals?. Therap Adv Gastroenterol. 2012;5:261-8.

Há três fases distintas na dieta BFM: eliminação, determinação das sensibilidades e personalização.3636 Oświęcimska J, Szymlak A, Roczniak W, Girczys-Połedniok K, Kwiecień J. New insights into the pathogenesis and treatment of irritable bowel syndrome. Adv Med Sci. 2017;62:17-30.,6767 Whelan K, Martin LD, Staudacher HM, Lomer MC. The low FODMAP diet in the management of irritable bowel syndrome: an evidence based review of FODMAP restriction, reintroduction and personalisation in clinical practice. J Hum Nutr Diet. 2018;31:239-55.,6868 Chey WD. Food: the main course to wellness and illness in patients with irritable bowel syndrome. Am J Gastroenterol. 2016;111:366-71. A maioria dos estudos conduzidos sobre a dieta BFM se concentra na fase de eliminação, geralmente prescrita por duas a seis semanas, seguida pela avaliação da melhoria dos sintomas. Após completar a primeira fase da restrição de FODMAPs, se uma resposta terapêutica for alcançada, os pacientes devem passar por uma fase de reintrodução estruturada (idealmente com a ajuda de um nutricionista) para determinar o tipo e quantidade de FODMAPs que podem ser tolerados antes de sentir sintomas, cria-se assim uma dieta BFM personalizada.6767 Whelan K, Martin LD, Staudacher HM, Lomer MC. The low FODMAP diet in the management of irritable bowel syndrome: an evidence based review of FODMAP restriction, reintroduction and personalisation in clinical practice. J Hum Nutr Diet. 2018;31:239-55. Com essa abordagem, baseada em restrições dietéticas personalizadas demonstradas pela tolerância do paciente, é mais provável que a adequação nutricional seja mantida e as alterações da microbiota luminal podem ser parcialmente compensadas.6969 Tuck C, Barrett J. Re-challenging FODMAPs: the low FODMAP diet phase two. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32(Suppl. 1):5-11.

Orientações sobre o conteúdo de FODMAPs está disponível em publicações científicas e leigas para muitos tipos de alimentos7070 Chumpitazi BP, Lim J, McMeans AR, Shulman RJ, Hamaker BR. Evaluation of FODMAP carbohydrates content in selected foods in the United States. J Pediatr. 2018;199:252-5. e a maioria das informações e análises origina-se na Austrália.7171 Muir JG, Rose R, Rosella O, Liels K, Barrett JS, Shepherd SJ, et al. Measurement of short-chain carbohydrates in common Australian vegetables and fruits by high-performance liquid chromatography (HPLC). J Agric Food Chem. 2009;57:554-65. A discordância do conteúdo de FODMAPs nas listas de alimentos de outros países pode estar parcialmente relacionada à falta de orientação clara do conteúdo de FODMAPs em diferentes áreas geográficas.7272 McMeans AR, King KL, Chumpitazi BP. Low FODMAP dietary food lists are often discordant. Am J Gastroenterol. 2017;112:655-6. Chumpitazi et al.7070 Chumpitazi BP, Lim J, McMeans AR, Shulman RJ, Hamaker BR. Evaluation of FODMAP carbohydrates content in selected foods in the United States. J Pediatr. 2018;199:252-5. encontraram um conteúdo excessivo de FODMAPs em vários alimentos processados, antes considerados alimentos BFM, tais como produtos assados sem glúten e bebidas processadas. Além disso, no pão sem glúten fabricado na Austrália, o teor de frutose é, por vezes, mais elevado do que nos seus equivalentes sem glúten.7373 Biesiekierski JR, Rosella O, Rose R, Liels K, Barrett JS, Shepherd SJ, et al. Quantification of fructans, galacto-oligosacharides and other shortchain carbohydrates in processed grains and cereals. J Hum Nutr Diet. 2011;24:154-76. A avaliação adequada de FODMAPs e frutose e/ou frutanos pode ser útil para pacientes com tolerância diferente a diferentes carboidratos.7474 Muir JG, Gibson PR. The low FODMAP diet for treatment of irritable bowel syndrome and other gastrointestinal disorders. Gastroenterol Hepatol (NY). 2013;9:450-2. O desenvolvimento de tecnologias que permitam a redução de FODMAPs em alimentos processados também é recomendado.6464 Boradyn KM, Przybyłowicz KE. Low FODMAP diet: a potential treatment of functional abdominal pain in children. Perspect Public Health. 2017;137:314-5.

Críticas à dieta com baixo teor de FODMAPs

Apesar da eficácia demonstrada da dieta BFM em um subgrupo de pacientes com SII, múltiplas preocupações têm sido levantadas.6464 Boradyn KM, Przybyłowicz KE. Low FODMAP diet: a potential treatment of functional abdominal pain in children. Perspect Public Health. 2017;137:314-5.,7575 Gibson PR, Burgell RE. Easing concerns about the low FODMAP diet in patients with irritable bowel syndrome. Gastroenterology. 2017;153:886-7. Essas incluem: (1) a falta de ensaios randomizados, controlados por placebo e de alta qualidade em crianças7676 Does a low FODMAP diet help IBS? Drugs Ther Bull. 2015;51:91-6.

77 Krogsgaard LR, Lyngesen M, Bytzer P. Systematic review: quality of trials on the symptomatic effects of the low FODMAP diet for irritable bowel syndrome. Aliment Pharmacol Ther. 2017;45:1506-13.
-7878 Yao CK, Gibson PR, Shepherd SJ. Design of clinical trials evaluating dietary interventions in patients with functional gastrointestinal disorders. Am J Gastroenterol. 2013;108:748-58.; (2) a complexidade e dificuldade de ensinar a dieta; (3) a falta de pontos de corte específicos para o conteúdo de FODMAPs; (4) a escassez de dados sobre segurança e eficácia em longo prazo e (5) seu efeito sobre a microbiota intestinal.7979 Staudacher HM. Nutritional, microbiological and psychosocial implications of the low FODMAP diet. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32(Suppl. 1):16-9.

Além do impacto na ingestão de nutrientes, a dieta BFM pode ter impactos psicossociais. Os pacientes relataram achar a dieta "muito difícil de seguir"8080 Larsen T, Hausken T, Otteraaen YS, Hovdenak N, Mueller B, Lied GA. Does the low FODMAP diet improve symptoms of radiation-induced enteropathy? A pilot study. Scand J Gastroenterol. 2017;7:1-8. e um estudo com questionário relatou dificuldade de comer fora e viajar naqueles que seguem uma dieta com baixo teor de FODMAPs em longo prazo.8181 O'Keeffe M, Jansen C, Martin L, Williams M, Seamark L, Staudacher HM, et al. Long-term impact of the low-FODMAP diet on gastrointestinal symptoms, dietary intake, patient acceptability, and healthcare utilization in irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol Motil. 2018;30:e13154.

Por outro lado, foram demonstrados os efeitos benéficos da dieta BFM sobre a qualidade de vida.8282 Harvie RM, Chisholm AW, Bisanz JE, Burton JP, Herbison P, Schultz K, et al. Long-term irritable bowel syndrome symptom control with reintroduction of selected FODMAPs. World J Gastroenterol. 2017;23:4632-43.,8383 Staudacher HM, Lomer MC, Farquharson FM, Louis P, Fava F, Franciosi E, et al. A diet low in FODMAPs reduces symptoms in patients with irritable bowel syndrome and a probiotic restores Bifidobacterium species: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2017;153:936-47. Apesar da complexidade percebida ao seguir uma dieta tão restritiva,8383 Staudacher HM, Lomer MC, Farquharson FM, Louis P, Fava F, Franciosi E, et al. A diet low in FODMAPs reduces symptoms in patients with irritable bowel syndrome and a probiotic restores Bifidobacterium species: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2017;153:936-47. 57% dos pacientes relataram alívio adequado dos sintomas. De 90 pacientes incluídos em um estudo observacional prospectivo, 60% afirmaram que a dieta BFM era fácil de seguir.8484 de Roest RH, Dobbs BR, Chapman BA, Batman B, O'Brien LA, Leeper JA, et al. The low FODMAP diet improves gastrointestinal symptoms in patients with irritable bowel syndrome: a prospective study. Int J Clin Pract. 2013;67:895-903.

Em termos de segurança, as principais preocupações consideram possíveis deficiências nutricionais, particularmente durante a fase inicial de eliminação de alimentos ricos em FODMAPs.7979 Staudacher HM. Nutritional, microbiological and psychosocial implications of the low FODMAP diet. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32(Suppl. 1):16-9. A ingestão reduzida de grãos, frutas, vegetais e produtos lácteos pode restringir as escolhas dietéticas e pode resultar, especialmente em crianças em crescimento, em perda de peso, déficit de crescimento, risco de deficiência de fibras e micronutrientes (principalmente ferro, cálcio, retinol, tiamina e riboflavina)8383 Staudacher HM, Lomer MC, Farquharson FM, Louis P, Fava F, Franciosi E, et al. A diet low in FODMAPs reduces symptoms in patients with irritable bowel syndrome and a probiotic restores Bifidobacterium species: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2017;153:936-47.,8585 Staudacher H, Ross FS, Briscoe ZM, Irving PM, Whelan K, Lomer MC. Advice from a dietitian regarding the low FODMAP diet broadly maintains nutrient intake and does not alter fibre intake. Gut. 2015;64:A143-4.

86 Farida JP, Shah ED, Ball S, Chey WD, Eswaran SL. Micronutrient intake changes with the low FODMAP and mNICE diets. Amer J Gastroenterol. 2017;112:S247.
-8787 Eswaran SL, Chey WD, Han-Markey T, Ball S, Jackson K. A randomized controlled trial comparing the low FODMAP diet vs. modified nice guidelines in US adults with IBS-D. Am J Gastroenterol. 2016;111:1824-32. e distúrbios alimentares, como maus hábitos alimentares e aversões alimentares. No maior ECR sobre dietas BFM,7979 Staudacher HM. Nutritional, microbiological and psychosocial implications of the low FODMAP diet. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32(Suppl. 1):16-9. a ingestão de energia não foi diferente daqueles que seguiam uma dieta normal, a mudança no peso corporal foi mínima (média < 0,5 kg) e não foi diferente entre os dois grupos.8383 Staudacher HM, Lomer MC, Farquharson FM, Louis P, Fava F, Franciosi E, et al. A diet low in FODMAPs reduces symptoms in patients with irritable bowel syndrome and a probiotic restores Bifidobacterium species: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2017;153:936-47.,8585 Staudacher H, Ross FS, Briscoe ZM, Irving PM, Whelan K, Lomer MC. Advice from a dietitian regarding the low FODMAP diet broadly maintains nutrient intake and does not alter fibre intake. Gut. 2015;64:A143-4. Por outro lado, dois outros ECRs de quatro semanas relataram redução na ingestão de energia no grupo BFM.4444 Böhn L, Störsrud S, Liljebo T, Collin L, Lindfors P, Törnblom H, et al. Diet low in FODMAPs reduces symptoms of irritable bowel syndrome as well as traditional dietary advice: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2015;149:1399-407.,8686 Farida JP, Shah ED, Ball S, Chey WD, Eswaran SL. Micronutrient intake changes with the low FODMAP and mNICE diets. Amer J Gastroenterol. 2017;112:S247.,8787 Eswaran SL, Chey WD, Han-Markey T, Ball S, Jackson K. A randomized controlled trial comparing the low FODMAP diet vs. modified nice guidelines in US adults with IBS-D. Am J Gastroenterol. 2016;111:1824-32. Além disso, alguns vegetais ricos em FODMAPs (por exemplo, couve-flor, cebola, alho) contêm antioxidantes naturais, tais como flavonoides, carotenoides e vitamina C; algumas frutas e amoras contêm ácido fenólico e antocianinas e o trigo é uma fonte importante de ácidos fenólicos.8888 Catassi G, Lionetti E, Gatti S, Catassi C. The Low FODMAP Diet: many question marks for a catchy acronym. Nutrients. 2017;16:E292.,8989 Brewer MS. Natural antioxidants: sources, compounds, mechanisms of action, and potential applications. Compr Rev Food Sci Food Saf. 2011;10:221-47. No entanto, um recente estudo de acompanhamento não demonstrou inadequação nutricional após o período de reintrodução em pacientes com SII seguindo uma dieta "FODMAP adaptada".6969 Tuck C, Barrett J. Re-challenging FODMAPs: the low FODMAP diet phase two. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32(Suppl. 1):5-11. Além disso, os dois únicos estudos de longo prazo em pacientes com SII que seguiam uma dieta FODMAPs personalizada com reintrodução de FODMAPs de acordo com a tolerância dos pacientes descobriram que o cálcio,8181 O'Keeffe M, Jansen C, Martin L, Williams M, Seamark L, Staudacher HM, et al. Long-term impact of the low-FODMAP diet on gastrointestinal symptoms, dietary intake, patient acceptability, and healthcare utilization in irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol Motil. 2018;30:e13154.,8282 Harvie RM, Chisholm AW, Bisanz JE, Burton JP, Herbison P, Schultz K, et al. Long-term irritable bowel syndrome symptom control with reintroduction of selected FODMAPs. World J Gastroenterol. 2017;23:4632-43. o ferro e outros micronutrientes8181 O'Keeffe M, Jansen C, Martin L, Williams M, Seamark L, Staudacher HM, et al. Long-term impact of the low-FODMAP diet on gastrointestinal symptoms, dietary intake, patient acceptability, and healthcare utilization in irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol Motil. 2018;30:e13154. não foram comprometidos em um período de 6-18 meses.

Dois ensaios clínicos randomizados em adultos com SII2929 Eswaran S, Tack J, Chey WD. Food: the forgotten factor in the irritable bowel syndrome. Gastroenterol Clin North Am. 2011;40:141-62.,8686 Farida JP, Shah ED, Ball S, Chey WD, Eswaran SL. Micronutrient intake changes with the low FODMAP and mNICE diets. Amer J Gastroenterol. 2017;112:S247. e um pequeno estudo não controlado em pacientes com sintomas gastrointestinais induzidos por radiação8080 Larsen T, Hausken T, Otteraaen YS, Hovdenak N, Mueller B, Lied GA. Does the low FODMAP diet improve symptoms of radiation-induced enteropathy? A pilot study. Scand J Gastroenterol. 2017;7:1-8. relataram reduções na ingestão de fibras durante a dieta BFM em comparação com a linha basal. A substituição inadequada de grãos, frutas e vegetais ricos em FODMAPs por substitutos adequados de BFM/alto teor de fibras poderia explicar esses achados. Além disso, outro grande ECR não encontrou diferença na ingestão de fibras ou macronutrientes após uma dieta BFM de quatro semanas em SII.8585 Staudacher H, Ross FS, Briscoe ZM, Irving PM, Whelan K, Lomer MC. Advice from a dietitian regarding the low FODMAP diet broadly maintains nutrient intake and does not alter fibre intake. Gut. 2015;64:A143-4. O impacto nutricional pode variar principalmente devido à oferta de opções alimentares e à integralidade das orientações nutricionais fornecidas.

Sobre a influência da dieta no microbioma intestinal, espécies consideradas benéficas para a saúde do hospedeiro, como as bifidobactérias e Faecalibacterium prausnitzii, estavam reduzidas em pacientes com SII que receberam uma dieta BFM, provavelmente como consequência da redução da ingestão de prebióticos.3434 Dolan R, Chey WD, Eswaran D. The role of diet in the management of irritable bowel syndrome: a focus on FODMAPs. Expert Rev Gastroenterol Hepatol. 2018;12:607-15. A abundância de várias bactérias (Faecalibacterium prausnitzii, Actinobacteria e Bifidobacterium) reapareceu após 10 dias de suplementação com FOS6262 Hustoft TN, Hausken T, Ystad SO, Valeur J, Brokstad K, Hatlebakk JG, et al. Effects of varying dietary content of fermentable short-chain carbohydrates on symptoms, fecal microenvironment, and cytokine profiles in patients with irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol Motil. 2017;29:4. e a diversidade de cepas não diminuiu com a restrição de FODMAPs em quatro estudos.6161 McIntosh K, Reed DE, Schneider T, Dang F, Keshteli AH, De Palma G, et al. FODMAPs alter symptoms and the metabolome of patients with IBS: a randomised controlled trial. Gut. 2017;66:1241-51.,8787 Eswaran SL, Chey WD, Han-Markey T, Ball S, Jackson K. A randomized controlled trial comparing the low FODMAP diet vs. modified nice guidelines in US adults with IBS-D. Am J Gastroenterol. 2016;111:1824-32.,9090 Chumpitazi BP, Cope JL, Hollister EB, Tsai CM, McMeans AR, Luna RA, et al. Randomised clinical trial: gut microbiome biomarkers are associated with clinical response to a low FODMAP diet in children with irritable bowel syndrome. Aliment Pharmacol Ther. 2015;42:418-27.,9191 Halmos EP, Christophersen CT, Bird AR, Shepherd SJ, Gibson PR, Muir JG. Diets that differ in their FODMAP content alter the colonic luminal microenvironment. Gut. 2015;64:93-100. Além disso, Staudacher et al.8383 Staudacher HM, Lomer MC, Farquharson FM, Louis P, Fava F, Franciosi E, et al. A diet low in FODMAPs reduces symptoms in patients with irritable bowel syndrome and a probiotic restores Bifidobacterium species: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2017;153:936-47. descobriram que a redução de Bifidobacterium induzida por uma dieta BFM foi neutralizada através de um preparado probiótico específico com bifidobactérias.

Evidências para o uso de dietas BFM para o manejo de sintomas gastrointestinais em adultos

Uma recente revisão sistemática3838 Newlove-Delgado TV, Martin AE, Abbott RA, Bethel A, Thompson-Coon J, Whear R, et al. Dietary interventions for recurrent abdominal pain in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2017;3:CD010972. descobriu que, em 12 dos 13 estudos em adultos, uma dieta com restrição de FODMAPs foi uma intervenção dietética eficaz para reduzir os sintomas da SII. No entanto, um ECR recente mostrou que embora a dieta BFM tenha reduzido os sintomas da SII, ela não foi melhor do que o aconselhamento dietético tradicional.4444 Böhn L, Störsrud S, Liljebo T, Collin L, Lindfors P, Törnblom H, et al. Diet low in FODMAPs reduces symptoms of irritable bowel syndrome as well as traditional dietary advice: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2015;149:1399-407. Outro estudo descobriu que a proporção de indivíduos que relataram alívio adequado dos sintomas da SII-D em ≥50%) durante as semanas 3 e 4 não diferiram significativamente daqueles que não receberam a dieta BFM.8787 Eswaran SL, Chey WD, Han-Markey T, Ball S, Jackson K. A randomized controlled trial comparing the low FODMAP diet vs. modified nice guidelines in US adults with IBS-D. Am J Gastroenterol. 2016;111:1824-32.

Em atletas com histórico autorrelatado de estresse gastrointestinal associado a exercício persistente, uma dieta BFM de curto prazo resulta em menos sintomas GI diários, em comparação com uma dieta com alto teor de FODMAPs.9292 Lis DM, Stellingwerff T, Kitic CC, Fell JM, Ahuja KD. Low Fodmap: a preliminary strategy to reduce gastrointestinal distress in athletes. Med Sci Sports Exerc. 2018;50:116-23.

Evidências para o uso de dietas BFM para gerenciar os DFDA em crianças

A busca na literatura pediátrica recuperou 156 registros e, de acordo com os critérios de inclusão selecionados, 24 registros foram incluídos nesta revisão (fig. S1 Apêndice Material adicional Pode consultar o material adicional para este artigo na sua versão eletrónica disponível em doi:10.1016/j.jpedp.2019.05.019. ).

Evidências de dieta BFM abrangente em crianças com DFDA

O resumo dos estudos em crianças é mostrado na tabela 2.

Em um estudo aberto,9393 Chumpitazi BP, Hollister EB, Oezguen N, Tsai CM, McMeans AR, Luna RA, et al. Gut microbiota influences low fermentable substrate diet efficacy in children with irritable bowel syndrome. Gut Microb. 2014;5:165-75. feito em uma pequena amostra de oito crianças com SII, a gravidade da dor abdominal, a intensidade e a interferência com as atividades da vida diária foram significativamente reduzidas após uma semana de dieta BFM. Quatro das oito crianças tiveram uma redução de ≥ 50% na frequência de dor abdominal em comparação com a linha basal.9393 Chumpitazi BP, Hollister EB, Oezguen N, Tsai CM, McMeans AR, Luna RA, et al. Gut microbiota influences low fermentable substrate diet efficacy in children with irritable bowel syndrome. Gut Microb. 2014;5:165-75. Em um estudo randomizado duplo-cego cruzado,9090 Chumpitazi BP, Cope JL, Hollister EB, Tsai CM, McMeans AR, Luna RA, et al. Randomised clinical trial: gut microbiome biomarkers are associated with clinical response to a low FODMAP diet in children with irritable bowel syndrome. Aliment Pharmacol Ther. 2015;42:418-27. 33 crianças com SII foram randomizadas para receber uma dieta BFM (0,15 g/kg/dia, máximo de 9 g/dia de FODMAPs) ou uma dieta típica da infância americana (DTIA) com 0,7 g/kg/dia (máximo 50 g/dia) de FODMAPs por 48 horas. Após o período de washout de cinco dias, as crianças foram "cruzadas" para a outra dieta por mais 48 horas. Crianças que receberam uma dieta BFM relataram número significativamente menor de episódios diários de dor abdominal em comparação com crianças após DTIA. As crianças que apresentaram uma melhoria significativa na dieta BFM tinham um perfil distinto de microbiota, mostraram uma maior capacidade metabólica sacarolítica (por exemplo, Bacteroides, Ruminococcaceae, Faecalibacterium prausnitzii). Nenhuma diferença na diversidade α (número de unidades taxonômicas operacionais, isto é, número de espécies) foi encontrada após uma dieta BFM de uma semana. Em um editorial subsequente,9494 Chumpitazi BP, Shulman RJ. Editorial: predicting response to a low FODMAP diet in children - authors' reply. Aliment Pharmacol Ther. 2015;42:776. os autores levantam a hipótese de que um tamanho de efeito maior poderia ter sido encontrado com um estudo mais longo que comparasse a BFM e a dieta típica da infância americana.

Um estudo recente em adultos com SII confirmou que os níveis pré-tratamento de marcadores de DNA microbiano intestinais selecionados (níveis mais elevados de Bacteroides fragilis, Acinetobacter, Ruminiclostridium, Streptococcus e Eubacterium) foram associados a maior probabilidade de responder à restrição de FODMAPs.9595 Valeur J, Småstuen MC, Knudsen T, Lied GA, Røseth AG. Exploring gut microbiota composition as an indicator of clinical response to dietary FODMAP restriction in patients with irritable bowel syndrome. Dig Dis Sci. 2018;63:429-36.

Duas revisões recentes3838 Newlove-Delgado TV, Martin AE, Abbott RA, Bethel A, Thompson-Coon J, Whear R, et al. Dietary interventions for recurrent abdominal pain in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2017;3:CD010972.,9696 Turco R, Salvatore S, Miele E, Romano C, Marseglia GL, Staiano A. Does a low FODMAPs diet reduce symptoms of functional abdominal pain disorders? A systematic review in adult and paediatric population, on behalf of Italian Society of Pediatrics. Ital J Pediatr. 2018;44:53. destacaram os dados limitados disponíveis em crianças9090 Chumpitazi BP, Cope JL, Hollister EB, Tsai CM, McMeans AR, Luna RA, et al. Randomised clinical trial: gut microbiome biomarkers are associated with clinical response to a low FODMAP diet in children with irritable bowel syndrome. Aliment Pharmacol Ther. 2015;42:418-27.,9797 Wirth S, Klodt C, Wintermeyer P, Berrang J, Hensel K, Langer T, et al. Positive or negative fructose breath test results do not predict response to fructose restricted diet in children with recurrent abdominal pain: results from a prospective randomized trial. Klin Padiatr. 2014;226:268-73. e a necessidade de futuros estudos maiores e de alta qualidade para testar a eficácia da dieta BFM.

Um recente estudo cego pediátrico de prova de conceito, intervencionista e aberto9898 Iacovou M, Mulcahy EC, Truby H, Barrett JS, Gibson PR, Muir JG. Reducing the maternal dietary intake of indigestible and slowly absorbed short-chain carbohydrates is associated with improved infantile colic: a proof-of-concept study. J Hum Nutr Diet. 2018;31:256-65. avaliou a eficácia de uma abordagem alternativa e inovadora. Neste estudo, 18 bebês nascidos a termo em amamentação exclusiva, entre 2-17 semanas, que preencheram critérios para cólica infantil e suas mães, foram recrutados para um estudo de intervenção dietética. As mães dos bebês receberam uma dieta BFM de sete dias e completaram o Baby Day Diary (Diário do Dia a Dia dos Bebês) nos dias 5-7 para avaliar os resultados do estudo clínico e usaram um cronômetro para medir a duração do sono, alimentação, choro, agitação e tempo acordado e satisfeito.

O conteúdo de FODMAPs no leite materno e amostras fecais infantis para pH foram analisados no início e no fim da intervenção dietética. A duração do choro diminuiu em 52 minutos em comparação com os valores basais [142 minutos] no fim do estudo dietético. Uma redução significativa na duração da agitação e no número de episódios de choro também foi relatada. A análise do teor de lactose do leite materno mostrou-se estável durante toda a intervenção. O pH das fezes dos bebês permaneceu inalterado em relação aos valores basais. Apesar da falta de evidências, muitas mães que amamentam tendem a praticar uma mudança na dieta como uma estratégia comum para aliviar os sintomas da cólica de seus filhos,9999 Iacovou M. Adapting the low FODMAP diet to special populations: infants and children. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32:43-5.

100 Iacovou M, Ralston RA, Muir J, Walker KZ, Truby H. Dietary management of infantile colic: a systematic review. Matern Child Health J. 2012;16:1319-31.

101 Abdallah E, Elneim A. Dietary habits during the postpartum period among a sample of lactating women in Sudan. J Nurs Health Sci. 2014;3:1-6.
-102102 Alouane L, Ghrissi A, Benkhaled I. Dietary habits of postpartum mothers during breastfeeding. Ann Nutr Metab. 2013;63:412. em alguns casos evitam alimentos produtores de gás (por exemplo, cebola, alho, repolho ou leguminosas).101101 Abdallah E, Elneim A. Dietary habits during the postpartum period among a sample of lactating women in Sudan. J Nurs Health Sci. 2014;3:1-6.,102102 Alouane L, Ghrissi A, Benkhaled I. Dietary habits of postpartum mothers during breastfeeding. Ann Nutr Metab. 2013;63:412.

Dietas restritas, como a dieta LFM, tanto em mães que amamentam quanto em crianças em crescimento, precisam ser conduzidas e supervisionadas adequadamente, e após consulta com um nutricionista especializado, pois pode levar não apenas ao comprometimento da adequação nutricional, mas também ao desenvolvimento de maus comportamentos alimentares e fobias alimentares.

Estudos relacionados a frutanos em crianças com DFDA

Os frutanos são FODMAPs comumente presentes na dieta habitual de adultos e crianças.103103 Moshfegh AJ, Friday JE, Goldman JP, Ahuja JK. Presence of inulin and oligofructose in the diets of Americans. J Nutr. 1999;129:1407S-11S. Os frutanos são ricos em ligações frutosil-frutose que chegam intactas ao intestino, uma vez que não podem ser hidrolisadas por enzimas humanas.103103 Moshfegh AJ, Friday JE, Goldman JP, Ahuja JK. Presence of inulin and oligofructose in the diets of Americans. J Nutr. 1999;129:1407S-11S.

104 Roberfroid MB. Inulin-type fructans: functional food ingredients. J Nutr. 2007;137:2493S-502S.
-105105 Niness KR. Inulin and oligofructose: what are they?. J Nutr. 1999;129:1402S-6S. Esses oligossacarídeos sofrem fermentação colônica, aumentam a produção de gás e a distensão luminal subsequente que podem exacerbar os sintomas em indivíduos com SII.4242 Murray K, Wilkinson-Smith V, Hoad C, Costigan C, Cox E, Lam C, et al. Differential effects of FODMAPs (fermentable oligo-, di-, mono-saccharides and polyols) on small and large intestinal contents in healthy subjects shown by MRI. Am J Gastroenterol. 2014;109:110-9.,106106 Shepherd SJ, Parker FC, Muir JG, Gibson PR. Dietary triggers of abdominal symptoms in patients with irritable bowel syndrome: randomized placebo-controlled evidence. Clin Gastroenterol Hepatol. 2008;6:765-71. No entanto, limitar os frutanos pode reduzir a ingestão de alimentos saudáveis (i.e. fibras) e bifidobactérias.104104 Roberfroid MB. Inulin-type fructans: functional food ingredients. J Nutr. 2007;137:2493S-502S.,107107 Carabin IG, Flamm WG. Evaluation of safety of inulin and oligofructose as dietary fiber. Regul Toxicol Pharmacol. 1999;30:268-82.

Em um recente estudo cruzado duplo-cego, randomizado, controlado por placebo,108108 Chumpitazi BP, McMeans AR, Vaughan A, Ali A, Orlando S, Elsaadi A, et al. Fructans exacerbate symptoms in a subset of children with irritable bowel syndrome. Gastroenterol Hepatol. 2018;16:219-25. 23 crianças com SII completaram diários basais de dor abdominal e de evacuações por uma semana e diários alimentares de três dias. Escores de depressão, ansiedade e somatização foram medidos através de questionários validados. As crianças foram aleatoriamente designadas para receber refeições com ou frutanos ou maltodextrina (0,5 g/kg; máximo de 19 g) por 72 horas, seguido por um período de washout de pelo menos 10 dias.

A produção de hidrogênio e metano na respiração foi testada no início e durante cada período do estudo. Indivíduos sensíveis e não sensíveis a frutanos foram semelhantes nos sintomas basais e dieta, avaliação psicossocial, subtipo de SII e produção de gás. Houve um número significativamente maior de episódios diários de dor abdominal, inchaço mais grave e flatulência durante a dieta com frutanos em comparação com a dieta com maltodextrina. A produção de hidrogênio (mas não de metano) foi significativamente maior durante o período de frutanos).

Estudos relacionados à lactose em crianças com DFDA

Três ECRs sobre uma dieta com restrição de lactose foram concluídos109109 Dearlove J, Dearlove B, Pearl K, Primavesi R. Dietary lactose and the child with abdominal pain. Br Med J. 1983;286:1936102.

110 Lebenthal E, Rossi TM, Nord KS, Branski D. Recurrent abdominal pain and lactose absorption in children. Pediatrics. 1981;67:828-32.
-111111 Gremse DA, Greer AS, Vacik J, DiPalma JA. Abdominal pain associated with lactose ingestion in children with lactose intolerance. Clin Pediatr. 2003;42:341-5. em crianças com DFDA,112112 Chumpitazi BP, Shulman RJ. Dietary carbohydrates and childhood functional abdominal pain. Ann Nutr Metab. 2016;68(Suppl. 1):8-17. bem como um maior número de ensaios observacionais ou não controlados.113113 Liebman WM. Recurrent abdominal pain in children: lactose and sucrose intolerance, a prospective study. Pediatrics. 1979;64:43-5.

114 Barr RG, Levine MD, Watkins JB. Recurrent abdominal pain of childhood due to lactose intolerance. N Engl J Med. 1979;300:1449-52.

115 Christensen MF. Recurrent abdominal pain and dietary fiber. Am J Dis Child. 1986;140:738-9.

116 Blumenthal I, Kelleher J, Littlewood JM. Recurrent abdominal pain and lactose intolerance in childhood. Br Med J (Clin Res Ed). 1981;282:2013-4.

117 Wald A, Chandra R, Fisher SE, Gartner JC, Zitelli B. Lactose malabsorption in recurrent abdominal pain of childhood. J Pediatr. 1982;100:65-8.

118 Bhan MK, Arora NK, Ghai OP, Dhamija NK, Nayyar S, Fotedar A. Lactose and milk intolerance in recurrent abdominal pain of childhood. Indian J Pediatr. 1982;49:199-202.

119 Webster RB, Dipalma JA, Gremse DA. Lactose maldigestion and recurrent abdominal pain in children. Dig Dis Sci. 1995;40:1506-10.

120 Ceriani R, Zuccato E, Fontana M, Zuin G, Ferrari L, Principi N, et al. Lactose malabsorption and recurrent abdominal pain in Italian children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1988;7:852-7.

121 Gremse DA, Nguyenduc GH, Sacks AI, Dipalma JA. Irritable bowel syndrome and lactose maldigestion in recurrent abdominal pain in childhood. South Med J. 1999;92:778-81.

122 Gijsbers CF, Kneepkens CM, Buller HA. Lactose and fructose malabsorption in children with recurrent abdominal pain: results of double-blinded testing. Acta Paediatr. 2012;101:e411-5.

123 Ockeloen LE, Deckers-Kocken JM. Short and long-term effects of a lactose-restricted diet and probiotics in children with chronic abdominal pain: a retrospective study. Complement Ther Clin Pract. 2012;18:81-4.
-124124 Däbritz J, Mühlbauer M, Domagk D, Voos N, Henneböhl G, Siemer ML, et al. Significance of hydrogen breath tests in children with suspected carbohydrate malabsorption. BMC Pediatr. 2014;14:59. A maioria dos estudos mais antigos foi feita com a terminologia antiga de dor abdominal recorrente (DAR). Dois dos três ECRs sobre dieta isenta de lactose feitos em crianças com DAR109109 Dearlove J, Dearlove B, Pearl K, Primavesi R. Dietary lactose and the child with abdominal pain. Br Med J. 1983;286:1936102.,110110 Lebenthal E, Rossi TM, Nord KS, Branski D. Recurrent abdominal pain and lactose absorption in children. Pediatrics. 1981;67:828-32. foram avaliados através de uma Revisão Cochrane125125 Huertas-Ceballos A, Logan S, Bennett C, Macarthur C. Dietary interventions for recurrent abdominal pain (RAP) and irritable bowel syndrome (IBS) in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2008;23:CD003019. e incluídos em uma revisão sistemática por Rutten et al.126126 Rutten JM, Korterink JJ, Venmans LM, Benninga MA, Tabbers MM. Nonpharmacologic treatment of functional abdominal pain disorders: a systematic review. Pediatrics. 2015;135:522-35.

Lebenthal et al.110110 Lebenthal E, Rossi TM, Nord KS, Branski D. Recurrent abdominal pain and lactose absorption in children. Pediatrics. 1981;67:828-32. estudaram o efeito da intolerância à lactose em DAR através de um tratamento não controlado e um teste de tolerância controlado randomizado. Das 69 crianças com intolerância à lactose 38 receberam fórmula infantil com lactose ou sem lactose por seis semanas. A ingestão de lactose aumentou os sintomas em 48% das crianças com má absorção de lactose e 24% dos absorvedores de lactose. Das 69 crianças, 40 continuaram com dieta livre de lactose por 12 meses. Após 12 meses, a melhoria da dor abdominal foi semelhante nos dois grupos, independentemente de serem absorvedores ou portadores de má absorção de lactose (40% vs. 38%).

Em outro estudo duplo-cego com desenho cruzado, feito em 39 crianças com DAR,109109 Dearlove J, Dearlove B, Pearl K, Primavesi R. Dietary lactose and the child with abdominal pain. Br Med J. 1983;286:1936102. as crianças foram orientadas a continuar com a dieta habitual nas duas primeiras semanas, enquanto na terceira e quarta semanas elas receberam uma dieta livre de lactose e durante a quinta e sexta semanas receberam aleatoriamente ou lactose (2 g/kg) ou um placebo com sabor similar. Relatou-se que um terço das crianças foi beneficiado pela dieta sem lactose, mas não houve correlação entre a melhoria e os resultados do teste sanguíneo de tolerância à lactose, teste do hidrogênio no ar expirado ou resposta clínica ao teste de tolerância à lactose.

Em 2003, Gremse et al.111111 Gremse DA, Greer AS, Vacik J, DiPalma JA. Abdominal pain associated with lactose ingestion in children with lactose intolerance. Clin Pediatr. 2003;42:341-5. fizeram um estudo randomizado, duplo-cego, cruzado. Trinta crianças, entre três e 17 anos, com DAR e má digestão de lactose definida por um aumento > 10 ppm no teste respiratório de hidrogênio expirado, receberam leite com lactose-hidrolisada ou leite com lactose por duas semanas. Os escores de dor abdominal, inchaço, flatulência e diarreia foram semelhantes nos indivíduos que apresentaram aumento >10 ppm ou >20 ppm no teste respiratório de hidrogênio expirado após a ingestão de lactose. Devido aos resultados conflitantes dos estudos acima, outros ECRs prospectivos são necessários para esclarecer a eficácia de uma dieta com restrição de lactose em crianças com DGIFs-DA que apresentam má absorção de lactose,9393 Chumpitazi BP, Hollister EB, Oezguen N, Tsai CM, McMeans AR, Luna RA, et al. Gut microbiota influences low fermentable substrate diet efficacy in children with irritable bowel syndrome. Gut Microb. 2014;5:165-75. ao passo que, de acordo com uma recente revisão sistemática,3838 Newlove-Delgado TV, Martin AE, Abbott RA, Bethel A, Thompson-Coon J, Whear R, et al. Dietary interventions for recurrent abdominal pain in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2017;3:CD010972. as evidências atuais da literatura não encorajam o uso de dieta com restrição de lactose em todas as crianças com SII. Dados em estudos com adultos também são inconclusivos e ainda não está claro se a má absorção de lactose é parte dos sintomas da SII ou se as duas condições podem simplesmente coexistir em alguns pacientes.3838 Newlove-Delgado TV, Martin AE, Abbott RA, Bethel A, Thompson-Coon J, Whear R, et al. Dietary interventions for recurrent abdominal pain in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2017;3:CD010972.

Estudos relacionados à frutose em crianças com DFDA

A frutose é um monossacarídeo, do qual as crianças americanas consomem uma média de 54,7 g/dia (representa aproximadamente 10% de sua ingestão calórica diária).127127 Vos MB, Kimmons JE, Gillespie C, Welsh J, Blanck HM. Dietary fructose consumption among US children and adults: the Third National Health and Nutrition Examination Survey. Medscape J Med. 2008;10:160. A frutose é dependente do transportador de glicose 5 (GLUT5) e do transportador de glicose 2 (GLUT2) para absorção passiva.112112 Chumpitazi BP, Shulman RJ. Dietary carbohydrates and childhood functional abdominal pain. Ann Nutr Metab. 2016;68(Suppl. 1):8-17. Um estudo prospectivo sobre o efeito da dieta com baixo teor de lactose e/ou frutose,116116 Blumenthal I, Kelleher J, Littlewood JM. Recurrent abdominal pain and lactose intolerance in childhood. Br Med J (Clin Res Ed). 1981;282:2013-4. quatro estudos prospectivos sobre o efeito de uma dieta com baixo teor de frutose9797 Wirth S, Klodt C, Wintermeyer P, Berrang J, Hensel K, Langer T, et al. Positive or negative fructose breath test results do not predict response to fructose restricted diet in children with recurrent abdominal pain: results from a prospective randomized trial. Klin Padiatr. 2014;226:268-73.,128128 Gomara RE, Halata MS, Newman LJ, Bostwick HE, Berezin SH, Cukaj L, et al. Fructose intolerance in children presenting with abdominal pain. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2008;47:303-8.,129129 Wintermeyer P, Baur M, Pilic D, Schmidt-Choudhury A, Zilbauer M, Wirth S. Fructose malabsorption in children with recurrent abdominal pain: positive effects of dietary treatment. Klin Padiatr. 2012;224:17-21. ou ingestão de frutose130130 Hammer V, Hammer K, Memaran N, Huber WD, Hammer K, Hammer J. Relationship between abdominal symptoms and fructose ingestion in children with chronic abdominal pain. Dig Dis Sci. 2018;63:1270-9. e dois estudos retrospectivos124124 Däbritz J, Mühlbauer M, Domagk D, Voos N, Henneböhl G, Siemer ML, et al. Significance of hydrogen breath tests in children with suspected carbohydrate malabsorption. BMC Pediatr. 2014;14:59.,131131 Escobar MA, Lustig D, Pflugeisen BM, Amoroso PJ, Sherif D, Saeed R, et al. Fructose intolerance/malabsorption and recurrent abdominal pain in children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2014;58:498-501. sobre o efeito de uma dieta de baixo teor de frutose foram feitos em crianças (tabela 2).

Tabela 2
Características dos estudos pediátricos sobre FODMAPs incluídos na revisão

Em um estudo prospectivo controlado,9797 Wirth S, Klodt C, Wintermeyer P, Berrang J, Hensel K, Langer T, et al. Positive or negative fructose breath test results do not predict response to fructose restricted diet in children with recurrent abdominal pain: results from a prospective randomized trial. Klin Padiatr. 2014;226:268-73. 103 crianças com DGIFs-DA foram randomizadas para uma dieta com restrição de frutose (n = 51) ou grupo sem intervenção dietética (n = 52) por duas semanas. Menor intensidade de dor abdominal, mas não menor frequência, foi relatada pelas crianças que recebiam a dieta com restrição de frutose (independentemente do resultado do teste respiratório para frutose). Em um estudo observacional prospectivo,129129 Wintermeyer P, Baur M, Pilic D, Schmidt-Choudhury A, Zilbauer M, Wirth S. Fructose malabsorption in children with recurrent abdominal pain: positive effects of dietary treatment. Klin Padiatr. 2012;224:17-21. 75 crianças com DGIFs-DA e teste respiratório positivo para frutose em uma dieta com restrição de frutose mostraram uma redução geral na frequência de dor abdominal e na gravidade da dor.129129 Wintermeyer P, Baur M, Pilic D, Schmidt-Choudhury A, Zilbauer M, Wirth S. Fructose malabsorption in children with recurrent abdominal pain: positive effects of dietary treatment. Klin Padiatr. 2012;224:17-21. Gomara et al.128128 Gomara RE, Halata MS, Newman LJ, Bostwick HE, Berezin SH, Cukaj L, et al. Fructose intolerance in children presenting with abdominal pain. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2008;47:303-8. fizeram o teste respiratório para frutose com várias doses de frutose, inclusive 1g, 15g e 45 g em 32 crianças com DGIFs-DA. Eles descobriram que 11 (34%) das 32 crianças estudadas apresentavam má absorção de frutose com as doses de 15 ou 45 g. Após uma dieta com restrição de frutose de duas semanas, recomendada por nutricionista, nove das 11 crianças (82%) apresentaram uma melhoria significativa.128128 Gomara RE, Halata MS, Newman LJ, Bostwick HE, Berezin SH, Cukaj L, et al. Fructose intolerance in children presenting with abdominal pain. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2008;47:303-8.

Recentemente, um estudo de 82 crianças com distúrbios funcionais da dor abdominal cujo histórico era sugestivo de uma possível correlação com a ingestão de frutose revelou que apenas 40% delas apresentavam má absorção definida pelo aumento do hidrogênio exalado e apenas metade delas com má absorção eram sintomáticas. Os autores sugeriram que a hipersensibilidade visceral, em vez da má absorção em si, pode se correlacionar com os sintomas em alguns pacientes.130130 Hammer V, Hammer K, Memaran N, Huber WD, Hammer K, Hammer J. Relationship between abdominal symptoms and fructose ingestion in children with chronic abdominal pain. Dig Dis Sci. 2018;63:1270-9. Escobar et al.131131 Escobar MA, Lustig D, Pflugeisen BM, Amoroso PJ, Sherif D, Saeed R, et al. Fructose intolerance/malabsorption and recurrent abdominal pain in children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2014;58:498-501. fizeram o teste respiratório para frutose com 1 g/kg (até 25 g) em 222 crianças com DGIFs-DA e descobriram que 121 de 222 crianças (55%) apresentavam má absorção de frutose e 93 (77%) delas melhoraram com uma dieta com baixo teor de frutose recomendada pela nutricionista.

Em um estudo retrospectivo,124124 Däbritz J, Mühlbauer M, Domagk D, Voos N, Henneböhl G, Siemer ML, et al. Significance of hydrogen breath tests in children with suspected carbohydrate malabsorption. BMC Pediatr. 2014;14:59. 55/142 (39%) crianças apresentaram má absorção de frutose, identificada pelo teste respiratório para frutose, mas várias delas também apresentaram múltiplos testes positivos de carboidratos, o que tornou pouco clara a resposta à dieta. Em outro estudo122122 Gijsbers CF, Kneepkens CM, Buller HA. Lactose and fructose malabsorption in children with recurrent abdominal pain: results of double-blinded testing. Acta Paediatr. 2012;101:e411-5. que envolveu 220 crianças com DAR, algumas crianças ainda se queixaram de sintomas abdominais quando ingeriam leite ou alimentos com frutose, apesar de um teste negativo de tolerância duplo-cego placebo-controlado, com lactose ou frutose (25% com leite e 48% com frutose respectivamente).

De maneira semelhante à lactose,3838 Newlove-Delgado TV, Martin AE, Abbott RA, Bethel A, Thompson-Coon J, Whear R, et al. Dietary interventions for recurrent abdominal pain in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2017;3:CD010972.,132132 Heyman MB. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006;118:1279-86. uma melhoria nos sintomas abdominais foi relatada na dieta com restrição de frutose, independentemente da presença ou ausência de má absorção de frutose.9191 Halmos EP, Christophersen CT, Bird AR, Shepherd SJ, Gibson PR, Muir JG. Diets that differ in their FODMAP content alter the colonic luminal microenvironment. Gut. 2015;64:93-100.,133133 Youssef NN, Murphy TG, Langseder AL, Rosh JR. Quality of life for children with functional abdominal pain: a comparison study of patients' and parents' perceptions. Pediatrics. 2006;117:54-9.,134134 Berg LK, Fagerli E, Martinussen M, Myhre AO, Florholmen J, Goll R. Effect of fructose-reduced diet in patients with irritable bowel syndrome, and its correlation to a standard fructose breath test. Scand J Gastroenterol. 2013;48:936-43.

Estudos relacionados ao sorbitol em crianças com DFDA

Nenhum estudo prospectivo com restrição apenas de sorbitol foi concluído em crianças com DGIFs-DA,110110 Lebenthal E, Rossi TM, Nord KS, Branski D. Recurrent abdominal pain and lactose absorption in children. Pediatrics. 1981;67:828-32. enquanto dois estudos prospectivos128128 Gomara RE, Halata MS, Newman LJ, Bostwick HE, Berezin SH, Cukaj L, et al. Fructose intolerance in children presenting with abdominal pain. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2008;47:303-8.,129129 Wintermeyer P, Baur M, Pilic D, Schmidt-Choudhury A, Zilbauer M, Wirth S. Fructose malabsorption in children with recurrent abdominal pain: positive effects of dietary treatment. Klin Padiatr. 2012;224:17-21. avaliaram uma combinação de dieta com baixos teores de frutose e sorbitol (tabela 2).

Um relato de caso135135 Hyams JS. Chronic abdominal pain caused by sorbitol malabsorption. J Pediatr. 1982;100:772-3. descreveu uma menina de 15 anos com dor abdominal crônica, provavelmente devido à ingestão de sorbitol contido em goma de mascar sem açúcar, que melhorou com a eliminação da fonte de sorbitol. Em um estudo retrospectivo, Däbritz et al.124124 Däbritz J, Mühlbauer M, Domagk D, Voos N, Henneböhl G, Siemer ML, et al. Significance of hydrogen breath tests in children with suspected carbohydrate malabsorption. BMC Pediatr. 2014;14:59. descobriram que 109/146 (75%) crianças com DAR submetidas a teste respiratório de hidrogênio exalado tinham má absorção de sorbitol e 27/31 (87%) que iniciaram uma dieta com restrição de sorbitol relataram melhoria dos sintomas.

Discussão

Um efeito benéfico significativo de uma dieta BFM sobre os sintomas clínicos tem sido relatado por vários estudos em adultos com SII3737 Marsh A, Eslick EM, Eslick GD. Does a diet low in FODMAPs reduce symptoms associated with functional gastrointestinal disorders? A comprehensive systematic review and meta-analysis. Eur J Nutr. 2016;55:897-906.,9797 Wirth S, Klodt C, Wintermeyer P, Berrang J, Hensel K, Langer T, et al. Positive or negative fructose breath test results do not predict response to fructose restricted diet in children with recurrent abdominal pain: results from a prospective randomized trial. Klin Padiatr. 2014;226:268-73. enquanto em crianças há atualmente dados muito limitados e apenas um pequeno estudo duplo-cego randomizado. As evidências para apoiar uma mudança na dieta materna para o tratamento da cólica infantil também é fraca. Assim, mais pesquisas são necessárias antes que recomendações possam ser feitas para crianças.

Devido à complexidade de criar dietas BFM e os potenciais desequilíbrios nutricionais, a orientação de profissionais com experiência em manejo dietético é importante, particularmente em crianças, para garantir a adequação nutricional e o potencial de crescimento. Atualmente, é difícil prever quais pacientes se beneficiariam de uma dieta BFM devido à falta de um biomarcador específico e de uma relação entre os testes respiratórios e a melhoria dos sintomas. Quando os médicos consideram a dieta BFM, eles devem estar cientes das limitações de curto e longo prazo, inclusive o impacto na qualidade de vida determinado por múltiplas restrições, as possíveis alterações na microbiota intestinal e a falta de conhecimento da eficácia relativa em crianças.

Atualmente, a reintrodução gradual do FODMAPs na dieta após a fase de eliminação é recomendada.8282 Harvie RM, Chisholm AW, Bisanz JE, Burton JP, Herbison P, Schultz K, et al. Long-term irritable bowel syndrome symptom control with reintroduction of selected FODMAPs. World J Gastroenterol. 2017;23:4632-43. Essa abordagem permite uma dieta personalizada baseada na tolerância individual e evita a super-restrição com potenciais desequilíbrios nutricionais. A suplementação com probióticos específicos também pode restaurar a microbiota intestinal alterada pela dieta BFM.8383 Staudacher HM, Lomer MC, Farquharson FM, Louis P, Fava F, Franciosi E, et al. A diet low in FODMAPs reduces symptoms in patients with irritable bowel syndrome and a probiotic restores Bifidobacterium species: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2017;153:936-47.

Aumentar o conhecimento sobre o teor de FODMAPs e melhorar a rotulagem e a análise dos alimentos são importantes7070 Chumpitazi BP, Lim J, McMeans AR, Shulman RJ, Hamaker BR. Evaluation of FODMAP carbohydrates content in selected foods in the United States. J Pediatr. 2018;199:252-5. para os clínicos e nutricionistas elaborarem uma dieta BFM sob medida e facilitar a adesão à dieta.

Mais pesquisas são necessárias para identificar a melhor maneira de reintroduzir alimentos com FODMAPs e quais alimentos são responsáveis pelos sintomas de cada paciente.3434 Dolan R, Chey WD, Eswaran D. The role of diet in the management of irritable bowel syndrome: a focus on FODMAPs. Expert Rev Gastroenterol Hepatol. 2018;12:607-15. Além disso, mais dados sobre adesão, eficácia e segurança em longo prazo também são necessários.

As evidências atuais não apoiam o uso de uma dieta com restrição de lactose em todas as crianças com SII. Mais trabalhos são necessários para elucidar o papel das dietas com restrição de frutanos e frutose exclusivamente para o tratamento de DFDA na população pediátrica.

Concluindo, uma dieta com baixo teor de FODMAPs é uma intervenção terapêutica dietética promissora em adultos com SII, mas a eficácia dessa abordagem em crianças com SII e DFDA ainda não está clara. Esforços adicionais ainda são necessários para esclarecer quais pacientes e com que tipo de restrição de FODMAPs seriam beneficiados para garantir a adequação nutricional, para facilitar o reconhecimento do teor de FODMAPs e para simplificar a adesão à dieta.

Disponibilidade de dados e material

O compartilhamento de dados não se aplica a este artigo, já que nenhum conjunto de dados foi gerado ou analisado durante o estudo.

Conflitos de interesse

S. Salvatore participou como consultor e/ou palestrante para Deca, IMS-Health, Danone, Nestlé, Menarini; Nikhil Thapar participou como membro do conselho consultivo e/ou palestrante da Nutricia, Danone. Yvan Vandenplas participou como investigador clínico e/ou membro do conselho consultivo e/ou consultor e/ou palestrante para Abbott Nutrition, Aspen, Biocodex, Danone, Nestlé Health Science, Nestle Nutrition Institute, Nutricia, Mead Johnson Nutrition, Merck, Phacobel, Rontis, United Pharmaceuticals, Wyeth e Yakult. Annamaria Staiano participou como investigadora clínica e/ou membro do conselho consultivo e/ou consultora e/ou palestrante para DMG, Valeas, Angelini, Miltè, Danone, Nestlé, Sucampo, Menarini. Miguel Saps atuou como consultor científico para Forest, Quintiles, Ardelyx, IM HealthScience, QOL Medical e Sucampo. Mas nenhum dos fabricantes ou empresas acima mencionados teve qualquer participação ou envolvimento neste estudo.

  • Como citar este artigo: Pensabene L, Salvatore S, Turco R, Tarsitano F, Concolino D, Baldassarre ME, et al. Low FODMAPs diet for functional abdominal pain disorders in children: critical review of current knowledge. J Pediatr (Rio J). 2019;95:642-56.
  • ☆☆
    Estudo vinculado a University Magna Graecia of Catanzaro, Department of Medical and Surgical Sciences, Catanzaro, Itália.

Apêndice Material adicional

Pode consultar o material adicional para este artigo na sua versão eletrónica disponível em doi:10.1016/j.jpedp.2019.05.019.

References

  • 1
    Staudacher HM, Kurien M, Whelan K. Nutritional implications of dietary interventions for managing gastrointestinal disorders. Curr Opin Gastroenterol. 2018;34:105-11.
  • 2
    Drossman DA. The functional gastrointestinal disorders and the Rome III process. Gastroenterology. 2006;130:1377-90.
  • 3
    Drossman DA. Functional gastrointestinal disorders: history, pathophysiology, clinical features, and Rome IV. Gastroenterology. 2016;150:1262-79.
  • 4
    Benninga MA, Faure C, Hyman PE, St James Roberts I, Schechter NL, Nurko S. Childhood functional gastrointestinal disorders: neonate/toddler. Gastroenterology. 2016;150:1443-55.
  • 5
    Hyams JS, Di Lorenzo C, Saps M, Shulman RJ, Staiano A, van Tilburg M. Functional disorders: children and adolescents. Gastroenterology. 2016;150:1456-68.
  • 6
    Tarsitano F, Castelluzzo MA, Concolino D, Pensabene L. Functional abdominal pain. Curr Pediatr Rep. 2018;6:67-78.
  • 7
    Canavan C, West J, Card T. The epidemiology of irritable bowel syndrome. Clin Epidemiol. 2014;6:71-80.
  • 8
    Boronat AC, Ferreira-Maia AP, Matijasevich A, Wang YP. Epidemiology of functional gastrointestinal disorders in children and adolescents: a systematic review. World J Gastroenterol. 2017;23:3915-92.
  • 9
    Giannetti E, de'Angelis G, Turco R, Campanozzi A, Pensabene L, Salvatore S, et al. Subtypes of irritable bowel syndrome in children: prevalence at diagnosis and at follow-up. J Pediatr. 2014;164:1099-110.
  • 10
    Bueno L, Fioramonti J. Visceral perception: inflammatory and non-inflammatory mediators. Gut. 2002;51:i19-23.
  • 11
    Accarino AM, Azpiroz F, Malagelada JR. Selective dysfunction of mechanosensitive intestinal afferents in irritable bowel syndrome. Gastroenterology. 1995;108:636-43.
  • 12
    Kellow JE, Eckersley GM, Jones M. Enteric and central contributions to intestinal dysmotility in irritable bowel syndrome. Dig Dis Sci. 1992;37:168-74.
  • 13
    Lin HC. Small intestinal bacterial overgrowth: a framework for understanding irritable bowel syndrome. JAMA. 2004;292:852-8.
  • 14
    Barbara G, De Giorgio R, Stanghellini V, Cremon C, Corinaldesi R. A role for inflammation in irritable bowel syndrome?. Gut. 2002;51:i41-4.
  • 15
    Pensabene L, Talarico V, Concolino D, Ciliberto D, Campanozzi A, Gentile T, et al. Post-infectious functional gastrointestinal disorders in children: a multicenter prospective study. J Pediatr. 2015;166:903-7.
  • 16
    Saps M, Pensabene L, Turco R, Staiano A, Cupuro D, Di Lorenzo C. Rotavirus gastroenteritis: precursor of functional gastrointestinal disorders?. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2009;49:580-3.
  • 17
    Saps M, Pensabene L, Di Martino L, Staiano A, Weschler J, Zheng X, et al. Post-infectious functional gastrointestinal disorders in children. J Pediatr. 2008;152:812-6.
  • 18
    Drossman DA, McKee DC, Sandler RS, Mitchell CM, Cramer EM, Lowman BC, et al. Psychosocial factors in the irritable bowel syndrome. A multivariate study of patients and non patients with irritable bowel syndrome. Gastroenterology. 1988;95:701-8.
  • 19
    Bonilla S, Saps M. Early life events predispose the onset of childhood functional gastrointestinal disorders. Rev Gastroenterol Mex. 2013;78:82-91.
  • 20
    Turco R, Miele E, Russo M, Mastroianni R, Lavorgna A, Paludetto R, et al. Early-life factors associated with pediatric functional constipation. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2014;58:307-12.
  • 21
    Saps M, Lu P, Bonilla S. Cow's-milk allergy is a risk factor for the development of FGIDs in children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2011;52:166-9.
  • 22
    Pensabene L, Salvatore S, D'Auria E, Parisi F, Concolino D, Borrelli O, et al. Cow's milk protein allergy in infancy: a risk factor for functional gastrointestinal disorders in children?. Nutrients. 2018;10:1716.
  • 23
    Tougas G. The autonomic nervous system in functional bowel disorders. Can J Gastroenterol. 1999;13:15a-7a.
  • 24
    Mayer EA, Tillisch K. The brain-gut axis in abdominal pain syndromes. Annu Rev Med. 2011;62:381-96.
  • 25
    Buonavolontà R, Coccorullo P, Turco R, Boccia G, Greco L, Staiano A. Familial aggregation in children affected by functional gastrointestinal disorders. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2010;50:500-5.
  • 26
    Henstrom M, Diekmann L, Bonfiglio F, Hadizadeh F, Kuech EM, von Köckritz-Blickwede M, et al. Functional variants in the sucrase-isomaltase gene associate with increased risk of irritable bowel syndrome. Gut. 2018;67:263-70.
  • 27
    Llanos-Chea A, Fasano A. Gluten and functional abdominal pain disorders. Nutrients. 2018;10:1491.
  • 28
    Mayer EA, Savidge T, Shulman RJ. Brain-gut microbiome interactions and functional bowel disorders. Gastroenterology. 2014;146:1500-12.
  • 29
    Eswaran S, Tack J, Chey WD. Food: the forgotten factor in the irritable bowel syndrome. Gastroenterol Clin North Am. 2011;40:141-62.
  • 30
    Hayes P, Corish C, O'Mahony E, Quigley EM. A dietary survey of patients with irritable bowel syndrome. J Hum Nutr Diet. 2014;27:36-47.
  • 31
    Bohn L, Storsrud S, Tornblom H, Bengtsson U, Simrén M. Self-reported food-related gastrointestinal symptoms in IBS are common and associated with more severe symptoms and reduced quality of life. Am J Gastroenterol. 2013;108:634-41.
  • 32
    Simrén M, Abrahamsson H, Björnsson ES. Exaggerated sensory component of the gastrocolonic response in patients with IBS. Gut. 2001;48:20-7.
  • 33
    Salvioli B, Serra J, Azpiroz F, Malagelada JR. Impaired small bowel gas propulsion in patients with bloating during intestinal lipid infusion. Am J Gastroenterol. 2006;101:1853-7.
  • 34
    Dolan R, Chey WD, Eswaran D. The role of diet in the management of irritable bowel syndrome: a focus on FODMAPs. Expert Rev Gastroenterol Hepatol. 2018;12:607-15.
  • 35
    Spencer M, Chey WD, Eswaran S. Dietary renaissance in IBS: has food replaced medications as a primary treatment strategy?. Curr Treat Options Gastroenterol. 2014;12:424-40.
  • 36
    Oświęcimska J, Szymlak A, Roczniak W, Girczys-Połedniok K, Kwiecień J. New insights into the pathogenesis and treatment of irritable bowel syndrome. Adv Med Sci. 2017;62:17-30.
  • 37
    Marsh A, Eslick EM, Eslick GD. Does a diet low in FODMAPs reduce symptoms associated with functional gastrointestinal disorders? A comprehensive systematic review and meta-analysis. Eur J Nutr. 2016;55:897-906.
  • 38
    Newlove-Delgado TV, Martin AE, Abbott RA, Bethel A, Thompson-Coon J, Whear R, et al. Dietary interventions for recurrent abdominal pain in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2017;3:CD010972.
  • 39
    Zannini E, Arendt EK. Low FODMAPs and Gluten-free foods for irritable bowel syndrome treatment: lights and shadows. Food Res Int. 2018;110:33-41.
  • 40
    Barrett JS, Gearry RB, Muir JG, Irving PM, Rose R, Rosella O, et al. Dietary poorly absorbed, shortchain carbohydrates increase delivery of water and fermentable substrates to the proximal colon. Aliment Pharmacol Ther. 2010;31:874-82.
  • 41
    Ong DK, Mitchell SB, Barrett JS, Shepherd SJ, Irving PM, Biesiekierski JR, et al. Manipulation of dietary short chain carbohydrates alters the pattern of gas production and genesis of symptoms in irritable bowel syndrome. J Gastroenterol Hepatol. 2010;25:1366-73.
  • 42
    Murray K, Wilkinson-Smith V, Hoad C, Costigan C, Cox E, Lam C, et al. Differential effects of FODMAPs (fermentable oligo-, di-, mono-saccharides and polyols) on small and large intestinal contents in healthy subjects shown by MRI. Am J Gastroenterol. 2014;109:110-9.
  • 43
    El-Salhy M, Gundersen D. Diet in irritable bowel syndrome. Nutr J. 2015;:36.
  • 44
    Böhn L, Störsrud S, Liljebo T, Collin L, Lindfors P, Törnblom H, et al. Diet low in FODMAPs reduces symptoms of irritable bowel syndrome as well as traditional dietary advice: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2015;149:1399-407.
  • 45
    Staudacher HM, Whelan K, Irving PM, Lomer MC. Comparison of symptom response following advice for a diet low in fermentable carbohydrates (FODMAPs) versus standard dietary advice in patients with irritable bowel syndrome. J Hum Nutr Diet. 2011;24:487-95.
  • 46
    Chatterjee S, Park S, Low K, Kong Y, Pimentel M. The degree of breath methane production in IBS correlates with the severity of constipation. Am J Gastroenterol. 2007;102:837-41.
  • 47
    Pimentel M, Mayer AG, Park S, Chow EJ, Hasan A, Kong Y. Methane productionduring lactulose breath test is associated with gastrointestinal disease presentation. Dig Dis Sci. 2003;48:86-92.
  • 48
    Nath A, Haktanirlar G, Varga Á, Molnár MA, Albert K, Galambos I, et al. Biological activities of lactose derived prebiotics and symbiotic with probiotics on gastrointestinal system. Medicina (Kaunas). 2018;54:18.
  • 49
    Markowiak P, Śliżewska K. Effects of probiotics, prebiotics, and synbiotics on human health. Nutrients. 2017;9:1021.
  • 50
    Gibson PR, Shepherd SJ. Personal view: food for thought - western lifestyle and susceptibility to Crohn's disease. The FODMAP hypothesis. Aliment Pharmacol Ther. 2005;21:1399-409.
  • 51
    Shepherd SJ, Gibson PR. Fructose malabsorption and symptoms of irritable bowel syndrome: guidelines for effective dietary management. J Am Diet Assoc. 2006;106:1631-9.
  • 52
    National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Irritable bowel syndrome in adults; diagnosis and management of irritable bowel syndrome in primary care. London: NICE; 2015.
  • 53
    Gibson PR, Shepherd SJ. Food choice as a key management strategy for functional gastrointestinal symptoms. Am J Gastroenterol. 2012;107:657-66.
  • 54
    Khan MA, Nusrat S, Khan MI, Nawras A, Bielefeldt K. Low-FODMAP diet for irritable bowel syndrome: is it ready for prime time?. Dig Dis Sci. 2015;60:1169-77.
  • 55
    Barrett JS. How to institute the low-FODMAP diet. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32:8-10.
  • 56
    Varney J, Barrett J, Scarlata K, Catsos P, Gibson PR, Muir JG. FODMAPs: food composition, defining cutoff values and international application. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32:53-61.
  • 57
    Monash University Low FODMAP Diet app; 2016. Available from: http://www.med.monash.edu.au/cecs/gastro/fodmap/iphone-app.html [cited 27.03.19].
    » http://www.med.monash.edu.au/cecs/gastro/fodmap/iphone-app.html
  • 58
    Digestive Health Foundation. Available from: http://www.CDHF.ca [cited 27.03.19].
    » http://www.CDHF.ca
  • 59
    Magge S, Lembo A. Low-FODMAP diet for treatment of irritable bowel syndrome. Gastroenterol Hepatol (NY). 2012;8:739-45.
  • 60
    Madsen JL, Linnet J, Rumessen JJ. Effect of non absorbed amounts of a fructose-sorbitol mixture on small intestinal transit in healthy volunteers. Dig Dis Sci. 2006;51:147-53.
  • 61
    McIntosh K, Reed DE, Schneider T, Dang F, Keshteli AH, De Palma G, et al. FODMAPs alter symptoms and the metabolome of patients with IBS: a randomised controlled trial. Gut. 2017;66:1241-51.
  • 62
    Hustoft TN, Hausken T, Ystad SO, Valeur J, Brokstad K, Hatlebakk JG, et al. Effects of varying dietary content of fermentable short-chain carbohydrates on symptoms, fecal microenvironment, and cytokine profiles in patients with irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol Motil. 2017;29:4.
  • 63
    Zhou SY, Gillilland M, Wu X, Leelasinjaroen P, Zhang G, Zhou H, et al. FODMAP diet modulates visceral nociception by lipopolysaccharide-mediated intestinal inflammation and barrier dysfunction. J Clin Invest. 2018;128:267-80.
  • 64
    Boradyn KM, Przybyłowicz KE. Low FODMAP diet: a potential treatment of functional abdominal pain in children. Perspect Public Health. 2017;137:314-5.
  • 65
    Halmos EP. A low FODMAP diet in patients with Crohn's disease. J Gastroenterol Hepatol. 2016;31(Suppl. 1):5-14.
  • 66
    Barrett JS, Gibson PR. Fermentable oligosaccharides, disaccharides, monosaccharides and polyols (FODMAPs) and nonallergic food intolerance: FODMAPs or food chemicals?. Therap Adv Gastroenterol. 2012;5:261-8.
  • 67
    Whelan K, Martin LD, Staudacher HM, Lomer MC. The low FODMAP diet in the management of irritable bowel syndrome: an evidence based review of FODMAP restriction, reintroduction and personalisation in clinical practice. J Hum Nutr Diet. 2018;31:239-55.
  • 68
    Chey WD. Food: the main course to wellness and illness in patients with irritable bowel syndrome. Am J Gastroenterol. 2016;111:366-71.
  • 69
    Tuck C, Barrett J. Re-challenging FODMAPs: the low FODMAP diet phase two. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32(Suppl. 1):5-11.
  • 70
    Chumpitazi BP, Lim J, McMeans AR, Shulman RJ, Hamaker BR. Evaluation of FODMAP carbohydrates content in selected foods in the United States. J Pediatr. 2018;199:252-5.
  • 71
    Muir JG, Rose R, Rosella O, Liels K, Barrett JS, Shepherd SJ, et al. Measurement of short-chain carbohydrates in common Australian vegetables and fruits by high-performance liquid chromatography (HPLC). J Agric Food Chem. 2009;57:554-65.
  • 72
    McMeans AR, King KL, Chumpitazi BP. Low FODMAP dietary food lists are often discordant. Am J Gastroenterol. 2017;112:655-6.
  • 73
    Biesiekierski JR, Rosella O, Rose R, Liels K, Barrett JS, Shepherd SJ, et al. Quantification of fructans, galacto-oligosacharides and other shortchain carbohydrates in processed grains and cereals. J Hum Nutr Diet. 2011;24:154-76.
  • 74
    Muir JG, Gibson PR. The low FODMAP diet for treatment of irritable bowel syndrome and other gastrointestinal disorders. Gastroenterol Hepatol (NY). 2013;9:450-2.
  • 75
    Gibson PR, Burgell RE. Easing concerns about the low FODMAP diet in patients with irritable bowel syndrome. Gastroenterology. 2017;153:886-7.
  • 76
    Does a low FODMAP diet help IBS? Drugs Ther Bull. 2015;51:91-6.
  • 77
    Krogsgaard LR, Lyngesen M, Bytzer P. Systematic review: quality of trials on the symptomatic effects of the low FODMAP diet for irritable bowel syndrome. Aliment Pharmacol Ther. 2017;45:1506-13.
  • 78
    Yao CK, Gibson PR, Shepherd SJ. Design of clinical trials evaluating dietary interventions in patients with functional gastrointestinal disorders. Am J Gastroenterol. 2013;108:748-58.
  • 79
    Staudacher HM. Nutritional, microbiological and psychosocial implications of the low FODMAP diet. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32(Suppl. 1):16-9.
  • 80
    Larsen T, Hausken T, Otteraaen YS, Hovdenak N, Mueller B, Lied GA. Does the low FODMAP diet improve symptoms of radiation-induced enteropathy? A pilot study. Scand J Gastroenterol. 2017;7:1-8.
  • 81
    O'Keeffe M, Jansen C, Martin L, Williams M, Seamark L, Staudacher HM, et al. Long-term impact of the low-FODMAP diet on gastrointestinal symptoms, dietary intake, patient acceptability, and healthcare utilization in irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol Motil. 2018;30:e13154.
  • 82
    Harvie RM, Chisholm AW, Bisanz JE, Burton JP, Herbison P, Schultz K, et al. Long-term irritable bowel syndrome symptom control with reintroduction of selected FODMAPs. World J Gastroenterol. 2017;23:4632-43.
  • 83
    Staudacher HM, Lomer MC, Farquharson FM, Louis P, Fava F, Franciosi E, et al. A diet low in FODMAPs reduces symptoms in patients with irritable bowel syndrome and a probiotic restores Bifidobacterium species: a randomized controlled trial. Gastroenterology. 2017;153:936-47.
  • 84
    de Roest RH, Dobbs BR, Chapman BA, Batman B, O'Brien LA, Leeper JA, et al. The low FODMAP diet improves gastrointestinal symptoms in patients with irritable bowel syndrome: a prospective study. Int J Clin Pract. 2013;67:895-903.
  • 85
    Staudacher H, Ross FS, Briscoe ZM, Irving PM, Whelan K, Lomer MC. Advice from a dietitian regarding the low FODMAP diet broadly maintains nutrient intake and does not alter fibre intake. Gut. 2015;64:A143-4.
  • 86
    Farida JP, Shah ED, Ball S, Chey WD, Eswaran SL. Micronutrient intake changes with the low FODMAP and mNICE diets. Amer J Gastroenterol. 2017;112:S247.
  • 87
    Eswaran SL, Chey WD, Han-Markey T, Ball S, Jackson K. A randomized controlled trial comparing the low FODMAP diet vs modified nice guidelines in US adults with IBS-D. Am J Gastroenterol. 2016;111:1824-32.
  • 88
    Catassi G, Lionetti E, Gatti S, Catassi C. The Low FODMAP Diet: many question marks for a catchy acronym. Nutrients. 2017;16:E292.
  • 89
    Brewer MS. Natural antioxidants: sources, compounds, mechanisms of action, and potential applications. Compr Rev Food Sci Food Saf. 2011;10:221-47.
  • 90
    Chumpitazi BP, Cope JL, Hollister EB, Tsai CM, McMeans AR, Luna RA, et al. Randomised clinical trial: gut microbiome biomarkers are associated with clinical response to a low FODMAP diet in children with irritable bowel syndrome. Aliment Pharmacol Ther. 2015;42:418-27.
  • 91
    Halmos EP, Christophersen CT, Bird AR, Shepherd SJ, Gibson PR, Muir JG. Diets that differ in their FODMAP content alter the colonic luminal microenvironment. Gut. 2015;64:93-100.
  • 92
    Lis DM, Stellingwerff T, Kitic CC, Fell JM, Ahuja KD. Low Fodmap: a preliminary strategy to reduce gastrointestinal distress in athletes. Med Sci Sports Exerc. 2018;50:116-23.
  • 93
    Chumpitazi BP, Hollister EB, Oezguen N, Tsai CM, McMeans AR, Luna RA, et al. Gut microbiota influences low fermentable substrate diet efficacy in children with irritable bowel syndrome. Gut Microb. 2014;5:165-75.
  • 94
    Chumpitazi BP, Shulman RJ. Editorial: predicting response to a low FODMAP diet in children - authors' reply. Aliment Pharmacol Ther. 2015;42:776.
  • 95
    Valeur J, Småstuen MC, Knudsen T, Lied GA, Røseth AG. Exploring gut microbiota composition as an indicator of clinical response to dietary FODMAP restriction in patients with irritable bowel syndrome. Dig Dis Sci. 2018;63:429-36.
  • 96
    Turco R, Salvatore S, Miele E, Romano C, Marseglia GL, Staiano A. Does a low FODMAPs diet reduce symptoms of functional abdominal pain disorders? A systematic review in adult and paediatric population, on behalf of Italian Society of Pediatrics. Ital J Pediatr. 2018;44:53.
  • 97
    Wirth S, Klodt C, Wintermeyer P, Berrang J, Hensel K, Langer T, et al. Positive or negative fructose breath test results do not predict response to fructose restricted diet in children with recurrent abdominal pain: results from a prospective randomized trial. Klin Padiatr. 2014;226:268-73.
  • 98
    Iacovou M, Mulcahy EC, Truby H, Barrett JS, Gibson PR, Muir JG. Reducing the maternal dietary intake of indigestible and slowly absorbed short-chain carbohydrates is associated with improved infantile colic: a proof-of-concept study. J Hum Nutr Diet. 2018;31:256-65.
  • 99
    Iacovou M. Adapting the low FODMAP diet to special populations: infants and children. J Gastroenterol Hepatol. 2017;32:43-5.
  • 100
    Iacovou M, Ralston RA, Muir J, Walker KZ, Truby H. Dietary management of infantile colic: a systematic review. Matern Child Health J. 2012;16:1319-31.
  • 101
    Abdallah E, Elneim A. Dietary habits during the postpartum period among a sample of lactating women in Sudan. J Nurs Health Sci. 2014;3:1-6.
  • 102
    Alouane L, Ghrissi A, Benkhaled I. Dietary habits of postpartum mothers during breastfeeding. Ann Nutr Metab. 2013;63:412.
  • 103
    Moshfegh AJ, Friday JE, Goldman JP, Ahuja JK. Presence of inulin and oligofructose in the diets of Americans. J Nutr. 1999;129:1407S-11S.
  • 104
    Roberfroid MB. Inulin-type fructans: functional food ingredients. J Nutr. 2007;137:2493S-502S.
  • 105
    Niness KR. Inulin and oligofructose: what are they?. J Nutr. 1999;129:1402S-6S.
  • 106
    Shepherd SJ, Parker FC, Muir JG, Gibson PR. Dietary triggers of abdominal symptoms in patients with irritable bowel syndrome: randomized placebo-controlled evidence. Clin Gastroenterol Hepatol. 2008;6:765-71.
  • 107
    Carabin IG, Flamm WG. Evaluation of safety of inulin and oligofructose as dietary fiber. Regul Toxicol Pharmacol. 1999;30:268-82.
  • 108
    Chumpitazi BP, McMeans AR, Vaughan A, Ali A, Orlando S, Elsaadi A, et al. Fructans exacerbate symptoms in a subset of children with irritable bowel syndrome. Gastroenterol Hepatol. 2018;16:219-25.
  • 109
    Dearlove J, Dearlove B, Pearl K, Primavesi R. Dietary lactose and the child with abdominal pain. Br Med J. 1983;286:1936102.
  • 110
    Lebenthal E, Rossi TM, Nord KS, Branski D. Recurrent abdominal pain and lactose absorption in children. Pediatrics. 1981;67:828-32.
  • 111
    Gremse DA, Greer AS, Vacik J, DiPalma JA. Abdominal pain associated with lactose ingestion in children with lactose intolerance. Clin Pediatr. 2003;42:341-5.
  • 112
    Chumpitazi BP, Shulman RJ. Dietary carbohydrates and childhood functional abdominal pain. Ann Nutr Metab. 2016;68(Suppl. 1):8-17.
  • 113
    Liebman WM. Recurrent abdominal pain in children: lactose and sucrose intolerance, a prospective study. Pediatrics. 1979;64:43-5.
  • 114
    Barr RG, Levine MD, Watkins JB. Recurrent abdominal pain of childhood due to lactose intolerance. N Engl J Med. 1979;300:1449-52.
  • 115
    Christensen MF. Recurrent abdominal pain and dietary fiber. Am J Dis Child. 1986;140:738-9.
  • 116
    Blumenthal I, Kelleher J, Littlewood JM. Recurrent abdominal pain and lactose intolerance in childhood. Br Med J (Clin Res Ed). 1981;282:2013-4.
  • 117
    Wald A, Chandra R, Fisher SE, Gartner JC, Zitelli B. Lactose malabsorption in recurrent abdominal pain of childhood. J Pediatr. 1982;100:65-8.
  • 118
    Bhan MK, Arora NK, Ghai OP, Dhamija NK, Nayyar S, Fotedar A. Lactose and milk intolerance in recurrent abdominal pain of childhood. Indian J Pediatr. 1982;49:199-202.
  • 119
    Webster RB, Dipalma JA, Gremse DA. Lactose maldigestion and recurrent abdominal pain in children. Dig Dis Sci. 1995;40:1506-10.
  • 120
    Ceriani R, Zuccato E, Fontana M, Zuin G, Ferrari L, Principi N, et al. Lactose malabsorption and recurrent abdominal pain in Italian children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1988;7:852-7.
  • 121
    Gremse DA, Nguyenduc GH, Sacks AI, Dipalma JA. Irritable bowel syndrome and lactose maldigestion in recurrent abdominal pain in childhood. South Med J. 1999;92:778-81.
  • 122
    Gijsbers CF, Kneepkens CM, Buller HA. Lactose and fructose malabsorption in children with recurrent abdominal pain: results of double-blinded testing. Acta Paediatr. 2012;101:e411-5.
  • 123
    Ockeloen LE, Deckers-Kocken JM. Short and long-term effects of a lactose-restricted diet and probiotics in children with chronic abdominal pain: a retrospective study. Complement Ther Clin Pract. 2012;18:81-4.
  • 124
    Däbritz J, Mühlbauer M, Domagk D, Voos N, Henneböhl G, Siemer ML, et al. Significance of hydrogen breath tests in children with suspected carbohydrate malabsorption. BMC Pediatr. 2014;14:59.
  • 125
    Huertas-Ceballos A, Logan S, Bennett C, Macarthur C. Dietary interventions for recurrent abdominal pain (RAP) and irritable bowel syndrome (IBS) in childhood. Cochrane Database Syst Rev. 2008;23:CD003019.
  • 126
    Rutten JM, Korterink JJ, Venmans LM, Benninga MA, Tabbers MM. Nonpharmacologic treatment of functional abdominal pain disorders: a systematic review. Pediatrics. 2015;135:522-35.
  • 127
    Vos MB, Kimmons JE, Gillespie C, Welsh J, Blanck HM. Dietary fructose consumption among US children and adults: the Third National Health and Nutrition Examination Survey. Medscape J Med. 2008;10:160.
  • 128
    Gomara RE, Halata MS, Newman LJ, Bostwick HE, Berezin SH, Cukaj L, et al. Fructose intolerance in children presenting with abdominal pain. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2008;47:303-8.
  • 129
    Wintermeyer P, Baur M, Pilic D, Schmidt-Choudhury A, Zilbauer M, Wirth S. Fructose malabsorption in children with recurrent abdominal pain: positive effects of dietary treatment. Klin Padiatr. 2012;224:17-21.
  • 130
    Hammer V, Hammer K, Memaran N, Huber WD, Hammer K, Hammer J. Relationship between abdominal symptoms and fructose ingestion in children with chronic abdominal pain. Dig Dis Sci. 2018;63:1270-9.
  • 131
    Escobar MA, Lustig D, Pflugeisen BM, Amoroso PJ, Sherif D, Saeed R, et al. Fructose intolerance/malabsorption and recurrent abdominal pain in children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2014;58:498-501.
  • 132
    Heyman MB. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006;118:1279-86.
  • 133
    Youssef NN, Murphy TG, Langseder AL, Rosh JR. Quality of life for children with functional abdominal pain: a comparison study of patients' and parents' perceptions. Pediatrics. 2006;117:54-9.
  • 134
    Berg LK, Fagerli E, Martinussen M, Myhre AO, Florholmen J, Goll R. Effect of fructose-reduced diet in patients with irritable bowel syndrome, and its correlation to a standard fructose breath test. Scand J Gastroenterol. 2013;48:936-43.
  • 135
    Hyams JS. Chronic abdominal pain caused by sorbitol malabsorption. J Pediatr. 1982;100:772-3.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Nov 2019
  • Data do Fascículo
    Nov-Dec 2019

Histórico

  • Recebido
    1 Mar 2019
  • Aceito
    13 Mar 2019
  • Publicado
    24 Abr 2019
Sociedade Brasileira de Pediatria Av. Carlos Gomes, 328 cj. 304, 90480-000 Porto Alegre RS Brazil, Tel.: +55 51 3328-9520 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: jped@jped.com.br