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Anatomia microcirúrgica da artéria carótida externa: um estudo estereoscópico

EDITORIAL

Anatomia microcirúrgica da artéria carótida externa: um estudo estereoscópico

Carlos Alberto Araujo Chagas

Médico Angiologista do Município do Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Professor Adjunto de Morfologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Professor Assistente de Anatomia Humana da Universidade Gama Filho (UGF) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Professor Assistente na pós-graduação em Angiologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil

Anatomia é uma ciência fundamental para toda e qualquer especialidade médica. Sua aparente estagnação está associada ao seu desconhecimento. Trata-se de uma ciência dinâmica que evolui com a clínica e cirurgia, impõe uma constante necessidade de rever os conceitos e valores de estruturas anatômicas anteriormente menosprezadas sob o ponto de vista médico.

A estereoscopia, embora tenha surgido na sexta década do século passado, ainda persiste como ferramenta útil para o ensino-aprendizagem e treinamento adequado da Anatomia. Têm utilização em cirurgia, principalmente naquelas em que é necessário o uso de microscopia1.

A artéria carótida externa, neste contexto, encontra-se entre as estruturas de maior nobreza dentre aquelas localizadas no pescoço, envolvendo com seus ramos e sua abordagem funcional, inúmeras estruturas do pescoço-face. Não obstante os relatos clássicos inerentes a múltiplas comunicações entre o sistema carotídeo externo e interno, o trabalho faz menção ao trajeto de todos os seus ramos e suas mais relevantes anastomoses1.

A aplicação clínica e cirúrgica desse conhecimento não se restringe a neurocirurgia. A especialização nos impõe, por excelência, a necessidade do aprofundamento de todos os espectros do conhecimento médico fundamentais para a sua execução. Desta forma, a Angiologia e a Cirurgia Vascular não estão fora desse contexto, especialmente o estudo constante da Anatomia.

As cirurgias minimamente invasivas são o viés do momento para a maioria das especialidades. Portanto a Angiologia, a Cirurgia Vascular, a Radiologia entre outras especialidades médicas, não ficam excluídas do atual estado da arte.

Os níveis de evidência científicas envolvidas em consensos internacionais como o North American Symptomatic Carotid Endarterectomy Trial (NASCET)2, são utilizados internacionalmente em larga escala. Isto corrobora, por exemplo, com os atuais conceitos do Guideline on the Management on the of Patients With Extracranial Carotid and Vertebral Artery Disease3 de 2011, onde é possível encontrar diretrizes para o uso de stent em artéria carótida além da análise comparativa dos resultados dos pacientes tratados com sua colocação daqueles tratados por endarterectomia3.

Portanto, o estudo da artéria carótida tem um grande vulto de importância, com destaque para realização da endarterectomia carotídea, fato que torna o trabalho analisado significativo com aplicabilidade clínico-cirúrgica1.

Entre as aplicações no âmbito da Angiologia e Cirurgia Vascular cabe ressaltar os critérios de seleção para pacientes sintomáticos, determinados principalmente pelo estudo cooperativo NASCET2. Segundo este instrumento, os pacientes neurologicamente estáveis com estenose carotídea igual ou superior a 70% se beneficiaram com a cirurgia em serviços nos quais a morbimortalidade foi inferior a 6%. Há fortes evidências de que o grau de estenose é diretamente proporcional ao benefício da intervenção2,3.

A afirmação de que a documentação fotográfica estereoscópica fornece noção de profundidade, o que não é concebido com imagens convencionais bidimensionais tem profunda relevância na discussão do tema1. A percepção tridimensional tem aumentado substancialmente no campo das publicações médicas, assim como na mídia em geral, também bem relatada no trabalho em questão1.

Espera-se no futuro próximo que haja melhores condições para compreensão tridimensional e utilização de imagens estereoscópicas. Também há perspectivas para sua utilização na ampliação de habilidades específicas das especialidades médicas, especialmente relacionadas à ambientes virtuais que incluam planejamento e treinamento cirúrgico através de telecirurgia.

Enfim, afirmamos estar em consonância através deste editorial com as palavras do Editor-chefe do Jornal Vascular Brasileiro, Doutor Yoshida4. Sempre na vanguarda para incluir no periódico, artigos que fomentem dados atuais e provoquem um moderno entendimento para toda a comunidade de especialistas, pós-graduandos e residentes de Angiologia e Cirurgia Vascular. Afinal o avanço do conhecimento humano não é necessariamente fruto de novas descobertas e sim, muitas vezes, um novo olhar sobre o que já é conhecido.

  • 1. Isolan, GR, Pereira, AH, Aguiar, PHP, Antunes, ACM, Mousquer, JP, Pierobon, MR. Anatomia microcirúrgica da artéria carótida externa: um estudo estereoscópico. J Vasc Bras. 2012;11(1):3-11.
  • 2. Gary, GF, Michael, E, Hugh WKB, Robert, WB. The North American Symptomatic Carotid Endarterectomy Trial Surgical Results in 1415 Patients. Stroke. 1999; 30:1751-1758.
  • 3. Thomas, GB, Jonathan, LH, Suhny, A. et al. Guideline on the Management of Patients With Extracranial Carotid and Vertebral Artery Disease. Stroke. 2011; 42:e420-e463.
  • 4. Yoshida WB. O Jornal Vascular Brasileiro, CAPES e Corpo Editorial. J Vasc Bras. 2011;10(2):101-102.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Out 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2012
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