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Das origens das revistas científicas ao Jornal Vascular Brasileiro

EDITORIAL

Das origens das revistas científicas ao Jornal Vascular Brasileiro

Ivanésio Merlo

Titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil; Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil; Membro do Conselho Científico da SBACV - Rio de Janeiro (RJ), Brasil; Diretor de Publicações da SBACV - Rio de Janeiro (RJ), Brasil

A publicação das revistas científicas no mundo teve seu início no século XVII e, desde então, desempenharam um papel primordial no processo de comunicação da ciência. As duas primeiras revistas surgiram em 1665, com dois meses de intervalo entre uma e outra. Primeiro, o periódico francês Journal des Sçavans começou a ser publicado semanalmente em Paris, em 6 de janeiro daquele ano. Foi o primeiro a trazer informações regulares sobre a ciência em relatos e experimentos sobre física, química, anatomia e meteorologia. O Philosophical Transactions, da Royal Society of London, veio um pouco depois, iniciou sua publicação em 6 de março de 1665. Essa publicação é considerada o protótipo das revistas científicas1. Tendo obtido uma publicação do Journal des Sçavans, os membros da Royal Society discutiram a possibilidade de publicar algo semelhante. Entretanto, concluíram que poderia ser feito de maneira mais científica; excluíram algumas seções e deram ênfase aos relatos de casos de experimentos realizados pelos cientistas. A periodicidade mensal logo alcançou 1200 exemplares, cuja subscrição era taxada em dez libras1.

Essas duas publicações, acima referidas, serviram como modelos distintos para a literatura científica. A primeira influenciando o desenvolvimento das revistas dedicadas à ciência. A segunda tornou-se modelo das publicações das sociedades científicas, que durante o século XVIII surgiram em grande número na Europa.

Durante o século XIX, a produção das revistas científicas cresceu significativamente em função do aumento de pesquisadores e pesquisas, além dos avanços técnicos de impressão e a fabricação do papel com polpa de madeira.

No século XX, o crescimento continuou acentuado tendo em vista que as revistas também passaram a serem publicadas por editores comerciais, pelo Estado, Universidades e por Sociedades Científicas, assim como a nossa. Na segunda metade do século, então, o crescimento foi exponencial, intensificando-se também o controle bibliográfico das publicações2.

A partir desse ponto, começa a nossa história. As publicações sobre angiologia e cirurgia vascular, no Brasil, vêm desde os primórdios da fundação da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Entre essas, tivemos revistas como: Angiopatias, Revista Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Cirurgia Vascular & Angiologia, e outras. Esses empreendimentos surgiram e se mantiveram sustentados pelo empenho pessoal dos seus líderes. Com toda certeza, foram extremamente importantes e serviram para amadurecimento de conceitos que se fundiram na criação do Jornal Vascular Brasileiro (JVB).

Em resposta às exigências do nosso tempo, a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) coloca em circulação um novo órgão oficial de divulgação científica - o Jornal Vascular Brasileiro (abreviadamente), J Vasc Br

(hoje, J Vasc Bras)

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Assim, o Presidente da SBACV, o Dr. Marcio Leal de Meirelles, abriu a primeira edição do JVB, em 2002. Nessa mesma edição, o saudoso Prof. Emil Buriham escreveu porque é preciso publicar e mostrou algumas razões: "a publicação caracteriza uma pessoa, um grupo ou uma instituição e confere tradição"4.

Nessa época, o trabalho que o Dr. Telmo Bonamigo, primeiro Editor-Chefe, empreendeu para implantar e consolidar o JVB foi magnífico. Desde o início buscou a indexação, mesmo sabendo das enormes pedras que teria a carregar: "vamos perseguir a indexação da Revista, o que será uma tarefa difícil, mas não impossível"5.

A partir daí, o JVB não tinha apenas um destino, tinha um dever. O dever presume que existe uma ordem na vida, que os indivíduos possuem um papel a desempenhar nessa ordem e que existem questões mais importantes do que o prazer e a realização pessoal. Naturalmente, os homens que lideram devem ter obrigações uns com os outros e, nessa ordem, o bem de muitos será com o sacrifício de poucos, se nos referimos a uma Sociedade organizada. Fomos indexados ao Scientific Electronic Library (SciELO), em 2004. Os editores e demais colaboradores chegaram com entusiasmo altruísta e deram criatividade continuada aos deveres do JVB, até os dias de hoje. A maioridade da revista virá com a indexação do JVB ao Medical Literature Analysis and Retrieval System on Line (Medline) e Institute for Scientific Information (ISI).

Se durante três séculos o formato das revistas pouco havia sido alterado, nas últimas décadas a tecnologia mudou o cenário. Na década de 1970, os computadores produziram avanços revolucionários, permitiram maior qualidade e rapidez na editoração. Na década de 1990, as redes de telecomunicações facilitaram a transmissão eletrônica e surgiram 'home pages, sites, modems, internets', etc.1. Daí pra frente, todos já sabem, o mundo se transformou e as publicações científicas passaram a viver uma nova era: 'on line, on time, full time'. O nosso JVB, inserido nesse contexto, comemora 10 anos de vida e só queremos dizer: parabéns pra você [...] muitas felicidades, muitos anos de vida!!!!!!!

  • 1. Stumpf IRC. Passado e futuro das revistas científicas. Ciência da Informação. 1996;25(3):383-6.
  • 2. Muller SPM. O impacto das tecnologias da informação na geração do artigo científico: tópicos para estudo. Ciência da Informação. 1994;32(3):135-41.
  • 3. Meirelles ML. Progresso e maturidade. J Vasc Bras. 2002;1(1):1.
  • 4. Buriham E. A importância da publicação científica. J Vasc Bras. 2002;1(1):2.
  • 5. Bonamigo TP. A dinâmica do jornal vascular brasileiro. J Vasc Bras. 2002;1(1):3-4.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jul 2012
  • Data do Fascículo
    Jun 2012
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