RESUMO
Relativamente difundida na teoria democrática contemporânea, a dicotomia entre democracia epistêmica e democracia agonística é endossada por acadêmicos tão relevantes quanto Luis Felipe Miguel, Chantal Mouffe e Nadia Urbinati. De acordo com eles, a ideia de que a deliberação democrática possa funcionar como uma troca de argumentos racionais que visa à verdade é incompatível com o reconhecimento do conflito como um componente fulcral da política. Posto de outro modo, a abordagem epistêmica está fadada a obliterar a dimensão agonística e conflitiva da política. Por meio da reconstrução da associação entre democracia e compromisso feita por John Stuart Mill, John Morley e Hans Kelsen, este artigo contesta tal dicotomia e conclui que a conceptualização da democracia como compromisso oferece uma alternativa à dicotomia democracia epistêmica vs. agonismo que desconcerta uma parte significativa da filosofia política hodierna.
Palavras-chave
Teoria democrática; compromisso; democracia epistêmica; John Stuart Mill; John Morley; Hans Kelsen