RELAÇÕES INTERNACIONAIS E O BRASIL

EDITORIAL

Estamos diante de um novo ciclo do capitalismo como sistema econômico mundial. Diversos autores falam de uma revolução tecnológica em curso nos países centrais. E está evidente que as conseqüências deste processo não poderiam deixar de nos atingir, país dependente e periférico que somos e, aliás, cada vez mais integrados ao sistema internacional.

Assiste-se a uma reorganização acelerada dos fatores econômicos em escala mundial e, na mesma medida, ao surgimento de um novo quadro nas relações entre os Estados nacionais e entre as economias nacionais. Surge uma nova distribuição de poder no mundo. Evidentemente, o Brasil tem que se indagar sobre o seu lugar neste novo cenário. Este número de LUA NOVA é dedicado, em sua maior parte a esta questão.

Seria, porém, um equívoco imaginar-se que as mudanças internacionais se limitam à revolução tecnológica, por mais relevante que esta seja. O novo quadro das relações internacionais envolve também novas imagens da modernidade e da democracia. Num mundo em processo de transformação e, portanto, em crise, se observa, por toda parte, um enorme impulso de modernização, uma pressão crescente no sentido da democratização das sociedades e dos Estados. Aí estão diversos exemplos na América Latina e na Europa do Sul, como também nos países socialistas empenhados na perestroika e na glasnost.

Cada um dos ensaios deste número de LUA NOVA vale como uma proposta de debate. Tivemos o cuidado de convocar pontos de vista diferentes, tanto pelo ângulo teórico quanto pelo aspecto ideológico. Um dos aspectos mais decisivos do mundo atual é a sua exigência de compreensão recíproca entre as diferentes posições, mesmo aquelas mais contraditórias. A paz e a democracia não se alcançam sem diálogo. Este número de LUA NOVA é dedicado a todos os que, apesar de todas as dificuldades, se empenham no diálogo, pela paz e pela democracia.

Francisco C. Weffort

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  21 Jan 2011
• Data do Fascículo
  Ago 1989